- Hermione, o que está fazendo acordada a essa hora? - pergunta Juliana, mãe da morena, entrando no quarto às duas horas da manhã.

- Estou... - ela dá um leve bocejo e continua a frase - estudando um pouco...

- Amanhã de manhã você tem aula, garota! Desliga esse abajur e vai dormir.

- Já vou, só mais cinco minutinhos... - Em geral, os filhos diziam isso porque não queriam acordar cedo para ir para a escola. Hermione fazia o contrário: o dizia para parar de estudar e ir dormir.

- Tudo bem. Você jantou o quê?

- Comi um sanduíche.

- Só isso? Pirou? Vou preparar um leite pra você. Fecha esse livro e vem pra cozinha.

Hermione colocou seu marcador no meio das páginas como se fosse um livro literário e o fechou. Deu uma leve bufada e saiu de debaixo das cobertas.

Hermione gostava de estudar. Era seu hobbie favorito. Gostava de estudar, acima de tudo, português. Se impressionava com as palavras e como que se colocando-as em posições variadas poderiam ter sentido. Admirava as palavras, gostava delas, mas, apesar de tudo, não tinha talento para a escrita. O máximo que conseguia fazer era classificar as palavras, os verbos, adjetivos e substantivos em seus devidos lugares, formando frases concretas e simples. Seus textos eram tão ruins quanto as tentativas de livro, mas nem por isso desistia de seguir seu sonho de ser professora.

Foi para a cozinha e um delicioso leite com achocolatado fervente a esperava na mesa. Um gordo sanduíche de atum repousava em um prato ao lado da caneca, e a expressão de ambos era maravilhosa. Sua mãe tinha tal talento para preparar lanches rápidos.

A morena sentou-se e começou a saborear o sanduíche de atum e o achocolatado. Eram incríveis as sensações que sentia por dar uma simples mordida em um pedaço de pão com recheio.

Quando voltou ao seu quarto, sua pilha de livros não estava no lugar em que sempre esteve. Não estava em nenhum lugar. Assustada, olhou para o quarto da mãe e viu que a mesma estava escondendo os livros em uma gaveta grande.

- Ei! O que vai fazer com eles?, vou precisar deles para ir para a escola! - falou, como se os livros fossem seus filhos.

- Amanhã de manhã te devolvo, é só pra você não ficar até as cinco horas lendo.

Hermione bateu o pé e se enfiou no meio das cobertas. Era muito injusto sua mãe negar o aprendizado! Tudo bem que precisaria acordar cedo para ir para a escola, mas um pouco de leitura de noite faz bem. Ou será que não? Independentemente, ela leria até os olhos começarem a latejar. Ou até mais tarde que isso. Já leu por tanto tempo que desmaiou, logo quando o dia começou amanhecer. O vício por estudo preocupava sua mãe. Na verdade, tudo preocupava sua mãe, porque Hermione era filha única e não poderia correr riscos.

Dormiu pensando em como seria bom se não precisasse dormir. Poderia estudar eternamente, e ser então uma ótima professora de faculdade.

**

A manhã se inicia, a casa dos Weasley's estava em clima de agitação. Fleur e Gui, irmão mais velho da família, iriam casar-se em três meses.

Os olhos de Ronald estavam vermelhos. Havia ficado até tarde... Bem, digamos que ele estava fazendo sua atividade favorita: escrever. O quê, ninguém sabe, mas escrever é uma arte que ele domina. O que ele não entende e não pretende entender é o jeito como os professores 

Ronald, ou como todos o chamam, Rony, tem seis irmãos: Gui, Carlinhos, Percy, Fred, Jorge e Ginevra.

Toda a família acordava seis horas: Rony e Ginevra, ou, como gosta de ser chamada, Gina, regavam e davam adubo às plantas; Fred e Jorge dobravam as roupas e as guardavam; e, por fim, Carlinhos e Gui lavavam a louça da noite passada. Percy trabalhava 30 horas por dia, por isso, não tinha tempo para nada. A mãe respeitava a profissão de advogado do filho, mas não gostava da carga excessiva exercida a um garoto de vinte e um anos.

Todos os filhos de Molly Weasley eram bebês, não importava sua idade. Gui, com vinte e seis anos e prestes a se casar, ainda era tratado como uma criancinha. Apesar da bobeira que isso consiste, os filhos não se importavam e até gostavam do jeito de mãe babona. Assim, se sentiam protegidos.

Eram sete horas e Rony e Gina estavam na escola enquanto Gui, Carlinhos, Fred, Jorge, Percy e Arthur Weasley trabalhavam.

Batidas incessantes na porta atraíram a atenção da velha Molly Weasley.

- Sim? - diz, abrindo a porta.

- Sra. Weasley, temos uma notícia ruim. - diz um homem alto e com roupas sujas. Era o chefe dos garotos, nas minas.

- Mas o que houve? - fala assustada ao perceber a aflição do homem.

- Fred sofreu um acidente.