“ Estou tão brava! Bato o pé e ando de um lado pro outro pelo quarto tentando refazer a cena em minha cabeça. Como ele pôde fazer isso comigo? Ele é um completo babaca! Acha que pode sair por aí beijando as garotas desse jeito? Nem começamos o caso direito, vou ter que aguentá-lo por mais um tempo e ainda ficar nesse motel empoeirado. Mas não vou deixar barato, ele vai se arrepender de ter me enganado! “

Fui dormir mais cedo desta vez. Tive um sonho muito esquisito. Uma forte luz invadia meu quarto, estava desacordada, quando uma mão penetra meu corpo. Volto a respirar e no momento que seria mostrado o rosto da pessoa que me recuperou, sinto um grande desconforto e acordo assustada.
Tomo um banho rápido, visto um vestido fresquinho decotado, ajeito o cabelo e vou pro quarto da frente, preciso fazer uma coisa antes de poder voltar ao trabalho.

– Bom dia meu anjo! Ou devo dizer meu caçador fofuxo? – digo ao Dean sentada na beirada de sua cama. Sam não está no quarto.
– Catherine? O que está fazendo aqui?
– Nada demais, só conferindo como você está... – ele me olha atentamente.
– Eu não sei que tipo de jogo é esse mas...
– Jogo Dean? Não tem nenhum jogo!– sorrio maliciosa enquanto passo a mão sobre sua perna. – Sabe, eu fiquei pensando sobre o nosso beijo ontem... E eu gostaria muito de repetir. – me inclino para beijá-lo.
– Wow, espere um pouco. – ele se esquiva. – Eu sei o que está fazendo, tá tentando dar o troco, né?
– Não sei do que está falando.
– Sabe sim, e não vou cair nessa, voc...
– Shhh... – coloco o dedo sobre seus lábios. – Esse é seu problema Dean, você fala demais. – troco olhares diretos com ele enquanto me aproximo devagar, me apoiando em seu peito nu. Ele acaba cedendo e antes que nossos lábios se tocassem, vou até seu ouvido e sussurro:
– Viu? Você já se entregou. – saio radiante, deixando o caçador literalmente sem palavras.

POV DEAN

Eu não acredito que deixei me levar desse jeito, eu sabia que era um truque, mas mesmo assim não parei! Quando olhei para aqueles grandes olhos castanhos e aquela boca carnuda eu não consegui resistir. O que está fazendo Dean? Você não pode se apegar, você é um caçador. Não pode se apaixonar, muito menos por uma mulher tão irritante, problemática e teimosa como ela. Na sua vida só existe caos e tristeza, não há espaço para um amor. Mantenha o foco no trabalho e tire aquela garota da cabeça!
Sam aparece no quarto e me encontra sentado na cama pensando. Já sei que vou ter que aguentar suas perguntas de sempre e fingir que nada aconteceu.

– Dean, você está bem?
– Estou Sammy, só estava pensando.
– Pensando em que?
– Hãn... no caso... no Crowley – tento disfarçar.
– Hum, tá... – ele não parece ter acreditado, mas pelo menos me deixa em paz por um tempo.

Passam-se algumas horas quando Catherine entra no quarto com seu notebook, ela parece ter novidades.

– Garotos, eu achei uma coisa que pode nos ajudar! –ela não esconde o entusiasmo. –Falei com alguns colegas de trabalho e eles dizem ter visto algo estranho em St Louis.
– Estranho como?
– Estranho como um homem sentado sobre a mesa jantando uma cabeça humana. – ela mostra uma foto que a enviaram e faz cara de nojo.
– Você acha que pode ser um Deus?
– Sim, eu pesquisei e descobri que o Deus Mercúrio teve filho com uma mulher em St Louis, mas que seus poderes não foram totalmente transferidos. Os pertences do pai estão na posse do filho e eu acho que pode ser ele.
– Você sabe como matá-los? – questiona Sam.
– Infelizmente não, como ele é metade Deus, acho que deve ser mais fácil do que um Deus comum, mas não posso garantir.
– Ótimo, então vamos lá esperar a boa vontade dele, talvez ele nos dê a arma. – digo num tom sarcástico.
– Mas vale a pena tentar.

Preparamos as malas para partir, não sabemos exatamente com o que vamos lidar, então levamos todo o tipo de artilharia. Coloco as coisas no impala e começo a dirigir. Sam está ao meu lado e Catherine no banco de trás, observo ela pelo retrovisor e não deixo de reparar em seu nervosismo. Rio baixinho, ela retribui o olhar, então eu o desvio e retorno a prestar atenção na estrada.

POV CATHERINE

Algumas horas se passam desde que pegamos a estrada. O silêncio se formava. Decido então dizer alguma coisa.

– E aí, vocês tem um plano?
– Sim, tentar não ser mortos. – diz Sam.
– Não parece ser um plano muito bom... E se der alguma coisa errada?
– Fique tranquila, vai dar tudo certo.

Dean se mantém em silêncio, continuo a conversar com Sam:

– Então Catherine, como você é nova nisso, acho melhor não se envolver tanto, fique do lado de fora e quando conseguirmos a arma, você nos diz se é a certa, ok?
– Tá, mas posso pelo menos ficar com alguma faca, ou alguma coisa assim?
– Sim, se você acha melhor...
– Eu ainda acho que posso ajudar!
– Você não ouviu o Sam? NÃO É PARA SE ENVOLVER. – Dean grita e olho assustada.
– Por que está me tratando assim Dean? Eu sei que você nunca gostou de mim, mas hoje você parece estar pior do que antes!
– Não... não é isso... – ele parece procurar palavras – Você que está sendo teimosa! É perigoso, você não tem prática, nós cuidamos disso. – olho atentamente, procurando de alguma forma encontrar uma resposta em seus olhos.

Estacionamos numa rua perto da casa onde reside o filho de Mercúrio. Está escuro demais para eu enxergar. Sam e Dean saem do carro e os vejo entrando pela porta dos fundos. Espero os irmãos não terem mais vista de onde estou e saio do carro. Preciso ficar atenta. O Dean pode falar o que ele quiser, mas se eles tiverem em perigo eu vou ajudar. Ele não faz ideia do quanto eu posso aguentar.
Espero alguns minutos, e impaciente, decido investigar. Ando até o quintal da casa e ouço alguns ruídos. Tento procurar de onde eles vieram mas a falta de luz me impede de enxergar qualquer coisa. Os sons que antes pareciam ser passos fortes ficam cada vez mais altos, então tiro uma faca do bolso e fico em posição de ataque. Percebo uma sombra se aproximando, imediatamente corro para entrar na casa, mas sou pega de surpresa por um homem alto e barbudo. Seus olhos se transformam em uma coloração preta. Logo já sabia o que estava enfrentando: um demônio. Tento fugir, mas sou puxada de volta. Dou um grito de socorro. Em tentativa de me calar, o homem me segurou forte e tampou minha boca. Sou levada a força para uma van aonde se encontrava vários outros demônios. Eles me amarram com uma corda. Não tenho mais como fugir. Só consigo pensar no que o Dean falou. Talvez ele só quisesse mesmo me proteger. Tenho certeza que isso é obra de Crowley, ele descobriu nosso plano e agora vai querer fazer uma troca com os meninos: A espada por mim. E é tudo culpa minha. Não posso deixar isso acontecer.

(...)