Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 31
Capítulo XXXI


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Se alguém avisasse que pedir um favor para alguém fosse custar todo tempo livre com baboseiras, preferia ter sujado as próprias mãos e dado um jeito. Isso estava custando mais tempo e paciência que realmente possuía.

A primeira mensagem foi um endereço aleatório que ficava uns 30 minutos de distância de sua casa.

Esse é o meu endereço. Tem uma coisa que preciso contar.

Klaus bufou e permaneceu de olhos fechados ainda vestido com o moletom que usara para malhar algumas horas atrás. Estava sujo, cansado e precisando de uma soneca. Isso seria possível com Elijah enchendo a paciência em pleno sábado?

Iria ao endereço do jeito que estava.

A garoa começou assim que entrou na estrada principal, dirigindo no limite mínimo exigido e deu play no novo álbum do Maroon 5 que haviam recomendado. Tamborilava os dedos no volante ao som da segunda música, viu o nome no painel: Animals. Com certeza agora também estaria na playlist do celular.

Parando no posto de gasolina para abastecer e lavar o carro, aproveitou para pedir uma sugestão.

– Tem algum restaurante indiano por aqui? Bom? – O frentista já tinha conversado sobre o jogo da noite passada e como os Majors perderam.

– Dois blocos atrás do posto tem uma rua de restaurantes. Se eu não me engano tem um chamado CRY Food. – Ele já fechava o capô do carro e guardava a bomba de gasolina.

O loiro tirou uma nota de vinte do bolso:

– Obrigado pela dica.

Chegou no apartamento de Elijah uma hora e meia depois do combinado. Surpreendentemente ele morava em uma cobertura com vista para o parque e zoológico da cidade.

– Não precisava ter me tirado de casa se ia sair. – Resmungou ao ver Elijah de calças sociais, meias e faltando parte do vestuário.

– Ocorreu que eu posso ter chegado agora? – O jornalista deu passagem e se ofereceu para pegar o casaco e guardar. – O que é esse cheiro bom na sacola?

– Meu almoço, já que não tive tempo pra comer em casa.

– Está tentando me comprar com comida? Isso talvez funcione. – Elijah arqueou a sobrancelha e deu um aceno de cabeça para que Klaus o seguisse.

– Não te trouxe nada, só vou comer, ouvir seu falatório e depois voltar para minha casa.

Sem ao menos notar a sacola já estava nas mãos do jornalista.

– Isso explicaria as duas porções. – Uma porta de vidro foi empurrada para dar espaço a uma varanda. – Não tem ninguém te esperando em casa também. Quer uma cerveja?

Apenas balançou os ombros e deu uma boa olhada no parque com alguns corredores que esperaram a fina chuva passar, o zoológico não parecia atraente nesse tempo e lembrou de todas as vezes que Elena o arrastara até o lugar para fazer piquenique com David e depois observarem os animais. Elijah estava certo, ninguém o esperava em casa.

– Tenho um casamento para cobrir hoje. – Disse colocando a cerveja já aberta em cima da mesa.

– E desde quando isso é da minha conta?

Elijah se distraiu abrindo a sacola e dando uma boa garfada no conteúdo.

– Não queria você achando que era pessoal. Vieram me cobrar essa matéria como um favor, não teria como recusar. Essa noite faço a cobertura do casamento de Stefan Forbes e Vicki Donovan.

Algum tempo se passou até Klaus lembrar qual era o casal referido. Não eram famosos mas dignos de cobertura da imprensa? Stefan Forbes era um agente famoso com cantores, bandas e Damon Salvatore.

– O Damon é padrinho do casamento e parece que o filho dele com a Elena vai ser pajem.

Klaus parou o garfo na metade do caminho em direção a boca. Pegar a garrafa de cerveja foi uma opção melhor, desceu com mais facilidade do que se tentasse engolir a comida.

– Como de repente você está metido em tudo?

– Dessa vez é apenas uma coincidência, não procurei essa brecha. De qualquer forma, é sempre meu trabalho. – Disse e continuou atacando o frango ao cury. – Vai comer ou ficar me encarando?

– Não se aproxime dela, só isso.

Elijah deu um sorriso aberto como alguém que acabara de escutar a melhor piada de todas.

– Algo me diz que não vou precisar fazer esse esforço. Ela virá.

–-

Bonnie estava terminando de colocar pontos prateados para enfeitar o cabelo de Elena. Depois da cirurgia o cabelo crescera alguns centímetros, mas não era suficiente para fazer algum penteado mirabolante e nem enrolar alguns cachos. Ainda sim estava gostando de ver suas madeixas salpicada com pontos de luz.

– Acho que deve usar isso. – A amiga trouxe a caixa com as joias que Damon havia dado de presente no Natal.

Depois das festas de fim de ano não teve mais a oportunidade de usar e queria mostrar para ele o quanto havia gostado do presente.

A campainha soou.

– Estranho. – Comentou Elena. – Alguém ia vir aqui hoje?

– Não que eu tenho chamado. – Bonnie entregou as caixas nas mãos de Elena e saiu para atender a porta.

Às vezes ainda era estranho usar peças tão caras que teria de trabalhar uma vida para talvez poder pagar por isso. E ela era uma jornalista bem paga pelo que fazia, mas a joalheria enviou um e-mail parabenizando pela peça exclusiva e qualquer dúvida era só entrar em contato. Esse era o tipo de atendimento quando sua joia era a única no mercado.

– Elena, chegou uma encomenda pra você. – Bonnie gritou do primeiro andar. – Precisa assinar.

Tentou lembrar se havia alguma encomenda com entrega prevista para hoje, não conseguia lembrar de nada. No corredor que dava acesso a escada estava pendurado o único quadro que quis colocar nas paredes brancas. Uma caricatura feita na Disney com ela, David, Damon, Joseph e Edna.

Descendo o primeiro lance de escadas deu de cara com Damon parado ao pé da escada com um buquê de margaridas. Revirou os olhos, mas ainda era impossível não sorrir. Ele sabia que ela não gostava muito flores, mas abria algumas exceções. O sorriso dele também indicava a ponta de piada no ato.

– Você está...elegante. – As pontas dos dedos correram pelas pétalas e depois sentiu o perfume.

– E você está usando. - Damon a puxou para um beijo profundo depois de observar o conjunto de joias. – Sabe o que faltaria para completar?

– O que?

– Um anel.

Elena deu uma risada nervosa e agradeceu mentalmente quando ouviu David chamar:

– Mãe, eu não quero isso no pescoço. Aperta! – Resmungou e trazia a gravata borboleta nas mãos.

– Que tal nós colocarmos só no casamento? – Damon pegou da mão do filho e guardou no bolso.

– Tentei de tudo pra convencer ele. – April desceu as escadas e parou ao lado de Damon e David. – Já foi um sacrifício pentear esse cabelo.

– Puxou do pai essa teimosia de arrumar o cabelo. Eles preferem esse ninho de pássaros.

– Essa casa nas últimas semanas parece uma estação rodoviária. Isso atrapalha meu chacra. – Com a boca cheia de cereal, Bonnie se reuniu com eles na sala.

– Pedi para o John pegar a Jasmin em casa. Não acha melhor ligar para a mãe dela e perguntar se quer vir até aqui com ela?

– Vou colocar em um jarro. – April piscou para Damon ao pegar o buquê amarelo. – Boa jogada!

Elena saiu para ligar para Caroline.

–-

Bonnie se aproximou dele com aquele sorriso do gato que engoliu o canário.

– O que você quer, Bon? – Desconfiou que vinha algo por trás desse sorrisinho.

– Ouvi o que falou do que estava faltando. Anel? Jura mesmo? – A amiga sorriu e decidiu que essa era a melhor hora para pegar o controle e procurar algo em que pudesse se concentrar. – Não vai me responder?

Não estava pensando de fato na insinuação de dar um anel para Elena, tinha o receio de que ela surtasse com o movimento rápido demais. Era uma vontade e acabou escapando dos próprios lábios sem se dar conta.

– Ela gostou. Estava pensando em comprar outro presente de aniversário. – Deu de ombros como se não fosse grande coisa.

– Não. Damon, você está pensando no assunto. Sempre quis dar esse passo, podia ver na sua cara de idiota mesmo naquela época.

– O que estão cochichando aí? – April se sentou ao lado vago do sofá. David estava sentado no tapete mais próximo da tv.

– Ele quer dar um anel pra ela, acredita?

– Meu deus, como assim? Tão rápido? Precisamos nos preparar? – A garota deu pulinhos de alegria mesmo sentada.

– Vocês duas, parem! E se eu desse um anel? Não precisa significar algo e muito menos que ela aceitaria ou que seria rápido. – De repente a gravata começou a parecer que estava o sufocando. Essas garotas iriam enlouquecê-lo nesse ritmo.

– Viu? – Disse Bonnie com um imenso sorriso.

– O amor é lindo. – April riu e deu um tapa na mão da amiga.

O celular vibrou no bolso:

"Como padrinho você já deveria estar aqui!"

–-

A grama verde dava o contraste as cadeiras organizadas na direção do altar e pétalas brancas faziam a trilha. Ao final da área verde um lago escuro dava pano de fundo com o fim do pôr do sol. O organizador do evento já estava acendendo as luminárias no caminho por onde Vicki passaria.

– Preciso ter certeza de que o Stefan não vai fugir. – Beijou a sua bochecha e saiu na direção da casa de campo no pé da montanha. – Vou estar lá na frente te olhando, Davs.

David apenas deu um sorriso e continuou prestando atenção em Jasmin que desenhava e um aplicativo do iPad. Alguns convidados começaram a chegar um tempo depois, o fotógrafo estava à procura do clique perfeito, os outros dois padrinhos passaram na direção da casa de campo e a última pessoa que esperava ver conversava animado com os convidados, fazia anotações, observou o local, tirou algumas fotos no celular e aparentemente evitava olhar na direção em que estava. O que diabo Elijah estava fazendo ali? E ainda cobrindo o casamento.


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Notas finais do capítulo

Descobri que gosto da dinâmica Klaus/Elijah e que talvez eles ainda vão atrapalhar um pouco HAHAHA. Vejo vocês em breve. Beijos