Niel:

Ela foi até a geladeira abriu e começou a ver o que tinha dentro, tive que notar que a sua roupa não era das maiores, um short jeans curto, regata preta apertada, um casaco comprido e largo que não escondia nada por estar aberto e tênis.

– Querem alguma coisa?- Ela perguntou enquanto mexia na geladeira e notei que o seu ex ficou bem interessado na bunda dela, quando ela se abaixou.

– Não agora.- Ele disse com um tom malicioso.

– Tem alguma bebida com álcool?- Perguntei pensando que não ia aguentar muito tempo perto do idiota ao meu lado, não sóbrio.

– Cerveja, pode ser?- Ela perguntou mostrando uma lata por cima do ombro.

– Pode.

– O que você veio fazer aqui?- O grandão perguntou me olhando a mesma cara de sempre.

– Convidar a Al pra sair e você?- Respondi e já fiz a mesma pergunta, Al colocou o copo cheio na minha frente e foi pegar mais coisas, mas não falou nada.

– Passar um tempo com a minha ex, que vai voltar a ser atual.- Ele disse essa última parte bem baixo, para que só eu escutasse.

– Meu pai ta chegando, então os dois tem que sair agora.- Ela disse rápido e já pegando a minha cerveja para colocar na pia.- O que vocês ainda estão fazendo aqui?- Ela disse quando voltou de sei lá onde.

– To indo.- Levantei e fui até a sala, chamei o meu irmão que começou a desligar o jogo e voltei para a cozinha.

O grandão estava grudado com a Al, ela tinha um ar meio assustado e ele falava com ela.

– Eu quero voltar, to com saudades de você, minha família sempre fala sobre você, eles se arrependeram de te tratar daquele jeito, querem que você vá lá jantar e eu podia te pedir em namoro, que tal um jantar?- Ele disse animado, mas ao mesmo tempo envergonhado e sorriu, acho que era para ser aqueles sorrisos que os garotos dizem que faz a garota enlouquecer.

– Me larga, você acha que eu vou mesmo aceitar qualquer coisa da sua família? Eles me humilharam, você lembra deles me chamando de vadia, porque eu lembro e muito bem, não vamos voltar e eu não vou entrar na sua casa, alias me solta, porque eu já pedi e sai agora da minha casa.- Me escorei na porta e fiquei vendo a cena, acho que no meio da discussão o meu irmão chegou e ficou olhando com uma expressão divertida.

O grandão e ela passaram por nós e eu só ouvi ela gritando para ele se afastar e ir embora, nesse momento eu já ria do idiota e o meu irmão me acompanhava, mas quando a Al voltou vi que ela não estava muito bem, fiz um sinal para o Thiago sair e fui até a bancada onde ela estava sentada, me encostei do lado e cruzei os braços, fiquei olhando para eles, esperando ela falar alguma coisa, porque eu não sabia o que falar.

– Ele é um idiota, mas a família dele é muito pior.- Ela disse com a voz baixa e calma.

– O que eles fizeram?- Perguntei curioso.

– Nada.- E suspirou.

– Qual é, pode me contar, ta na cara que foi algo ruim.- Eu disse e cutuquei a perna dela, o que a fez rir.

– Eu e Lucas começamos a namorar escondido porque o meu pai é meio ciumento, ele era maravilhoso e a gente tava super bem, mas eu queria conhecer a família dele, então um dia ele me levou pra jantar lá, ele me disse que tinha contado, mas quando eu cheguei lá eles começaram a dizer que o Luquinhas tava louco, porque tinha trazido uma sem teto pra dentro da casa, uma prostituta, vadia, suja e muitas outras coisas, eu sabia que ele era rico, mas ele não me falou que esse jantar era formal e que muitos amigos dos pais deles estariam lá, então eu fui com um dos meus jeans rasgados, regata, jaqueta de couro e all star, nada demais, só o que eu uso todos os dias, foi horrível e ele não disse nada, então eu tive que gritar que era namorada do Luquinhas (ela fez uma voz estranha nessa parte, o que me fez rir fraco), mas que depois daquilo eles podiam dizer que eu era ex, vi o choque na cara deles, mas eu não fiz mais nada, só sai dali e voltei pra casa.- Ela contou tudo parecendo bem triste.

– Ele não te procurou?- Perguntei imaginando o quanto devia ter sido ruim.

– Procurou hoje.- Ela disse como se fosse óbvio.

– Quando isso aconteceu?- Perguntei em dúvida.

– Esse fim de semana, por isso que o Carlos não saiu com os amigos, ele ficou comigo pra me animar um pouco.- Ela disse com um sorriso pequeno, olhado para as mãos.

– Isso faz mais sentido do que a desculpa que ele deu.

– Que desculpa?- Ela perguntou curiosa e me olhou, travei um pouco antes de responder, notando o quanto ela parecia mais bonita agora.

– Disse que tava com diaréia.- Disse rápido e ela começou a gargalhar.

– Meu irmão é meio estranho, a gente fez um acordo, os amigos dele não sabem que eu so irmã dele e os meus amigos não sabem também, mas se alguém falar mal do outro, nós defendemos.- Ela disse sorrindo.

– Isso é legal da parte dele, você sabia que ele já brigou com um amigo nosso que falo de você? Ninguém entendeu porque, mas agora faz sentido.- Isso é verdade.

– E o que o garoto disse? Falou que eu sou estranha, feia, gord...

– Disse que morria de vontade de te beijar, que você é diferente de todas as garotas que ele já tinha conhecido, que o seu cheiro fazia ele morrer de vontade de te agarrar e muitas outras coisas e sabe que eu concordo com ele.- A interrompi e enquanto dizia isso, fui me aproximando, quando estava bem perto, já sussurrando as últimas palavras, ouvi alguém bater na porta bem de leve.

Eu dei um pulo pra longe e olhei para quem estava nos encarando.