- Táxi! Táxi! – gritava Apolo transtornado com a quantidade de táxis que rondavam em frente ao aeroporto do rio.

- Ei rapaz! Aqui! – gritou um taxista.

Apolo seguiu até o carro e pediu que fosse levado ao endereço informado. Era a casa dos tios de Júlia. De lá ele seguiria para um hotel onde ficaria até arrumar um aluguel. Ele esperava que fosse assim.

Ao chegar ao endereço assustou-se quando viu o tamanho da casa.

- Nossa! – disse para si mesmo.

- 79,80 rapaz. – informou o taxista.

Ainda transtornado, relutou antes de bater na porta. Havia uma campainha. Tocou e tentou demonstrar a melhor expressão possível, mas estava cansado e não sabia se conseguiria manter uma postura muito animada ao ver Julia.

Foi ela mesma quem abriu a porta.

Ela o olhou e seus olhos pareciam saltar do rosto. Brilhavam como flashes de luz.

- Apolo! – falou a garota enquanto ele não conseguiu sorrir. Estava um tanto admirado com a mudança nela. Havia algo nela que ele não reconhecia. Como se ela não fosse mais a garotinha dele.

Respirou fundo e então sorriu. O sorriso bobo que a fazia se sentir bem. Ele ainda se lembrava disso.

- Olá. – disse ele meio tímido, tentando tornar a situação constrangedora algo mais íntimo.

Ela se aproximou de Apolo e o abraçou. O abraçou tão apertado que ele quis morar ali. Aquele tipo de abraço dado na hora certa, pela pessoa certa. Ele sentia tanto a falta dela. Ele sabia que as coisas não eram mais iguais, porém não desistiria da garotinha dele. A história de ambos não podia ter tido fim.

- Senti tanto a sua falta. – sussurrou ela.

Os tios de Júlia se aproximaram. Encararam Apolo e então o convidaram para entrar.

- Então... Apolo! – disse o tio de Júlia tentando ser simpático, o que não fazia muito o seu estilo. – O que pretende fazer no Rio?

- Estudar, arrumar um emprego... – respondeu.

- Ganhou uma bolsa na PUC como a Júlia? – perguntou a tia.

- Sim. – respondeu orgulhoso de si mesmo. – Fui eu quem fiz Júlia gostar da faculdade.

Júlia concordou com a cabeça.

- Interessante. – disse a tia. – E que faculdade pretende fazer?

- Engenharia. – respondeu com mais certeza ainda.

Os tios de Júlia agora apresentavam um aspecto nobre sobre o rapaz.

- E onde vai ficar no Rio? Têm parentes aqui também?

- Não. – respondeu Apolo enquanto tentava ficar confortável na cadeira. – eu vou me hospedar em um hotel até conseguir alugar um lugar.

- Poderia ficar aqui. – sugeriu a tia.

Todos na sala a olharam de forma curiosa, como se estivessem sem acreditar no que ouviram.

- Ficar... Aqui? – gaguejou Apolo.

- Sim. Acredito eu que vocês ainda estão com aquela absurda ideia de morar juntos. – Júlia e Apolo olharam-se. – então você fica em um quarto de hóspedes e depois vocês decidem o que querem da vida.

O tio assentiu com a cabeça. Parecia concordar. Júlia não esboçou nenhuma reação. Apenas levantou-se e seguiu para a cozinha, disfarçando que iria beber água.

- Seria ótimo. Prometo que ajudo com as despesas que forem possíveis. – disse ele.

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Júlia e Apolo seguiram para o andar de cima onde o quarto dele estava. Era distante do dela. Ela dormia no andar de baixo.

- Esse é seu quarto. – disse ela enquanto abria a porta.

O quarto não era muito grande, mas era suficiente para ele ficar confortável.

- Não sei como agradecer aos seus tios.

Os dois se olharam. As mãos de Júlia suavam e ela não sabia por quê. Nervosismo ou ansiedade. Quem sabe. Mas Apolo passava pela mesma situação e sentia que se não a beijasse agora se arrependeria depois. Quando se aproximou e tentou, ela o negou.

- Não posso. – sussurrou.

- Por quê? – Indagou ele.

- Por que eu estou confusa, Apolo. – respondeu enquanto saía do quarto. Ao chegar à porta, virou-se. Ele estava tão confuso quanto ela.

- Está gostando de alguém? – perguntou ele.

- Isso não importa agora. Não importou pra você quando estava lá, com a tal rebeca. E eu não quero discutir sobre isso. Tem toalha limpa no guarda-roupa. Bem-vindo ao Rio de Janeiro, marrento.