POV. Annabeth Chase.

– Hey, está tudo bem. Você vai se sair bem nessa.- falei para Rachel. Ela não tinha parado de tremer e de delirar desde quando Quíron anunciou seu nome no refeitório.

– Como você sabe? Eu não tenho a menor chance de pelo menos sobreviver por 3 segundos nesse desafio. E ainda para piorar, tem você, o Lee e o Ethan competindo. – ela disse enquanto Thalia se levantava do meu lado.

– Rach, Annabeth vai estar do seu lado. Ela não vai deixar nenhum dos outros 4 te machucar. Aposto que Quíron estava blefando quando disse aquelas coisas sobre: “ O desafio irá testar vocês” e “ teriam que ser espertos, cuidadosos, ágeis e habilidosos”. Deve ser para meter medo nos concorrentes do campeonato. – Eu concordei com a cabeça, mesmo descordando. Eu sabia que Quíron estava falando sério em relação a isso, mas não sei como explicar, apenas sabia.

– Não, não e não. Eu vou ser esculachada e depois vou ser o único assunto da Deadly Fight por causa disso. - ela parou de repente e me olhou com os olhos arregalados: - E se eu desmaiar quando desafio começar? Ai meu Deus!!

" Ótimo. Vai começar. " pensei.

–.... E se eu cair e assim torcer o tornozelo? E se eu me engasgar com a minha própria saliva enquanto eu corro? E se.... - eu a cortei antes que sua imaginação fosse adiante.

– Chega. - me levantei e parei na frente de Rachel. - Chega com esses pensamentos porque se você pensar demais neles, você mesma vai acabar fazendo exatamente o que está pensando. - Rachel me olhou assustada e engoliu em seco. - Então pare de pensar que você vai morrer e tudo mais. Tá bom?

Rachel assentiu com a cabeça. Olhei fundo em seus olhos e entendi tudo o que ela estava passando: estava com medo e assustada.

Eu sabia que o medo nos leva a fazer qualquer coisa. Falo isso porque já foi minha própria experiência.

– Tudo vai ficar bem se você acreditar, Rachel. A esperança é a última que morre, nunca se esqueça disso. - ela concordou com a cabeça. - Nunca se esqueça de ligar a luz quando tudo está escuro.

Eu fiquei em choque quando percebi as palavras que tinha dito. " Nunca se esqueça de ligar a luz quanto está escuro, Annie. Lembre-se, o bicho-papão não gosta quando a luz está ligada. Mas quando você tiver coragem o suficiente para enfrentá-lo, você deve desligá-la. " – a voz de minha mãe ecoou pela minha cabeça. Essa fora a frase que ela disse-me na noite que eu tivera um sonho sobre o bicho-papão. Ela tinha ligado a luz no meio da madrugada e disse aquela mesma frase. E eu só tive coragem o suficiente para desligar a luz, 2 meses depois.

– Annie? - Thalia me chamou.

Fechei meus olhos, retirando a lembrança de minha mente.

– Sim? - perguntei me virando para ela. Nem tinha percebido que Rachel estava do seu lado.

– Você está bem? - fora a vez de Rachel me perguntar.

– Claro que estou Porquê não estaria?

Thalia deu um passo a frente e em olhou preocupada.

– Você meio que apagou em pé.

Balancei a cabeça e dei um risinho.

– Estou bem, só fiquei um pouco perdida em pensamentos. - foi tudo o que eu disse. Thalia entendeu o recado. Eu não queria falar disso agora.

– Me desculpem garotas. - Rachel nos chamou a atenção. - Eu acho que pisei um pouco na bola por causa do campeonato, afinal, é o meu primeiro, sabe... - ela se desculpou um pouco constrangida.

– Não tem problema Rachel. - caminhei até ela e a abracei forte. - Nós duas vamos estar juntas nessa. Eu prometo.

Ela concordou com a cabeça.

Rachel se despediu de nós duas e saiu de nosso quarto.

Eu não ousei olhar para Thalia, mas a mesma falou:

– Não queira confessar na frente dela mas, estou com um péssimo pressentimento sobre esse campeonato.

– Eu também, Thalia. E a coisa vai ficar séria assim que Ethan e Lee ficarem em meu caminho.

Nem precisei vê-la para saber que ela estava concordando com a cabeça sobre o meu argumento.

– A coisa vai ficar séria mesmo.

Assenti e me joguei na minha cama. Thalia fez o mesmo.

– Quer conversar? - ela perguntou.

Balancei minha cabeça de um lado para o outro. Significando que não queria conversar com Thalia, pelo menos não agora.

Ela suspirou e disse:

– Eu vou estar aqui quando precisar, okay? - concordei com a cabeça, finalizando a nossa conversa.

Fechei meus olhos, e suspirei.

" Nunca se esqueça de ligar a luz quando tudo está escuro. "– a voz de minha mãe ecoou pela minha cabeça.

Tentei retirar esse pensamento de minha cabeça, mas fora impossível. Bufei frustada. Decidi que era melhor eu me concentrar em alguma coisa. Qualquer coisa, menos sobre o campeonato, ou minha vida.

Abri meus olhos, e olhei para o lado. Thalia estava dormindo enquanto estava com os fones no seu ouvido. Ri mentalmente. " Só ela para conseguir dormir numa hora dessas. " – pensei.

Me levantei da minha cama vagarosamente, e caminhei até o meu guarda-roupa.

Abri silenciosamente uma de suas portas e de dentro, retirei um estojo com vários lápis de desenhos e de colorir, e também meu caderno de desenho.

Me sentei na cadeira a frente de minha escrivaninha, e coloquei o estojo junto com o caderno em cima da mesma.

Abri em uma folha qualquer, e peguei de dentro de meu estojo um lápis 6B. O apontei e assim, coloquei toda a minha concentração no papel.

Eu sempre soube que queria e iria ser arquiteta um dia, assim como a minha mãe. Antes dela morrer, eu adorava ficar em seu escritório vendo-a fazer planilhas e mais planilhas sobre todos os tipos de arquitetura. Adorava ver o jeito que sua mão passeava pelo papel, desenhando somente com um lápis, uma borracha e uma égua, um grande e majestoso edifício. Eu, achava que era pura mágica quando ela transformava aquele pedaço de folha em branco, em um desenho tão incrível e rico em detalhes.

Quando eu desenhava, eu simplesmente me esquecia do mundo. Me esquecia do lugar que eu estava, qual era meu propósito, qual era o meu passado, e de quem eu era. Quando desenhava, eu entrava em um mundo só meu, o qual eu nunca compartilhei com ninguém, nem mesmo Thalia. Ninguém nunca viu e nunca verá meus desenhos arqueológicos. Pois, quando eu desenhava, desde edifícios altos até as ruínas do Partenon, eu sentia uma conexão com a minha mãe. Era quase como se ela estivesse ali, me ajudando a fazer o melhor traço, desde o melhor sombreado. Eu tinha medo de que, talvez se eu mostrasse isso para alguém, eu pudesse perdê-la.

Fechei meus olhos e suspirei.

Quando eu os abri, vi que meu trabalho estava quase terminado.

Eu tinha feito uma coluna estilo grego. Tinha 4 colunas e 3 pilastes. Eu fiz um sombreado enter os espaços que ficariam ( na vida real ) as sombras, dependente da posição do sol.

Peguei o lápis normal e fiz pequenos detalhes nos contornos do meu desenho. Peguei a borracha, e apaguei alguns dos rabiscos e linhas que não faziam parte do desenho.

Quando fiquei satisfeita com o resultado, assinei com o meu nome no final da folha, como já fizera milhares e milhares de vezes com outros desenhos.

Guardei meus lápis e minha borracha no estojo e fechei meu caderno de desenho. Olhei para o lado e vi que Thalia ainda estava dormindo, mas ouvindo American Idiot no último volume que seus fones de ouvido permitiam. " Eu juro que não te entendo, Thalia. Pelo menos não neste contexto. " – pensei.

Me levantei vagarosamente da cadeira, e guardei meus materiais no meu guarda-roupa, bem no fundo e bem escondido.

Fechei o mesmo e ajeitei minha escrivaninha, a qual estava com alguns restos de borracha.

Olhei para o relógio no criado mudo, e os números fosforescentes indicavam que era 11:57am.

" Nossa, como o tempo passou rápido. Nem acredito que passei quase 4 horas nesse desenho. " ouvi Thalia roncar. " E Thalia ainda dormindo." tive que segurar uma risada quando Thalia meio que " Fungou" enquanto estava dormindo.

Me aproximei dela e me preparei para me esconder. Retirei seus fones e corri.

– QUEM É O DESGRAÇADO?!? - Thalia gritou. Ela me olhou e se acalmou. - Muito educado de sua parte, Annie! - ela gritou e eu comecei a rir.

– Thalia me explica. - pedi. - Como é que você consegue dormir com os fones no último volume e só quando alguém os tira é quando você acorda? - perguntei rindo.

– É a arte do rock. Eu vivo, respiro e durmo com ele. Eu só não me caso com ele porque o meu querido pai, não ia aceitar me levar ao altar com o lindo e gostoso Billie Joe Armstrong! - ela riu. - Ahá! Até imaginei a cena! Você como madrinha com o vestido rosa pink, e eu com meu vestido preto! E a música de entrada seria a Wake Me Up When September Ends!

Eu ri.

– 1°: Eu de rosa nem em sonho. 2°: Me diga, em que mundo você não estaria de preto!

– Ok, talvez um vestido cinza, que tal? - eu ri e concordei com a cabeça.

– Muito melhor.

O som do relógio nos despertou da conversa. Indicava que era 12:05.

– Vamos lá. Temos que ir almoçar. - ela disse e eu a segui, indo em direção a saída do quarto.

[...]

– Não estou vendo a Rachel. Aonde será que ela está? - Thalia perguntou preocupada.

Tínhamos acabado de nos sentar em nossa mesa depois de iremos pegar nosso almoço: Espaguete com almondega.

Eu tinha pegado uma pequena porção. Já Thalia, tinha pedido que a nossa querida cozinheira: Melisse, colocasse mais uma porção. Ela em resposta, pegou a colher e praticamente jogou mais uma colherada no prato de Thalia, fazendo com que molho e um pouco de maça caíssem no chão e se espirrassem em suas botas. Tive que arrastá-la da fila antes que ela voasse no pescoço de Melisse.

– Eu não sei. Não a vi em lugar nenhum. - disse preocupada também. " Aonde Rachel poderia estar? "

Dei uma última olhada geral no refeitório antes de dar atenção em meu almoço, quando vi que um par de olhos negros me encaravam: Ethan Nakamura.

Ele estava sentado com Jake, o qual estava ocupado flertando uma garota morena.

Sustentei o olhar que Ethan me lança-rá. Ele não estava muito longe, mas era o suficiente para que pudéssemos nos olhar mortalmente.

Ethan me olhava como se quisesse me fazer ter medo ou me sentisse ameaçada, coisa que eu nunca mais me sentiria na presença dele.

– O que será que eles estão tramando? - perguntou Thalia.

– Não sei do quê. Mas sei o porquê. - disse, ainda sustentando o olhar de Ethan.

– Não acha que ainda é por causa daquela estúpida rixa entre vocês dois? - ela perguntou.

– Quando se perde e se passa de idiota na frente de seus amigos, você não consegue esquecer tão simplesmente. - disse.

– Annabeth, isso foi há quase 1 ano atrás. Não acreditou que o Nakamura queira revanche. - ela disse antes de enfiar uma garfada da macarronada na boca.

– Eu acredito Thalia. Ele vem aguardando essa revanche desde aquele dia. E hoje, é a oportunidade perfeita para que ele pudesse revidar. - eu disse.

Thalia ficou quieta, provavelmente estivesse pensando que eu estava certa. Mas quanto ao Ethan, que desistira de sustentar meu olhar, eu sabia que tinha que estar preparada quanto ao campeonato de hoje a tarde. E ele estaria esperando pelo momento certo de ter sua revanche.

Coloquei minha atenção em meu prato. Enquanto comia, uma ruiva se sentou do lado de Thalia.

– Oi. - Rachel disse.

– Aonde estava? Ficamos preocupadas! - Thalia exclamou e um pouco de molho escorreu do canto de sua boca.

– Thalia, modos. - eu a repreendi.

– Eu no meu quarto desenhando. Sabe né? Me ajuda a relaxar e me acalmar. - ela disse.

Eu e Thalia concordamos. Rachel sabia desenhar muito melhor do que eu. Mas ela era artista, enquanto eu era arquiteta, digamos assim.

Nós três comemos em silêncio nosso almoço. Não podia negar que quando Rachel pegou seu garfo, seus dedos ficaram brancos de tando apertar o mesmo, tentando não tremer de nervosismo.

[...]

– 14:30pm. Annabeth. - Rachel anunciou. - Acho melhor irmos para o refeitório, não? - concordei com a cabeça.

Depois do almoço, eu, Rachel, Ethan, Jake, Lee e Katie, fomos para a academia nos aquecer. Não nos dirigimos uma palavra sequer, a academia ficou em um silêncio tenso no ar. Ás vezes, eu, Ethan e Lee nos dirigíamos alguns olhares frios quando passávamos uns pelos outros. Katie e Rachel, ficaram quietas, quase nem tinham ânimo para treinar para o campeonato. Já Jake, tentava flertá-las a todo o custo.

Saímos juntos da academia e fomos em direção ao refeitório.

Quando entramos no mesmo, Quíron estava nos esperando calmamente, assim como os outros alunos da Deadly Fights.

Vi que na nossa mesa, Thalia nos olhava com preocupação nos olhos.

– Muito bem! Aqui estamos para o grande campeonato que será disputado por: Annabeht Chase/ Ethan Nakumara/ Katie Gardner/ Jake Mason/ Lee Fletcher e Rachel Elizabeth Dare. - ele respirou e continuou:

– O campeonato será na floresta. O objetivo de vocês será pegar o lenço dourado que cada participante estará usando. - Quíron mostrou a nós um lenço não muito grande em suas mãos. - O participante que tiver mais lenços antes do anoitecer vencerá e ganhará o seguinte prêmio: O Velocino Dourado. – alguns cochicharam entre si, mas logo se calaram por Quíron. - SILÊNCIO! No desafio valerá usar qualquer tipos de arma menos as de fogo. E as únicas regras são: Não podem matar ou ferir. Não podem capturar o outro participante muito menos o torturar. Caso tais leis sejam quebradas, a pessoa ficará na solitária. - Quíron nos olhou com afeição - Boa sorte a todos. Nos vemos da a quia 15 minutos na entrada da floresta. - Quíron elevou a voz quando disse: - Dispensados!

[...]

Eu tinha a minha adaga; Rachel e Lee tinham arco e flechas; Katie tinha algo parecido com uma faca e um canivete juntos; Ethan e Jake usavam espadas compridas mas leves.

Estávamos na entrada da floresta quando Quíron anunciou:

– O tempo acaba antes do anoitecer, não se esqueçam! - nos ajeitamos nas posições, a quase 2 metros de distância um do outro. - Á minha contagem!

Respirei fundo e segurei firme o lenço em uma das minhas mãos.

– 10!

Olhei para frente, a floresta era densa e era enorme, não dava para pegar do meu lado do quarto pois era do outro lado do prédio.

– 9!

Uma corrente de ar arrepiou meus braços nus por causa da regata.

– 8!

Olhei para Quíron. Ele parecia persistente durante a contagem.

– 7!

Lancei um olhar para Katie, a qual estava totalmente branca.

– 6!

Olhei para Ethan, o qual não parava de me encarar e segurar firme sua espada em sua mão direita.

– 5!

Olhei para Jake, que me lançou uma piscada.

– 4!

Me virei para Lee, que estava com o arco preso em suas costas, olhava fixamente para dentro da floresta.

– 3!

Segurei mais firme a minha adaga em minha mão direita.

– 2!

Lancei um olhar para Rachel, a qual me olhava desesperada.

– 1! Agora!