Reveille escrita por MayaAbud


Capítulo 23
Punição


Notas iniciais do capítulo

Time Stands Still The All-American Rejects
"A vida é girada
O dia que eu soube que você sairia
Eu mal posso respirar
Voce me ouve gritar?"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/337667/chapter/23

Ponto de vista de Renesmee

_Filha. _Disse minha mãe à porta. _Você não comeu nada o dia todo... Ainda está de pijamas. _Sua voz era uma súplica. Ela tocou minha testa. Levei cerca de um minuto para assimilar o que ela dizia.

_Hum Hum. _ouvi sair de mim. Bella suspirou. Depois sua voz era baixa no corredor, um murmúrio.

_Mal imagino como ela se sente, apesar de ser minha lembrança humana mais forte. Odeio, não suporto vê-la assim. Temos que achá-lo. _Disse ela.

_Claro que podemos tentar. No entanto, Alice não pode vê-lo, e ele não tinha nada específico na cabeça, além de não estar aqui. Acredito que ele volte logo. _Houve um instante de silêncio. _Não sabe como lamento, a eternidade nunca será suficiente para me redimir. _A voz de meu pai era tão baixa quanto a dela. _Queria que ela me deixasse ouvir, talvez pudéssemos ajudá-la.

_Passaria por tudo novamente... –Silêncio. _O que Embry disse?

_Como pensamos, Jacob está muito magoado. Não poderia descrever sua dor... Bem, ele não deixou ninguém do bando falar com ele o dia todo. Não parou de correr desde que saiu. Sempre que alguém tenta falar ele volta à forma humana. Os lobos não reconhecem o pouco que viram dos lugares por onde passou. _Edward pausou. _Ela foi muito convicta no que disse, ele só pensa estar fazendo o melhor para ela, que sua presença é completamente dispensável... _desliguei-me do que dizia... Era ainda mais doloroso ouvir que a culpa era minha, e o resto não fazia muito sentido para mim.

Não sabia quanto tempo se passara. Estava cansada demais para que houvesse dormido. Tinha a sensação de que a qualquer momento ouviria sua risada rouca. Um gemido de dor escapou de meus lábios. Meus braços formando um “X” apertado no peito. Sentia como se cada milha que Jacob corria para longe, estivesse sendo marcada em meu corpo incisivamente. Era errado.

_Meu bem... _era minha mãe. _Precisa comer algo. Trouxe chocolate quente. Já são quatro da manhã. _Ela pôs o copo na mesa de cabeceira. _Vem, vamos para seu quarto... A ajudo a tomar um banho... Não faz isso comigo! _Sua voz quebrou num pranto sem lágrimas.

Eu queria dizer que sim. Ela estava sofrendo comigo, todos estavam. Mas eu não encontrava minha voz nem forças para levantar e fazer o que me pedia. Minha mãe pegou o copo e o colocou em minha mão. Sentia-me trêmula, minha cabeça girou ao tentar sentar e suas mãos sustentaram-me quando vacilei.

_Beba ou seu pai e Carlisle, vão por agulhas em você. _Bella acariciava meus cabelos enquanto eu forçava tudo garganta a baixo, na tentativa de tranqüilizá-la. _Obrigada. _Sussurrou quando terminei.

Ela continuou ali, me aninhando a ela. Um animal, lambendo sua cria ferida.

Jacob me odiava agora? Onde estaria? Eu não devia ter dito aquilo, fui cruel. Ele sempre fizera de tudo por mim e retribuí jogando tudo em sua cara de forma leviana, como se não tivesse valor, o magoei.

Não me dei conta quando Bella saiu.

Queria que ela o tivesse impedido, ou Edward... Afinal, eles também devem muito a Jacob! Não. Não podia esperar que eles corrigissem meus erros e nem podia culpá-los por eles. Eu merecia.

Esquadrinhei o quarto... A porta do closet aberta, um retrato nosso sobre a mesa do computador, o que parecia ser uma blusa jazia no chão, na porta do banheiro. Com passos ineditamente desequilibrados fui até lá. A blusa parecia limpa, mas o cheiro dele era quase embriagante. Despi-me e fui para o chuveiro, não me importando em desembaraçar meus cachos. Vesti a blusa que fora de meu irmão, que ficou enorme em mim, e peguei nossa foto no caminho de volta à cama.


***

Jacob encarava-me como quem vai dar bronca numa criança, nossas mãos unidas entre nós, na cama.

_Você foi embora. _acusei birrenta.

_Você pediu. _Disse zombeteiro.

_Idiota. _Xinguei, num sussurro.

_Monstrinha... _seus dentes reluziram no escuro e suas mãos esfriaram na minha, enquanto eu despertava. A dor voltando com toda intensidade.

_Nessie, meu amor. _Dizia minha avó vendo-me encolher em uma bola.

_Não queremos vê-la assim. O encontraremos, mas até lá tente reagir. _A voz de Esme falhou. Senti minhas sobrancelhas se unirem.

_Ela acordou. _Ouvi minha mãe dizer se aproximando e deitando atrás de mim.

_Foi bom que ela tenha dormido estas 24 horas. Vou preparar um lanche. _A voz de Esme sumia ao longe.

_Queria poder melhorar isso, meu amor. Sei como se sente. _Disse Bella em meu ouvido.

_Como está ela? _Indagou Emmett à porta.

_Na mesma. _Mamãe murmurou. Ele suspirou, era um som frustrado.

Eu sabia que quando humana minha mãe tivera uma experiência assim; no entanto, Jake não era o amor de minha vida, era meu irmão e havia partido porque eu mandara dizendo-lhe coisas horríveis, por razões fúteis e levianas, o magoando. Parecia exagerada minha reação, mas eu não conseguia desviar da dor. Ela me afogava.

Eu estava desaparecendo. As ondas me desintegravam, espalhando pedaços de mim por todo o infinito. Sentia-me em pedaços.

****

Despertei de mais um estranho estágio de transe. Sentia-me desorientada; não sabia se perdera horas ou minutos. Meu avô tirava uma agulha da dobra de meu cotovelo e limpava o sangue que brotava dali. Então tirou outra agulha de sua maleta.

_Vou levá-la ao quarto dela. _meu pai sussurrou levantando-me num movimento rápido e delicado. Eles não entendiam? Eu queria ficar ali! Ali, Ali, Ali!

_Não. _Minha voz rasgou o ar como um rugido. Debatia-me nos braços de Edward. Ele me colocou na cama, a expressão perplexa. Então falou calmo:

_Filha, não lhe faz bem ficar aqui.

_Você não entende? _Gritei. _Não entende!

_Entendemos melhor do que imagina, querida. _Carlisle tentava me acalmar.

_Nessie. _foi como um tapa, ele me chamar pelo apelido que Jake me dera. _Estamos tentando localizá-lo, mas... _Meu pai estava em agonia.

_Ele não vai voltar! _Gritei. Fiquei chocada com a forma como as palavras pareciam se encaixar em mim, com a certeza de minha própria afirmação. Era como dizer que neve é fria. O desespero borbulhou em mim como um vulcão. Meus dentes estavam trincados. Minhas mãos fechadas na lateral da cama; podia sentir a madeira afundar sob a pressão de meus dedos. Repentinamente, eu sentia gosto de ferro em brasa na língua, minha visão turvou-se em vermelho com a raiva.

A raiva vinha da certeza do que eu dissera. Certeza que eu tinha tanto quanto queria o contrário. Jacob não voltaria, eu sabia. Sabia disso em meu âmago. Meus músculos estavam tencionados, minha mandíbula exercia tanta pressão que eu sentia que podiam pulverizar granito. Então eu gritei. Gritei sem dizer nada. Numa explosão de raiva. De dor. Sentia como se onde um dia houve um coração e pulmões agora só restassem uma ferida aberta e sangrenta.

Antes que percebesse, corria pelo quarto batendo, chutando e quebrando. Um furacão deixando destruição para trás.

_Ele disse que nunca me abandonaria! Que não me deixaria! _Ouvi, ao som de uma versão estranha de minha própria voz. Lancei algo que atravessou uma parede. “Você lhe disse que sempre ia querê-lo perto”, uma voz soou em minha cabeça.

O quarto estava um caos. Tudo em fragmentos; coisas quebradas, lençóis rasgados, travesseiros tão despedaçados quanto eu. Encostei-me numa parede, já sem forças, e deslizei por ela até o chão, eu arfava. Cerrei os braços no peito e a pulseira que há anos estava ali me chamou atenção. Meus dedos trêmulos foram inúteis ao tentar tirá-la.

_Faz parte de quem você é. _Edward calmamente, segurou minhas mãos. Joguei-me contra ele; um som agudo e perturbador irrompendo, entrecortado, por meu peito. Meu pai me ninava em seu colo enquanto eu (finalmente) chorava, compulsivamente. Eu queria voltar no tempo, trazê-lo de volta. Como seria agora? Simplesmente não conseguia suportar a idéia.

_Não Jazz, é melhor que ela extravase. _ouvi Carlisle dizer, tornando-me ciente de minha platéia.

Minha mãe aproximou-se, abraçando a mim e a Edward. Não sei quanto tempo ficamos assim. Arruinei a camisa de meu pai com minhas lágrimas, até que minha mãe me tomou nos braços e levou-me ao meu quarto, parando apenas no banheiro, onde me despiu e colocou-me na banheira. A água era quente o suficiente para eu poder sentir. Fiquei ali chorando até que a água se igualou à minha pele em temperatura. Bella surgiu com um roupão, segurou-o aberto para mim.

Sentada em minha cama, tentando parar de chorar, Rose passava uma escova em meus cabelos _como quando eu era pequena_ a sensação era boa, mas eu ainda chorava. Alice saiu de meu closet com um pijama limpo, Bella entrou com uma bandeja de comida. Rosalie terminou meu cabelo, beijou-me o rosto e em silêncio desceu. Alice fez o mesmo, no entanto Bella sentou-se enquanto eu me vestia.

_Você pode ficar em casa o resto da semana se quiser. _ela rompeu o silêncio. _Acompanha as aulas depois. _Minhas lágrimas ainda caíam, e não pareciam que me dariam trégua. Balbuciei através delas e da garganta ardente e seca:

_Quanto tempo...? _Estava confusa. Sentei ao seu lado.

_Nove dias... Trancada aí dentro. _Ela tocou minha cabeça. _Hoje é terça. _Nove dias passaram sem que eu me desse conta de nada.

Não respondi, olhava para frente, encarando meu reflexo no espelho. Parecia-me mais vampira; tão imóvel quanto meu inquieto coração permitia, pálida e com olheiras... Mas as lágrimas ainda estavam ali, humanizando-me.

Era difícil respirar. Não porque não conseguia conter o pranto, ou porque minha garganta ardia seca, não importando o quanto de água eu bebesse, mas porque doía. Meu peito latejava como sangue em um hematoma. Sentia-me cansada e não lembrava de ter dormido, não lembrava de nada.

Decidi dividir meus esforços cautelosamente entre manter meus pensamentos só para mim e em parar a dor, ou resistir à ela pelo menos. Era como manter a cabeça sobre a superfície de um mar revolto. Eu teria mais sucesso se estivesse na água. Porém lutei –exausta_ até dormir.

****

_Não consigo entender. _franzi o cenho para o mar.

_Eu não conseguiria explicar. _Jake me fitava, minha pele pinicava onde seus olhos perlustravam.

_Não vai mesmo voltar? _sussurrei voltando a olhá-lo. Ele suspirou e desviou os olhos para o horizonte.

Desapontada, acordei para mais um dia. No quarto, ainda escuro, eu quase podia sentir o aroma almíscar de Jacob junto ao de maresia da praia. Parecia tão real. Era aí que a dor desatinava. Ao menos não foi um sonho tão ruim; às vezes eu acordava apavorada pelo mesmo sonho: eu, na floresta, sendo observada furtivamente por um par de olhos selvagens e condenadores. “Jacob, Jacob!” eu chamava, no entanto a floresta estava imersa em um silêncio gélido e funesto, então longe, muito longe, um uivo doloroso soava. Era aí que eu gritava magoada pela dor presente no som.

Não aconteceu muitas vezes nesses quase três meses. Mas eu sempre acordava chorando e com meus pais me acalmando. Geralmente eram só conversas amistosas, caminhadas na praia... Lembranças. Das que eu evitava enquanto acordada. Essa dor desproporcional fazia parte de minha vida agora.

Mesmo que eu evitasse pensar nisto, não esquecia um segundo. Mas eu estava forte o bastante para conviver com sua ausência. A dor e as lembranças obstinadamente ocupavam parte de minha mente, a outra parte era destinada a ocupações do cotidiano. Esforçava-me para ter um.

O motivo do esforço era minha família, especialmente meus pais. Entretanto, a verdade era que eu não tinha atenção com nada. Minhas atitudes eram mecânicas, em geral mal percebia o que estava fazendo. Não sabia sequer que animal apresara na última caçada. Isso era bom mesmo que também fosse confuso _eu não queria acompanhar a passagem do tempo. Na verdade ficava satisfeita quando no fim do dia, de repente encontrava-me em meu quarto _exceto pela expectativa de um pesadelo_ sem ter certeza de como chegara, quem dirigira ou que carro fora usado.

Graças aos meus genes vampiros eu era capaz de mentir quando preciso _Não mentir, pois não me dava ao trabalho de falar. Minha estranha genética era bem útil na hora de dissimular um sorriso, ou acenar com intensidade. Só preocupava-me com isso em casa, na escola achavam que eu tinha pirado.

Trocava poucas palavras com Suzan e Mallory, as duas desistiram pesarosamente de minha sombria companhia, e eu não me importava. Na primeira semana achavam que era a falta de Jake _todos pensavam que ele recebera uma resposta, esperada há tempos, de uma escola preparatória em Londres, e que eu estivera doente naqueles dias dos quais tudo o que me lembro é a dor.

A verdade era que a escola não era interessante o suficiente e aqueles humanos infelizmente entediavam-me, sentia-me muito mais velha que eles... Sem meu Jake nada tinha graça.

Não sentia minha parte humana. Sentia-me fria. Tinha certeza que agora mais pálida e introspectiva me enquadrava perfeitamente na imagem que todos faziam: os Cullen, em sua plena perfeição, no refeitório, alheios e desinteressados em qualquer coisa sobre o colegial.

O dia passara rápido e eu estava entre a lamúria e a gratidão. Em alguns dias entraríamos em recesso pelas festas de fim de ano. O que eu faria sem as débeis lições de casa? Meu pai tocou minha mão por cima da mesa, os olhos dourados condescendentes para comigo. Não era sempre que eu privatizava minha mente, agora que eu conseguira esta névoa para encobrir minha ferida. Além disso, o esforço de manter meu escudo, pouco vime, era estafante. Poupava para a hora de dormir.

No fim do almoço, me movi tediosamente para a classe. Sentei-me à espera do professor; a cadeira ao meu lado era vazia, já que passei cerca de dois meses ignorando a todos. Reagiam a mim como se eu fosse matá-los. O professor entrou e dei boas vindas à distração das próximas duas horas.

Só percebi realmente o fim da aula quando minha pequenina tia encontrou-me no corredor e me puxou para fora. Entrei no carro que ela destrancou a fim de esperar os outros. Não fazia idéia de quanto tempo esperei até que Jazz e Emm entraram. Vi Rosalie e Bella entrarem no carro de meu pai. Emmett falava algo sobre um jogo para o fim de semana. Ouvi-lo me deixou deprimida, os fins de semana eram os piores dias, jamais havia lições o bastante.

_Que tal algumas compras amanhã, Nessie? _Odiava acabar com a alegria de Alice, mas se eu fosse seria pior. Só não ia para a escola de moletom porque ela separava minhas roupas, tarefa da qual não se queixava.

_Melhor não tia. _Ela suspirou dando a partida no carro. Em casa eu queria limpar o chão com uma escova de dente ou limpar as vidraças, qualquer coisa que me tomasse muito tempo, mas tudo estava impecável, só me restando ir para meu quarto.

_Renesmee... _Bella entrou hesitante. _Como não acho que tenha prestado atenção nas conversas ultimamente... Devo dizer que vamos a Forks para o feriado. Tudo bem? _Demorei um pouco para assimilar, não sabia o que dizer.

_Acho... Que tudo bem. _respondi. Ela beijou meu rosto após examinar-me com cautela e saiu.

Não sabia como seria voltar a Forks, mas bom ou ruim, não seria novidade. Apenas odiava que minha família sofresse comigo. Eu trancara a melhor parte de mim com tudo que me remetia a ele em um muro dentro de mim, transformando-me num robô patético.

No entanto a saudade e a angústia por falta de notícias cresciam e logo muro algum poderia contê-los.

***

Meu estomago se retorcia de angústia e medo enquanto os pneus deslizavam pela estrada escorregadia sob a direção de meu pai. A dor era uma sombra em meu peito enquanto eu mantinha minha respiração uniforme. Mais uma vez agradeci aos meus genes vampiros por eu ser capaz de me manter inexpressiva, uma vez que meus pensamentos estavam protegidos. Claro que meu pai ficava inquieto quando eu fazia isso, ele sabia o que eu estava escondendo.

Obriguei-me a prestar atenção na conversa dentro do carro. Bella acabara de desligar o celular, Alice havia dado palpites em seu telefonema.

_Serei responsável pelo ano novo_ Alice avisou. Jasper, ao seu lado, riu.

_Preparem-se_ disse ele.

_Certo, Alice, mas comporte-se, Charlie e Sue estão muito contentes em oferecer a ceia de natal_ disse Bella. Alice arfou ultrajada.

_Eu nunca os magoaria por isso, está me ofendendo, Bella, Francamente!_ a pequenina balançou a cabeça.

_Vá com calma, Alice_ Edward riu.

_Vai ficar tudo lindo!_ respondeu ela.

Era o primeiro natal que eu passava sem Jake. Onde ele estaria? Voltei a encarar a névoa do lado de fora, entre o líquido e o gelo, tentando não chorar.

Era estranho estar de volta agora. Pensei ter levado um pedaço desse lugar comigo e agora que tinha toda a cidade e a floresta familiares era como se eu não tivesse nada, justamente porque faltava aquele pedaço. O nada era assombroso, vindo em minha direção, eu não tinha escapatória.

Logo após chegar a casa branca, mamãe quis ver Charlie, Alice e eu fomos com ela. Minhas mãos suavam, coisa rara, e eu sabia que era totalmente psicológico, enquanto as primeiras casinhas da reserva começaram a aparecer.

_Podemos voltar_ disse Bella fitando-me pelo retrovisor. Neguei com a cabeça, desviando de seus olhos de mel. Alice me olhou preocupada, mas fingi não ver.


_Meninas!_ disse vovô à porta_ Vamos entrem_ Depois que ele me abraçou, também fingi não ver a cara feia que ele fez para Bella e o olhar preocupado que ele lançou-me, achando que eu não estava vendo.

_Garotas_ disse Sue, vinda da cozinha. Afagou meu rosto ao passar por mim e foi cumprimentar Bella e Alice enquanto eu sentava no sofá.

_E então, como vão as coisas?_ perguntou Charlie. Eles mergulharam numa conversa da qual me desliguei, não me importava uma retrospectiva de como as coisas estavam. Fitei as figuras na TV, buscando por distração.

_(...)Jacob_ eu não esperava me interessar repentinamente pela conversa, mas o nome me despertou_ não deixa que ninguém fale com ele, ordenou que ninguém lhe dê conselhos_ dizia Sue_ Seth tentou falar sobre como ela está, mas não pode burlar uma ordem de seu alfa. Também está evitando contato, volta a forma humana quando o bando está correndo.

_E ele está bem?_Bella perguntou baixinho, era esse o tom da conversa.

_O que eu posso dizer, Bella..._ respondeu apenas.

Obriguei-me a não ouvir mais, meu cérebro espaçoso tinha capacidade para além de dor, culpa e saudade começar a desenvolver raiva pela atitude ilógica dele.

_Hey, irmãzinha! Alice!_ saudou Seth entrando em casa. Fiquei satisfeita de não precisar fingir um sorriso para ele, fiquei contente em vê-lo.

_Onde está Leah?_ perguntou Sue ao filho.

_Ela... _ ele me olhou um segundo_ Pediu que eu voltasse, precisava tirar umas dúvidas com Jake, ele não daria ouvidos se mais alguém estivesse lá.

_Sabe onde ele está?_ perguntei por impulso, minha voz soou péssima.

_Ele não presta atenção nas fronteiras. Sabemos que esteve no Canadá mês passado, mas agora só vemos neve, não há como saber_ respondeu pesaroso.

Com um suspiro Sue começou a falar sobre a noite de natal, mudando de assunto propositalmente. Eu não queria ficar ali, fazendo de conta que tudo estava bem.

_Vou até a praia_ disse levantando e não esperando resposta.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam da música? Confesso que escrevi tudo isso odiando a Renesmee, mas aqui eu começo a sentir pena dela, e vc's?!