Hospital.

Tony chegou ao hospital mais rápido do que o previsto. Sua mente flutuava, não tinha noção da velocidade com que havia dirigido até lá. Adentrou o prédio com certa pressa, seguindo para o andar onde Pepper se encontrava, os corredores sempre movimentados do hospital pareciam mais calmos naquele dia, dando um ar monótono ao local.Ao passar pela porta do quarto percebeu que sentada ao lado da cama, alguém fazia companhia à sua amada.

Segurando a mão de Pepper encontrava-se uma mulher alta, aparentemente jovem, de cabelos loiros e longos que se assemelhavam ao de Pepper, logo se levantou ao perceber a presença de Tony, indo de encontro a ele.

– Srº Stark – Cumprimentou a moça.

Tony retribuiu apertando sua mão, ainda sem saber de quem se tratava. Por um breve momento pensou na hipótese de ser irmã a de Pepper, descartando a mesma possibilidade segundos após, notando a falta de semelhanças físicas entre as duas.Fitou os olhos inchados e vermelhos à sua frente com curiosidade, o que deixou-a um pouco envergonhada.Ao perceber o desconforto da moça Tony resolveu se pronunciar.

– É ... nós já nos conhecemos ou ... -

– Ah, não ! Jenna ... Jenna Müller, eu sou amiga da Pepper. – Se apresentou.

– Ah ... prazer em conhecê-la Srtª Müller.

– Eu, eu soube do acidente e vim ver como ela estava – Explicou. – O médico disse que ela ... que ela pode demorar pra acordar – Falou obviamente lutando contra as lágrimas que insistiam em escorrer pelo seu rosto. – Desculpe ...

– Tudo bem, eu entendo ... não tem sido fácil pra ninguém

– Eu não pensei que iria encontrar o chefe dela aqui – Disse dando um sorriso discreto.

– É ... – Falou dando um sorriso de canto de boca.

– Bem ... eu já estou de saída se você quiser ficar a sós com ela – Disse enxugando as lágrimas.

– Não precisa sair por minha causa, eu ...

– Tudo bem – Interrompeu-o – Eu realmente já ia saindo.

– Certo ... foi um prazer Srtª Müller – Estendeu sua mão para se despedir da moça.

– O prazer foi meu. – Disse apertando-lhe a mão. – Cuide bem dela. – Sussurrou antes de sair.

– Pode deixar ...

Tony esperou até que Jenna sumisse completamente de vista para entrar no quarto.Observou cuidadosamente o corpo deitado em cima da cama, reparando em cada mínimo detalhe. Os cabelos alaranjados sempre bem arrumados estavam despenteados, e o rosto que geralmente era dotado de alegria parecia desprovido de vida.

Aproximou-se calmamente, ajoelhando-se ao lado dela e acariciando a mão delicada.Passou a mão pelos cabelos ruivos jogando alguns

fios

por cima da testa, deslizando a mão por seu rosto

Sentiu seus olhos se umedecerem, e lutou contra a vontade que o consumia. Não ia chorar. Sabia que Pepper ficaria bem. Não havia motivos para chorar. Se arrependeu profundamente de não ter capacidade de inventar uma máquina do tempo. Queria ter tido uma conversa com ela antes dessas circunstâncias, não queria que ela pensasse que só tomou algumas decisões por tê-la visto perto da morte. Não era isso o que ele planejava.

Queria uma conversa a dois na casa dela, um vinho e talvez um momento a dois no seu quarto. Maldito acidente. Maldito mundo injusto.

Estava assustado, decepcionado. Enfrentando um misto de emoções. Voltou a mão para o rosto frágil e acariciou sua bochecha.

Tinha compromissos no dia seguinte, mas isso realmente não importava. Do que adiantava salvar o mundo lá fora se seu mundo estava numa cama?

Sabia que iria decepcionar o mundo, que iria afetar sua imagem e que provavelmente levaria uma bronca enorme de Pepper quando ela soubesse.Mas naquele momento tudo que queria era estar ali ao lado dela sem pensar em mais nada.

– Pep ...- Sussurrou chegando perto de seu ouvido. – Pep você tá me escutando? – Perguntava na esperança de obter uma resposta. – Pepper acorda por favor ... eu preciso de você ... – Suplicou apertando sua mão. – Volta ...

Tony afundou seu rosto no pescoço da ruiva sentindo seu cheiro.As missões, os problemas, tudo aquilo parecia tão distante de onde estava.A coisa que mais importava na sua vida estava ali ... frágil, exposta, e ele não podia fazer nada a não ser esperar.

Pegou a mão de Pepper com delicadeza levando-a à boca e depositando um beijo, pressionando mais uma vez os lábios contra a pele fina e pálida. Ficou ali por alguns instantes apenas sentindo sua amada. Apertou sua mão como um apelo, implorava para que ela acordasse e saísse daquela cama.

Como se o despertasse de um sonho, a porta se abriu.Pôde-se ouvir um barulho mínimo vindo dela. A enfermeira entrou no quarto com uma prancheta na mão e uma caixa de remédios, o semblante cansado e descaído dominava seu rosto já envelhecido e pálido.

– Srº Stark o horário de visitas já acabou - Disse ao entrar.

– Tudo bem, só preciso de mais alguns minutos ...

– Certo. – Disse colocando os remédios em cima de uma mesinha. – Não demore por favor.

Tony assentiu virando-se novamente para Pepper, sua mão ainda segurava a dela.

– Pep , eu vou pegar quem fez isso com você ... eu juro, eu juro.

Levantou-se depositando um leve beijo nos lábios da amada, retirando do quarto em seguida.Estava disposto a fazer com que os responsáveis por aquela situação pagassem e teria a oportunidade perfeita no dia seguinte.

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Rhodes estava sentado no sofá de sua casa com seu roupão azul marinho. O local era pequeno, porém aconchegante. Quando olhou no relógio constatou que já passavam das 23:00h e resolveu se recolher, pois o dia seguinte seria intenso.- Um mês. – pensou. Exatamente um mês havia se passado. Na manhã Tony partiria em missão e mesmo contra a vontade do mesmo Rhodes havia decidido que iria ajudá-lo.

Subiu a escada de mogno, indo em direção a seu quarto. Ao chegar ao cômodo, retirou seu roupão e deitou-se em sua cama, apagando o abajur que se encontrava no criado-mudo. A noite estava fria, o que não era comum na Califórnia, principalmente no verão.

Encontrando dificuldades para dormir, Rhodes levantou-se novamente, dirigindo-se para a cozinha no andar de baixo. O silêncio era absoluto. Ao longe ouvia-se apenas um pequeno ruído vindo dos pássaros que rondavam as árvores próximas ao local. Rhodes abriu a geladeira pegando a jarra de água, colocando um pouco do conteúdo em um copo de vidro.

De repente, ouviu um barulho de passos que pareciam vir da sala. Sem pensar duas vezes, largou o copo de água em cima da mesa cozinha, cortando caminho até o escritório onde mantinha uma arma guardada na gaveta. O barulho diminuiu. Rhodes sentiu a adrenalina correndo em suas veias, aumentando a tensão em seu corpo. Aproximou-se da sala a passos lentos, tentando não fazer muito barulho.

No momento em que adentrou a sala não ouvia-se mais barulho algum.

Com a arma em mão, Rhodes rondou todo o imóvel em busca de um suposto invasor sem sucesso.Voltando à sala sentou-se no sofá. Tinha quase certeza de que ouvira passos vindos do local. Um ladrão talvez.

Largado do outro lado do cômodo, um pequeno aparelho emitia uma luz vermelha familiar. Rhodes demorou algum tempo até ligar uma coisa à outra. Ao perceber do que se tratava, sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo. – Bomba.

Se levantou jogando-se atrás do sofá a fim de se proteger da explosão.

Segundos depois, um estrondo ensurdecedor dominou o local. A bomba devastou todos os móveis assim como parte da parede e do teto. A fumaça pairava do ar.

Os vizinhos logo que ouviram o barulho se mobilizaram para buscar ajuda.Naquele momento James Rhodes se encontrava desacordado, preso nos escombros da própria casa.