A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 7
Capítulo 7 - Primeiro Desafio


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Gente, estou super correndo, então vou responder os reviews nesse fim de semana! Amei todos!



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Me levantei da cama no mesmo segundo, amaldiçoando a mim mesma. Como pude esquecer de Fred? Que tipo de vampira eu sou?! Que tipo de amiga eu sou?!

–Talvez eu possa sair para dar uma volta, e quem sabe encontrar o Fred...

Tinha de admitir que era uma ideia tentadora, já que ninguém estava olhando. Sair da casa sem ser vigiada, era algo que eu estava querendo muito. No entanto, não queria que Carlisle ou Esme pensassem que fugi, poderiam ficar preocupados ao não me encontrar. Então, peguei um papelzinho no bloco de anotações que estava sobre a escrivaninha e escrevi:

Fui dar uma volta na floresta. Volto logo, Bree.

Deixei o papel sobre a cama, fui até a porta de vidro e pulei pela janela. Achei melhor ocultar a parte sobre procurar meu amigo, pois isso poderia preocupar ainda mais os Cullen. Afinal, eles sabiam que todos do meu antigo clã só se alimentavam de sangue humano. Saber que ainda restava algum pelas redondezas, com certeza os deixaria preocupados.

Ao pular a janela, dei um grande salto, querendo aterrissar longe da casa para evitar algum Culen – leia-se Jasper – na minha cola. Aterrissar mais longe diminuiria a chance de algum dos vampiros ouvir que eu saí.

Quando cheguei ao solo, pude ver que o céu já estava completamente escuro. Provavelmente, eram umas oito da noite, o que significava que era seguro sair. Não iria encontrar nenhum humano agora, na floresta. Por isso, não hesitei em correr floresta adentro, me distanciando da casa. Enquanto pulava pelas árvores e evitava os lugares que Rosalie e Emmett disseram para evitar, comecei a pensar em Fred.

Será que eu o encontraria? Ele dissera “um dia”, então ainda havia tempo. O prazo ainda não vencera. Fred havia combinado me encontrar no Riley Park, em Vancouver. Talvez, se eu corresse, ainda conseguiria encontrá-lo e explicar que estava tudo bem. Olhei para trás, para a casa, que ainda era visível. Será que eu voltaria ou seguiria com Fred?

Pensei em Esme, me implorando para avisá-la.

Eu ia voltar. Tinha certeza. Pelo menos para avisar que seguiria com Fred, se decidisse ir com ele. Aumentei a velocidade, já sabendo para onde iria. Próximo destino: Vancouver

Corri sem parar, como um cometa. Devido à grande velocidade, não demorei a chegar perto da cidade, e de onde estavam os humanos. As já familiares dúvidas começaram a surgir em minha cabeça, dúvidas como “Será que estar tão saciada vai me impedir de ficar com sede?”, ou “E se algum humano aparecer na minha frente, o que vou fazer?”, e até “Jasper vai me matar”.

Porém, todas essas perguntas desapareceram abruptamente, quando minha atenção foi voltada para outro lugar.

Um imenso lobo cor de areia acabava de entrar na minha frente.

–Merda! – praguejei, enquanto tentava frear bruscamente para não trombar com o lobisomem.

Foi um pouco trabalhoso, afinal eu estava em uma velocidade bem alta. Apesar disso, consegui estacar alguns metros antes dele, que não se moveu. Apenas me observava, cauteloso e com os olhos perspicazes.

Por um segundo, me perguntei o que ele estava pensando. Porém, já no outro segundo, eu já sabia. O lobo achava que eu estava caçando humanos, pois estava sozinha e corria muito rápido. Como se estivesse fugindo dos Cullen.

Como se isso fosse possível, pensei ironicamente. Com Alice vendo o futuro, Edward lendo os pensamentos e mais as habilidades físicas daquela família. É impossível fugir deles, eu não quero fugir.

A gigante criatura não esboçou qualquer reação, além de me acompanhar com o olhar. Quando o silêncio começou a ficar incômodo, resolvi dar o primeiro passo:

–Oi.

Apenas um murmúrio, mas eu sabia que ele conseguiria ouvir. Alguns segundos se passaram, sem que o lobo sequer se movesse. Já estava desistindo de esperar uma resposta, ao ser surpreendida pelo aceno de cabeça dado por ele.

Um aceno de cabeça, uma olhada na direção da cidade e depois de volta para mim. Captei a mensagem, o lobo estava perguntando se eu iria à cidade. Se eu iria caçar.

–Não estou caçando.

O lobisomem inclinou a cabeça para o lado, como se perguntasse “o que faz aqui então?”.

–Estou procurando um amigo, que está em Vancouver. Preciso me encontrar com ele.

Depois de dizer isso, olhei para a cidade ao longe, um pouco aflita. Mesmo que eu ainda tivesse umas vinte horas, Fred poderia concluir que eu estava morta, e partiria sozinho. Eu não podia deixá-lo ir, não sem avisá-lo sobre o mundo dos vampiros, que é muito diferente do que imaginávamos. Além de querer me despedir de meu amigo, que me protegera naqueles meses difíceis em que sobreviver era um desafio constante.

Sorri, sem graça, para o lobo. Ele estava sozinho, e agradeci por isso. Se Sam e os outros estivessem com ele, provavelmente não se dariam ao trabalho de perguntar e esperar que eu respondesse. Essa criatura cor de areia, estranhamente parecia mais amigável do que as outras.

No entanto, eu não podia perder muito mais tempo. Precisava encontrar Fred.

–Tenho que ir – murmurei.

O lobo hesitou, como se estivesse pensando se me deixaria passar ou não. Mesmo não tendo os poderes de Edward, quase pude ler seus pensamentos “Se eu deixá-la passar, ela pode caçar humanos”.

–Não vou machucar ninguém – prometi, um pouco mais alto do que antes.

Foi engraçado ver como os olhos dele se arregalaram, o que indicava que eu acertara. Apesar de ter hesitado mais um pouco, esse lobisomem devia ter simpatizado comigo, porque saiu da frente.

Juro. Ele simplesmente saiu da frente, depois de ter me dado uma encarada séria. Novamente consegui entender o recado, e assenti:

–Obrigada. Prometo não caçar nada.

A criatura acenou novamente, e depois desapareceu entre as árvores. Me virei na direção da cidade, e logo estava correndo à toda velocidade. Para resumir o percurso até lá, vou dizer apenas que cheguei à Vancouver em poucos minutos.

Quando me aproximei mais das casas prendi a respiração, por precaução. Corri até o Riley Park na mesma velocidade de humanos, pois ainda havia muitos deles nas ruas. Se eu estivesse respirando, concluí que teria cedido ao instinto e teria atacado pelo menos uns dois. Eu passava longe deles, atravessando a rua ou virando uma esquina sempre que vinha algum humano, mas mesmo assim tive que controlar o impulso de saltar sobre eles. Algumas vezes, ia pelos telhados, tentando não chamar atenção.

Foi extremamente difícil, mas não sentir o cheiro, estar saciada e me afastar, tornaram as coisas mais fáceis.

Ao chegar em frente ao Riley Park – não pude deixar de notar o quão irônico era o nome daquele parque –, notei alguns guardas em vários locais, principalmente na entrada. Constatei que o parque estava fechado, por já ter anoitecido e ficar tarde.

–Ei, garota! – chamou um dos guardas. – Não pode ficar perambulando por aqui a essa hora!

Na verdade, o homem não parecia me ver direito. Estava com os olhos cerrados, tentando enxergar melhor na sombra em que eu estava. Relutante, saí da sombra e fiquei sob a luz dos postes.

Não respire, lembrei a mim mesma. É só não respirar.

Os olhos do guarda se arregalaram ao me ver, e ele imediatamente adotou uma pose diferente. Passou a mão nos cabelos, pigarreou, ajeitou as roupas e engoliu seco.

Droga, o movimento no pescoço havia me chamado a atenção.

Ignore as veias e o sangue pulsando no pescoço dele!, ordenei em pensamento.

A ideia de matar os guardas ali passou por minha cabeça e fez minha garganta formigar, mas só de imaginar a decepção de Carlisle e Esme, de todos os Cullen, fiquei com peso na consciência. Afastei o desejo balançando a cabeça.

Vou encarar isto como um desafio, uma primeira prova perto dos humanos. Posso fazer isso.

–Moça linda, me perdoe, mas o parque está fechado... – disse o homem, visivelmente querendo ser galanteador. Tive vontade de revirar os olhos, mas percebi que poderia usar aquilo ao meu favor.

Não preciso matá-lo para entrar aqui, posso usar uns truques básicos de sedução. Nunca fiz antes, mas vou tentar.

Eu estava arquitetando o plano em minha cabeça; era perfeitamente possível. Só exigiria um gigante autocontrole, e muita força de vontade. A segunda eu tinha, já a primeira, provavelmente não.

–Moça? Está ouvindo?

Esse era outro problema. Para entrar ali, teria que conversar como humano. E para isso, deveria respirar. Puxar fôlego, e ao fazer isso, sentiria o cheiro.

O homem estava se aproximando, e instintivamente recuei. Eu poderia tentar me controlar a uma distância segura, mas um humano se aproximando daquele jeito, era tentador demais. Perigoso demais.

Puxei o ar entre os dentes só por um segundo, e nesse segundo, passaram na minha cabeça milhares de coisas.

Milhares de planos para matá-lo.

Milhares de sabores que aquele sangue poderia ter.

Milhares de formas de me alimentar de todos ali, e depois fugir.

No entanto, uma minúscula parte racional sobrou. Ela era pequena, comparada ao desejo de caçar. Mas, aquela parte me chamou a atenção, pelo simples fato de não estar direcionada à sangue e morte. Naquela parte, os rostos dos Cullen passavam por minha cabeça, e suas vozes:

“Edward, não é justo eles a destruírem. Ela não fez nada”.

“Nós vamos nos responsabilizar pela menina.”

“Venha então, Bree. Seja bem vinda à nossa família.”

“Bree, se quer ser uma Cullen, terá que caçar apenas animais e abster-se de sangue humano. Acha que consegue fazer isso?”

“Sou assim porque quero a segurança para minha família. Se vai ficar conosco, admito que no começo serei muito rígido. Todos seremos. Porém, se conseguir se controlar e provar que pode ficar perto de Bella e de nós sem nos machucar, não serei mais assim.”

“É uma de nós agora, Bree. É uma Cullen.”

“Lembro exatamente como era no começo, em uma família nova, uma vida completamente diferente a que estava acostumada. Sei como é se sentir perdida, por isso quero tanto te ajudar. Quero que fique bem, como eu fiquei.”

“Fico muito feliz, querida! Ah, Bree, aquela janela na parede, se você quiser, poderá usar como porta, caso queira dar um passeio... mas, se você resolver... se resolver ir embora, poderia me avisar, por favor? Eu gostaria de poder me despedir de você.”

Ao pensar em tudo isso, tudo que passara, todo o cuidado que a família tivera comigo... minha razão voltou. A névoa de desejo recuou subitamente, me deixando lúcida o suficiente para não atacar o humano.

–Garota linda, pode me ouvir?

Mais firme que antes, respirei rapidamente outra vez e disse:

–Posso. Esqueci minha bolsa aqui mais cedo, e vim buscá-la.

–Ah, moça, sinto muito... o parque já está fechado. Venha buscar amanhã, e nós aproveitamos e conversamos mais. Que tal? – ele sorriu, ainda me cantando. Já que o guarda parecia tão interessado, decidi usar minha beleza vampírica.

Abri um grande sorriso, vendo o cara ficar estupefato por alguns segundos.

–É rapidinho, seu guarda. Sei o quanto valoriza seu cargo, e prometo não lhe trazer problemas. Só pegarei minha bolsa, bem rápido.

Ele demorou a responder, e quando o fez, gaguejou:

–O-Olha, me desculpe, garota... não tem como mesmo...

–Por favor, seu guarda? Por favor? – pedi com a voz manhosa, apesar de que começar a ficar em pânico. Meu autocontrole estava bom, mas não duraria para sempre. – É rápido, juro.

O humano hesitou um pouco, e isso exigia medidas desesperadoras.

–Depois, você poderia me acompanhar a um sorvete, seu guarda? Adoraria a sua companhia – usei a voz mais sedutora o possível, e pisquei com um olho.

Não acredito que estou fazendo isso.

Pelo menos, funcionou. O guarda piscou aturdido, e assentiu:

–Claro, moça linda...

Assim que ele permitiu, me virei e saí correndo, desesperada para me afastar daquele cheiro enlouquecedor. Pude ouvir os suspiros e murmúrios dele por um bom tempo ainda: “que garota mais linda...”, “que sorriso, que voz, que corpo, que olhos!”, “ela é bem mais nova, mas não me importo”, “imagino a cara dos outros quando me virem com uma beldade daquelas”. E por aí foi.

Quando estava a uma distancia segura – com o guarda a centenas ou milhares de metros atrás –, me permiti relaxar.

–Cara, não acredito que fiz aquilo! Deus, a que ponto cheguei para não matá-lo? Eu seduzi um humano! Meu Deus!

Ao mesmo tempo em que praguejava, estava orgulhosa de mim mesma Não diria isso a Carlisle, mas poxa, consegui ficar a poucos metros de um humano, conversar com ele, e ainda não matá-lo!

Os Cullen ficariam orgulhosos de mim.

–Bree? É você? – uma voz surgiu, e não demorei a identificar de quem.

–Fred!

Corri na direção da voz, e encontrei o meu amigo vampiro sentado num galho de árvore, em uma parte cercada de pinheiros. Percebi que também não respirava, e me perguntei o por quê, afinal ele caçava humanos. Por que os estava evitando?

O enorme vampiro sorriu ao me ver.

–Bree! Você está viva!

–É... estou. É bom ver você, Fred! Pensei que iria embora – disse também sorrindo, e pulando para o galho onde ele estava. Ao ficarmos lado a lado, quase o abracei – um costume recém-adquirido –, mas recusei o pensamento. Fred não estava acostumado com essas coisas, e iria estranhar.

–Eu quase fui, mas decidi esperar – então, olhou ao redor como se procurasse algo. – Onde está Diego?

Meu sorriso desmoronou na mesma hora.

–Ele... ele não pôde vir.

–Diego morreu na luta? – o vampiro entendeu, e foi cauteloso ao perguntar.

–Não. Riley e Victoria o mataram... antes da luta.

–Victoria? Riley? Espere... o que aconteceu? –Ele perguntou.

Dei um suspiro alto, encarei o céu e disse:

–Temos muito a conversar, Fred.

–Bree, seus olhos estão mais claros – observou Fred, espantado.

–Realmente, temos muito a conversar. Ouça com atenção.

Comecei do começo, de todo o plano de Riley e Ela – que pude dizer, chamava Victoria –, da chacina planejada para os Cullen, da morte de Diego, de como fui salva pelos vampiros de olhos amarelos. Expliquei toda a história, não omitindo nenhum detalhe, contando inclusive sobre minha nova dieta e minha última tentativa de sedução.

–Você seduziu um humano para não matá-lo – admirou-se Fred, ainda estupefato com tudo. Eu não o culpava pela surpresa; era um mundo completamente diferente do que ele imaginava e conhecia.

A melhor parte foi quando contei que, quem me ajudara inicialmente, fora a humana que treinamos tanto para matar.

–Ela te ajudou?! Por que?!

–Você não vai acreditar.

–Na verdade, estou tendo dificuldade para acreditar em tudo. Só sei que não está mentindo por ser você, mas se fosse qualquer outro, eu duvidaria.

–Obrigada pela confiança. A explicação sobre a humana é ao mesmo tempo simples, e inacreditável: ela e um dos vampiros de olhos amarelos estão juntos.

–Juntos... você quer dizer...

–Eles se abraçam, se beijam, ficam direto juntos!

–Isso não é possível! – exclamou meu amigo, maravilhado.

–Acredite, eu também achava isso até ver acontecer. E o mais incrível de tudo é que eles são uma família de verdade, Fred. Os Cullen me acolheram como uma filha, me tratam muito bem e têm esperança que vou conseguir viver como eles. Por isso fiz um esforço tão grande para não matar aquele guarda. Não quero decepcioná-los, não depois de toda a confiança que depositaram em mim. Eu tenho até um quarto lá! Em menos de três horas, já ganhei um quarto e um lugar na família.

–De certa forma, acho que foi o que você sempre quis quando humana, não era?

–Uma família de verdade, poder me alimentar sem correr riscos, não ter medo de morrer todos os dias... é o que sempre quis, não só quando humana – sussurrei.

–Já quis isso também, quando fui transformado, mas desisti – murmurou Fred ao meu lado.

–Consigo imaginar... mas você é poderoso, Fred. Ninguém conseguia chegar perto de você, podia ter escapado. Por que desistiu?

–Parecia impossível, e eu já não tinha muitas esperanças. Quando virei vampiro, tudo foi tirado de mim. Tudo que lutei para conquistar, e me esforcei. Ao constatar isso, perdi a vontade de tentar. Dois dias naquela casa já foi o suficiente, para desistir dessa ilusão – comentou, amargo.

Suas palavras fizeram um efeito imediato em mim, e logo me vi preocupada com meu amigo. Eu queria ajudá-lo, não podia deixá-lo sozinho nesse mundo, não podia abandoná-lo. Fred me protegera por muito tempo, e era a minha vez de fazer algo por ele.

–Fred, tenho uma proposta para você.


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Notas finais do capítulo

Grande beijo!