Uma Criança Com Seu Olhar escrita por Miss Desaster


Capítulo 11
Capítulo XI


Notas iniciais do capítulo

A música que que falo nesse capítulo está com o link inserido no próprio nome. Se vocês quiserem entender a intensidade do que vai ser dito no contexto. Boa leitura!



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Já fazia algum tempo que Damon não encontrava Stefan no escritório pessoal do agente. Geralmente eles saíam para tomar uma cerveja, iam para alguma boate e só conversavam os assuntos importantes na casa onde Damon morava.

A assistente era uma loirinha de olhos verdes e frios, nunca dava além de um sorriso profissional para o moreno quando aparecia para uma reunião de negócios. Damon imaginou que ela estivesse de saco cheio de caras como ele indo e vindo de suas reuniões com Stefan.

Ele precisa de uma assistente mais agradável. Pensou Damon.

O escritório havia passado por uma reforma e subido alguns andares. Agora a vista era panorâmica, com alguma área verde que o moreno não lembrava o nome. As janelas grandes e de vidro iluminavam o local perfeitamente para a decoração escura, como a mesa preta ao centro, uma cadeira seguindo o mesmo tom e uma parede ocupada pela estante de livros.

Um canto era uma parede de troféus de Stefan. Havia fotos com vários prodígios que ele havia descoberto, inclusive Damon uns meses depois no final da gravação do primeiro CD.

O resto do escritório não despertava muito interesse, a não ser que você se preocupe com um minigolfe ou uma mesa de bilhar.

— Acho que você precisa de uma assistente mais simpática. Não gosto da Cameron. – Damon comentou enquanto Stefan saía de perto do bar com dois copos de uísque.

— Só pra satisfazer seu ego? Que ela abra o sorriso de um milhão de dólares toda vez que aparece? Ela é boa no trabalho e me ajuda bastante. – Stefan falou enquanto sentava no sofá de couro ao lado do amigo.

— Não é pra satisfazer nada, mas eu gosto da Vicki e ela não é exatamente um doce.

O agente sorriu:

— Ela te põe na linha. Um enigma da humanidade é como você nunca deu em cima dela. – Stefan estava distraído pegando uma papelada e analisando algo que gostaria de falar. – Vamos conversar um pouco sobre alguns assuntos.

— Você está sendo muito profissional. – O moreno lançou um olhar duvidoso na direção do agente.

— Damon Salvatore chegou ao topo das paradas com a minha falta de profissionalismo. Primeiro de tudo eu quero saber onde você se meteu todo esse tempo, até mês passado você estava aparecendo em todos os eventos, festas e divulgando sua imagem para o seu álbum e de repente some do mapa. O que está acontecendo?

O cantor respirou fundo:

— Nada de brincadeiras hoje? Tudo bem. São as minhas férias e eu não posso descansar por um momento? Stefan, você sabe que não fico dando explicações da minha vida sem necessidade. Achei que sempre conseguimos nos entender dessa forma.

— Eu tento fazer o melhor que posso por você. Limpo suas sujeiras, não faço muitas perguntas e lido com toda imprensa quando está respirando na sua nuca. Agora as coisas estão fugindo do controle e eu nem sei com o que estou lidando. – Stefan jogou algumas folhas na mesa de centro para que seu cliente pudesse analisar.

Eram impressões de vários tweets de fã clubes dedicados a ele e outros aparentemente comuns. Damon já iria perguntar o que diabos aquilo tinha de em comum com a bagunça do último mês.

Leu vários flagras dele em lugares de San Diego e até um que uma mulher dizia que ele havia alugado um flat no mesmo condomínio dela.

— Você não passa tanto tempo em LA e eu entendo. Achei que quisesse ficar em casa depois da viagem, mas parece que nada te interessa de umas semanas pra cá. Quer me contar o que está acontecendo?

— Está me perguntando como amigo ou meu agente?

Stefan já estava do outro lado da sala enchendo seu terceiro copo de uísque.

— Sou a mesma pessoa, mas pra você falar sei que precisa do seu amigo. – Ele abriu os braços em um sinal de abraço gigante e imaginário. – Aqui estou.

— Eu aluguei um flat em San Diego e tenho ficado por lá.

— San Diego parece ser a raiz disso. Quem é o David e por que você anda passando tanto tempo com aquele garoto? Ele me lembra você, sempre agitado, incontrolável e aqueles olhos que estão prestes a aprontar.

Nesse momento Damon achou a vista do escritório muito mais interessante. O silêncio deve ter sido o suficiente para confirmar.

— Céus. Vou ficar careca antes dos quarenta. Aquele menino é seu filho? – Stefan ficou calado por alguns minutos, provavelmente na tentativa de ligar os pontos. – Espera aí, San Diego e estou com medo de perguntar, mas quem é a mãe dele?

O moreno contou toda história – que levou um bom tempo -, sem esconder nenhum detalhe.

— Elena Gilbert. Elena, o amor da sua vida? Ainda lembro daquela garota.

— Ela não é o amor da minha vida. – Damon murmurou.

— Não? – O amigo sorriu. – Seu primeiro CD foi incrível, cheio de alma, sincronismo, boa sonoridade e o mais importante: a faixa bônus. Vai dizer que “Cada Manhã” não era pra ela? Achei muito pop para a imagem que estávamos projetando, mas era você falando na forma de música. Sem contar que quando você escreve alguma música sobre amor, sempre parece que ainda é pra ela.

Aquela música era o maior pesadelo de Damon. Ele nunca chegou a interpretá-la em algum show e foi um erro largá-la em sua bancada com vários rascunhos na época em que gravava seu primeiro CD. Stefan quase o fez comer aquela bendita letra e gravarem para Christopher dar seu voto final.

Ele disse duas vezes que sim.

Na época ele estava sentindo uma falta de Elena que não cabia dentro de si. Era cafona demais, mas nem assim deixava de ser menos verdade. Tinha acabado de trocar seu número de celular, a produtora alugou um flat para morar em LA pelo tempo que fosse necessário. Seu contrato assinado para um primeiro disco e dependendo da resposta, se estenderia. Tudo estava se tornando definitivo e cada dia mais longe da antiga vida.

— Você parece estar conseguindo se entender com ela. Vai ter que conversar e ver o que ela acha de contarmos sobre o David. Se isso vazar, vamos ter problemas demais.

— Eu não quero colocá-lo no meio dessa vida.

— Damon, se você não contar primeiro as pessoas vão investigar e alguém vai abrir o bico. Todo mundo já sabe que a fonte é em San Diego e já te viram na escola com ele, se mentir ou tentar esconder.... Vai dar início a caçada.

—-

Elena estava sem tomar morfina há um dia e parecia que a raiva era um remédio forte. Damon não tinha direito de expor David dessa maneira, mas ainda precisava conversar com ele e saber o que estava acontecendo.

Enquanto isso não restava muitas opções além de terminar aquela sopa sem gosto e ver tv. Estava passando uma maratona de Friends e isso a fazia rir um pouco.

Alguém bateu na porta e ela teve de piscar algumas vezes até projetar que ele estava ali no quarto e não era apenas sua mente lhe pregando peças.

— Olá sweetheart.

Ela demorou a absorver aquele sotaque que tanto odiava, mas ainda sim sentia saudades.

— O que está fazendo aqui?

— Vim te visitar.

— Acho que está um mês atrasado.

— Você sabe... – O rosto de Klaus mudou um pouco com algum sentimento não expressado. – Eu não gosto muito de hospitais.

— E eu não merecia uma visita durante esse tempo? Uma carta? Talvez só tivesse tempo para mandar flores para o meu caixão. – A morena resmungou ainda irritada.

— Sinto muito. Só estava com medo de como te encontraria. – Ele comentou se aproximando da cama e lhe dando um beijo na testa.

A morena fechou os olhos e sentiu as lágrimas vencerem a batalha.

— Você poderia ter vindo antes. Tem noção do quanto eu precisei de você?

— Tive medo de te perder pra alguma coisa. É uma loucura não te ter por perto.

Ambos conversaram sobre o trabalho, os outros amigos de trabalho que lhe enviam cartões e sobre Damon estar de volta.

— Como você está se sentindo sobre ele? É muito ruim que esteja de volta? – Klaus já estava sentado na beirada da cama ao lado de Elena. – E o David?

— Eu ainda não sei exatamente. Estou trancada nesse lugar, mas ele tem sido bom com o David e parece ter as melhores intenções. Isso é o suficiente no momento.

— E as fotos que você falou? Elena, ele não é o cara que cantava em bares que você namorou. Ele é uma celebridade agora e isso vai afetar a vida de vocês diretamente. Nós sabemos disso trabalhando com jornalismo.

Elena só não ficou muito brava com Damon exatamente por isso.

— Algumas coisas sobre as celebridades, nem mesmo elas têm controle. Não acho que ele teve consciência das fotos tiradas no momento. Nós temos conversado bastante e ainda preciso conversar com ele.

— Nita. – Ele usou um apelido que até hoje Elena se perguntava de onde surgia. – As celebridades vivem também de sua aparência, sabemos que algumas vezes até mesmo os papparazzi são chamados para tirar as fotos mais convenientes.

— Klaus, eu tenho que dar uma oportunidade dele me mostrar que pode ser diferente, ao menos como pai e agora isso é tudo que me importa.

— Honestamente não entendo qual essa sua obsessão em acreditar que um roqueiro drogado e exibicionista vai se reabilitar depois de todos esses anos como em um passe de mágica. – Elena estava prestes a dizer que Damon poderia ter todos esses defeitos e ainda sim era uma das pessoas mais esforçadas que conhecia na vida. Não acreditava que ele tivesse mudado nesse aspecto.

Uma voz a interrompeu:

— Alguém nesse quarto me conhece e acredita em muito mais do que lê nas revistas.

Damon estava parado na porta do quarto ainda com os óculos de sol e postura descontraída. O que tornava a visão de pura arrogância, mesmo sem a menor intenção.

Elena pensou que ele nunca perdera essa aura.


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Notas finais do capítulo

Essa música me deixa sempre de coração partido. É incrível e pensem em sentir a falta de alguém nessa intensidade. Torço pra que tenha ficado legal e vocês aprovem. Enfim, me desculpem qualquer coisa. Obrigada por tudo.