Dad And Dad? escrita por MAHximum


Capítulo 5
Capítulo 5: O meu INESPERADO cúmplice.


Notas iniciais do capítulo

Passei por um grande momento de falta de inspiração! Ç_Ç"
Isso definitivamente me deixou arrasada, achei que não ia mais conseguir escrever D:
Maaaas, a inspiração VOLTOOU *------* YEEY! Demorou, mas o capitulo está aqui :]
Ficou meio pequeno, mas eu gostei muito dele *O*

Bom proveito :D
Bjs, MAH.



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- São nove da manhã, num SABADO! Sai daqui AGORA! – Berrei me virando pro lado na cama e me cobrindo totalmente com o cobertor.

- E daí que é sábado? LEVANTA! – Lucius me sacudiu, mas ele não ia vencer essa disputa!

- E daí que eu acordo cedo a semana toda! Quero acordar mais tarde no fim de semana... –mexi a mão tentando afasta-lo.

- Pra quem acorda todos os dias as seis da manhã, nove horas já são tarde! – Ele abriu a janela.

- Deixa eu dormir até meio dia, caramba! – Quase disse outra palavra no lugar de caramba, mas aí eu estaria morta. Lucius diz o que vem na cabeça dele, sem pensar duas vezes nas conseqüências de suas palavras, ele chama Reinald de idiota e já falou cada merda que eu NÃO precisava saber (se é que me entendem...), mas ele realmente não suporta palavrões.

- HÁ! Sonha! Você só vai acordar essa hora no dia em que eu for virgem de novo! – QUE TIPO DE EXEMPLO É ESSE?, pensei – Isso é, depois que eu morrer e nascer de novo...

- Então morra de uma vez! – Eu estava definitivamente rabugenta – E vê se só ressuscita depois do meio dia!

- Como voce está malvada comigo! – Ele disse numa voz dengosa e puxou minhas cobertas me deixando no frio.

- São NOVE DA MANHÃ! NUM SABADO! EU estaria malvada com o presidente se ele estivesse aqui agora… - Eu abri os olhos pela primeira vez, sentei na cama e tirei o cobertor da mão de Lucius – VAI. EMBORA! – me cobri novamente e tentei dormir. Ele deitou comigo depois disso, realmente é impossível de entendê-lo. – Como você é hipócrita! – Eu disse.

- Eu só sigo o velho ditado: Se não pode com eles, junte-se a eles! – Ele respondeu e depois só confirmou o fato de ser hipócrita: - Agora, me deixe dormir...

Eu podia muito bem levantar naquele momento e fazer o que ele tinha feito comigo, puxar o cobertor e encher o saco, mas eu estava interessada demais em dormir novamente e deixei passar.

 

- Vocês têm noção de que horas são? – Essa foi a primeira coisa que Reinald disse quando descemos. Nada de “Bom dia” ou “ola”, não, foi tudo muito frio e em forma de sermão. Ele estava sentado no sofá lendo o jornal.

- Acho que passei um pouquinho do horário... – Lucius esfregou os olhos e se espreguiçou, depois sentou do lado de Reinald e encostou a cabeça em seu ombro. Eu fiquei parada esperando o sermão. Mas ele não foi pra mim.

- Um pouquinho? Já são onze e meia! – Reinald deu ênfase  no horário, não que isso tenha feito muita diferença pra mim, afinal onze e meia é um horário perfeito pra se acordar.

- Desculpe, foi um momento de fraqueza... – O que a fraqueza tem a ver com isso?, me perguntei.

- Pai, - Os dois olharam juntos, quase combinados, é tão legal fazer isso! – Não vamos tomar café da manhã?

- Claro que não, já é quase horário de almoço! – Lucius achou minha pergunta absurda, mas acontece que eu fico de mau-humor quando não tomo café de manhã... Ele é a minha fonte de energia pro resto do dia!

Mas dane-se, era sábado e eu não tinha mais nada de útil pra fazer alem de ficar jogada no sofá vendo TV e isso não requer muita energia. Foi exatamente o que eu fiz... Em casa tem dois sofás na sala, um de frente pra TV, que normalmente só é utilizado por mim, já que sou a viciada em TV dos três, e um onde Reinald costuma ficar lendo por causa da luminária que é do lado da TV.

- O que vai fazer hoje, filha? – Lucius me perguntou com um ar desinteressado.

- Nada, vou mofar no sofá vendo TV. – Respondi enquanto pulava de canal em canal procurando algo interessante pra ver.

- Não acredito que vai ficar em casa. É sábado! – Talvez ele não estivesse tão desinteressado assim... – Você não vai sair com a Lauren?

- Não sei, ela não me chamou pra sair nem nada... – Tirei os olhos da TV por uns segundos e olhei pra ele, a expressão em seus olhos era indecifrável, já tinha visto algo parecido em algum momento, mas ainda assim eu não sabia o que significava.

- Pare de tentar expulsar nossa filha de casa... – Reinald tirou os olhos do jornal e sorriu de canto de boca pra Lucius e antes que o mesmo começasse um chilique, ele disse: - Só estou brincando.

- Eu sei disso! – Acho que Lucius interpretou como se tivesse sido chamado de burro – Só queria saber se você ia sair, já que Reinald vai pro centro da cidade hoje e provavelmente ficarei sozinho hoje... SOZINHO!

- Eu acabei de dizer que não sei se vou sair ou não! – Revirei os olhos, como ele conseguia ser tão dramático? – Preste mais atenção no que os outros falam!

- Estou levando um sermão da minha própria filha, não acredito! – Ele colocou as mãos no rosto e fez uma cara chorosa – Reinald, me ajude!

- Veja só a que ponto você chegou... – Ele disse olhando pra Lucius com um sorriso no rosto de quem tem vontade de dizer: “Eu te avisei!”

- Isso definitivamente não me ajuda! – Lucius sacudiu Reinald.

- Então eu vou voltar a ler meu jornal calado, isso sem duvida é mais produtivo... – Ele folheou o jornal e se concentrou novamente em sua leitura.

- Vocês estão muito maus comigo hoje... – Lucius lamentou encostando novamente a cabeça no ombro de Reinald.

- Faz parte, de vez em quando a gente tira o dia pra te encher... – Eu olhei praquela cara chorosa que ele estava fazendo e sorri – Sabe que a gente te ama, não é?

- Claro que sei... – Ele sorriu pra mim também, mas parou assim que o telefone tocou e mais uma vez pude ver a expressão indecifrável em seus olhos. Eu estava, tecnicamente, vendo TV e Reinald estava, literalmente, lendo jornal, isso é, Lucius era o único que não estava fazendo absolutamente nada, por isso eu esperei que ele fosse atender ao telefone. Mas ele não foi, simplesmente ignorou e ficou olhando pro chão, ele estava estranho e eu tinha quase certeza do motivo. Aquela mensagem ainda não tinha saído da minha cabeça e mesmo com Lucius dizendo que não sabia quem era e que ia perguntar a Reinald, eu realmente achava que ele se lembrava muito bem daquela voz a ponto de não tinha dizer nada a Reinald sobre isso. Eu realmente acreditava que ele tinha medo daquela pessoa, os motivos pra isso? Eu não fazia idéia! Lucius nunca seria capaz de fazer mal a ninguém e duvido que tenha feito muitos inimigos durante a vida... Então, por que aquele medo? Por que esconder a verdade? Eu não conseguia parar de me perguntar essas coisas, eu, acima de tudo, queria poder ajudar meu pai pra não ter que ver aquela expressão de novo.

- Lucius, - Reinald disse ainda lendo o jornal – o telefone...

- Hum, - Ele hesitou, achei que ele ia deixar cair na caixa postal, mas acho que ele estava com medo de que se fosse realmente “ela”, Reinald ouvisse. Por isso ele se levantou e disse: - claro. Eu estava meio distraído!

Ele foi até o telefone em passos lentos e o atendeu numa voz quase inaudível, é claro que a essa altura eu estava o observando tão atentamente que nem sabia mais o que passava na TV e podia muito bem ter atendido, mas eu realmente queria ver a reação dele. Mas não foi a que eu esperava, ao ouvir a voz do outro lado da linha, ele abriu um sorriso de alivio e eu entendi o porquê quando ele disse:

- Ah, oi Lauren! – O tom e a expressão dele mudaram da água pro vinho – Estou bem e você? – Se era a Lauren, era pra mim... Então, POR QUE MEU PAI ESTAVA BATENDO PAPO COM ELA?

- Está sim, só um minuto... – Ele pôs o telefone em cima da mesinha – Lauren quer falar contigo. – Como se eu já não soubesse!

- Certo, obrigada – Eu me levantei em um pulo e fui até o telefone –Ola Lauren!

- Bom dia. – Ela respondeu numa voz incomum. Um pouco de inquietação, ansiedade e tristeza, essa não era minha Lauren.

- O que houve? – Perguntei curiosa.

- Só quero que venha aqui em casa hoje, você pode? – A inquietação na voz dela aumentou, côo se esperasse um sim imediato.

- Claro, Lucius estava me expulsando de casa mesmo... – falei mais alto pra poder provocar Lucius, que me fuzilou com os olhos.

- Não invente coisas sobre se pai! – O tom de Lauren voltou ao normal, pelo menos um pouco. Foi bom poder ouvir a velha e boa Lauren naquele momento.

-Não estou inventando nada, é verdade. – Pude sentir o olhar de Lucius atravessando meu corpo como uma espada, mas isso que era divertido. Porem aquele não me parecia o momento certo pra ficar brincando, Lauren estava mesmo chateada com alguma coisa. – Mas acho que isso não vem ao caso... Não vai me contar o que houve?

- Depois, ok? – A voz dela se tornou irreconhecivel pra mim novamente.

- Claro. Depois do almoço eu vou pra aí...

- Obrigada! Tchau Allinton. – Eu estranhei isso. Ela não tinha porque me agradecer e geralmente Lauren faz de tudo pra estender nossas conversas por telefone, a não ser que a mãe dela brigue, mas como não tinha ouvido nenhum berro da mãe dela ao fundo, sabia que esse o motivo era outro.

- Até mais, Lauren... Melhoras. – Eu não sabia exatamente por qual motivo eu estava desejando melhoras, só sentia que devia fazer isso. Ela desligou quase automaticamente depois disso. Definitivamente havia acontecido algo BEM ruim!

Ótimo! Mais uma pessoa pra mim me preocupar! Lauren e Lucius, qual o problema desses dois? LITERALMENTE!, era o que eu pensava naquele momento.

- Não fique falando de mim como se eu quisesse que você se mudasse dessa casa! – Lucius exclamou logo depois que eu coloquei o telefone no gancho – Isso denigre minha imagem!

- Que imagem? – Eu comecei a rir involuntariamente – Você que me expulsou!

- Eu estou começando a pensar que essa idéia de te expulsar de casa talvez não seja tão ruim assim... – Ele disse de modo provocativo.

- Hey, vocês dois, parem de discutir! – Ordenou Reinald colocando o jornal de lado. Eu e Lucius nos calamos, Reinald é bem autoritário em casa. – Não vai preparar o almoço, Lucius?

- Vou sim – Lucius sentou-se novamente ao lado de Reinald e puxou o rosto dele pra perto do seu – Não quer me ajudar? – Ele beijou Reinald antes de receber uma resposta, deixando bem claro, pelo menos pra mim, que não era exatamente ajuda o que ele queria.

- Só não sei como posso ser útil numa cozinha. – Reinald disse no espaço de tempo entre um beijo e outro, o que passou na minha cabeça diante daquela afirmação foi: “Também não faço idéia!”

- Na MINHA cozinha você é bem útil! – Disse Lucius se levantando.

SÓ SE FOR NA DELE MESMO! Na minha cozinha tem uma plaquinha de: “Proibida a entrada de Reinalds”! Sério, nunca vi alguém ter tanta dificuldade pra cozinhar... Ele queimou miojo! MIOJO! Me diz como uma coisa dessas é possível! Ele teve sorte de acabar sendo o homem da casa. Ou o mais próximo disso...

Alem do mais, eu suspeito muito dessa utilidade dele na cozinha de Lucius... Não que eu queira descobrir o que é, porque acredite, eu NÃO quero!

- Certo, - Reinald suspirou e se levantou contra a própria vontade – mas se alguma panela explodir a culpa será sua!

- Eu assumo esse risco. – Lucius sorriu – C’mon! – Ele correu pra cozinha e Reinald o seguiu, pelo menos até uma parte do caminho. Então ele parou e disse sorrindo:

- A propósito, bom dia, filha... – Ele me olhou como se pedisse desculpas por só ter lembrado de dizer bom dia naquele momento. Claro que não tinha problema nenhum, afinal eu também tinha esquecido e Lucius também. Digamos que todos nessa família têm um parafuso a menos. Ou muitos no caso de Lucius...

- Bom dia! – Eu respondi retribuindo o sorriso.

- BOM DIA! – Lucius berrou da cozinha, provavelmente estava ouvindo nossa conversa e lembrou que tinha uma filha e não uma boneca. O que eu quero dizer com isso é que muitas vezes Lucius me trata como uma boneca, cuidando e brincando, mas não interagindo e tratando como um humano. Talvez seja coisa da minha cabeça...

- Dá bom dia pra ele por mim. – Pedi a Reinald que assentiu com a cabeça e foi pra cozinha.

Comecei a passear pelos canais novamente, mas nada me atraia. O que eu queria mesmo saber era porque Lauren estava tão estranha e todo aquele negocio de Lucius e a ligação que eu já cansei de repetir.

 

 

- Eu podia ter ido a pé... – Resmunguei no banco de passageiros do carro. Depois do almoço, Reinald insistiu em me levar de carro pra casa de Lauren, já que ele também estava de saída.

- Não me importo de dar uma volta a mais. – Ele respondeu. TANTO FAZ SE ELE SE IMPORTA OU NÃO! Não era necessário e só poluía mais o planeta! E pra que? Pra ir a um prédio do lado de casa…

A casa de Lauren é a uns três quarteirões da minha, eu vou la basicamente quatro dias por semana, os porteiros nem interfonam mais quando eu chego, me deixam entrar direto... Afinal eu vou la a muitos anos.

Lauren é minha única amiga de infância. Nos conhecemos no jardim de infância e passamos a andar coladas a partir de então. A mãe dela sempre me adorou e adora meus pais também, apesar de que Lucius morre de ciúmes dela com Reinald. Ela é a única outra pessoa que sabe que meus pais são dois homens. Ou quase homens... Enfim, na terceira serie Lauren mudou de colégio, foi pra onde estudamos atualmente. Fiquei muito mal com a partida dela, por isso que quando meus pais disseram que eu ia mudar de colégio na quinta serie, eu escolhi o mesmo de Lauren. E foi a partir daí que eu resolvi esconder o lance dos meus pais. Colégio novo, vida nova; era como eu pensava. Aí começou minha grande teia de mentiras…

- Sabe onde estou indo na verdade? – Reinald perguntou interrompendo meus pensamentos e lembraças, eu olhei pra ele e vi um sorriso incomum em seus lábios. Um sorriso de quem tem um segredo e morre de vontade de contá-lo.

- Pro centro da cidade, não é? – Arrisquei.

- Também... – Ele respondeu e ficou quieto esperando que eu dissesse alguma coisa, mas como não falei nada, ele continuou: - Vou ao seu colégio.

- O QUE? – Gritei chocada. COMO ASSIM MEU COLEGIO? WTF REINALD IA FAZER LÁ?

- Seu colégio... – OKAY, ESSA PARTE EU ENTENDI!, quis dizer, mas me contive. – Hoje tem reunião.

Eu teria desejado morrer naquele exato momento, mas estava chocada demais pra raciocinar direito. Fiquei parada olhando pra ele feito uma idiota... Como ele sabia da reunião? Desde que eu entrei nesse colégio, eu passei a sumir com os folhetos e tomei cuidado de nunca mencionar qualquer reunião pra eles.

- Surpresa? – Ele reprimiu o riso e voltou a olhar pro caminha a sua frente. Sim, definitivamente absolutamente SIIIIM!, eu tentei dizer, mas minha voz falhou e só saiu:

- Sim... Mas como...? – Ele esperou que eu terminasse a frase, mas viu que eu não estava em condições de fazer isso e respondeu:

- Quando seus pais não comparecem a quatro reuniões seguidas, o colégio telefona pra sua casa. – MEU DEUS, eu não sabia disso! Já fazem quatro anos desde que ligaram! OMG, ele escondeu isso de mim a tanto tempo assim? Ele sabe disso a tanto tempo assim? Pela primeira vez me passou pela cabeça que talvez Reinald sempre estivesse um passo a frente de mim. Esse pensamento me assustou, ele é o tipo de cara que apesar de sua personalidade calma e o jeito fofo, bota medo nas pessoas... – Teve sorte de eu ter atendido essa ligação. Sabe que se Lucius tivesse atendido, ele não teria sido tão compreensível, não sabe? – Eu assenti com a cabeça. Sem duvida Lucius teria feito o maior escarcéu por causa disso, era capaz de ele nem ter me perdoado por isso. Reinald continuou: - Tenho ido a varias reuniões nos últimos quatro anos. – Ele me lançou um olhar paterno e eu senti que o que vinha pela frente não era uma coisa ruim. – É uma boa aluna... – Ele sorriu e como o esperado, não era uma coisa ruim. Eu pude ver sem duvida nenhuma que ele não estava decepcionado ou bravo comigo. Senti uma profunda alegria...  – Para aqueles pais e professores, eu sou hetero, não se preocupe... Mas seu pai ia pirar se soubesse disso, por isso, por mais que não queira, tenho que manter isso em segredo. Agora que você sabe, vai me ajudar, certo? – Ele suspirou e ficou esperando uma resposta.

Já tínhamos chegado ao prédio de Lauren, mas eu não estava com pressa de descer do carro. Eu vi em Reinald um confidente, nunca tinha o olhado dessa maneira. Era legal pensar que podia contar tudo (que não tivesse ligação com garotos) pro meu pai. Nunca tinha me sentido tão ligada a ele como naquele momento...

- Vou te ajudar. – Eu o abracei e ficamos assim por um tempo, até eu lembrar que tinha uma amiga triste no prédio a minha frente. – Tenho que ir, pai...

- Ta, - Ele me soltou – obrigado, filha. Espero resolver essa situação rápido, detesto esconder coisas do seu pai. – Eu também queria sair daquela mentirada toda, mas pra isso eu teria que admitir a verdade sobre meus pais pra todo mundo e eu não estava disposta a fazer isso naquele momento. Eu ainda era imatura e egoísta demais.

- Vou tentar resolver aos poucos... – Tentei ser sincera e acreditar mesmo naquelas palavras, mas era difícil me imaginar desmentindo minha vida. Abri a porta do carro e saltei pra fora. – Tchau, até mais tarde! – Bati a porta do carro.

- Tchau... – Ele deu a partida e foi embora, levando todos os meus segredos e mentiras junto. Coitado!, pensei e sem poder fazer nada, segui meu caminho.

 

- Que bom que você chegou! – Lauren se pendurou no meu pescoço assim que a porta se abriu.

- Lauren, estou muito preocupada, me diga o que houve A-GO-RA! – Lauren parou de me abraçar e deu um passo pra trás.

- Nada com que você deva se preocupar. – Ela levantou o rosto e forçou um sorriso. – é uma coisa meio pessoal minha...

- No que posso te ajudar? – Alisei a cabeça dela e seus olhos se encheram de lagrimas. – Vamos pros eu quarto e você me conta tudo...

- Ta... – Ela respondeu numa voz tremula – Mas acho que você não pode me ajudar, só quero você do meu lado agora... – Ela entrou no quarto e se jogou na cama.

- Certo, mas posso ao menos tentar te ajudar. – Sentei na ponta da cama dela. – Pode começar! – Eu sorri tentando acalmá-la.

- Eu falei com as meninas da classe hoje – Ah, sim, as meninas da classe... Diferente de mim, Lauren anda bastante com as meninas do nosso colégio, ela é meio popular e tudo mais... Mas ainda assim ela não me deixa de lado! Lauren é sem duvida uma ótima amiga. – E elas me contaram uma coisa que eu preferia não saber.

- O que exatamente? – Eu não fazia ideia do que ela estava falando.

- Bem, pode parecer idiota, mas... – Ela hesitou por um momento – O capitão do time de basquete arranjou uma namorada...

Era ISSO? WTF? DE QUE ME ADIANTAVA SABER QUE O CAPITÃO DO TIME DE BASQUETE TINHA UMA NAMORADA? Alias, quem era esse cara mesmo...?

Aí a ficha caiu…

- OMFG! RYAN? O NOSSO RYAN TA NAMORANDO? – Agora eu podia entender a tristeza de Lauren. Mas ainda assim eu não entendia o que tinha acontecido com Ryan... Ele nunca mencionou nada sobre estar apaixonado nem nada assim, então... Por que? Quando? Como? Quem?

- Elas me disseram que foi a garota que o pediu em namoro... – Ela colocou as mãos no rosto – e ele aceitou! – Essa era a parte que cortava o coração de Lauren. Com essa ultima informação tudo fazia sentido.

Eu não duvidava nada que aquilo fosse verdade, Ryan é um cara muito bonzinho que não sabe dizer não. Lauren continuou: - Eu gosto dele. Faz quase três anos… - Ela tirou as mãos do rosto e me olhou corada – Só não te falei antes porque não queria que ficasse um clima estranho entre nós três. Desculpe... – Ela pôs novamente as mãos sobre o rosto como se aquilo a fizesse desaparecer.

- Não precisa se desculpar. A propósito, eu já sabia disso... – Eu sorri mesmo que ela não pudesse ver.

- Já? Como? – Ela se sentou automaticamente e ficou mais vermelha que o normal. Eu pensei em responder: “Porque é obvio demais e todo mundo já sabe... Menos o Ryan, porque ele é um idiota!” mas achei que meu sarcasmo não ia ser bem vindo naquele momento, então disse:

- Porque sou sua melhor amiga... – Lauren sorriu, e desta vez não foi forçado. Ela me abraçou e eu alisei sua cabeça, era bom poder trocar de papeis de vez em quando, já que geralmente sou eu quem está triste e é ela quem me ajuda. – Lauren, saiba que pode ser só um boato... Não se deprima a toa!

- Você pode descobrir isso pra mim? – Ela perguntou inocentemente e um “QUE?” gigante surgiu na minha cabeça.

- Como assim? Quer que eu ligue pra ele e pergunte? – Não conseguia pensar em nada mais constrangedor no momento, ia parecer que EU é que gostava dele.

- Sim, disse que queria me ajudar, não é? – Ela abriu um sorriso esperançoso – Pode fazer isso pra mim? – Ela limpou as lagrimas e continuou me encarando. Como eu podia dizer não pra ela?

- Posso... – Eu disse contra a minha vontade – Tem o telefone dele?

- Tenho sim! – Lauren parecia mais animada, agora não tinha como voltar atrás, teria mesmo que ligar pra ele. Lauren foi até a cômoda e pegou uma agenda, não foi difícil achar o telefone de Ryan, o difícil foi discar. Eu realmente não queria fazer isso... Eu estava com um mau pressentimento!

Quando eu finalmente digitei o ultimo numero o telefone tocou uma, duas, três vezes e alguém finalmente atendeu.

- Alo? Ryan? – Eu perguntei rezando pra que fosse realmente ele, a ultima coisa que eu queria no momento era ter que falar com seus pais.

- Sou eu. Quem fala? – COMO ASSIM QUEM FALA? Não que eu costume ligar pra ele, mas eu sou a melhor amiga dele e ando com ele todos os dias no colégio, ele já devia ter decorado o som da minha voz. Mas como ele deve receber muitas  ligações femininas, eu deixo essa passar...

- É a Allinton, seu idiota! – Senti um olhar afiado de Lauren nas minhas costas e um arrepio percorreu meu corpo. A LAUREN DÁ MEDO ÀS VEZES!

- Ah, oi Allinton! Que estranho você me ligar, aconteceu alguma coisa? – De fato é estranho eu ligar pra ele, é realmente raro. Basicamente uma vez a cada semestre e olhe lá!

- Eu gostaria que você me respondesse isso... – Eu queria ter sido mais direta tipo: “É só que nossa melhor amiga Lauren te ama e ficou sabendo que você foi pedido em namoro feito uma garotinha e ACEITOU! Agora ela está chorando e me obrigando a te ligar pra perguntar: É verdade?” mas eu acho que se tivesse dito isso, eu seria uma pessoa morta.

- Como assim? – Ele perguntou de maneira inocente.

- Disseram por aí que você ta namorando... – Eu respondi como se só estivesse comentando.

- É verdade. – Ele foi direto ao ponto.

- OMG! COMO ASSIM, RYAN? – Claro que com essa minha reação as esperanças de Lauren foram por água abaixo. – Quem é?

- O nome dela é Emma, faz inglês comigo e me pediu em namoro ontem a tarde. Ele falava de um jeito como se o fato de ele estar namorando não importasse nada. – Eu aceitei, como pode ver.

- ESSE É O PROBLEMA, Ô INFELIZ! Por que fez isso? Nunca falou nada sobre essa garota... Gosta dela? – O que mais me magoava na historia toda é que ele não tinha me falado nada, tive que descobrir pelo outros. Sempre achei que Ryan confiava em mim e me contava tudo, mas pelo jeito, eu tinha me enganado...

- Bom, ela é legal, bonita e inteligente...

– MUITAS PESSOAS SÃO LEGAIS, BONITAS E INTELIGENTES! Isso não significa nada! – Eu já tinha esquecido o propósito da ligação e nem reparava mais que Lauren estava atrás de mim. Já tinha se tornado uma coisa pessoal. – Gosta dela? – Ryan ficou um momento em silencio e depois respondeu numa voz firme:

- Sim. – Somente isso.

- Por que nunca me contou nada? Por que não me disse que estava namorado? – Eu me exaltei e comecei a gritar – ISSO É INJUSTO!

- POR QUÊ? POR QUE ISSO É INJUSTO? – Ryan começou a gritar, coisa realmente rara – EU NÃO TENHO QUE TE CONTAR CADA DETALHE DA MINHA VIDA, OKAY?

- PENSEI QUE CONFIAVA EM MIM ASSIM COMO EU CONFIO EM VOCÊ! EU TE CONTO TUDO! QUERIA QUE FIZESSE O MESMO... Só isso... – Eu me acalmei, não queria brigar com ele. Mas já era tarde demais.

- PARÁ DE MENTIR, ALLINTON! QUE SACO! – Eu me surpreendi com a reação dele. Nunca tinha o ouvido falar dessa maneira, tudo que consegui dizer foi:

- Ryan... – Que belo comentário! Palmas pra mim...

- EU NÃO SOU IDIOTA! SEI QUE VOCÊ MENTE PRA MIM O TEMPO TODO E JÁ CANSEI DISSO! Você não precisa de um amigo, precisa de um conselheiro... E é pra isso que você me usa! Eu te ouço falar dos problemas e te ajudo, mas e as coisas que realmente importam? Você é um grande ponto de interrogação na minha vida... – Ele parou de falar por alguns segundos, mas eu não consegui dizer nada. Senti-me a pior das pessoas do mundo – Eu não sei onde você mora, não sei onde você estudava, não sei quem são seus pais e nem ao menos seu telefone... Tudo que eu sei sobre você é o que eu vejo na minha frente todos os dias! VOCÊ NÃO CONFIA EM MIM E AINDA ACHA QUE TEM MORAL PRA TIRAR SATISFAÇÃO COMIGO?

Aquelas palavras me acertaram em cheio, nunca tinha imaginado que Ryan se sentisse assim. Sem duvida eu o subestimei. Subestimei o mundo.
Eu não conseguia dizer mais nada, pedir desculpas ia ser inútil, Ryan não é o tipo de cara que aceita palavras em vão... Ficamos ao telefone por um tempo, em silencio, ele provavelmente estava refletindo sobre as próprias palavras e eu sabia desde já que ele não iria se arrepender do que disse. Principalmente, porque era tudo verdade...

- Eu errei sozinha. – Eu disse tentando me redimir de alguma forma e se não conseguisse isso, queria salvar Lauren do julgamento errado que ele fez dela. Quero dizer, se ele não contou o lance de estar namorando pra ela, significava que ele também a achava uma mentirosa traidora. – Não culpe Lauren por isso. Podia ter contado a ela... – Minha voz estava fraca e meu orgulho ferido. Eu sabia que tudo ia desmoronar um dia, mas não achei que seria tão rápido e tão junto... Os problemas caíram devido as minhas mentiras sobre mim, Lauren, Reinald e agora sobre Ryan também.

- Contar a sua cúmplice? – ele falou de modo sarcástico – Não, obrigado! Ela já tem segredos demais seus pra guardar... – Ele foi frio e me fez ter vontade de chorar. Tinha não só estragado a minha amizade com ele, mas também a amizade entre ele e Lauren.

- É injusto fazer isso com ela! Ela não tem nada a ver com os meus defeitos... – Tentei mais uma vez salvar Lauren de um castigo que não era dela.

- Injusto? – Ele soltou um riso meio sádico - Você repete muito essa palavra, Allinton! Acho que você deve procurar o significado dela e começar a usar de forma coerente... Nada do que eu disse ou fiz é injusto! Injusto é você me cobrar coisas que nem ao menos você faz... – Ele suspirou e eu estremeci. Nunca mesmo achei que Ryan ficaria nesse estado. – Já cansei de ouvir sua voz. Tchau. – Ele desligou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Eu desliguei o telefone e cai ali mesmo, no chão, lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e Lauren sentou ao meu lado sem dizer nada, só me fez companhia. Como sempre, ela virou minha conselheira. Assim como Ryan era...

Só me lembro de ter brigado com ele uma vez, foi logo quando me mudei pro colégio. Ryan se meteu em uma briga no começo do ano e eu era a única pessoa que estava por perto, sempre fui meio esquentada e acabei batendo nos dois garotos que implicavam com ele. Foi assim que eu me tornei amiga dele e Ryan passou a gostar de mim... Um pouco demais na verdade. Um mês depois disso, ele se declarou pra mim, eu era infantil e insensível (ainda sou um pouco, mas isso não vem ao caso...) olhei pra ele e disse: “E daí?” com essas palavras o amor dele se transformou em ódio e ele passou a me perseguir zombando, fazendo brincadeiras sem graças e piadas de mal-gosto, sempre arranjando um motivo pra discutir comigo. Eu gostava dele como um amigo e queria fazer as pazes, por isso eu resolvi explicar o porquê eu havia ignorado a declaração dele. Contei pra ele o nome do garoto que eu gostava. Um segredo bobo e infantil que nem durou muito tempo, mas ainda assim, um segredo. Eu disse pra ele: “Só estou te contando isso porque você é meu amigo! Confio em você...” e assim foi oficializada nossa amizade.

- Lauren, - Eu disse depois de um tempo, quando minha voz não estava mais tão fraca. – podemos passar na casa do Ryan hoje? – Lauren estranhou eu estar falando aquilo, mas assentiu com a cabeça.

- Claro. – Acho que ela queria saber o motivo, mas não perguntou por não querer se meter na briga.

Eu sabia como ia fazer Ryan me perdoar. Eu também sabia que ia ser difícil pra mim, mas ainda assim o resultado ia valer a pena.

 

Um segredo tinha começado nossa amizade...

Outro segredo ia salvar nossa amizade...


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Notas finais do capítulo

A cada capitulo que passa eu gosto mais do Reinald *---*
Quando eu comecei a bolar a história, Reinald ia ser um personagem bem invisivel que só se importaria com o trabalho e com Lucius. Não, ele não ia dar bola pra Allinton, as vezes ele ia até esquecer que tinha uma filha :x
Mas a história em si teve tantas mudanças que não consegui deixar ele desse jeito e Reinald acabou sendo um cara carinhoso e preocupado! *--* Agora que ele ta envolvido com a Allinton nesse lance de guardar segredos, eu gosto ainda mais dele... Não estava no plano, mas ficou ótimo :B

Eu fiquei aqui viajando e pensando em personagens de animes que tivessem personalidades parecidas com os meus personagens da fic... E pra minha surpresa Reinald e Allinton travaram em minha mente, até agora não consegui pensar em ninguem que se pareça com eles Ç_Ç"
Vou pensar um pouco mais e no próximo capitulo eu ponho os resultados :x

PS: Outra coisa que tambem me surpreendeu foi o fato de que a personagem mais facil de combinar foi a Sarah O_O'

Obrigada por ler :D
Bjs, MAH.