POV Katniss.

Eu e Peeta saímos de meu quarto e ele me conduz até o refeitório, não me preocupo em trancar a porta, Johanna estaria de volta a qualquer momento, e depois de hoje, acho melhor manter as portas abertas.

Chegamos a porta do refeitório, está praticamente vazio, provavelmente atrasados devido ao tempo que gastei devido ao pesadelo. Olho para Peeta, ele não parece se preocupar ou ligar para o fato. Ao em vez disso, seus olhos correm o local então sorri levemente e se vira para mim.

-Tenho alguns amigos para lhe apresentar. –ele fala, então noto que com apresentar, ele quer dizer reapresentar.

Pegamos a comida e vamos até uma mesa, na qual se senta dois casais. Ambos familiares, uns menos que outros.

Quando nos aproximamos, todos nos olham com uma certa expectativa e felicidade. Fico um pouco constrangida com toda a atenção, desvio o olhar as vezes.

-Bom dia. –Peeta diz, eu murmuro o mesmo.

-Bom dia.- todos falam, com bem mais animação que eu.

-Kat esses são meu irmão Simila e minha amiga Delly. –ele aponta para um casal, a garota com olhos negros e cabelos loiros e o garoto que parece ser um pouco mais velho que Peeta com cabelos loiros e olhos azuis como os seus. –e Annie e Finnick Odair.

Annie tem rosto fino e delicado, cabelos negros e olhos azuis, Finnick me parece mais familiar que a mulher, tendo uma pele bronzeada, talvez um pouco menos do que me lembre e olhos verde mar, combinados com um sorriso branco.

Eu me sento ao lado de Peeta, e os demais permanecem do outro lado da mesa.

-Prazer. –eu digo, meio sem graça. –me lembro um pouco de você Finnick, mas.. Me corrija se estiver errada, o que pode ser bem provável, mas não me lembro de ser casado.

Sinceramente eu me lembrava de Finnick como o tipo de cara de pose de pegador, não sei por que.

-Na verdade, eu não era. -Finnick dá um sorriso e olha para Annie, como e se orgulhasse de responder. –nos casamos no distrito 13.

Tenho plena consciência de conhecer o irmão de Peeta, até por que o garoto já havia me visitado no hospital, a garota, Delly, já tinha ido com ele, portanto sabia que realmente não a conhecia antes. Mas Annie me intrigava.

-Entendi. –então olho para Annie. –nós nos conhecíamos?

Ela nega com a cabeça.

-Por que você me parece familiar? –eu pergunto.

-Deve me reconhecer que alguma retrospectiva dos jogos. –ela fala. – Eu sou uma vitoriosa também. Meu nome de solteira é Annie Cresta.

Agora fazia mais sentido, Annie Cresta, a vitoriosa conhecida por ficar louca após os jogos. Mas é claro que eu não disse isso. Annie parecia uma pessoa muito boa e estável no momento, imagino que Finnick a mantivesse assim, não era difícil notar.

Eu me sentia melhor em relação a isso, afinal, se eu conhecia Annie apenas pelo nome, significava que era uma pessoa a menos que eu teria me esquecido.

Simila e Delly dominaram a conversa a partir daí, mantinham a conversa animada e divertida com ideias de ambos sincronizadas, os dois pareciam ser bem legais. Aposto que os dois namoravam ou algo do tipo, já que não reparei em nenhuma aliança ou nada nas mãos de nenhum deles e pela maneira como se tratavam com tanta naturalidade e as vezes trocando olhares.

Como sem muita vontade a comida de meu prato, já acostumada com porções pequenas, meu estomago tende a rejeitar muito alimento, apesar de dizerem que isso provavelmente vai mudar se eu passar a me alimentar melhor.

Levanto os olhos do prato, em que eu brincava com a comida, e reparo que todos tinham os olhos em mim. Notei que haviam me feito uma pergunta.

-Sinto muito, estava meio distraída. –confesso, passando o olhos por todos, sem nem ao menos saber quem havia feito a pergunta. –o que disse?

Delly sorri gentilmente, ela fala.

-Perguntei se está gostando do distrito. –ela repete a pergunta com calma.

-Ah estou gostando apesar de ter regras bem rígidas. –eu digo. –mas acho que ainda prefiro o 12.

Por uma fração de segundos, podia jurar que os olhos de todos mudaram de mim para Peeta, e também podia jurar, que vi de canto de olho Peeta abrir a boca para falar algo no momento em que colocou mais uma garfada na mesma.

Eu ia perguntar o que havia acontecido, mas todos se viraram para o lado, todos pareciam surpresos com o que viam. Mas ao me virar noto simplesmente Gale caminhando até nós.

-Bom dia Catnip, Peeta, gente. -ele cumprimenta cordialmente, mas por um motivo, os olhos de todos passam dele para Peeta, e até em mim. Eu acho estranho, mas ao olhar para Peeta ele tem uma expressão tão casual quanto Gale.

-Oi Gale. –Peeta cumprimenta por todos, que parecem até surpreendidos pela casualidade. –tudo bem?

-Na verdade, é o que vamos descobrir. –ele fala, já com o semblante preocupado.

-Porque? –Peeta pergunta. –qual o problema?

-Beetee pediu para avisar vocês, mais uma reunião. –ele fala olhando para Peeta. –foram chamados eu, você, Finnick e... Katniss.

-O que ela tem e ver com isso? -Peeta pergunta preocupado.

-É, o que eu tenho a ver com isso? –pelo que eu saiba, meu único dever no distrito e ficar no quarto sem causar confusão.

-Quisera eu saber. -Gale diz. –Até entendo  chamarem Finnick, Peeta e eu mesmo depois de tudo, mas Katniss? Essa é nova.

Fiquei sabendo que Gale tinha uma posição alta na revolução, não sabia exatamente porque, não tive tempo de perguntar, mas se alguém devesse ter as informações, esse alguém era ele.

-Enfim, Coin mandou que não se atrasassem, reunião começa em 15 minutos. –Gale disse. –querem ir comigo? Eu já estou indo.

-Eu vou com você. –Finnick se prontifica, e olha para Annie, que parece entender a pergunta silenciosa feita pelo marido.

-Eu espero você no nosso quarto então. –ela dá um pequeno sorriso doce, Finnick lhe dá um selinho.

 –Vocês vem Peeta, Katniss? –Finnick pergunta.

Peeta acene com a cabeça.

-Claro, vamos com você. –ele fala, e olha para mim, como se pedindo aprovação, ele me parecia nervoso.

Eu aceno com a cabeça e Gale conduz a mim, Peeta e Finnick pelos corredores, Annie, Simila e Delly permanecem sentados.

Ao chegar na sala de reuniões, vejo uma mesa grande e comprida, apenas de um tanto fina, tornando-a muito formal. Ela está repleta de gente, alguns usavam terno, outros farda no estilo exército, deixando claro que lá só havia gente importante, que olhavam e encaravam quando entramos na sala, mais precisamente, olhando para mim, me deixando extremamente desconfortável.

Peeta permanecia ereto e focado, não desviava os olhos da frente e não encarava ninguém, eu conseguia notar que seus olhos azuis estavam nervosos e inseguros, mas não devido a atenção dos outros, estava certa que ele mal se importava, mas nervoso pela reunião em si.

Finnick e Gale se sentam de um lado da mesa, Peeta se senta de frente para eles, e eu, ao lado de Peeta, tendo Gale exatamente a minha frente.

Peeta mexia a perna por baixo da mesa nervosamente, sem qualquer ritmo aparente, ele encarava o nada com uma expressão séria. Já Gale olhava para a porta de entrada a cada cinco segundos, Finnick, por sua vez, tinha um rosto calmo, mas batia os dedos sobre a mesa, podia ser tanto com distração como nervosismo, era difícil decidir.

E eu? Eu revezava o que os três garotos faziam, mexia a perna, os dedos, olhava para o nada e em seguida para a porta, acrescentando o farto que olhava cada um deles a todo o momento, esperando alguma reação diferente, mas tudo que eu não tinha era uma expressão calma no momento.

E é claro que de tempos em tempos eu também parava de bater os dedos na mesa para passar as mãos nervosamente em meus pulsos e braços, afinal, as imagens de meus pesadelos ainda me assombravam.

O tempo que durou aquele momento eu não sei dizer, me tornei extremamente ruim para contar o tempo nesses últimos meses, só sei que para mim cada segundo foi angustiante, por que diabos eu estava ali? Por que eles chamariam alguém sem metade do neurônios de uma pessoa comum para uma reunião de guerra?

Seja como for, a mulher que entrou na sala com postura impecável, queixo levantado e cabelos perfeitamente alinhados deveria ter um motivo. E essa mulher só poderia ser a presidenta Alma Coin.

Todos os poucos que falavam se calaram, de modo que apenas os passos da mulher poderiam ser ouvidos e ecoavam dramaticamente e sombriamente pela sala de reuniões.

-Bom dia a todos. –a mulher disse, sem dirigir o olha a ninguém especificamente. –bem, irei direto ao ponto, estamos tendo progresso com a expansão da guerra pelos distritos.

Ninguém disse nada, e Coin não parecia esperar que alguém o fizesse.

-Os distritos 3, 7 e 11 acabaram de vencer a guerra, muitas mortes, mas vencida. –ela informa. –o 9 também acabou de declarar, portanto, nos reta apenas os distrito 1 e 2 para vencermos.

Ao olhar em volto noto que muitos comemoram em silencio, trocando olhares aliviados ou vitoriosos com o colega ao lado ou da frete. Coin limpa a garganta, todos se silenciam.

-Mas nós temos um problema. –ela fala. – O distrito 1 e 2 serão difíceis de convencer, são os mais fieis a Capital, já que também são os mais privilegiados por ela. Enquanto todos os distritos passam fome, o 1 e o 2 são tratados com uma certa dignidade, soa treinados para os Jogos Vorazes e realmente o levam como uma comemoração. São distritos diferenciados, serão muito mais difíceis de convencer a entrar na luta.

-Então nós já iremos começar a planejar a invasão deles? –uma voz anônima pergunta.

-Ainda não. –ela responde. –a invasão será nossa última opção, já que os pacificadores são vem sobre tudo do distrito 2, seria muito difícil ataca-los e saímos vitoriosos sem muitas mortes dos dois lados, portanto, isso seria apenas nossa última opção. Mas se não houver outra, é o que será feito.

-Como você pretende convence-los a lutar? Desistir de tudo para se juntar a nós? –ouço uma voz, que na verdade, é de Haymitch, que eu nem sabia que estava ali dizer.

Vejo Peeta olhar para ele tão surpreso quanto eu por sua presença.

-Bem, nós temos uma carta na manga. –ela fala com um sorriso sombrio, estrategista, maldoso e frio. O que me dava arrepios pois me lembrava o sorriso de Snow. –aparentemente, nós não iriamos mais gravar vídeos. –ela olha diretamente para Peeta e para mim. –mas devido a certas reviravoltas na história, acho que o melhor a fazer é um vídeo.

-Um... vídeo? –é Peeta quem pergunta, com uma certa incerteza e raiva na voz.

-Exato! –ela fala. –o distrito 8, por ter sido um dos primeiros a vencer a guerra e apresentar pouca destruição no território é usado como um dos principais hospitais da região que se encontra, já que é afastado do 13.

Ninguém fala nada. A mulher continua.

-E é para lá que Katniss será enviada. –Coin fala. –para gravar seu primeiro vídeo rebelde, agora que eles já não causam mais nenhum incomodo, não é mesmo Sr. Mellark?

Vejo Peeta lançar um olhar mortal para a presidenta, mas ela não parece ligar, parece até se divertir as custas de seu ódio. Mas eu continuo confusa.

-Um vídeo rebelde? –eu pergunto. –comigo?

-Você ainda é o símbolo da rebelião, seu nome, Katniss Everdeen, ainda é conhecido como revolucionário, e se rosto, o rosto rebelde. –ela fala. –assim como seu broche, a marca dela.

Eu me lembrava disso, é claro, meu Mockingjay, o símbolo rebelde. Mas eu? Não acreditava que minha imagem podia ser tão forte, quanto mais depois de ser capturada pela Capital.

-Ninguém sabe se ainda está ou não viva. –ela fala. –você é uma jogada e tanto garota, é o nosso coringa nesse jogo.

O jeito como a mulher trata a guerra como um jogo de tabuleiro e a todos nos como peças dele é tão desprezível que consigo ouvir o próprio Snow falando.

Antes que eu pudesse abrir a boca para dizer qualquer coisa, Peeta é mais rápido.

-Ela não foi treinada para estar em combate, a senhora sabe disso. –ele fala, sério e com os dente cerrados. –não pode simplesmente manda-la para lá.

-Acredito que Katniss ainda conte com suas habilidades como arqueira. –ela diz. –além do amis ela não irá para combate, irá fazer uma visita ao hospital, e ira armada com o arco que fizemos questão de providenciar com antecedência.

-Arco? –a nome da arma me chama a atenção, Coin sorri cumplice. E Peeta me encara e comprime os lábios. Quase consigo ouvi-lo dizer “Não está ajudado!”

-Claro, não queremos que ninguém vá desarmado. –ela fala. –aliás, foi seu antigo estilista quem o desenhou.

-Cinna? –o nome de meu velho amigo me faz sentir um peso de culpa sobre os ombros. Eu me lembrava que ele havia morrido, ou melhor, sido morto pouco antes de entrar na arena.

-Você irá para a guerra armada com o seu arco. E ponto final! –Coin disse.

-Então eu irei junto! –ele se prontificou, o que eu esperava, e acho que ele também, irritar a Coin, mas ela apenas deu outro sorriso vitorioso.

-Era exatamente o que eu queria ouvir. –ela disse. –sejam bem vindos a guerra, garotos!