Mais Além De A Usurpadora escrita por Kah


Capítulo 16
Capítulo 16 A Grande Tristeza




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Rodrigo leva Carlos Daniel e Estephanie para mansão, Verônica e Osvaldo fecham a fabrica, ela não vai abrir nos próximos dias, ninguém ali esta em condições de trabalhar, todos gostavam de Paulina, e a noticia de sua morte chegou com uma grande tristeza.

Na mansão Carlos Daniel entra quase que puxado por um imã, ele não controla seus pés, eles é que vão em direção a escada. Seus filhos estão na sala, Carlos Daniel olha os filhos, Rodrigo esta contando tudo para vovó Piedade, as crianças e os empregados, mas Carlos Daniel não escuta, seus olhos se fixaram nas quatro crianças, duas delas choram inconformadas. Não é justo crianças chorarem com tanta dor, é? As duas crianças correm ate o pai e o abraça com aquele choro infinito, aquela dor insuportável. Carlos Daniel abraça os filhos ajoelhando no chão, seu choro também é alto, mas ele não ouve, parece esta entorpecido naquele pesadelo. Paulinha também chora no chão, assustada com todos a sua volta chorando. Carlos Daniel olha para a filhinha, logo completara dois anos, a cada dia que passa fica mais parecida com a mãe, seus olhos tem a mesma cor, o mesmo brilho, seus cabelos, já na altura dos ombros, seu pequeno rostinho, tudo lembra Paulina. Carlos Daniel vai ate a filhinha, tão pequena e frágil, e a pega chorando, como poderá sobreviver sem Paulina?

Ele abraça a filha em meio a seu choro, alguém pega Paulinha dos seus braços, Carlos Daniel olha para o bebe que esta chorando mais agora, talvez se assustou ainda mais com a dor do choro do pai. Patrícia com Paulinha nos braços também tem lagrimas pela face, ela fala alguma coisa com Carlos Daniel, ele não ouve, apenas vê sua boca se mexer enquanto as lagrimas descem pelo rosto da cunhada. Seus pés vão em direção a escada, como se houvesse esperanças de encontrar Paulina no quarto, dormindo tranqüila na sua cama.

Carlos Daniel entra no quarto, sua cabeça gira procurando Paulina. O cheiro dela esta ali, tão forte que ele a sente perto de si. Carlos Daniel se joga na cama, a camisola de Paulina esta la, esperando-a, seu cheiro esta impregnado nela, ele segura aquela roupa sentindo o cheiro da esposa ali, podia sentir ela te tocando, sentia sua presença viva naquele quarto. Seus lábios ainda sentiam o gosto dos delas, seus braços sentia o corpo de Paulina envolvido neles, sentia a cabeça sobre seu peito, o calor do seu corpo contra o dele. A imagem de Paulina, tão viva em suas lembranças, não sai de sua cabeça, e por mais que tentasse afastar aquela frase horrível não conseguia.

“-...aconteceu um acidente de carro, e ela não resistiu. ‘’ essa frase parecia ter se unido as imagens de Paulina, ela ecoava na sua cabeça, seu choro estava alto, ele sentia, mas não ouvia, parecia que tudo havia perdido o brilho, o som, se sentia entorpecido, a deriva num mundo sem sentido.

Em meio aquela imensa dor, Carlos Daniel não tinha noção do tempo, ali, deitado naquela cama com a roupa de Paulina nas mãos, parecia ter parado o tempo, congelado naquela angustia, naquela dor.

O dia já estava claro lá fora, a noite tinha passado, Carlos Daniel continuava em seu transe. Vovó Piedade, Rodrigo, Patrícia e Estephanie tentavam conversar com ele, mas aquelas tentativas eram monólogos, ele continuava no seu silêncio deprimido, ouviu Rodrigo dizer alguma coisa sobre cuidar de tudo. Não prestava atenção, aquelas palavras não faziam sentido, apenas sentia o cheiro daquela roupa em suas mãos já molhada por suas lagrimas infinitas.

- Ele não vai resistir vovó.

- Esta sendo difícil pra todos, mas para Carlos Daniel é insuportável. Vamos deixá-lo chorar toda sua dor.

Ele ouviu dizerem, não diferenciava as palavras, pareciam sussurros a quilômetros dali, sua dor era imensa e não fazia sentido àquilo em sua volta.

As horas passavam, o dia estava cinza e sem vida, uma chuva fina cai la fora, o vento sussurrava, parecia estar chorando. Carlos Daniel parecia ter se petrificado naquela cama, não se mexia apenas sentia aquela roupa em suas mãos e o cheiro que emergia dela, envolvido num turbilhão de pensamentos.

Tentaram fazer com que comesse, mas ele não podia, não conseguia, sua mente vagava nas lembranças de Paulina, a sua imagem vindo em sua direção, o sorriso tão lindo que vivia em seu rosto, aquilo o fazia afundar numa dor profunda, como se fosse um terrível pesadelo.

Uma enorme tristeza baixou na mansão Bracho como uma nuvem, cobrindo todos que conheciam Paulina.

Em um momento de sua dor, Carlos Daniel começou a chamá-la em sussurros, repetia sem parar e incontrolável o nome de sua amada esposa, SUA PAULINA, aquela que fora só dele, que ele amava como nunca havia amado ninguém, que lhe mostrou a felicidade que ele nunca havia sentido, que o fez abrir os olhos para a vida, A VIDA, que agora não fazia sentido, não tinha significado, aquela ausência de Paulina já havia criado um vazio absurdo.

- Paulina, Paulina, Paulina, minha Paulina, Paulina...

Seus lábios sussurravam entre soluços, o nome de Paulina sai de sua garganta como uma prece, como se o ajudasse a trazê-la de volta, como se o ajudasse a acordar daquele pesadelo, aquele tormento sem fim.

O nome de Paulina sussurrado pelos seus lábios se tornou um porto seguro, uma corda onde se segurar, e durante horas foi tudo o que ele conseguia dizer.

- Minha Paulina, Paulina, Paulina...


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