Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 2
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Bonnie nunca havia sentido tanta impotência na vida. As decisões relevantes não estavam nas próprias mãos, a dor, o medo, o desespero e manter postura ao mesmo tempo.

Atividades que estavam esticando seus nervos num ponto que qualquer descarga elétrica a faria em pedaços.

Ver sua melhor amiga desmaiar aos seus pés e David chorar a deixavam todos os sentimentos confusos que podiam rodeá-las.

Não sentiu a menor vontade de pegar o próprio carro e dirigir até o hospital. Seu cérebro processava muitas coisas ao mesmo tempo, sendo que nenhuma delas fazia sentido ou estavam em ordem.

Bonnie e Elena sempre foram a família da outra para o que der e vier.

Chamou o táxi com David no colo e murmurou o endereço para o motorista que percebeu que sua passageira não estava interessada em conversas informais para passar o tempo de corrida.

As ruas pareciam mais comprimidas e o tempo correndo feito louco e seu relógio. O tráfego tirava o dia para acidentes, incontáveis semáforos fechados e carros desgovernados pelas ruas que cortava o táxi em que estava.

Um péssimo dia.

David choramingava no colo da tia, perguntando onde estava mãe e querendo saber se estava doente.

— Tia, a mamãe vai morrer? – David questionou após enxugar o rosto no colarinho da blusa que a morena havia vestido sem sequer olhar.

Estática.

Surpreendente de onde as crianças podem tirar as ideias mais maduras e sérias.

— Claro que não, querido. De onde você tirou isso? – Bonnie sentia a garganta apertar em cada palavra, mas não poderia simplesmente ignorar a pergunta de seu afilhado.

O adulto da situação era ela.

— Nos filmes. Quando alguém fica doente e depois a pessoa morre.

— Vai ficar tudo bem. Os médicos vão cuidar da sua mãe e daqui a pouco ela vai estar em casa com a gente.

Assim o táxi acabara de estacionar na entrada do hospital, evitando que Bonnie precisasse falar sobre mais coisas das quais ela mesma tinha de acreditar.

As horas em um hospital não passavam da mesma maneira do que no mundo exterior. Era como ter dois dias espremidos em apenas um. E as cenas eram de horror absoluto. O caos dominava o lugar e por esse e outros motivos que Bonnie odiava tanto hospitais. Também a fazia lembrar de seu pai.

Pessoas ensanguentadas chegavam aos gemidos, outras gritando de dor mesmo sem ferimento que pudesse ser visto e até um homem de meia idade que estava quase sem os dedos. Aquilo era de revirar o estômago de qualquer pessoa em sã consciência.

Por sorte David se cansou e dormiu em seu colo.

Um médico apareceu por volta de duas horas depois. Ele tinha seus trinta anos – aparentemente -, e olhos vazios demais. Coisa que Bonnie sempre achou dos médicos é que seus olhos não passavam nenhum tipo de emoção ou reação, ao menos não na frente dos familiares ou pacientes.

— Boa tarde. Eu sou o Dr. Buzolic. Você é da família? – O médico se aproximou depois de ter feito uma parada na recepção e perguntado quem estava esperando por informações de Elena Gilbert.

— Sou amiga e esse é filho dela. Somos a única família que ela tem. Como está a Elena? – Bonnie perguntou lembrando que ainda podia falar.

— Eu ainda vou pedir o histórico médico dela para ser mais preciso, mas pelo que podemos ver Elena está com um problema neurológico e ainda precisamos de mais algum tempo para dar um diagnóstico preciso. Por enquanto ela vai precisar ficar a maior parte do tempo medicada para diminuir a atividade cerebral. E respondendo sua pergunta: Por enquanto o quadro dela é estável.

— E posso vê-la? – A morena queria ver com os próprios olhos para saber que Elena estava razoavelmente bem.

— Ainda não podemos permitir a visita no quarto, mas pode vê-la através do vidro.

O Dr.Buz-alguma-coisa a acompanhou até o tal vidro e pode ver sua amiga pálida e olheiras surgiram em apenas algumas horas.

Acordar David foi uma das suas maiores indecisões, mas ele acabaria triste senão encontrasse a mãe ou pelo menos visse que estava tudo bem na cabecinha dele.

O sono havia sido substituído pela curiosidade e agora ele olhava para a mãe, sem piscar. Não dizia nada.

— O que ela tem? – Depois de alguns minutos a voz saía tremida como se estivesse prestes a chorar de novo, mas apenas se apertou nos braços de Bonnie.

— A mamãe só está dormindo agora. Agora vai ficar tudo bem, não é Dr.?

David olhou para o médico com a típica análise infantil.

— Quero falar com a minha mãe.

— Qual seu nome? – O médico perguntou dando um sorriso cansado para o garoto.

— David e o seu?

— Nathaniel. David, sua mãe agora está dormindo e precisa descansar. Assim que ela acordar eu deixo vocês conversarem, certo? – O Dr. Nathaniel se virou para Bonnie. – Você deveria levá-lo para casa. Hospital não é um bom lugar para crianças e agora não tem nada que possa fazer.

Bonnie não deixaria a amiga.

— E se acontecer alguma coisa?

— O hospital entrará em contato. Vá para casa e sua amiga ainda vai demorar no mínimo umas oito horas para acordar.

O jeito como David olhava assustado e calado para a mãe naquela cama a fez mudar de ideia e ir para casa agora parecia sensato de sua parte.

—-

Naquela noite David demorou mais do que o normal para pegar no sono, mas Bonnie não o culpava. Quando se deitou o sono parecia algo distante demais e muitos pensamentos tumultuavam sua mente.

Ainda era cedo para pegar no sono e já havia ligado para o trabalho e informando a situação. Deram-lhe quatro dias para resolver tudo.

O chá parecia morno mesmo que acabasse de sair da chaleira. Amargo quando já havia colocado a quantidade necessária de açúcar.

Seu celular parecia olhá-la e lançar indiretas que precisava fazer alguma coisa com a informação que tinha.

Mais cedo Bonnie não contou que  havia conseguido o novo celular de Damon. Elena não parecia disposta a ceder, mas agora era uma situação diferente.

Droga!

Bonnie estava tão confusa sobre o que deveria ou não fazer. Quando se deu conta:

— Damon? Aqui é a Bonnie. Podemos conversar?


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Notas finais do capítulo

Estou tão feliz que vocês estão gostando. Obrigada pelos comentários. E mais feliz ainda por conseguir atualizar tão rápido. Espero que gostem desse capítulo. Continuem me dizendo. Não entendo de medicina, então se houver algum erro ou bobeira, me perdoem. Vejo vocês no próximo capítulo. Beijos.