For Amelie - 2a Temporada escrita por MyKanon


Capítulo 13
XII - Visita produtiva




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Sem querer acabei desejando que o Aquiles ficasse como o pai quando envelhecesse. E parecia que era isso mesmo que ia acontecer. O seu Fernando parecia uma versão mais madura do filho. Tinha lindos olhos verdes, um sorriso caloroso e um porte charmoso. Vestia um terno impecável, e alguns fios grisalhos caíam muito bem nele.

Ele abriu a porta do passageiro e perguntou:

_ Amélia Cristina, não é? - Pelo jeito, estava mesmo famosa.

_ S-sim. Prazer.

_ É bom saber que alguém está botando juízo nessa cabeça avoada. - disse ele, bagunçando os cabelos do filho. - E o que foi que aprontou agora rapaz?

_ Ah pai, o de sempre. Nada não. Mas você vai ter que dar o dia de folga para o seu melhor funcionário.

Observando o filho, disse divertido:

_ Se não for te pedir muito, conseguiria botar um pouco de modéstia também?

Eu ri de nervoso.

_ E se fizermos assim... - ele abriu a porta de trás – Podemos te levar em casa?

_ Não... Não precisa.

_ Vamos Mel, você já perdeu bastante tempo aqui...

Eu não queria, mas o Aquiles e a projeção futurista dele me encaravam com tanta esperança, que acabei cedendo.

Entrei primeiro, e o Aquiles me seguiu. Ele cercou meu ombro e ficou bastante silencioso durante a viagem. Ele não queria admitir, mas o tornozelo estava sim bem machucado.

Ele explicou para o pai o que sabia do meu caminho, e na parte mais específica, eu assumi.

_ Obrigada, seu Fernando.

_ Não tem de quê dona Amélia Cristina. - brincou.

Dei um beijo rápido no Aquiles e desci. Ele debruçou-se no banco e chegou à janela:

_ Posso te ligar mais tarde?

_ Claro.

Em seguida, ajeitou-se no banco e partiram.

Naquela família, parecia que só os homens valiam a pena.

 

* * *

 

Recebi uma ligação dele pouco antes de ir dormir. Ele me explicou que o pai dele havia levado-o ao médico e que havia tido uma “sub-luxação”. Um deslocamento parcial dos ossos. Ui.

_ Eu sabia que estava doendo. Você só não queria dar o braço a torcer. - brinquei.

_ Doendo? É porque você não viu quando o ortopedista o colocou no lugar... - disse desanimado.

Mordi o lábio inferior, imaginando a dor.

_ Agora fiquei com pena... Mas já está melhor?

_ É... Melhor que antes. Tive que colocar uma tala, então não tá dando para andar direito...

_ Que chato, Aquiles... Bom, mas é para que se cure mais rápido.

_ Mais chato ainda é não poder sair para te ver...

É mesmo, não tinha pensado nisso...

_ Ah... Bem... Passa logo.

_ Por que você não volta aqui em casa amanhã? A gente pode assistir um filme...

_ Eu vou ver. Acho que minha mãe quer a minha ajuda amanhã.

_ Ajuda no quê?

_ Em... Parece que ela quer... Tipo, umas coisas aí de trabalho manual. - Era melhor não ter dito nada.

_ Ah Mel... Não leve minha irmã tão a sério... Ela só queria me pentelhar. E está conseguindo.

_ Não é por causa disso não. - Mentira. – É que eu acho que vou mesmo precisar ficar em casa amanhã...

_ Poxa Mel... Vamos fazer assim, pensa com mais carinho durante a noite e amanhã me dá uma resposta definitiva. Tá?

_ Tá bom, Aquiles.

Fizemos mais alguma hora ao telefone, até conseguirmos desligar.

No dia seguinte, ele tentou novamente, mas preferi não arriscar. Ficamos conversando pela webcam e achei até que estava meio abatido. Vencida pelo cansaço, acabei marcando no dia seguinte na casa dele. Mentira, eu só estava mesmo com muita vontade de vê-lo.

Minha mãe não estava em casa, então tive de enfrentar sozinha a tarefa de escolher uma roupa.

_ Calma... Nem muito acanhada... E nem muito ousada.

Decidi por uma blusinha transpassada, abotoada ao lado do corpo. Uma calça jeans de lavagem clara e um tênis.

Prendi algumas mechas de cabelo para cima para não deixá-lo completamente preso e ainda conter o volume.

Saí ainda apreensiva em voltar à casa dele. Torci para o pai dele estar em casa.

Suspirei fundo ao tocar a campainha do 2405. Já sabiam que era eu, pois o porteiro havia anunciado.

_ Minha linda! - disse Aquiles, com satisfação ao me cumprimentar.

_ Meu pernetinha! - brinquei, beijando-o.

Depois me afastei. Preferia não ser vista aos beijos na porta dele.

_ Minha palhacinha! - rebateu.

_ Olha, não provoca hein. Estou em vantagem, pois minhas duas pernas estão funcionais.

_ Haha! Meus braços também.

Dizendo isso, me puxou para dentro.

Ele mancou em direção ao quarto me segurando pela mão. Chegando lá me dei conta:

_ Está silencioso aqui hoje...

_ Ah, se eu dissesse, aí é que você não viria. Minha mãe foi com a Íris no shopping.

_ E o seu pai.

_ Adivinha?

_ Mas... De domingo?

_ Ele as deixou no shopping e disse que tinha umas pendências rápidas para resolver.

_ Aquiles... - comecei em tom reprovador - …Você devia ter me dito.

_ Você teria vindo?

Fiquei calada.

_ Tá vendo.

Ele sentou-se no mesmo banco, e acabei fazendo o mesmo. Ele deitou-se e cruzou os braços atrás da cabeça.

_ Mel, fica tranquila. Meus pais não são tão encanados assim.

Os pais dele eram apenas 50% do problema.

_ E não faremos nada que não queira. - completou.

Senti um friozinho na barriga quando ele disse isso. Fiquei com vergonha de encará-lo depois disso. Cruzei as pernas e fiquei observando meus pés.

_ Vou pegar um suco pra gente.

Ele levantou-se e deixou o quarto. Aproveitei para relaxar um pouco. Alonguei o pescoço para um lado e para o outro.

_ Como eu sou boba, Deus do céu...

Levantei e caminhei pelo quarto. Acabei me deparando com uma parte aberta do guarda-roupa dele. Tinha um objeto pendurado coberto por uma capa preta. Não pude conter a curiosidade e observei com mais cuidado. Era um instrumento musical, não saberia dizer se uma guitarra ou um violão.

_ Espero que goste de graviola... Senão vou ter que fazer outro. E tenha certeza, eu levo um dia inteiro só pra acertar o açúcar...

Dei risada e peguei o copo da mão dele.

_ É uma guitarra ou um violão?

_ Um pouco dos dois. - Depois riu e explicou. – É um violão elétrico.

Depois de terminar o suco dele, pegou o instrumento e voltou a se sentar no mesmo banco.

_ Tive que maneirar com a música quando comecei a pegar DP's... Senão já viu, né.

Ele afinou algumas cordas.

_ Você nunca disse que tocava. - comentei, sentando ao lado dele novamente.

_ Se eu dissesse, você talvez imaginasse um astro da música. E também, faz muito tempo que não toco. Acho que nem toco mais.

_ Não é como andar de bicicleta?

_ Hum... Não. Não tem guidão...

Dei risada da piada sem graça.

_ Acho que vai gostar dessa. Você me ajuda? - ele perguntou.

_ Não vai dar... Só cabe um aí. - devolvi a piada.

Ele também riu e tocou alguns acordes que eu logo reconheci.

_ Às vezes se eu me distraio... Se eu não me vigio um instante... Me transporto pra perto de você... Já vi que não posso ficar tão solto... Que vem logo aquele cheiro... Que passa de você pra mim... Num fluxo perfeito...

Não era uma voz muito afinada, mas era suave e rouca, de uma forma linda.

 

Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho tão de perto
e me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado

 

_ E eu acho que eu gosto mesmo de você... Bem do jeito que você é... - Acompanhei, mas de forma quase imperceptível.

_ Eu vou equalizar você... Numa frequência que só a gente sabe... Eu te transformei nessa canção... Pra poder te gravar em mim...


Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais
 


_ Até parece que você já tinha... O meu manual de instruções... Porque você decifra os meus sonhos... Porque você sabe o que eu gosto... E porque quando você me abraça... O mundo gira devagar...

 

E o tempo é só meu
Ninguém registra a cena de repente
Vira um filme todo em câmera lenta

 

Ele tocou mais alguns acordes até que botou o instrumento de lado. Aproximou-se de mim e me beijou.

_ Tá vendo... E você não acreditou que eu fosse mesmo amante das artes.

_ Você está sempre me surpreendendo.

 

E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é

 

Eu o beijei novamente. Ele ajeitou-se de forma que o pé engessado não o incomodasse.

Sentia pequenos arrepios quando ele mordiscava a minha orelha ou o meu pescoço.

_ Isso me dá cócegas... - comentei entre risos.

_ Depois dos 16 não é mais cócega... - disse baixinho sem parar com as provocações.

_ Você não presta... - respondi no mesmo tom.

Ele voltou para o meu rosto até alcançar minha boca. Deixei que ele tomasse o controle, pois tudo que ele fazia era muito bom.

Senti uma das mãos dele acariciar minhas costas por baixo da minha blusa. Aquilo me fez voltar a realidade, preocupada com a nossa progressão. Mas logo voltei a me desligar dela, aproveitando a satisfação que ele me proporcionava com seus beijos, e seus toques.

Quando voltei a raciocinar, podia sentir minhas costas sobre a cama dele. E eu não lembrava de ter me deitado. Senti meus músculos se enrijecerem de tensão. Depois me obriguei a relaxar.

Eu já havia feito aquilo antes com alguém que não valia a pena. E por que agora eu não podia com alguém por quem estava apaixonada?

Ele ainda me encarou, buscando permissão para continuar, e diante do consentimento silencioso, voltou a me beijar. Senti-o tateando minhas costelas, até que encontrou os dois botões que prendiam minha blusa. Depois de soltá-los, voltou a me beijar. Desceu para meu pescoço, e então para meu colo.

Eu sentia uma sensação maravilhosa, como nunca sentira na vida. Como nunca sentira naquele dia com o Thiago.

_ Não! - empurrei-o sem querer, com muita força, fazendo-o cair.

Levantei assustada e fui ajudá-lo.

_ Desculpa Aquiles... Mas... Eu não posso fazer isso.

Como eu iria responder “Por quê?”?

_ Ah meu Deus! Machuquei seu pé? - perguntei ajudando-o a se levantar.

_ Não, mas posso jurar que quase tive um infarto!

_ Me desculpa Aquiles, sério! Desculpa!

Ele voltou a sentar-se no banco onde estávamos antes, e eu tratei de fechar a blusa antes de também me sentar.

Meu rosto ardia de vergonha, e eu não conseguia encará-lo novamente.

_ Tá tudo bem, Mel... Sou eu que devo me desculpar.

_ Não. Eu é que sou uma boba. É que... Quando eu disse que não era mais virgem... Não é bem da forma que você deve estar imaginando. - sorri nervosa.

Ele tentou decifrar meus pensamentos, e então arriscou:

_ Quer dizer que você mentiu?

_ Não. Eu não menti. Eu realmente não sou. - confirmei amargurada.

Ele não disse nada, me dando a liberdade parA prosseguir, ou não, conforme minha vontade.

Por fim resolvi encará-lo.

_ Foi só uma vez. E eu não guardo boas recordações.

Ele continuou me encarando quieto, sem entender.

_ Você lembra quando te contei sobre o Thiago, não é?

_ O idiota? Como não lembraria?

Cocei a cabeça tentando continuar sem parecer uma mártir.

_ Então, foi com ele. - Isso não devia ser difícil de imaginar, admito.

Era mais difícil contar a finalidade de tudo. O motivo pelo qual eu tentara suicídio no ano anterior.

_ Você ainda lembra que eu disse que o nosso namoro foi só uma diversão para ele e os amigos, não é?

_ Hum-hum. - confirmou, apreensivo pelo que viria a seguir.

_ Foi isso. Esse foi o combinado. Era isso que eles queriam. Depois passaram a me perseguir ainda mais... Espalhando minha suposta “fama” pela escola. Passavam trotes para a minha casa. Falavam imoralidades de mim, para minha mãe... Enfim.

_ Mel... E você nunca percebeu as intenções dele? Ele conseguiu ser tão dissimulado a ponto de conseguir com que você entregasse sua virgindade?

_ Aquiles, você acha mesmo que eu estava preocupada se ele era o homem da minha vida ou não? Eu só sabia que seria muito difícil encontrar outra pessoa com quem tivesse tanta aproximação.

_ Droga Mel...

Ele me abraçou, pois sabia que era disso que eu precisava. Deixei meu rosto pousado no ombro dele, sem nem me preocupar se algumas lágrimas desobedientes o molhassem.

_ Eu sabia que não nos amávamos... Mas também não imaginei que ele me desejasse tão mal. - solucei involuntariamente, mas continuei na mesma posição, e ele continuou afagando minha cabeça – Quando acabou, ele simplesmente me pediu para ir embora. - enxuguei algumas lágrimas e continuei, tentando manter a voz firme – Ele contou tudo sobre “a brincadeirinha”, e se admirou por eu achar que ele gostava de mim, e justificou-se dizendo que a única coisa realmente bonita em mim, era o meu cabelo.

O Aquiles me apertou em seus braços, e mantive o rosto escondido no ombro dele até que minha respiração se normalizasse. Depois me afastei e enxuguei o que restara de lágrimas no meu rosto. Podia sentir que meus olhos estavam inchados, e senti vergonha.

Ele beijou a minha testa e disse:

_ Esquece isso então Mel... Por favor. Não pensa mais nisso...

_ Eu tentei fazer isso... Mas às vezes vem de repente. Como agora. E não consigo evitar a tempo.

_ Foi culpa minha.

_ Não! Por favor Aquiles, deixa de besteira. Pelo contrário... Com você eu estou conseguindo superar. Coisa que achava que já não fosse possível.

Ele continuou me encarando. Dessa vez de uma forma complacente. Apanhei o copo que havia deixado de lado enquanto dizia:

_ Por enquanto, melhor brincarmos de outra coisa...

Rimos juntos, mas me sobressaltei ao ouvir um ruído vindo da sala, seguido de vozes. E risadas. Olhei para ele em busca de respostas, e o semblante dele não me acalmou nem um pouco.

_ Ah não... - praguejou baixinho esfregando os olhos com uma das mãos.

_ Sua irmã e sua mãe chegaram? - arrisquei.

_ É... Minha irmã. Mas não está com a minha mãe...

_ Então...?

A outra voz era feminina, não podia ser o pai dele. Alguma amiga talvez?

Ah... Sim. Entendi a preocupação do Aquiles.


Continua

 

N/A: Oooolááá!

Faz mto tempo q não venho cumprimentar as leitoras mais fiéis, inteligentes, críticas e perspicazes do nyah né? -> Oras, quem não gosta de um confete? Eu atóron!

Mentira, confete nada, quem faz por merecer... merece. Uau, q revelador!

Bom, piadeenhas à parte, só queria avisar q estou viva sim people, e bem! Ah, eu não contei pra vcs! Hehehe! Sofri um pkeno acidentezinho de moto, mas nada grave, juro! E depois minha placa de rede zuou (Que maré de azar) ...Tive de me sujeitar a usar a net escondida do trampo pra responder reviews e postar... ¬¬

Tanto q alguns revies saíram azuis... Bem engraçado. Er, nem tanto vai.

Tá bom, [modo diário off]

Gente, bjokas pra vcs, e se cuidem, oks?

 

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