Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 9
Talvez seja mais que uma casa.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Meus títulos são péssimos. Mas, é isso ai.
Vou contar uma coisa pra vocês, pequenos gaveteiros. Isso não é bem o que queria postar, mas é de qualquer jeito um texto de que gosto, acho. O próximo virá com algo novo, já que fui desafiada a isso.
Esse capitulo pode conter erros, e se houverem, me avisem. Nos vemos lá embaixo.



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Atrás de uma grama alta e de frondosas árvores, uma bela casinha amarela se escondia. Recentemente pintada, com cortininhas na janela, há muito fechadas, e uma pequena varandinha branca. Não tinha sinais de abandono, nem tampouco de vida. A não ser por um menino que observava curioso, aquela humilde casinha.

Atrevendo-se, acabou resolvendo por entrar, o curioso menino. Abriu a porta cuidadosamente, pensando que numa casinha tão bem arranjada certamente seria bem recebido. Pela fresta, o desleixo da parte interna. Paredes cinzas, descascadas, e móveis pífios virados ao contrário.

Escancarando a porta, o menino então adentrou, certo da ausência de vida no lugar. Percebendo mais e mais desleixo a cada abrir de portas, resolveu-se por sair, cabisbaixo, porta afora. Pisoteando a grama, pintou-lhe a ideia: Arrumaria a casa desabitada, e daria a ela uma utilidade. Certamente merecia, aquele pequena casinha.

Os dias seguiram-se empenhados em ajudar o garoto e sua armada de panos, pincéis e vassouras a vencer o vazio da casinha. Numa parede, azul anil. Naquele outro cômodo, um rosa aquarela. Lilás aqui, verde acolá...

Depois de tantos dias dedicados àquela casa, a despedida não era fácil. Aquela doce casinha tinha se tornado tão sua... Apesar do trabalho acabado, começou a mobiliar o lugar e por dias adormeceu no chão. Resolveu por morar lá. Facilitaria o processo.

Meses e meses passaram sem que nada acontecesse. Até que um dia uma garota, belíssima, surgiu à porta daquela pequena casinha escondida agora por uma grama aparada e orquídeas. Girou a chave, esquecida de ter deixado há muito a casa aberta. E tomada por um assombro, gritou. O grito acordou o garoto, que correu a porta. Ao encontrá-la lá, estática, tratou de se explicar. E embora tocada pelo dito, a menina lhe deu um prazo para sair dali. E ele saiu.

Ao se deparar com a casa vazia, chorou copiosamente, aquela garota. Antes, a casa refletia seu interior abalado. Agora, refletia o interior de outrem, tão desconhecido quanto possível.

Viveu por lá pelo tempo que se seguiu, a dona da casa. Apaixonou-se pelo interior desconhecido daquele “quem quer que fosse”. Achou em baixo da escrivaninha um telefone. Ligou para loja, perguntou ao atendente. Conseguiu outro número. Marcou um encontro.  Encontrou o rapaz que fizera tanto por ela. Povoou a casa de crianças. Sonhou, e encontrou na pequenez da casa a grandeza da vida.


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Notas finais do capítulo

Percebo agora que novamente o conto se enrosca com uma casa. Bom, fazer o que? Acho que gostei de escrever sobre isso. E espero que vocês também gostem de ler. Conversem comigo, tá, gaveteiros?