"Fudeu", essa foi a primeira coisa que eu pensei, me virei rapidamente e encontrei Juh parada nos olhando incrédula.

– Apostamos que time vai ganhar hoje.- Carlos inventou uma desculpa rápida.

– E o que isso tem a ver com a Al?- Ela perguntou já irritada, percebendo a mentira.

– Ela gosta do time contrário do nosso.- Ele mentiu novamente.

– Qual é o esporte?- Juh perguntou com uma cara de "eu vou fazer vocês confessarem, seus mentirosos".

– Ah... basquete.- Ele falou exitante e novamente, fudeu.

– A Al não gosta de basquete, agora vocês vão ter que me dizer a verdade.- Ela sorriu vitoriosa.

– Nem pra mentir você serve, idiota.- Disse baixo o suficiente para só o Carlos ouvir e dei um tapa na parte de trás da cabeça dele.

– Você nem tentou ajudar e ta falando de mim.- Carlos respondeu e "devolveu" o tapa.

– Vocês podem parar de se estapear feito duas crianças e me contar o que apostaram?- Ela exigiu séria.

– Nada não, baixinha.- Fiz pouco caso, esperando que ela fizesse o mesmo.

– Primeiro, baixinha? Da onde você tirou isso? E segundo, eu quero saber agora ou eu vo correndo contar pra Al que vocês apostaram alguma coisa, ela ta envolvida e nenhum dos dois quis contar o que é.- Ela ameaçou.

– Eu to indo.- Carlos tirou o dele e saiu quase correndo, nós olhamos ele se afastar.

– Covarde.- Disse para ele, mesmo sabendo que não seria ouvido.

– Acho que sobrou pra você.- Ela conclui, passando a olhar para mim.

– Nem em sonhos.- Disse e fui saindo.

– Qual é, eu juro que não falo nada.- Ela implorou.

– Ela é a sua melhor amiga, você vai conta.- Disse o óbvio.

– Se for pro mal dela eu falo, mas não acho que o irmão dela queira que algo de ruim aconteça.

Não falei nada e continuei indo na direção da minha casa, ela me seguia sem falar nada e eu acabei pensando no que queria fazer para a Al, a ideia inicial era só ir na casa dela, mas ir pra fazer nada, não dá.

– Que tipo de filme a Al gosta?- Perguntei para o ser calado e pensativo do meu lado.

– Fictícios, de tarde com bastante romance e aventura, mas nada muito meloso e de noite só terror e suspense, mas sem muito sangue.

– Hm...- Resmunguei como resposta e comecei a pensar em qual filme eu poderia levar.

– Por que perguntou?

– Queria aparecer lá e tinha que ter uma desculpa.- Sorri e ela riu.

– É melhor não aparecer hoje.- Ela disse calmamente.

– Por que?- Perguntei curioso.

– Só um conselho.- Ela disse e levantou os ombros levemente.

Cheguei em casa e resmunguei um até mais para a baixinha que continuou indo em frente a pé, toquei o interfone porque tinha esquecido a chave e um dos empregados me viu pelas câmeras, abriu o portão e eu fui direto pro quarto, joguei a minha mochila em qualquer lugar e fui almoçar, hoje a cozinheira estava em casa, então o almoço foi bom, meus pais não estavam em casa, mas o Thiago já tinha chego do colégio e devorava um prato cheio, decidi que ele ia ser a minha desculpa para passar na casa da Al.

– Thiago, que tal ir andar de skate?- Perguntei entre uma garfada e outra.

– Pode se.- Ele respondeu meio sem vontade e voltou a comer.

Terminei de almoçar e fui pegar o meu skate, peguei um filme qualquer e coloquei na mochila junto com o meu celular, documentos e dinheiro, o Thiago já esperava na sala, com o skate dele do lado.

– Vamo.- Disse já indo para a porta e ele me seguiu.

Logo saímos do portão já fui em direção da casa dela, cheguei perto e vi o Carlos saindo parecendo meio irritado.

– Eai, Carlos.- Cheguei perto e cumprimentei.

– Eai, que ta fazendo?- Perguntei ainda parecendo irritado.

– Andando de skate com o garoto e você?

– Oi, garoto.- Ele cumprimentou o meu irmão e ignorou a outra pergunta.

– Veio ver a minha irmã?

– Se a aposta ainda tive de pé.

– Claro que tá e ela ta em casa, mas eu to saindo, até.- Disse e já foi entrando no carro e saindo.

– Ok, vamo lá, garoto.- Fui até a porta da casa e toquei a campainha, logo ouvi uma voz feminina gritar um já vai e passos.

– Oi. -Ela abriu a porta e pareceu ficar um pouco surpresa por eu estar ali.

– Oi, vim perguntar se você tem alguma coisa pra fazer.

– Quem é?- Um garoto do estilo surfista (alto, cheio de músculos, loiro e bronzeado) apareceu atrás dela, antes que ela pudesse responder.

– Um amigo, aliás, Niel, esse é o Lucas, o meu ex namorado e Lucas, esse é o Niel, um amigo meu.- Ela nos apresentou, nos olhamos e ele apertou a mão que eu estendi, notei que foi mais forte que o necessário e apertei também, ele recolheu a mão ainda me olhando de um jeito nada amigável.

– Danny, a gente vai demorar?- O meu irmão perguntou, fazendo a Al notar ele ali.

– Oi, quem é você?- Ela perguntou para o meu irmão.

– Infelizmente, o irmão dele.- E apontou para mim, o que a fez rir.

– Eu sou a Al, amiga do seu irmão, você gosta de videogame?- Ela perguntou para ele e eu juro que vi os olhos pretos dele se iluminarem, eu e o grandão só observamos a cena em silêncio.

– Amo.- Ele respondeu animado.

– Eu tenho alguns, quer ver?- Ela convidou sorrindo.

– Claro.- Ele respondeu e ela pegou a mão dele e foi entrando, olhei pro grandão que só me deixou entrar quando a Al chamou ele, entramos e fomos até a sala onde ela e o meu irmão estavam sentados no chão com vários cds espalhados em volta.

– Posso jogar esse?- Ouvi o Thiago perguntar.

– Pode.- Ela respondeu e colocou o jogo para ele, quando passou por nós, fez um gesto para que fossemos com ela, a seguimos até a cozinha e sentamos.