A Breve Segunda Vida De Bree Tanner - Novo Começo escrita por Zoey


Capítulo 1
Capítulo 1 - Estou livre?


Notas iniciais do capítulo

Minha segunda fic postada, espero que gostem!



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Era isso, então. Eu ainda não tinha medo. Só lamentava não poder contar mais sobre aquilo tudo a Fred. Ele entraria quase totalmente às cegas naquele mundo cheio de regras perigosas, policiais sujos e bandos misteriosos. Mas Fred era inteligente, cuidadoso e talentoso. O que poderiam fazer com ele, se nem conseguiam vê-lo? Talvez os de olhos amarelos um dia o encontrassem. Sejam bons para ele, por favor, pensei para o leitor de mentes.

– Cuide disso, Felix – disse Jane indiferente, apontando para mim com um movimento de cabeça. – Quero ir para casa.

Olhei o grandalhão chamado Felix assentindo e sorrindo cruelmente, enquanto vinha em minha direção. Como eu sabia que não adiantava tentar lutar ou fugir, entreguei os pontos. Me preparei para morrer, fechando os olhos e abraçando meu próprio corpo.

Ao fundo, pude ouvir um lamento de Esme, e um xingamento conjunto do leitor de mentes e de Carlisle. Sorri melancolicamente, pensando em como seria viver com aquele estranho e simpático bando de olhos amarelos.

Quando ele estava a apenas dois metros de mim (pude distinguir a distância com minha audição apurada de vampira), a humana, chamada Bella, disse bem baixinho:

–Espere!

Abri meus olhos no mesmo momento, me perguntando que diabos aquela garota estava pensando. Ela era louca? Para confrontar os Volturi, só podia ser.

Felix parou, olhando para a humana incrédulo. Depois, direcionou o olhar para Jane, que parecia surpresa que a mesma tivesse a coragem de dizer algo.

Levantei os olhos, finalmente, para a garota, percebendo que o leitor de mentes também tinha seus olhos arregalados e em sua direção. Na verdade, todos os vampiros no lugar, de olhos amarelos ou vermelhos, encaravam-na enquanto compartilhavam a incredulidade no rosto.

–Como é? – disse Jane que fingia estar achando engraçado, mas era possível ver que estava um pouco irritada.

A garota olhou para mim, depois chegou mais perto do vampiro de cabelos cor de bronze e sussurrou algo para ele. Embora ela estivesse falando bem baixo, todos podíamos ouvi-la.

–Edward, não é justo eles a matarem. Ela não fez nada.

–Eu sei, mas não podemos fazer nada, amor.

Amor. Então eles realmente formavam um casal, como eu suspeitava. Apesar de ser a coisa mais improvável do mundo, era inegável o vínculo que possuíam. Quase dava para ver o amor, quando seus olhares se cruzavam.

Senti uma dor no peito, ao pensar em como já tivera essa chance e a deixara escapar. A falta de Diego era tão intensa que quase me fazia ofegar, se eu pudesse naquele momento. Contive o ímpeto de fazer tal ato, pois sabia que se fizesse, iria atrair a mira de Jane novamente para mim.

Mira que estava direcionada para aquela estranha humana, de cabelos castanhos. Não posso negar que estava extremamente surpresa (e até, incrédula) por a garota – que eu desejava tanto beber seu sangue – estar preocupada comigo e tentar me ajudar.

–Edward, por favor! –Disse ela, atraindo novamente minha atenção para o estranho casal. Pude ouvir que Esme ecoou o pedido, alguns metros atrás. Meus olhos astutos captaram quando Carlisle lançou à esposa um olhar de alerta que ela ignorou, cravando os olhos em Edward reforçando o que dissera.

Esme queria realmente me salvar. 

–Edward... – pediu a humana outra vez, direcionando seus olhos castanhos para mim e deixando-me sem reação.

O leitor de mentes seguiu seu olhar, encontrando o meu. Algo em seu rosto mudou enquanto me observava, e sua postura rígida relaxou minimamente.

Ele suspirou, depois virou-se para o vampiro bondoso, Carlisle.

–Carlisle, podemos falar a sós por um momento?

O patriarca concordou, porém se dirigiu aos Volturi antes de se virar:

–Nos dão um minuto?

Para minha surpresa, Jane assentiu. Na verdade, mal parecia prestar atenção no que ele dizia, pois estava muito ocupada estreitando os olhos para a humana. Reconheci aquele olhar duro e calculado, e esperei a pobre menina gritar e se contorcer de dor. O que, estranhamente, não aconteceu.

Edward olhou para aquele vampiro que queria me matar, o Jasper, em seguida para a garota humana. Jasper assentiu, e rapidamente se postou na frente dela, bloqueando o olhar de Jane. A loira fez uma cara irritada, se preparando para jogar seu horrível poder naquele vampiro.

–Jane, você disse que nos daria um minuto – lembrou Carlisle, suavemente.

A vampira grunhiu, mas tirou seus olhos amedrontadores de Jasper.

–Um minuto, Carlisle. Nada mais.

Carlisle concordou com um rápido aceno de cabeça, e ele e o de cabelos cor de bronze correram para fora da clareira, além das árvores. Logo entendi o que queriam fazer: ficar longe dos ouvidos agudos de Jane e do resto dos Volturi.

Enquanto estavam fora, percebi que todo o bando de olhos amarelos se agrupou mais, ficando o grandalhão e maior na frente de todos. Jasper se encontrava logo atrás dele, e atrás de si estava a morena de olhos castanhos. Em volta dela, todas as mulheres do grupo ficaram em uma posição, rodeando-a protetoramente.

Me perguntei pela milésima vez porque a garota era tão querida e protegida por eles, sendo apenas uma humana. Nunca, em toda a minha breve segunda vida, havia visto algo assim.

Por trás de todos os vampiros protetores, a humana me olhava com medo. Mas, estranhamente, não parecia com medo de mim, e sim por mim. Embora ainda desejasse ardentemente beber seu sangue, comecei a ter uma leve simpatia para com ela. Afinal, havia mesmo tentado me salvar.

Os Volturi, por sua vez, pareciam não acreditar que aquilo estava realmente acontecendo e se entreolhavam incrédulos. Jane, apesar de ter dito que esperaria, parecia igualmente irritada e impaciente.

Felix, em um impulso, rosnou alto e começou a avançar em minha direção. Abracei meu próprio corpo novamente, mas acabou nem sendo necessário. Uma das vampiras do bando de Carlisle, a linda, alta e loira, sibilou:

–Eles vão voltar. Esperem.

Felix recuou, apesar de ter arreganhado os dentes e grunhido para a linda vampira. Ela fez menção de fazer o mesmo em resposta, mas no mesmo momento foi interrompida por Esme:

–Rosalie, não – advertiu a matriarca, preocupada. Rosalie, agora eu sabia o nome, assentiu a contragosto e não fez mais nada.

Tudo isso aconteceu no tempo exato de um minuto, e antes que Jane pudesse dar um sorriso vitorioso e mandar nos atacarem, Edward e Carlisle apareceram entre as árvores e correram rapidamente até nós.

Assim que se encontravam em frente ao bando, Edward tomou a palavra e disse:

–Nós vamos nos responsabilizar pela menina.

Olhei para o leitor de mentes surpresa, assim como Jasper e todos os outros. Pude sentir o sentimento incrédulo se espalhando novamente no lugar.

Todos os vestígios de humor de Jane desapareceram, e não parecia achar graça nenhuma naquilo. Sua voz saiu extremamente fria, quando ela sibilou:

–Creio que esta escolha não seja sua, Carlisle.

–Jane, apenas nos escute... – pediu Edward.

–Não podemos deixar que ela viva – interrompeu a loira. – Não há segundas chances para aqueles que infligiram as regras.

–Não infligiu. Foi criada, e não teve culpa. Ninguém a ensinou! – replicou, um pouco mais enérgico que o de costume. – Deixe que tomemos conta dela.

–Isso não será possível. –Jane quase rosnou.

–Jane, falarei com Aro e pedirei a ele. – anunciou o patriarca do bando de olhos amarelos, calmo.

–Não há essa opção. –respondeu, com a voz dura como aço.

–É melhor que concorde, a não ser que queira decepcionar Aro. Ele é amigo de Carlisle há muito tempo, e não ficará satisfeito se você não permitir que Carlisle fale com ele. –Edward retrucou, sem gentileza. – Além de que, sabemos de alguns podres de vocês.

A loira imediatamente refreou sua ira, encarando-o com os olhos faiscando.

–Podres? Do que está falando?

–Ora, Jane. Até parece que você se esqueceu de que posso ler mentes – ironizou.

Para a surpresa de todos, ela se retesou, e após alguns segundos grunhiu:

–Tudo bem. Vocês poderão falar com ele, mas a garota vem conosco. Até que se encontrem com Aro, essa recém-criada ficará sob nossa custódia.

Percebi que se eu fosse com Jane, seria morta de qualquer jeito. Pois, assim que os de olhos amarelos fossem embora ela me mataria, ou então faria algo horrível comigo como me deixar com sede ou arrancar meus membros. Estremeci.

–Não. – disse Edward, surpreendendo-me. Ele estava desafiando aquela vampira que tinha o poder de fazê-lo queimar, mas não parecia ter medo dela.

–Como disse? –Jane parecia surpresa também, e enfurecida.

–Ficaremos com ela, Jane. Até falarmos com Aro, ela ficará conosco.

A vampira sibilou, com a voz ameaçadora:

–Receio que isso não será possível.

Edward ainda não parecia ter medo. Na verdade, parecia estar se divertindo.

–Será. E acontecerá.

–Não. – se curvou, como que para atacá-lo. Vi um movimento pelo canto do olho, e reconheci Esme, que parecia estar apavorada com a vampira estar prestes a atacá-lo. Se eles fossem uma família de humanos, eu deduziria que aquela seria com certeza a mãe.

–Se eu fosse você não faria isso, Jane. Será mais um dos seus podres adicionados à lista.

Como da outra vez, a loira se retesou, saindo de sua posição ameaçadora.

–Você não ousaria...

–Quer apostar? – desafiou Edward, com os caninos reluzindo.

Todos os rostos naquela clareira estavam confusos, exceto o meu, o de Jane, Edward e Carlisle. Rapidamente cheguei à conclusão que quando Edward e Carlisle foram conversar fora da floresta, ele contara à Carlisle tudo que provavelmente lera em meus pensamentos.

–Edward... o que quer dizer? – perguntou Jasper, após alguns segundos de silêncio.

O vampiro de cabelos cor de bronze abriu um grande sorriso, enquanto se dirigia à Jasper.

–Jane e Felix sabiam que o bando de Victoria ia nos atacar. Eles queriam que fôssemos destruídos, e até chegaram a ajudar Victoria e Riley. Sabiam de tudo, e chegaram aqui tão rapidamente para conferir se o serviço foi bem feito.

Ao contrário do que todos esperavam, dei um pequeno sorriso de satisfação. Então, Edward havia mesmo entendido quando eu dissera que Jane sabia de tudo. Meu sorriso se alargou minimamente.

E, infelizmente, a vampira malévola percebeu.

–Sua maldita! Foi você, não foi?!

Me encolhi, sabendo o que viria a seguir. Aquela dor horrível e excruciante, como se eu estivesse no meio de uma fogueira.

Porém, segundos antes de isso acontecer, ela foi interrompida por uma voz satisfeita.

–Jane, é impressão minha ou você acabou de confirmar o que acabei de dizer? – questionou Edward, erguendo uma sobrancelha presunçosamente.

Os olhos vermelhos da loira se estreitaram, enquanto ela me encarava com ódio.

–Nem pense nisso. Lembre-se que tudo que aconteceu aqui está gravado na mente de todos nós, Jane. E quando Aro ver, não ficará satisfeito, não acha?

A vampira finalmente parou de me encarar, e se virou para Edward irritada.

–Seu...

–Acho que é a melhor opção para todos vocês, no fim das contas – disse ele, ainda mais presunçoso.

Pude ouvir, ao fundo, uma das vampiras Cullen abafando uma risadinha com a mão, algo que deixou o clima ainda mais pesado. Alguns minutos se passaram, nos quais Jane parecia considerar as possibilidades. Quando ela finalmente decidiu falar, saiu praticamente um rosnado.

–Edward, quem inflige as regras não pode sair impune!

–Jane, por favor – ironizou. –Nós sabemos o que vocês andaram fazendo. Vocês foram até à casa de Victoria, e sabiam que eles viriam nos atacar. Não só isso, queriam o sucesso deles. Nós já sabemos disso, Jane. Não nos trate como tolos. Depois de tudo isso, ainda tem a coragem de dizer que quem infligiu as regras foi a garota?

A loira olhou para mim, com fúria. Estava claro que sabia que era eu quem havia contado isso ao leitor de mentes. Agora que eu estava morta.

Ela sibilou para mim, trincando o maxilar. De repente, senti aquela queimação novamente, mas pior. Bem pior. Gritei novamente; o fogo era insuportável. Quase pior do que quando me transformei em vampira. Quando a vampira sorriu, a pressão aumentou.

Naquele momento, quase implorei para que ela me matasse. Toda a minha existência não compensava aquela dor. Eu teria realmente implorado, no entanto a dor era demasiada para que eu pudesse fazer algo além de gritar.

Após dois insuportáveis segundos, ouvi Edward dizer:

–Jane, pare com isso.

Ao invés de responder, rosnou ameaçadoramente para Edward e não parou de me queimar. Então, a voz do vampiro de cabelo cor de bronze ficou agressiva.

–Se não parar, vou contar a Aro. Contarei a sujeira que vocês fizeram, e como você torturou essa garota. Lembre-se que tudo está gravado nos pensamentos de todos nós.

–Posso matar você, se lembra desse detalhe? – grunhiu a loira, mostrando os dentes.

–Aro gosta de Carlisle e Alice, se lembra desse detalhe? Se desaparecermos, sabe que Aro dará um jeito de descobrir a verdade.

Jane obviamente queria manter a sua auréola, pois a queimação parou imediatamente. Percebi que ela estava desesperada para agradar aquele tal de Aro, e que faria de tudo para não perder a confiança dele. Quando finalmente percebeu que não teria como escapar do julgamento de Aro, se não parasse, decidiu recuar.

A vampira jogou os cabelos para trás, tentando parecer indiferente.

–Que seja, então. Vocês ficam com a garota.

Apesar da máscara de frieza, era possível perceber que, por baixo de sua fachada, estava furiosa.

–Mas, se Aro não conceder, devem entregá-la a mim imediatamente.

Nenhum dos Cullen respondeu, deixando-a, se possível, ainda mais irritada.

Jane se virou, fez um gesto com a mão para seu bando e começou a correr graciosamente na direção oposta. Os outros vampiros começaram a segui-la, alguns olhando para trás com desconfiança. Poucos segundos depois, desapareceram atrás das árvores.

Meus olhos estavam arregalados, e provavelmente estava com o queixo caído. O primeiro pensamento que tive, naquela hora, foi: eu estou livre?


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Notas finais do capítulo

Tomara que tenham gostado do primeiro capítulo! Se eu conseguir leitores e reviews, continuarei com a fic! Grande beijo para vocês!