Capítulo 1 – A melhor coisa que já aconteceu em minha vida.

O ônibus escolar estava lotado. Jovens conversando, alguns estudando e outros mexendo em seus celulares. Nenhum realmente animado em ir para a aula, principalmente Rose.

A cidade de Buford tinha amanhecido com um dia lindo, um verdadeiro dia de primavera, o dia estava realmente agradável, para alguém que não teria que passar uma parte do seu dia estudando e o resto dele trabalhando.

Rose Carter estava no último ano do colegial, uma veterana no Ben Franklin High School, colégio no qual ela odiava. Não a escola e sim alguns alunos específicos.

Apesar de sofrer por causa das líderes de torcida zoando sua aparência, Rose era linda. Não era muito alta, mas tinha um corpo esguio e muito bem cuidado se levar em conta o lugar onde trabalhava. Tinha os cabelos compridos em um tom de ruivo pouco comum e os lindos olhos azuis. Era muito inteligente e esforçada.

Porque riam dela? Porque sua situação financeira não era tão boa quanto à do resto de seus colegas. Seus pais eram donos de uma lanchonete muito boa na cidade, aonde a maior parte dos alunos do Ben Franklin ia e onde Rose trabalhava como garçonete. Mesmo a lanchonete rendendo muito dinheiro, eles não davam conta de pagar as contas.

Além dos seus pais, apenas mais duas pessoas animavam Rose e uma delas era Dexter, seu melhor amigo e o outro era Buford N.P.

Ela não sabia qual o verdadeiro nome do último garoto, o conhecerá a duas semanas no chat do colégio e iniciaram uma conversa, porém Rose não quis lhe falar quem era e o garoto, apenas lhe diria quem era caso ela fizesse o mesmo.

Apesar disso, eles se tornaram amigos rápido e conversa entre eles fluía normalmente e sem esforços. Quando não conversavam pelo chat, trocavam mensagens e não se importavam se isso fosse durante as aulas ou, às vezes, no caso de Rose, durante o trabalho.

Rose sentiu seu celular vibrar no bolso da calça jeans e sorriu ao notar que havia acabado de receber uma mensagem.

De: Buford N.P.

Bom dia, Angie. Dormiu bem?

Rose riu do jeito como ele a chamava, afinal, seu nome no chat era Angie. Respondeu a mensagens ainda com o sorriso no rosto.

De: Angie.

Bom dia, N.P.! Dormi muito bem e você?

Não demorou a o celular avisar que havia recebido uma nova mensagem.

De: Buford N.P.

Na verdade não. Passei a noite inteira pensando em você.

Mesmo com essas palavras, a garota corou.

De: Angie.

Pensando em mim? Não deveria brincar desse jeito.

De: Buford N.P.

Não estou brincando. Passei mesmo a noite pensando em você. Imaginando-te, na verdade.

De: Angie.

A é? E como você me imagina?

Arqueou as sobrancelhas, encarando a tela do smartphone, esperando a resposta ansiosamente, que não tardou a chegar.

De: Buford N.P.

Não consigo te imaginar loira, isso é um fato. Você deve ter olhos claros, rosto angelical, uma voz doce que deve acalmar até o pior dos professores e também deve corar por tudo. Estou certo?

Rose não pode segurar sua risada, afinal, ele tinha acertado tudo, mas não falaria isso para ele.

De: Angie.

É, tem razão, eu não sou loira.

De: Buford N.P.

Agora podemos tirar 400 garotas da lista de “Possíveis Angie”, isso se você for mesmo uma garota.

De: Angie.

Já lhe disse que sou. Você apenas não acredita.

De: Buford N.P.

Ok, estou começando a ter certeza de que você é um homem e se não for, tem namorado. Mas mudando de assunto, onde está agora?

De: Angie.

A caminho do colégio. Praticamente na esquina. E você?

De: Buford N.P.

No estacionamento, agora virado para o portão esperando sua chegada. Porém isso me faz pensar que você vem de ônibus escolar, o que diminuiu as minhas chances de descobrir quem é você, já que metade do colégio vem nessas coisas amarelas e gigantes.

De: Angie.

Essas coisas amarelas e gigantes tem nome. Os estudantes que pegam ônibus não têm culpa de não poder ou em alguns casos, não querer tem um carro.

De: Buford N.P.

Ok, você ficou irritada. Peço desculpas milady.

De: Angie.

Eu não fiquei irritada, você apenas falou como um dos populares do colégio.

De: Buford N.P.

E se eu for um dos populares?

De: Angie.

Não vai querer continuar falando comigo.

Irritada ao constatar que ele falava a verdade sobre ser um dos populares, desligou o celular e tirou a bateria para não ficar tentada a voltar a falar com ele, a última coisa que queria era ter as líderes de torcida rindo dela por conversar com um dos “seus”.

Ao mesmo tempo em que guardava o celular e a bateria na mochila, o motorista estacionou o ônibus no colégio e os alunos começaram a descer. Rose não saiba, mas o Buford N.P. olhava ansiosamente cada aluno que descia, esperando que um deles fosse a sua “Angie”.

– Olhando para a ralé, Noah? – Brianna perguntou, olhando na direção que o garoto olhava.

– Você deveria parar de chama-los assim – ele falou, revirando os olhos.

– E você está diferente. Não larga mais esse celular, não quer nem sair com a gente – Derek, um dos colegas do time de Noah falou.

– Ando com muita coisa na cabeça apenas – falou, pegando sua mochila e indo para dentro do colégio.

Noah não suportava mais seus amigos, agora, não sabia nem o porquê de andar com eles ainda. A única coisa que o animava era ficar conversando com Angie, além de jogar basquete claro.

O garoto era alto, o que o ajudava no Basquete, tinha lindos olhos verdes o cabelo revolto, repleto de cachos em um tom castanho escuro pouco comum. Os ombros eram largos, o porte físico era normal para um garoto da idade dele e os lábios eram rosados em contraste com a pele clara.

Pegou o celular no bolso, constatando que a mensagem que ele tinha enviado não havia sido respondida ainda. Não queria que ela o odiasse por andar com os populares. Para ele, Angie era a melhor coisa que já tinha acontecido em sua vida.