Hermione P.O.V

Janeiro passou sem grandes emoções. Rony estava numa correria dos diabos com a filial de Hogsmeade, sem tempo de escrever ou de fazer visitinhas. Harry também estava finalmente finalizando os processos no Ministério, o que não o deixava com muito tempo livre.

Eu sabia que eles também estavam cuidando dos detalhes para as buscas dos meus pais, já que uma viagem para a Austrália, em tempos pós-guerra, sendo quem somos, seria no mínimo muito arriscado.

Então pode-se imaginar que eu contava os dias para 14 de fevereiro, quando haveria a visita do Dia dos Namorados para Hogsmeade. Gina estava mais ansiosa que eu e já havia me ameaçado até achar para ela uma poção que controlasse os dias de seu ciclo menstrual. Ela também era contraceptiva, então estávamos ambas a tomando. Assim como Luna, o que para mim foi uma surpresa.

_ Neville que pediu. – explicou ela com sua expressão avoada de sempre – Ele diz que o fato dos nargulés dizerem que eu não vou engravidar não é precaução o bastante.

Como já disse antes, a muito desisti de discutir com Luna sobre suas ideias. Então apenas sorrio e aceno.

Bom, em todo caso, hoje é 14 fevereiro, ou seja, dia da visita dos Dia dos Namorados a Hogsmeade e de eu afinal ver Rony desde o ano-novo. Graças a Merlin.

Eu e Gina acordamos ridiculamente cedo para começarmos a nos arrumar. Patil e Lilá ainda ressonavam tranqüilas em nosso dormitório, onde Gina também dormia, mas eu e minha cunhada estávamos a todo vapor.

Quando já estávamos quase prontas, Lilá acordou e foi até o banheiro para começar a se arrumar. Apesar da antiga inimizade que se abateu sobre nós, me ofereci para ajudá-la, já que ela ainda não se recuperou inteiramente do ataque de Grayback e alguns movimentos as vezes lhe causam espasmos de dor intensos. Eu já testemunhei isso e não é algo bonito de se ver.

Perto das 9h da manhã já descíamos para Hogsmeade. Dino havia ficado, emburrado por não ter um encontro nesse dia. Simas vinha apoiando Lilá de maneira carinhosa e eu não consegui evitar sorrir. Tenho para mim que ele gosta dela desde que a levou ao baile de inverno no quarto ano (N/A: confissão: shippo Simas e Lilá desde que li que eles foram ao baile juntos).

Dessa vez não passaríamos o dia juntos, especialmente porque Gina estava planejando fazer coisas nada católicas com o Harry, usando o termo mais trouxa e simples que conheço, num quarto da hospedaria local. Neville e Luna iam até os limites da cidade, onde ela jurava haver algum ingrediente maluco para alguma de suas maluquices. E ele como bom namorado, a acompanharia.

Simas e Lilá iriam tomar chá, uma vez que como eu já disse, ela ainda não se recuperou totalmente do ataque pesado que sofreu. E quanto a mim, meus planos envolviam ficar deitada próxima a Casa dos Gritos, envolta nos braços de Rony, curtindo o friozinho de fim de inverno e conversando muito (se algo acontecer depois, não é minha culpa).

Eles nos esperavam na entrada da cidade e eu e Gina corremos até eles assim que os vimos, quase os derrubando enquanto nossos amigos gargalhavam.

_ Deixa eles respirarem. – brincou Simas, recebendo um tapinha da namorada.

_ Eu não vejo minha namorada há um mês cara... Se ela quiser me estrangular com um abraço, ta liberado. – disse Harry também rindo, após dar um beijo em Gina que quase foi inapropriado.

Após um rápido social, cada um tomou seu rumo. Vi que Rony carregava uma mochila, mas não fiz mais perguntas, apenas caminhando de mãos dadas com ele em direção ao nosso lugar particular perto da Casa dos Gritos.

Lá chegando, ele pôs a mochila no chão e me puxou, dando um beijo quase tão inapropriado quanto o que Gina deu em Harry.

_ Tava com tanta saudade Mione. – sussurrou ele, colando nossas testas – Você não faz ideia de como tem sido uma loucura as coisas, especialmente sem você comigo.

_ Calma amor... Mais três meses e acabar. – prometi – Ai nós vamos atrás dos meus pais.

_ Nós os encontraremos e voltaremos com eles para cá. – garantiu ele – E depois começarei a treinar para auror e você a estagiar no Departamento de Leis do Ministério.

_ O que tem na mochila? – perguntei torcendo para ser comida, porque estava azul de fome. Ele riu, me dando um selinho e caminhou até a mochila. Apanhou a varinha e com um feitiço não-verbal, derreteu um pouco da neve, limpando um pedaço de grama. Então estendeu uma toalha, sentando-se e fazendo sinal para que o acompanhasse.

Quando me sentei, ele pegou um grande cobertor, envolvendo nós dois e eu ri. Ele tirou da bolsa uma garrafa de chocolate quente e alguns biscoitos e tortinhas de Molly, sorrindo. Ele colocou aos nossos pés e me puxou para o meio de suas pernas, me abraçando e apoiando a cabeça no meu ombro, enquanto comíamos.

 Durante as duas horas seguintes, ele relatou seu último mês para mim e eu para ele. Contei para ele sobre estar pensando em virar uma animaga e ele deu risada, dizendo que se eu quisesse virar uma lontra como meu patrono, ele faria questão de virar um Jack Russel Terrier, como seu patrono. Quando perguntei porque, ele me olhou espantado.

_ Vai dizer que você não sabia que, essa raça especifica, é usada para caçar lontras? – perguntou ele e eu neguei, fazendo-o rir – Eu sei algo que a sabe-tudo não sabe?

Lhe dei um tapa, enquanto ele ria mais e me beijava. Não pude deixar de me sentir emocionada com a informação. Talvez fosse verdade, que nós dois sempre havíamos sido para ser.

Ficamos um tempo ali sentados, apenas apreciando a presença um do outro. Um tempo depois, Harry e Gina apareceram e nos avisaram que já era quase metade da tarde, o que nos pegou de surpresa. O tempo parecia não ter passado.

Levantamos e caminhamos até Madame Rosmerta, onde havíamos combinado de encontrar os outros casais. Neville e Luna estavam de chameguinho, o que era estranho, levando em conta que quase nunca víamos grandes demonstrações de carinho entre eles. Lilá por sua vez estava apoiada em Simas e parecia dormir.

_ Ela quis caminhar um pouco. – explicou ele – Mas está desacostumada a muito exercício e coisa assim. Deixem-na descansar.

Conversamos mais algum tempo até Lilá acordar e se juntar a nós. Por fim a hora de irmos embora chegou e novamente eu não queria ir. E para minha surpresa, eu não teria que fazê-lo.

_ Avisei McGonnagal que nós tínhamos que resolver algo sobre a viagem dos seus pais. – explicou Rony sorrindo.

_ Sua mãe aprovou isso? – perguntei e ele gargalhou, junto de Harry.

_ Molly acha que nós dois vamos passar a noite no Largo Grimmauld. – explicou meu amigo – Eu na verdade vou para casa de Andrômeda, ver o Teddy. E vocês dois... Não derrubem minha casa está bem?

Eu corei até a raiz do cabelo, junto de Rony, enquanto todos riam absurdos. Nos despedimos deles, já sabendo que Gina ia começar o chororô. Caminhamos um pouco até apartarmos e nem bem pisamos na porta da casa, Rony já me puxou para dentro aos beijos.

_ Es-es-espera Rony. – pedi rindo e ele me olhou – Quero te dar seu presente.

Ele concordou e caminhamos até a sala, sentando no sofá. Peguei minha bolsinha do bolso interno do casaco e abri, puxando um grande embrulho.

_ Espero que goste. – garanti e ele abriu, revelando um livro sobre os Chudley Cannons.

_ Valeu Mione. – disse ele maravilhado – Afinal um livro que vou ler.

Eu ri, enquanto ele se levantava correndo, fazendo sinal para que eu esperasse. Fiquei sentada enquanto ele aparatava no andar de cima e voltava, carregando um embrulho.

_ Tenho trabalhado nisso no meu tempo livre. – disse ele me entregando o embrulho.

Abri meio temerosa, mas me espantei ao ver a capa dura de um livro. O observei e ele fez sinal que eu abrisse. Abri e quase chorei.

“Rony e Hermione – Nossa história”

_ Não está completo. – disse ele – Pelo menos, espero que não. Tem muito espaço ai para você preencher conforme os anos forem passando. Quando a gente se casar, tiver nossa casa, nossos filhos, nossos netos...

Comecei a virar as páginas, vendo diversas fotos dos últimos anos. Fiquei intrigada de onde ele havia tirado aquelas fotos, e ele sorriu envergonhado.

_ É um feitiço. – explicou ele – Pra se transformar as lembranças em fotos. A lembrança tem que ser bem vivida, mas por sorte, todas as minhas lembranças com você são assim.

Observei uma, eu lançando meu patrono e o dele passando correndo ao lado e uma observação escrita a tinta: Um cão a procura de sua lontra. Sei que ele queria ser fofo, mas tive que rir.

_ É lindo Ron. – garanti emocionada – O melhor presente do mundo.

_ Bom... Que tal agora irmos para cima, para nos darmos mais um presente? – perguntou ele corando – Monstro só vai nos levar o jantar daqui há algumas horas...

_ Harry está pagando o salário dele em dia? – perguntei e ele revirou os olhos rindo.

_ Todo dia 15 e 30 o Harry dá o salário dele, mesmo contra a sua vontade. – garantiu Ron – Se quiser pode ir ver no quarto dele... Tem pilhas de moedas de ouro.

_ Confio na sua palavra. – garanti – Mas vamos que a cada minuto perdido está contando.

E o resto é história.