Apenas Amigos. escrita por Yang
O despertador tocou. Parecia que os dois não haviam dormido nada. Não tinham condição física ou psicológica para levantar da cama e agir normalmente. O dia não seria o mesmo.
Apolo levantou-se antes de Júlia. Fez um chá que sua avó lhe ensinou a fazer. Dizia ela que servia para dar força. Júlia precisava.
Júlia esticou os braços ao redor da cama e tentou sentir Apolo, mas ele não estava ali. Sentiu um medo súbito e saltou da cama. Procurou ao redor do quarto... Nenhum sinal. Saiu e o encontrou na cozinha.
Ele foi até sua direção e lhe deu um beijo na testa.
- Bom dia. – disse ela.
Os dois olharam-se.
- Sabe que horas são? – perguntou ele.
Ela seguiu para a sala e viu o relógio na parede marcando meio-dia.
- Droga! Eu to atrasado para o trabalho! E eu perdi a aula hoje! – ela começou a andar de um lado para o outro na casa. Desesperada e sem noção do que fazer.
- Ei! Calma. Acho melhor você não ir para o trabalho hoje. E na faculdade, vai ser sua primeira falta. Não vai perder a bolsa por causa disso. Eu também não fui. Na verdade, quase ninguém vai hoje por conta da festa, então, calma. – ele segurou as mãos dela novamente.
- Tudo bem. – ela respirou fundo e seguiu para o banheiro.
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- Esse chá está realmente ótimo. – elogiou Júlia.
Apolo servia mais um pouco de algum tipo de bolinho doce, comprado na padaria da esquina.
- Tomando café da manhã as quase uma hora da tarde. – comentou ele.
Os dois riram. O riso de Júlia logo mudou para uma expressão mais séria.
- Então... Em relação a tudo, como estamos agora? – perguntou ela meio sem jeito.
Apolo encarou o vazio e desviou a atenção para Júlia novamente.
- Preciso esclarecer muita coisa pra você ainda. Antes de tomarmos qualquer decisão ou de termos qualquer ideia maluca, tudo bem?
Júlia concordou.
- Pode começar me dizendo se ainda temos alguma coisa porque aquele beijo me deixou... - ela hesitou ao falar. – Confusa.
- Eu sei. Me deixou confuso também. Deixa eu te explicar... Lembra da tal rebeca?
Júlia pareceu um tanto incomodada com o nome. Mas assentiu lembrar-se da garota.
- Eu fiquei com ela algumas vezes. Foi logo no seu primeiro mês longe de mim. Estava no trabalho e conheci ela. Logo no início eu não esperava nada, mas aí... Aconteceu. A primeira vez que fiquei com ela foi dois dias antes de darmos um “adeus”.
Aquilo afetava Júlia de uma forma superável até então.
- Vocês... transaram Apolo? – perguntou ela.
- Sim. – respondeu.
Júlia levantou-se da cadeira com a força recuperada e suficiente para seguir para o quarto. Ainda não havia se conformado com a situação e com toda aquela veracidade de fatos jogados na cara. Ele havia traído ela. Tudo bem que não eram namorados, mas um prometeu ao outro comprometimento. E como ela poderia acreditar em alguém que simplesmente traiu a confiança dela.
- Ei Júlia, isso não tem nada a ver. Eu não estou mais com ela! – exclamou Apolo enquanto Júlia seguia pelo corredor.
Ela parou de andar e virou-se para ele:
- Apolo, qualquer tipo de relacionamento se baseia em confiança. E eu não sei se consigo confiar em você de novo. Veja bem, vamos voltar a ser “amigos” e só isso?Eu quero comprometimento! Eu quero um homem e não um moleque! Eu quero um homem que segure as minhas mãos e caminhe comigo pela rua. Eu quero toda aquela “breguice” de casal apaixonado. Você não entende porque é um cara, e geralmente vocês não conseguem compreender, mas encontrar alguém que só queira sexo é fácil, agora encontrar alguém que cuide do pacote inteiro, dos problemas, dos anseios, das dores... – ela fitou o chão. – É difícil. São raros e estão em falta.
- Eu estou aqui! Bem aqui! – exclamou ele.
- Mas você não quer nada! Você quer a perfeição entre quatro paredes, mas lá fora tua realidade comigo é outra! E eu não entendo porque isso. É medo Apolo? Medo de ter responsabilidade com alguma coisa? – perguntou ela eufórica.
- Não. Não é medo Júlia.
- Que diabos é então?
- Insegurança. – respondeu ele.
- Como assim?
- Não quero fazer você criar expectativas sobre mim como o “namorado perfeito” e quebrar a cara depois. Eu não sirvo pra você Júlia. Não sirvo pra ser o homem dos seus sonhos. Eu não tenho os teus padrões. Eu não sou um “príncipe encantado” da Disney. Sou só um cara. E você é uma garota que sonha demais. E eu não to preparado pra acompanhar teus sonhos.
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