Never Let Me Go escrita por Strangers in Paradise


Capítulo 38
Capítulo 38. Mas e quanto aos Anjos?


Notas iniciais do capítulo

"'Cause what about, what about angels?"
Música da Birdy http://letras.mus.br/birdy/not-about-angels/traducao.html
VELHO DÁ BEM CERTINHO O TEMPO EU TESTEI E DEU
PQP
EU SOU MUITO FODA



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POV. Strangers In Paradise

Annabeth queria enfiar sua adaga pela garganta da amiga.

– AH PELO AMOR DE DEUS ANNABEHT CHASE, É SOMENTE UM VESTIDO, NÃO UMA BOMBA ATÔMICA!- Thalia bateu na mão da loira pela milésima vez naquela tarde, que tentava desesperadamente arrumar o laço na base da coluna tentando abaixar mais o vestido. - PARA DE ABAIXAR!

– Mas Thals, tá aparecendo quase a minha coxa toda! - Annabeth respondeu olhando feio para a amiga pelo espelho, enquanto passava as mãos no vestido. - Vão pensar que eu sou a puta da festa.

– Pelo menos, vão pensar que você é gostosa. - ela disse e se virou indo pegar o rímel para a amiga. - Além disso, você vai estar comigo, o Percy e o Nico. Não vai estar sozinha. E eu vou estar do seu lado sempre. Não vou sair. Nico você conhece, e Percy mudou com você. Ele está ciumento, não vai deixar nada acontecer.

Annabeth suspirou. Thalia havia emprestado um de seus vestidos para a amiga, um azul marinho que batia quase na metade da coxa. Ele era de tecido liso solto, sem nenhum desenho, e tinha alças finas que prendiam o vestido aos ombros da garota. Na cintura, tinha um laço que se prendia na base da espinha, um laço grande e charmoso, mas que deixava firme na cintura. Annabeth não conseguia ver o quão bonita estava. Dos pés a cabeça. Os cabelos cacheados loiros estavam maiores, e caiam somente do lado direito da garota, deixando o ombro esquerdo descoberto. Usava os brincos delicados pequenos, e retirou do fundo da mala, o colar de prata que uma vez, sua mãe a tinha dado... Olhar para o colar em seu pescoço a fazia se lembrar dos jantares com a família nos restaurantes que ela mais gostava... Dos risos da mãe... Do olhar do pai... Da comida, da música... Da felicidade.

– Passa o rímel. - a punk jogou o rímel para a loira, rompendo os pensamentos quando pegou a maquiagem com as mãos. Thalía estava com um vestido preto solto, mas com um estilo punk de ser. Ele ia até os joelhos, e ela calçava uma sapatilha que tinha uma caveira de prata pequena em cima dos dedos. Enquanto Annabeth se maquiava, Thalía tentava alisar o cabelo com chapinha.

– Thals, como é os jantares de Poseidon? - Annabeth perguntou deixando a maquiagem na pia, e se virava para a punk que estava alisando a franja.

– Bem, eu só fui em um, mas deve ser a mesma coisa ainda. - ela passou de novo a chapinha - Caras velhos, empresários e amigos mais próximos da mulher dele e ele juntos, bebendo, comendo petiscos, rindo, conversando. Coisas normais. Ele adora fazer isso... Assim como meu pai.

Annabeth se sentou na cama e pegou a sapatilha prata da amiga, calçando-a em seguida. Era sorte, Annabeth pensou, das duas usarem quase o mesmo tamanho para calçados e roupas. Apesar de Thalia ser um pouco mais magra que Annabeth.

– Percy disse que vamos dormir na casa dele... - a garota se lembrou da conversa na sala de armas. - Você já dormiu na casa dos Jackson?

– Uma ou duas vezes. - admitiu a punk. - Hey, me ajuda a passar atrás. - Annabeth se levantou e pegou a chapinha da mão da amiga, pegando um pouco do cabelo preto espetado e passando a máquina. - É normal. Os quartos são lindos, assim como a vista. Vai ser bom, apesar de que parece ser uma péssima ideia sair da academia hoje. - a amiga percebeu que a loira ficou tensa, a chapinha passando lento e forte no cabelo. - E calma, vai dar certo lá no jantar, eu vou te salvar dos caras bêbados. Hoje não tem piu piu querendo entrar na gaiola.

Annabeth não riu e quis queimar o cabelo de Thalía.

[...]

– Pára quieto. - Piper franziu as sobrancelhas e Nico suspirou dramaticamente. - É sério, se você se mover, posso enfiar o pente no seu olho.

Nico revirou os olhos e deixou a garota arrumar seu cabelo. Ele já estava quase pronto, faltava somente ajeitar a camisa social. As calças sociais e o sapato já estavam vestidos, mas Nico ainda faltava fechar a camisa, o quê deixava seu abdômen exposto. Piper adorava o tanquinho de Nico, mas se continha para não arranhá-lo. Assim que terminou de ajeitar os cabelos negros, ela começou a fechar a blusa preta do garoto. Nico fechou os olhos, sentindo os dedos finos e gélidos de Piper em sua barriga. Ele sentiu o perfume e o cheiro de seu cabelo. Piper batia no peito dele, mas mesmo assim, ele conseguia senti-lá.

Piper pegou o perfume dele e borrifou em sua cara. Nico franziu o rosto com os olhos fechados e espirrou.

– Perfeito, tá pronto.

– Ah, isso é guerra. - ele disse rouco enquanto pegava a garota pela cintura e empurrava-a para a cama, onde pegou o perfume das mãos dela, e começou a borrifá-la com seu perfume.

Os risos e gritos de Piper fizeram Nico feliz, acompanhando a garota na felicidade. Fazendo-o esquecer das frustrações, dos problemas, da real situação em sua vida.

Ela o fazia feliz.

[...]

Percy estava se arrumando no quarto, levemente irritado. Odiava se arrumar para os jantares de seu pai. Sempre odiou. Ajeitar o cabelo, usar aquelas roupas sociais... Isso o incomodava mais do quê espinhas no queixo e na testa. Ele pretendia usar uma camisa social cinza ou azul, mas estava indeciso. Por fim, decidiu usar uma branca, simples e normal, uma escolha que sua mãe faria caso estivesse ali...

Sua mãe... Sally Jackson. Escritora nas horas vagas. Melhor mãe do mundo no tempo real. Em poucas horas iria vê-la depois de três anos... A imagem do rosto de Sally invadiu a mente de Percy. Ela continuava a mesma? Teria ela mais rugas? Cabelos brancos? Ela ainda o amava? Poderia olhar na cara do filho mais velho? Depois de tanto tempo... Tantos erros... Tanto sofrimento que ele a fez ter...

Percy sacudiu a cabeça. Não era hora de pensar naquilo. Ele tentou não pensar em Tyson, sua mãe e seu pai... Ele tentou esquecê-los por um tempo. Até o jantar, pelo menos, sua mente o lembrou.

[...]

Luke deu o nó na gravata e Will se olhou no espelho. Com um suspiro, disse:

– Hora de trabalhar.

POV. Annabeth Chase

Era exatamente nove horas da noite. Thalía tinha pegado o celular e a pequena bolsa, estilo carteira e as chaves do quarto, indo em direção a porta. Eu não estava preparada quando ela trancou nosso quarto, e ficou do meu lado. Eu estava muito nervosa.

– Muito bem, carruagem nos espera. - ela sorriu para mim e eu suspirei. Thalía estava levando tudo isso muito bem. Acho que é a parte inofensiva da TPM dela. Ou ela está no modo assassina, ou ela está como se tivesse comido maconha. Ou seja, feliz e animada demais como agora.

Durante o caminho, tudo foi calmo. Ninguém nos viu, e eu fiquei muito aliviada por isso. Eu estava muito tensa. Meus músculos estavam pesados e pareciam ter chumbo a cada passo em direção ás escadas. Eu não queria que os alunos me vissem assim. Odeio vestido. Prefiro mil vezes um moletom, uma calça velha e meias do quê vestido e saia. Argh. E ainda mais agora, que sou tecnicamente temida na Force... Mas não o suficiente ainda.

Quando chegamos na portaria, as secretárias de Poseidon atendiam os telefones da academia, e consegui ouvir pelos sussurros da conversa, que estavam marcando reuniões com pessoas importantes, patrocinadores talvez. Elas não prestaram atenção em nós, mas os dois garotos que estavam perto da porta de madeira, sim.

Nico estava vestido com uma blusa social preta, calça e sapatos da mesma cor. Os músculos eram visíveis sobre a camisa, ainda mais agora, que ele estava com os braços cruzados, o quê o deixava, mesmo eu nunca aceitando em voz alta, sexy... Seu cabelo negro estava levemente bagunçado, como se ele tivesse coçado a cabeça e não tivesse ajeitado o cabelo de volta. E por fim... ao seu lado, Percy Jackson.

Não sei o quê eu senti quando o vi. Ele estava lindo. Não de uma maneira normal, mas incrivelmente e devastadoramente lindo. Seu cabelo levemente arrumado e brilhoso. A camisa branca social estava levemente apertada, mostrando que debaixo do pano branco, havia músculos lisos e grandes. Suas mãos estavam dentro do bolso da calça preta social, o quê fez meu coração perdeu um batimento. Ele estava sério, lindo, sexy como um empresário jovem. Meu Deus....

Quando nossos olhos se encontraram, ele não aguentou e deixou crescer um sorriso de lado. Eu suspirei discretamente.

Se controla, Chase.

– Então. - Thalía parou perto de Percy e eu perto de Nico.. O cheiro de perfume masculino era forte demais, quase me deixando tonta... Ela olhou para os dois. - Argos já está vindo?

– Acho que sim. - respondeu Percy parando de me olhar e eu senti um arrepio subir pela minha espinha. De alguma forma, a voz dele estava mais rouca. Meu Deus, ele já estava sexy, e agora estava com essa voz. Caralho.– Já está na hora dele aparecer...

Eu tentei me controlar, e esperei os minutos se passarem em silêncio, olhando de Thalía para o chão. Não demorou muito quando uma das secretárias nos avisou que Argos tinha chegado. As portas se abriram, e nós quatro passamos, Percy tinha ficado para trás propositalmente, e eu rezei para que ele não fizesse nenhuma besteira. Um carro simples preto estava parado, e Argos estava fora dele. Usava o mesmo terno quando trouxe eu e Thalía para a Force.

– EU VOU NA FRENTE! - Thalía gritou e Argos arregalou os olhos, abrindo rapidamente a porta para a punk que correu em direção ao carro. Eu teria rido e gritado algo engraçado para Thalía se Percy não estivesse do meu lado, e Nico do outro. O mesmo deu de ombros e entrou no carro enquanto Argos fechava a porta da carona da frente. Percy me olhou e sorriu, indo em direção ao carro. Ele tinha deixado a janela pra mim... Não era e era cavalheirismo. Eu fiquei confusa com esse pensamento.

Respirei fundo o ar gelado da noite e entrei no carro, Argos fechando a porta levemente depois. Cuidei para que o vestido estivesse tapando a maior parte que o pano conseguia alcançar de minhas pernas, e coloquei o braço ao redor da minha barriga, e com o outro, coloquei no escoro, com os meus dedos sobre meus lábios. Argos entrou dentro do carro, e vi Thalía mexendo no rádio. Argos não discutiu. Sabia que se falasse algo, a punk poderia jogar nele a carteira. Então, caladamente, ele deu a partida do carro, enquanto Thalía colocava numa estação famosa de música. O locutor falava sobre alguma propaganda, enquanto o carro passava perto das árvores...

E agora, á pedido das mais pedidas da semana, a música "Sweater Weather" do "The Neighbourhood"

A batida da bateria começou a ecoar pelo carro e Thals aumentou o som. Argos não discutiu novamente, e vi pelo canto do olho que Nico digitava furiosamente no celular. Percy mordia os lábios, visivelmente perdido em pensamentos importantes... Eu virei o rosto para a janela e suspirei baixo, a música cobrindo o som do ato. Ao longe, eu conseguia ver as luzes da cidade. Pontinhos luminosos no horizonte. Mas mesmo assim, era lindo de se ver. A neve caia levemente, mas já se acumulando no chão. O inverno estava aí.

Fechei meus olhos com força. Droga. O perfume masculino chegou em meus pulmões. O perfume de Percy. Droga, era bom. A perna direita dele encostou na minha esquerda, e eu mordi meu lábio com força. Eu não ia olhar... Eu não ia olhar... Eu não ia me render... Não ia me render...

O flashback do momento em que ele disse que eu ia no jantar me domou por inteira... Minha acompanhante, ele disse. Eu teria que andar do lado dele, permanecer ali, sorrir para alguns convidados, cumprimentar outros, conhecer a família dele... E dormir na casa. Thalía disse que teria pijamas lá, assim como escovas... Mas eu estava muito nervosa. Nunca tinha feito isso... Nunca dormi na casa de uma amiga... Eu estava apavorada com a ideia de passar a noite fora da academia... E se eu fizesse algo de errado?!

– Hey... - Percy me chamou baixinho, e eu consegui sentir seu hálito no meu pescoço, me despertando. Eu senti o gosto de sangue em minha boca. Engoli o gosto e o olhei, agradecendo por estar escuro. Só conseguia ver o pouco de seu rosto por causa da luz que vinha do celular do Nico, e eu tinha certeza que meu rosto estava levemente vermelho por causa do ar quente do carro... Pelo menos, eu queria que fosse por causa do ar do carro. - Se serve de consolo... Eu também estou nervoso.

E só agora eu percebi que estava mexendo com as duas mãos na barra do vestido. Ele mostrava agora completamente minha coxa, e faltava uns sete dedos para mostrar minha calcinha. Eu corei e minha respiração ficou desregulada.

Eu já estava fazendo coisas erradas.

Para não deixá-lo no vácuo, somente assenti. Ele viu o movimento e voltou a se sentar ereto. Mas sua perna ainda estava roçando na minha, assim como seu braço. Eu conseguia sentir seus músculos...

Pára Annabeth.

POV. Percy Jackson

Definitivamente, Annabeth estava me provocando com aquele vestido. Era de um azul que eu gostava, as pernas fortes expostas, assim como dava para ver bastante, mas de uma forma não vulgar, seus seios... Hey, sou homem, não posso deixar passar em branco uma ocasião dessas... E além disso: ela estava incrivelmente linda. Mais linda do quê o normal... E esta noite, ela seria minha acompanhante. Eu senti como se tivesse ganhado na loteria.

Não demorou muito para que chegássemos a cidade, Argos dirigia rapidamente pelas ruas. Meia hora depois, já estávamos no bairro dos meus pais. Classe alta da cidade, onde prédios de mais de dezoito andares se levantavam, casas grandes e bonitas, condomínios... E e percebi que até senti saudades dessa vista.

Vi que Annabeth admirava a arquitetura. Seu olhar, que eu conseguia ver no vidro, era de fascinação. Eu sabia que ela gostava de arquitetura... E por alguma razão, me senti feliz por ela estar curtindo o passeio por enquanto. Por enquanto...

Quando chegamos na frente de um dos maiores prédios da quadra, Argos fez a volta no quarteirão duas vezes por causa dos paparazzi, e entrou na garagem do prédio depois de muita buzinada. Eu senti uma nostalgia por entrar no túnel da garagem subterrânea... Eu costumava brincar ali, de skate, de bicicleta, junto com os meus amigos do prédio... Lembrei dos joelhos ralados, das risadas, das brincadeiras, da inocência...

Me apavorei com o pensamento. Como as coisas tinham mudado. Os anos se passaram... Tudo mudou.

Nem percebi que o carro foi estacionado e que Annabeth e Nico já estavam saindo do carro. Thalía de um beijo na bochecha de Argos quando ela saiu do carro. Nunca vi Argos corar de vergonha ou de raiva, e eu temi pela vida da minha prima. Ele parecia não saber se simplesmente saia dali o mais rápido possível ou se gritava com minha prima. Argos, pelo o quê eu sabia, ainda tinha um namorado.

Annabeth olhou levantando uma da sobrancelhas para Thalía, e depois me olhou. Dei de ombros e fui para o lado dela. Seu vestido azul marinho estava se movimentando levemente por causa da brisa fria que vinha do portão. Eu conseguia ouvir os gritos dos seguranças do portão e os clics das câmeras. Eu sabia que tinham tirado pelo menos uma foto minha e da Annabeth juntos... E isso não me incomodou de um certo jeito.

– Bem, acompanhante, quer conhecer aonde eu morei? - estiquei o braço esquerdo para ela, sorrindo. Annabeth sorrio pelos cantos da boca, espremendo levemente seus lábios em um sorriso tímido. Ela era linda de todos os jeitos. Então, enganchou o braço direito e antes que pudesse falar o quê queria, Thalía gritou no meio do estacionamento.

– OU, ACOMPANHANTE! VEM CÁ OU EU VOU AÍ E TE PUXO PRA CÁ PELO SACO! - Thalía gritou para Nico, que a olhou aterrorizado por um instante. Ele estava no telefone, e o desligou logo em seguida, caminhando em direção á punk, que estava com os braços cruzados. Eu ri do comportamento dela.

– Acho que colocaram crack no café da manhã dela. - Annabeth riu de leve.

– Provavelmente. - ela olhou para mim, e sorriu.

Argos nos chamou, já esperando o elevador. Estávamos sozinhos no estacionamento, além dos carros, é claro, e todos os paparazzi atrás dos portões. Annabeth caminhou ao meu lado enquanto Thalía e Nico se xingavam. Quando entramos dentro do elevador, Thalía ficou de frente para nós dois, e parou de xingar Nico, que mexia no telefone com a testa franzida. Eu senti Annabeth se encolher levemente com o olhar dela.

– Vocês dois, não gostei, separa. - ela fez uma cara de "u-u" e Annie sorriu levemente. Eu olhei para ela, adorando a pequena covinha que surgiu na bochecha.

– Você e Nico deveriam estar assim. - eu disse provocando e Nico me olhou como se quisesse me fuzilar, e o barulhinho do elevador surgiu, indicando que estávamos no andar do terraço... Eu senti meu estômago embrulhar, e minhas pernas parecerem chumbo. Estremeci de nervoso. Annabeth apertou levemente meu braço, e eu a olhei. Ela também estava nervosa mas me olhou como se dissesse: estou aqui. E isso foi o suficiente. Eu respirei fundo, e Argos saiu do elevador quando as portas se abriram.

– Nico. Me. Dá. Seu. Braço... CARALHO.- Thalía arrancou o telefone da mão dele, pegando com força o braço dele e forçando-o a ficar como eu e Annabeth estávamos, mas Nico não deu o braço a torcer. Mas por fim, a força da punk venceu e le xingou ela de todos os nomes possíveis, e rapidamente com a mão livre, ajeitou o cabelo e a blusa, e então, dando um sorriso de como se nada tivesse acontecido, eles saíram atrás de Argos.

Annabeth suspirou e nós dois saímos do elevador, com ela apertando meu braço levemente. Eu tive uma imensa vontade de rir. Não por causa do Nico e de Thalía. Mas de nervoso.

POV. Strangers In Paradise

Nico e Argos queriam matar Thalía.

A moça que estava com a lista de convidados, assim como o guarda ao seu lado, sorriram ao ver os adolescentes. Megan, pensou Percy. Ela vestia uma blusa social branca e uma saia social preta, com salto. Ele a conhecia desde sempre. Apesar de algumas rugas, e alguns cabelos brancos surgindo no coque bem preso, ela continuava a mesma. O mesmo sorriso e o cheiro de bebê. Megan era uma das secretárias mais fiéis a seu pai. E uma das mais educadas e queridas. Ele se lembrava como ela dava um biscoito com gotas de chocolate sem Sally ver. Ambas eram muito amigas, mas Percy adorava os biscoitos, e ela sempre trazia para ele.

– Boa noite. - ela cumprimentou os adolescentes e Argos. Ela chegou a lista e os olhou novamente. - Annabeth Chase, Nico di Angelo, Percy Jackson e Thalía Grace? - ela não conseguiu deixar de sorrir mais ao falar o nome de Percy. Ele sorriu de lado por isso. Annabeth não gostou um pouco, mas manteve o desgosto para si. - Argos?

– Sim, todos. Acabei de buscá-los da Force Academy. - respondeu e a secretária sorriu para ele.

– Tudo certo então. - o segurança ao lado dela abriu a porta, e ela mostrou com a mão para entrarem. - Aproveitem a noite!

Thalía e Nico passaram e logo depois Percy e Annabeth. O apartamento era lindo, espaçoso, chique, e muito bem decorado. Annabeth logo viu que estava na sala de estar, pois havia sofás, uma lareira, e uma mesa de centro. As paredes bege, com quadros e fotos, estantes de livros decoravam também a sala. Não conseguia ver muito mais do quê isso por causa dos convidados. Todos, com taças nas mãos, sorrindo, rindo e conversando. Flores foram colocadas em vasos pela sala, e o som de piano sendo tocado fluía pela sala assim como a conversa. Annabeth viu um lindo piano branco no canto da sala, perto de uma lareira grande, que continha uma Tv desligada.

Percy sentiu o choque o atingir ao entrar naquela sala. Apesar de cheia e com os vasos e móveis retirados, era a mesma sala. As pessoas, algumas ele conhecia, outras, eram rostos desconhecidos. Ele tentou sorrir para os que sorriam para ele, e cumprimentou aqueles que o cumprimentavam. Annabeth sorria, mas seus olhos estavam agitados. Ela não queria estar ali. Queria estar na Force, deitada debaixo das camadas grossas de cobertores, aproveitando o frio. Percy queria a mesma coisa que ela. Ele queria e não queria estar ali. Era horrível os sentimentos e as lembranças que aquele lugar lhe trazia como bombas, uma atrás da outra.

– Aonde ele está? - Sally Jackson perguntou impaciente na cozinha para Poseidon, procurando por seu filho mais velho na multidão.

– Argos disse que já chegaram. - ele pegou o vinho e o abriu, Sally pegou Tyson da cadeira de bebê, que estava assustado com tanto barulho.

– Eu não estou vend... - ela se calou quando viu cabelos pretos bagunçados no meio da multidão. Ela conhecia aqueles cabelos... Tentara tantas vezes ajeitá-los... Ela sentiu seu coração apertar. - Ali está ele.

Poseidon ouviu o sussurro de sua mulher e parou de abrir o outro vinho, o garçom dizendo que iria cuidar disso. Poseidon entregou-o a garrafa, e pegou a esposa delicadamente pelos cotovelos, a levando pelo mar de amigos e conhecidos, para ver o filho.

Annabeth se perdeu em tantos rostos. Sorria, mas não largava do braço de Percy, o qual também não queria que o corpo dele se descolasse do dela. Os dois estavam muito nervosos e se sentiam confortáveis com os corpos juntos, a presença um do outro lai. Annabeth sentia como se tivesse um anzol em seu estômago que puxava toda vez que a cumprimentava e a elogiavam como estava bonita. A loira nem tentou procurar outros agradecimentos, somente sorria e dizia obrigada e boa noite. Ela viu tantos rostos, sentiu beijos em sua bochecha, abraços de lado... Sentiu perfumes, hálitos e o cheiro de vinho fortemente ao seu redor. Era uma loucura.

Thalía estava com uma taça de refrigerante na mão, indo em direção para a cozinha. Nico a tinha largado quando ela foi pegar o refrigerante, já que o vinho ela não podia tomar e o garçom disse não para ela. O garoto foi rapidamente e discretamente, em direção ao escritório de Poseidon. Tinha assuntos para resolver e que não podia esperar mais um segundo. Enquanto a garota passava pelas portas de vidro que separavam a cozinha da sala, ela viu seu tio e sua tia, junto com o pequeno Tyson em seus braços. Ela os cumprimentou, e viu que interrompeu algo importante, pois os olhos de Sally estavam desfocados, e ela sorriu sem graça para a garota, tentando se recompor.

– Você quer um suco? - Percy sussurrou no ouvido de Annabeth, levando-a para a mesa onde continha as bebidas e alguns petiscos.

– Claro... - Annabeth achou bom ter algo em seu estômago... Ele estava embrulhado demais. Percy a levou e pediu dois sucos de laranja. Annabeth gostou da escolha dele. Apesar de que ele poderia ter escolhido vinho ou outra bebida alcoólica... Já que a idade dele permitia o consumo... Ele preferiu acompanhá-la em um simples suco. E Annabeth se encolheu por algum motivo.

– Está com frio? - perguntou visivelmente preocupado e antes que Annabeth pudesse responder, ele congelou.

Percy tinha visto sua mãe.

Ela usava um vestido bege, leve e comprido. Simples, mas bonito. Seus cabelos negros estavam soltos, mas estavam com presilhas dos lados. Seu rosto, Percy percebeu, mesmo de longe, ainda era belo. A idade tinha pegado-a levemente... O stress provavelmente. Ser escritora não era uma vida fácil... Trabalhar com prazos e ser uma mãe presente... Mesmo as leves rugas em seu rosto, ele viu que era ela mesma, impossível confundi-la com uma outra pessoa. A respiração de ambos ficou descompassada, os batimentos acelerados. Sally entregou Tyson para Poseidon, e tentou correr entre os convidados, pedindo desculpas para os que ela sem querer esbarrava, indo até o filho. Percy ficou congelado no lugar.

E então, ela estava ali. Parada. Quase três anos sem se verem.

– Percy... - era como ouvir uma cantiga de ninar, ele pensou. A voz dela era melodiosa, mas cansada. Ele estava em choque. Sally deixou as lágrimas correrem. A dor no peito. As mãos tremendo. Ela deixou as emoções tomarem conta. Seu filho... Depois de tanto tempo... - Percy, meu filho...

Ele agiu sem pensar. Abraçou a mãe, fazendo-a soluçar nos braços do filho. Annabeth não sabia o quê fazer. Ela ficou olhando o garoto passar a mão nos cabelos da mãe, apertando-a contra si, ela, tão pequena e quebrada em seus braços. Poseidon estava do seu lado, e Tyson riu, tentando pegar o cabelo da menina. Aquilo despertou Annabeth como se tivesse levado um choque, e ela sorriu ao ver o olhar de Tyson. Castanho, brilhante, alegre, inocente, doce, meigo. Ela riu de verdade ao ver ele abrir e fechar as mãozinhas minúsculas querendo pegar os cabelos loiros dela. Poseidon percebeu somente agora o quê o filho queria. Ele estava tão emocionado em ver sua esposa e o filho... Que nada mais importava. Ele não acreditava que mesmo há muito tempo atrás, ele tinha decidido privar a relação do filho com a família. Aquilo era culpa dele também.

– Está tudo bem, mãe... - Percy beijou a cabeça dela. Ele se conteve para não chorar. Podiam dizer o quê quisessem, mas ali, a saudade falou mais alto do que o orgulho. O amor falou mais alto do que a raiva. Ele se odiava tanto... Ele a amava tanto... - Eu estou aqui...

Sally precisou de mais alguns instantes para se afastar do filho e sorrir. Ela se encontrava em um mix de emoções. Ela segurou o rosto dele em ambas mãos e beijou a testa dele, tento que ficar na ponta dos pés, e ele tento que se abaixar. Percy limpou as lágrimas da mãe, sorrindo. Não tinha palavras para serem ditas. Só o olhar dizia tudo. O toque, as emoções...

Sally iria falar algo para o filho, mas o riso de Tyson a cortou, fazendo-a olhar para ele. Annabeth riu com o bebê em seus braços, que brincava com seu cacho loiro com extrema felicidade. O bebê gargalhava quando soltava o cachinho, e ele voltava como mola. Annabeth riu de verdade, feliz em ver a alegria do bebê. Sally sorriu mais ainda ao ver a garota. Ela tinha os mesmos olhos de Atena, apesar do cabelo ter sido de seu marido, Frederick. Os traços do rosto eram os mesmo do que da mãe. Finalmente, Sally Jackson estava com a filha de Atena Chase.

– Ele gostou de você. - Annabeth a olhou e ela percebeu que a garota ficou constrangida. Ambas tentaram se reconstruir emocionalmente.

– Ele é um doce. - ela o alcançou de volta para a mãe. Sally sorriu para ela.

– Eu sou Sally Jackson, mãe de Percy e de Tyson - ela indicou o pequeno em seu colo e se aproximou, dando um beijo em cada uma das bochechas rosadas de Annabeth - Prazer em conhecê-la.

– Prazer em conhecê-la, sou Annabeth Chase. - Annabeth sorriu, levemente corada, e Percy percebeu, o quão bonita ela ficava corada.

– Poseidon me falou bastante de você, ultimamente. - ela sorriu para o marido. - É um prazer tê-la em nossa casa, Annabeth. E sempre será.

Annabeth sorriu envergonhada e corou mais ainda. Percy decidiu intervir, mesmo achando fofo a garota ficar vermelha.

– Mãe, não deixe ela mais envergonhada ainda. - ele a esticou o braço e ela automaticamente o pegou. Sally achou tão fofo que gritou por dentro, por meio das emoções que surgiam como um vulcão sendo ativado. E quando Percy iria continuar a palavra, Tyson choramingou e esticou os braços para Annabeth. Sally riu. - Acho que você tem um admirador, Annie. - Percy riu e Sally deu o bico para o bebe, Poseidon somente observava.

– Mais um, né filho?

E fora a vez de Percy corar. Sally e o marido riram. Percy sorriu de lado.

– Annie, que tal irmos para um local mais aberto? - perguntou olhando para Annabeth, e a mãe riu. Percy pegou um dos sucos no balcão e entregou-o para Annabeth, e agora somente riu levemente. - Tá meio cheio aqui...

– Foi um prazer conhecê-la. - Annabeth disse enquanto Percy a puxava para a varanda da sala. Sally riu, e Poseidon abraçou ela e o filho mais novo.

A família tinha se reunido novamente.

POV. Annabeth Chase

Eu ri enquanto Percy me levava para a sacada da sala. Ele abriu o vidro e eu vi que não tinha ninguém na sacada. Ela toda era feita de vidro, exceto pelo chão. As janelas estavam fechadas, então, não tinha o vento frio de dezembro passando por ali. Estava agradável, quente. Ela conseguia ver a neve cair pelas luzes da cidade.

– Me desculpe por... você sabe... - ele riu sem graça, se escorando no vidro, de frente para mim. - Fazia anos que eu não a via... Ficou meio emocional ali...

– Eu entendo. - disse e tomei um gole do suco. - Eles são muito legais... Apesar de que tive uma vontade louca de morder seu irmão, tudo deu certo. - eu brinquei e ele riu.

– Vai me trocar por ele agora? - ele fingiu estar magoado. Pelo menos, eu achei que ele estava fingindo.

– Claro que sim, ele é mais novo, mais fofo, e é uma delícia. - eu ri e ele me olhou magoado.

– Okay Chase, vou te mostrar quem é isso tudo e muito mais. - ele avançou sobre mim, deixando o copo na mesa alta de vidro, e me encurralou contra a parede.

– Percy... - eu fiquei nervosa no momento em que ele colocou as mãos na parede, e eu senti seu corpo no meu. Eu deixei o meu suco na mesa do lado e tentei afastá-lo pela cintura. - Não tem graça...

– Tem sim. - ele sussurrou rouco. - Você disse que queria mordê-lo, e tenho certeza, que ele ia querer que você me mordesse.

– Ele é mais fofo e tem bochechas gordinhas. - sussurrei tentando explicar, tentando pensar direito. Seu perfume estava me domando... Seu calor, seu corpo contra o meu. Seus olhos conectados aos meus... Se controla, uma parte da minha mente gritou e a outra a mandou calar a boca.

– Ele copiou de mim todas as características. - ele sorriu de lado. - A resposta então é: me morder seria como morder ele. - e então, ele roçou o nariz levemente em minha bochecha, assim como os lábios. E eu fechei meus olhos. Ele deu um beijo em minha bochecha. - Ele iria querer te dar um beijo. - ele sussurrou e seguiu para a minha orelha - Porque minha mãe ensinou ele isso. - e ele desceu novamente, indo para a minha mandíbula, onde os lábios carnudos deram outro beijo de leve, e então, desceram para o meu pescoço. E só agora percebi que suas mãos quentes tinham ido das paredes para os meus braços, indo agora, para a cintura. Eu não estava pensando direito. Meu sangue fervia e pulsava em minhas veias. - E iria querer te morder por causa das gengivas, onde os dentes estão nascendo. - E segurando em minha cintura, ele mordeu meu pescoço.

Eu abri minha boca levemente respirando forte, mas me contive para não gemer. Meu Deus, era tão bom... Ele mordeu e deu um beijo em cima da mordida, o local ficou quente, e eu controlei minha respiração. - Percy...

Sua boca voltou pelo mesmo caminho e agora dava beijos em minhas duas em minha face. Eu mantive meus olhos fechados, e passei meus braços pela sua cintura. Eu queria isso... Me sentir amada. Sentir esse calor, sentir o gelo derreter de meu coração, sentir seu corpo contra o meu, suas mãos em minha cintura... Sentir esse sentimento quente que me deixava tão acordada.. Eu queria me sentir viva...

– Mas tem mais uma coisa. - ele sussurrou e afastou o rosto levemente. - Uma coisa que eu posso ter e ele não. - eu abri meus olhos, e o verde mar que me encarava, estava me olhando como se pedisse permissão, como se pedisse por favor... E eu percebi que ele não falava mais de Tyson. Era ciúme em seus olhos, era algo amais... Era algo quente, vívido. - Annabeth...

Ele inclinou a cabeça para me beijar, e eu fechei meus olhos. Eu senti seu hálito em minha boca, eu sentia seu toque me puxando mais para si, eu sentia seu coração batendo. E eu senti o frio me atingir como um soco, assim como o barulho do vidro e de risadas altas demais ali na sacada. Percy se afastou com a mandíbula trincada, olhando com desgosto para o chão. Olhei para o lado como uma idiota e um casal se beijava e ria, com uma taça grande de vinho na mão. Eu olhei para Percy, e eu senti o frio me envolver... A janela tinha sido aberta por causa do cheiro de cigarro do casal ao lado. Eu não acreditei no quê aconteceu... Tudo estava perfeito...

– Vem, você vai ficar com frio. - ele falou com desgosto e me envolveu nos braços quentes, me levando para dentro da multidão.

Eu não acreditei...

Porquê?

POV. Strangers In Paradise

Consegue ver ela?– perguntou Luke através do aparelho auditivo que estava na orelha de Will.

– Somente a filha dos Chase e o de Poseidon. - ele sussurrou perto da manga, para que Luke pudesse ouvir no pequeno microfone. - Nada dela.

– Ela tem que estar aí.

Will sentiu sua cabeça doer mais e pegou um dos vinhos que o garçom trazia na bandeja. O plano era somente embebedar a garota, conseguir informações, e sair. Levá-la para Réia, ainda estava fora da jogada. Pelo menos, ainda estava fora da jogada. Ele sabia que ela estava com um vestido preto, Alec havia dito para eles.

– Will! Will Solace! - o grito de felicidade e surpresa o fez virar e ver um barrigudo com uma taça na mão. Claro que Will o reconheceria. Quem não? - Will, meu garoto, não acredito! Somente você veio da turma!

Will sorriu e cumprimentou o Sr D.

– Quanto tempo, meu rapaz. Fazem o quê? Dez anos que você saiu da Force? - perguntou sorrindo e o rapaz teve que sorrir. Até, de certa forma, era bom ver o sub-diretor bêbado.

– Na verdade fazem treze anos, senhor.

– Ahhh, mesmo assim, não vejo mais alunos como você, Solace. - o homem tomou um grande gole de vinho. - Você era único. A academia era única naquele tempo. Agora só temos vermes. Bons vermes até, mas nada comparado ás turmas de 1990 a 2000. Grandiosos tempos, grandiosos! - o homem riu, bêbado.

Will riu, fingindo.

– Mas por que vermes, senhor? - perguntou, se aproveitando do estado do sub-diretor.

– Ahhhh, são bons, são habilidosos, mas não tem a mesma garra que vocês tinham... E ainda mais agora que os patrocinadores est..

Will prestou atenção ao Sr D. Se ele não conseguiria informações da filha de Zeus, teria do sub-diretor da Force Academy. Luke ouvia tudo pelo microfone. O plano acabara de ganhar um bônus. Réia ficaria muito contente.

[...]

A punk já estava dormindo no quarto reservado para ela e Annabeth; a festa estava desanimada para ela, e a bateria tinha acabado. Estava sozinha, já que Percy tinha roubado a amiga, e Nico estava conversando no escritório de Poseidon. Ela não tinha reconhecido muitas pessoas na festa, e se reconhecesse, era dos amigos de seu pai... Ela não o vira na festa, e agradeceu por isso. Faltava pouco para o show da sua banda favorita, mas também, parecia uma eternidade. Ela, estava ansiosa para o show, pois pensava que somente ela e Annabeth iriam. Erro dela.

Nico conversava no escritório com Elliot sobre uma pasta do computador de Zeus, sobre pagamentos e dívidas. Tiveram acesso então, ao banco de Zeus. Nico não conseguia acreditar que Elliot tinha feito isso, e seus dedos coçavam de tanto querer abrir essa pasta em seu computador.

Percy e Annabeth estavam na cozinha, Tyson nos braços do irmão mais velho. Annabeth ria enquanto o pequeno tentava fazer Percy olhar para ele, pegando com as mãozinhas pequenas e gordinhas, as bochechas e um pouco da boca de Percy, fazendo sons com a boca, como se tentasse falar.

Percy rio e olhou para o irmão, que espremeu com as mãozinhas as bochechas, fazendo Annabeth rir. Ela percebeu, o quão bom Percy era com o irmão... Se olhasse com atenção, ambos eram muito parecidos. Ela ficou observando enquanto Percy fazia Tyson rir, fazendo cócegas em sua barriga. A risada de criança atraiu as atenções das pessoas ao redor, mas que logo desviavam os olhos. Aquele momento era só dos três. Ela rindo, Percy rindo, Tyson rindo. Ele ficou com soluço e foi isso que fez Percy parar de fazer cócegas nele. Tyson riu com o próprio soluço, e apareceu os minúsculos dentinhos brancos. Ele olhou quando Annabeth riu e logo esticou os bracinhos para ela.

– É, ele definitivamente gosta de você. - Percy entregou Tyson nos braços dela e o pequeno logo pegou um dos cachos loiros e começou a brincar em meio aos soluços. Annabeth sorriu para o bebê, Percy teve vontade de suspirar. A imagem era linda. Annabeth com Tyson nos braços, os dois sorrindo... Percy estava feliz. Feliz de verdade. Feliz em estar em casa. Feliz em estar com Annabeth. - Acho que ele não vai deixar você sair daqui.

Annabeth riu e olhou para ele. Ela estava confusa. Ela se sentia bem ali. Com Tyson, com Percy... Ela não estava desconfortável. Nem mesmo quando Percy ia beijar ela. Ela queria o beijo... Uma parte dela queria ele. O beijo na biblioteca no dia que o conheceu não valeu. Ela queria um beijo de verdade. Mas ela não sabia o quê estava sentindo. Ela nunca foi boa com sentimentos.

Tyson suspirou parando de soluçar e se escorou no pescoço da garota, com sono já. Annabeth sabia que devia ser umas onze horas da noite, e sabia também que muitos dos convidados tinham famílias, pois davam a desculpa para Poseidon e Sally, que as crianças estavam sob os cuidados das babás. Sally viu o filho mais novo nos braços da filha de Atena e suspirou de felicidade ao ver a cena. Percy conversava com Annabeth baixo, e ela balançava levemente Tyson em seus braços, dormindo. Sally ficou vendo essa cena em alguns anos a frente, a imaginação dela tomando conta: Annabeth segurando nos braços um garotinho loiro... Enquanto Percy a abraçava.

Essa cena foi demais para o emocional dela.

– Tá na hora de um certo moço ir para o berço. - Annabeth ajudou Sally a pegar Tyson, que roncava baixinho. - E não Percy, não foi pra você que eu falei isso.

Annabeth se conteve em não dar uma risada. E ela estranhou isso. Ela estava sorridente demais. Feliz demais... Ela parou de sorrir levemente. E Sally percebeu isso.

– Percy? - a mãe chamou o filho, que tomava um copo de água. - Você sabe aonde ficam os quartos... Quando quiserem, podem ir. Já está tudo ajeitado, e Annabeth, seu pijama está em cima da cama...

– Okay mãe. - era estranho para Percy e Sally isso. Ele a chamar de mãe, depois de tanto tempo, e ela o ouvir dizer.

– Obrigada, senhora Jackson. - Annabeth sorriu timidamente.

– Por favor, Annabeth, me chame de Sally. - e a garota assentiu.

Sally sorriu para os dois, e levou Tyson para o quarto. Annabeth pegou seu suco e o tomou. Mesmo tendo comido pouco, alguns pedacinhos de carne, azeitona, pãezinhos, e outros petiscos, ela estava satisfeita... Ela aprendeu a se satisfazer com pouco.

– Parece que até agora tudo está bem. - ele confessou surpreso e Annabeth sorriu de lado.

– Sinceramente, achei que teria uma briga entre vocês.

– Eu também... Mas tudo deu certo no final das contas. - ele suspirou e Annabeth manteve o olhar no dele.

Cinza com verde mar. Tempestade e mar.

– Vem. - ele esticou as mãos para Annabeth, que o olhou intrigada. E com um sorriso, ele pegou as mãos dela. - Vem.

Percy a levou até a sala de estar, onde o pianista tocava uma música suave, e alguns casais dançavam. Muitos já tinham ido embora, mas um bom número ainda dançava no meio da sala. A música ainda estava no começo, mas a mulher no vestido vermelho ao lado do pianista estava se preparando para cantar.

– Mê de sua mão. - Percy a tinha levado para o meio da multidão de casais, e parado de frente a ela. Annabeth o olhou com receio. - Confia em mim.

Annabeth começou a se aproximar e Percy pegou em sua cintura levemente, fazendo seu corpo encostar no dela. Percy pegou a mão de Annabeth, sem deixar de olhar em seus olhos.

We know full well there's just time

So is it wrong to dance this line?

Percy deu o primeiro passo lentamente, e Annabeth tentou segui-lo. Seu coração pulsava mais forte agora, e ela sentia seu estômago dar uma volta, mas de um jeito bom. Percy se moveu novamente, e Annabeth o seguiu. E então, já estavam dançando lentamente entre os casais, no ritmo daquela triste canção. Annabeth olhou para os pés, mas Percy, com a mão que segurava sua cintura, levantou seu queixo.

– Olha pra mim.

Annabeth olhou em seus olhos, e Percy continuou a levá-la. E foi fácil confiar nele. Ele a conduzia levemente, sem pressa enquanto a música tocava, e os casais dançavam ao seu redor, perdidos em um mundo só deles. Ela se perdeu em Percy. Os corpos se movimentando no mesmo momento, a respiração controlada, mas o coração pulsando em seu peito, parecendo que iria explodir. Ela sentiu a intensidade de seu olhar. Ela sentiu o corpo dele contra o seu. Ela sentiu seu coração. Ela sentiu seu calor.

Don't give me up

Don't give me up

Percy sentia seu perfume, seu corpo pequeno mas forte, a mão dela em seu ombro e em sua mão. Ela confiando nele. Seus olhos não queriam olhar para outra coisa se não aquela tempestade confinada nos olhos dela. Ele sentiu cada parte de Annabeth se moldando a ele.

A música aumentou a intensidade, e Annabeth sentiu a voz da mulher cantar a triste música com paixão. Percy a puxou mais para seu corpo. Ele não queria deixar ela ir. Ele não queria perder ela.

Would you dare to let it go?

Ela não queria que esse momento acabasse. Queria que ele congelasse ou durasse para sempre. Ela não queria sair dos braços de Percy. Ela não queria saber que quando aquela música acabasse, ela seria Annabeth Chase, a garota que perdera os pais quando era pequena, e que morava em uma academia onde seria vendida e nunca poderia viver uma vida normal. Ela queria morar naquele mundo que ela criara com Percy, naquela música, naquele momento. Ela não queria perder ele. Ela não queria que aquele momento morresse. Ela se recusava a aceitar outra realidade.

'Cause what about, what about angels

– Percy... - ela sussurrou e Percy, olhando naqueles olhos cinzentos, viu a tristeza, viu o amor de Annabeth.

Ele não esperou. Ele e inclinou para ela e fechando os olhos, sentiu o hálito, o perfume, o cheiro dela. Encostou de leve seu nariz no dela. Ele queria tanto beijar ela que doía. Annabeth fechou os olhos, e sentiu os lábios de Percy encostarem levemente nos seus, sem se fecharem. Ela sorriu pelo canto do lábio quando ele se afastou de leve, sua respiração quase ofegante. Percy encostou novamente os lábios nos dela, os doces e carnudos lábios, e fechou os lábios nos dela.

It's not about, not about angels

Angels


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Notas finais do capítulo

ME AMEM
Velho, sinto muito por ter demorado 3 dias para postar ( é tres né? pqp sou péssima em matematica ) Mas eu queria fazer tudo certinho.
ENFIM, velho, o beijo deles :') Caralho mano
Enfim Ruffles, espero que tenham gostado e que comentem. E só pra falar, que eu acho, ACHO QUE MEREÇO MAIS ALGUMAS RECOMENDAÇÕES NÉ? PORRA EU FIZ ELES SE BEIJAREM CARALHO É UM AVANÇO DO TAMANHO DO UNIVERSO

Mano eu sofri pra escrever esse cap. Tô comendo miojo de bolonhesa e são onze horas da noite. Poisé. O quê eu não faço por vocês.
Eu amo vocês Ruffles.
ME AMEM TAMBÉM
Beijos



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