Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 7
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“Preciso falar com você urgentemente. Aconteceram algumas coisas... Estou confuso Júlia. To precisando da minha amiga. Me desculpe por ter levado o teu adeus ao pé da letra. Por favor, retorne a ligação assim que ouvir essa mensagem.”

Assim encerrava a ligação na caixa de mensagem do celular de Júlia. Era Apolo. Mais de três meses sem ter notícias um do outro, e então ele ressurge pedindo ajuda. Dizia que estava confuso, talvez não tanto quanto a garota.

- E agora, o que eu faço? – dizia para si mesmo enquanto segurava o celular na mão.

O número estava ali, apenas apertando um botão e ela ligava.

- Júlia? – disse a tia na porta. – Sua mãe está no telefone lá embaixo.

A garota desceu as escadas rapidamente. Pegou o telefone e gritou:

- Mãe!

- Filha! Oh meu Deus, que saudades de você! – dizia ela.

– Também. Saudades de todos. Quando vocês vão vir me visitar? – perguntou a garota.

– Não sei meu amor. Assim como a vida segue aí, aqui também segue. – respondeu.

Conversaram sobre tudo. A diferença do clima, as novidades da escola. Descobriu que a irmã chorava quase todo dia quando lembrava de Júlia, dentre outras coisas.

– E Apolo? Notícias dele? – perguntou Júlia.

– Era sobre isso que estava interessada em conversar com você. Os pais dele se divorciaram filha. Acho que ele não está bem. Eu o vi no supermercado há alguns dias. Ele estava comprando bebida alcoólica, tentou esconder para que eu não pudesse ver, mas eu vi.

Júlia estava parada. Sentiu-se mal. O amigo precisava dela, e ela ignorou por pensar que fosse mais uma de suas besteiras e discussões. Lembrava que uma vez prometeu a ele que estaria ao seu lado quando ele precisasse. Até dedicou uma música para ele. “Count on me – Bruno Mars”. Ela apertou o pingente contra o peito. A medalha de cruz que ele lhe deu antes da viagem. Sentiu uma lágrima quente escorrer pelo rosto e disse à mãe que iria telefonar para ele agora. Despediu-se com um “eu te amo”. Foi o suficiente.

Discou os números. O telefone tocava. Nada.

“Anda marrento, atende.” – pensou a garota.

Tentou mais umas vezes, e então finalmente foi atendida.

- Alô? – disse a voz do outro lado. Não era a voz de Apolo. Era a voz de uma mulher.

- Alô, quem fala? – perguntou curiosa.

- Rebeca. E você quem é? – perguntou.

Júlia não sabia se desligava ou respondia a pergunta. Respirou fundo e fez outra pergunta.

- Olha, eu quero falar com o Apolo, você pode passar pra ele? –perguntou Júlia tentando não ficar desconfortável com a situação.

Houve um grande e intenso silêncio. Júlia estava odiando isso.

- Júlia? – perguntou a voz que agora era de Apolo.

- Sim, sou eu. Liguei pra saber o que aconteceu. Sua mensagem me deixou preocupada.

- Você não me atendeu, caiu na caixa postal e eu deixei uma mensagem mesmo assim...

- Eu estava com raiva de você! – exclamou ela.

- Ainda está, tenho certeza.

- Não! Não estou. Só preciso saber o que aconteceu. Minha mãe disse que seus pais se divorciaram, foi isso?


– Sim. – a voz dele soou pesada.

– Você está bem? Com quem você tá morando? – perguntou.

- Com a minha mãe.

- Posso saber o motivo?

- Não quero falar sobre isso agora. Eu te devo desculpas. Não devia ter sido tão estúpido com você quando disse para esquecer o lance de morarmos juntos. – disse ele.

- E eu não devia ter dito adeus pra você. – ela chorou.

- Faz tempo que não digo isso, mas sinto sua falta garotinha. E é todo dia. Não há um minuto que não pense em você. Mas por enquanto é melhor estarmos assim, mantendo essa ideia de que um “adeus” é melhor do que um “te vejo em breve” quando esse breve parece não chegar nunca.

- Falta pouco tempo, Apolo. – implorou ela.

- Muita coisa já aconteceu Júlia e ainda vai acontecer. Eu sinto. Eu sei.

- Tem algo a ver com essa rebeca? – perguntou ela enquanto enxugava as lágrimas que persistiam em rolar.

- Isso não importa. – respondeu. – Mas mantenho a promessa quis fiz a você e ao seu pai. Eu pretendo ir ao Rio estudar e me certificar que você está bem.

- Preciso desligar agora. Se cuida Apolo. – disse desapontada.

- Se cuida garotinha.

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- Júlia, fez o relatório do Sr. Lima? – perguntou a secretária Ruanda, responsável pela papelada dos editores.

- Sim, aqui está. – respondeu Júlia enquanto puxava uns papéis da gaveta.

O dia ali no trabalho estava cansativo. Júlia não pensava em nada desde a última conversa com Apolo. Queria saber quem era a tal rebeca, e seu coração doía quando pensava que podia ser alguém com quem ele estivesse se envolvendo seriamente.

Viu o perfil dele na rede social e havia apenas uma Rebeca na relação de amigos. A garota era muito bonita. Sentiu-se péssima. Jurou para si mesma que não entraria mais em contato enquanto ele não a procurasse e lhe contasse toda essa história direito. Decidiu contar o ocorrido para Lucas no dia seguinte.

- Nossa, mas esse cara seguiu em frente rápido demais! – disse ele enquanto Júlia mastigava com raiva o hambúrguer.

- Ele é um idiota! – disse de boca cheia. Tomou um gole de suco, sujou a roupa, e continuava zangada consigo mesma por ter procurado demais. – se ele já seguiu em frente mesmo, eu tenho o mesmo direito, certo?

Lucas assentiu com a cabeça. Talvez aquilo lhe soasse como uma oportunidade. Ele abriu a bolsa e puxou alguns filmes.

- Pegue, assista a esses filmes. São muito bons. – ele lhe entregou os DVD’s. Eram filmes antigos, a maioria em preto e branco. – Lembrei que uma vez você me disse que tinha uma “tara” por filmes em preto e branco.

Ela sorriu. Lucas sabia fazer ela se sentir bem. As únicas pessoas que sabiam fazer isso além dele eram sua mãe e Apolo. Mas a última pessoa estava começando a esquecer de como fazer isso.

- Obrigada Lucas. Vou assistir a todos.

- Agora, faça um favor para si mesma: deixa as coisas acontecerem sozinhas. Não se esforce para que tudo seja do jeito que você quer que seja. Se vocês tiverem que morar juntos um dia, nem que seja daqui à 50 anos, vocês vão morar. Apenas viva! O resto é detalhe.

- O resto é resto. – completou ela.

- E de resto ninguém vive. – encerrou ele.


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