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Com dezessete anos e estando no terceiro grau (ensino superior), fica difícil estudar. Sem falar no curso de teatro e o clube de leitura. Hermione, sem dúvidas, era muito atarefada. Depois de sair da aula voltava rápido para casa e se dedicava a ler e estudar. Fazia as tarefas de casa como uma adolescente comum. Só tinha curso de teatro e clube de leitura nos sábados porque, como não tinha nada para fazer, resolveu arrumar uma atividade. Mesmo não tendo aula nos sábados, acordava cedo e lia ou estudava. Mesmo sem necessidade, estudava. Porque estudar gerava uma vida boa e tranquila. Isso.

A morena estava andando pelos corredores da escola com um livro na mão. Era hora do intervalo e todas as garotas estavam em grupinhos discutindo sobre o novo batom Chanel, ou então sobre a bolsa que ganharam do namorado e vice versa. Todos os garotos mexiam nos celulares e chutavam bolinhas de papel uns nos outros, rindo e citando palavrões como se estivessem contando de um a dez.

Hermione passava despercebida por todos. caminhava sempre com um livro na mão, porém, um livro novo a cada semana. Agora, estava lendo Água para Elefantes, de Sara Gruen. Era o livro da semana no clube de leitura.

Sim, Hermione não era uma adolescente comum. Quer dizer, ela era comum, porém, o comum do seu jeito. Livros, estudo, trabalho. Livros, estudo, trabalho. Uma contagem sem fim que pratica desde que se conhece por gente.

O sinal toca e a morena fecha o livro. Faz força para lembrar onde fica a sala de aula, já que as aulas haviam começado há apenas dois dias. Por fim, se encaminha para uma porta de madeira que se localiza mais ou menos pelo final do corredor.

Os pés deslizam pelo chão lustrado, recebendo empurrões nos lados pelos alunos apressados.

Consegue, com esforço, entrar na sala, tão agitada quanto os corredores na hora do intervalo.

Mesmo com apenas dois dias de aula, sua turma, turma 301, era reconhecida como a "turma baderneira". A única que não era baderneira lá, era justamente Hermione. Achava repugnante o jeito como falavam palavrões e se sentavam em cima das mesas, escreviam coisas no quadro negro e até se beijavam nos cantos da sala de aula. Aquilo era uma escola.

- Podem se sentar. - disse com voz serena porém poderosa o novo professor de Português - Meu nome é Alvo Dumbledore. Sou o novo professor de português, e não gosto de desrespeito durante minhas aulas. Por favor, peguem seus livros.

Todos se sentaram e prontamente obedeceram o professor Dumbledore, assustados.

A morena gostou do jeito como ele tinha comando sobre todos. Era assim que gostaria de ser depois que se formasse: líder. É claro, só em sala de aula, onde o respeito teria de ser eminente.

A aula correu tranquila, e sessenta minutos depois o sinal tocou. Todos guardaram seus materiais e foram embora, menos Hermione. Mantinha o livro na mão e a mochila nas costas enquanto caminhava na direção do professor.

- Senhor Dumbledore? - diz, se aproximando.

- Sim, querida? - fala o professor, levantando a cabeça de sua lista de presença.

- Há quantos anos o senhor é professor de português? Desculpe a pergunta, é que eu desejo ser o mesmo...

- Sou professor há trinta anos, mas de português, há vinte. Comecei dando aulas de religião. Fico feliz que queira seguir a carreira, é muito nobre.

- Obrigada. Será que o senhor poderia me responder uma pergunta?

- Já estou respondendo. - fala, acompanhado de um sorriso triste - Pode, sim.

- O senhor poderia me ajudar com a parte da gramática? Sabe, eu não sou tão boa nisso, e sempre desejei escrever livros...

Alvo Dumbledore olha para o livro nos braços de Hermione. Dá mais um sorriso.

- Claro que posso. Se puder ficar dez minutos depois da aula por dia, em uma semana acho que já está treinada.

- Acho que o senhor não entendeu, eu sou realmente péssima.

- Entendi, sim. Caso precisarmos de mais aulas, darei. E não se preocupe, não aumentará no valor mensal da escola.

- Muito, muito obrigada, mesmo, senhor.

Ele responde com outro sorriso e sai pela porta da sala.

Ao chegar aos corredores principais, Hermione se depara com um rapaz que segura o mesmo livro que ela está lendo. É destacado na capa do livro um selo de outro clube de leitura, os Respirando Leitura.

- Licença? - diz Hermione, cutucando sem jeito o braço musculoso do rapaz.

- Sim? - diz o moreno, levantando os olhos do seu livro. Ele tinha um sotaque estrangeiro.

Agora, Hermione olhava em seus olhos castanho-escuros.

- Onde fica a sede da Respirando Leitura?

- Perrto do centrro. Tenhe um marrcadorr de pagines com o enderrece se quiserr.

- Não, obrigada. - diz, esboçando um sorriso.

- Ei, você está lende o mesme livrro que eu! - fala o moreno, apontando para o livro nos braços de Hermione.

- Sim - ela dá uma risadinha. Ele era fofo. - É complicado estudar em uma escola da qual ninguém lê, não acha?

- Bem... Eu leio.

Hermione dá outra risada.

- Escuta, tenho que ir até o ponto de ônibus. Amanhã conversamos, O.K?

- Eu também tenhe que irr. Vamos juntes.

- Pode ser. - diz Hermione, sorrindo.

Os dois saíram pelas grandes portas da escola.

- E então... Qual seu nome, mesmo? - pergunta Hermione ao perceber que seu ônibus ia chegando.

- Vitor, Vitor Krum. Foi um prrazerr. - e então beija as costas da mão de Hermione, fazendo uma leve reverência.

Ela cora, sorri e fala:

- Sou Hermione Granger, e prazer, também.

A morena dá um último sorriso e entra no ônibus lotado.

**

Todos estavam nas minas de carvão. Fred se encontrava estirado ao chão, os três irmãos e a mãe ao seu redor. As ambulâncias na cidade demoravam horas para chegar, portanto, não havia muito a fazer. Esperar e rezar eram duas possibilidades, mas nenhum dos dois traria Fred de volta para a vida.