Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 19
O Natal.


Notas iniciais do capítulo

Oi galere. Tudo bem? Eu estava meio preocupada com a ausência de reviews, mas então percebi que não andava dando condições para recebe-los. As atualizações estavam cada vez menos frequentes, e os textos cada vez menos qualificados. Mas eu andava meio mal. Até que umas garotas maravilhosas resolveram me dar uma sacudida que me botou a escrever. Apesar disso, o Conto que lhes apresento hoje foi escrito no dia de reis, 6 de janeiro. Portanto, é sobre o Natal; enfim, leiam e verão.



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É chegado o dia. A árvore, vistosa, enfeitada, deve se desenfeitar, em função do luto pelo já passado Natal. Em todo o mundo mães pedem ajuda a seus filhos, para que juntos possam fazer o serviço que ninguém gostaria de ter que fazer. Janelas banhadas de nostalgia permitem que tudo seja visto. Em uma dessas casas, uma mulher, agachada junto a uma caixa, chama pela filha:

– Venha, querida! Vamos desmontar a árvore...

A criança, num estado choroso, encara a mãe, e sussurra:

–Mas, mamãe... Eu quero que seja Natal de novo!

Rindo um pouco do biquinho da filha, a mais velha responde, acalentadora:

– Eu sei, filha, mas a graça dos natais está justamente em serem eles eventos anuais! Agora desça deste balcão e pegue aquela caixa ao lado do sofá, por favor.

Num piscar de olhos, a outra se estica ao chão, aponta o dedo, e com os olhos semicerrados, acusa:

– Mas ai você vai encaixar o Papai Noel!

Fazendo então um gesto de aproximação, a mãe pega a criança e a senta sobre os próprios joelhos, encarando o fundo dos olhos castanhos gigantescos e inocentes, para dizer:

– Meu amor, eu jamais poderia encaixotar o Papai Noel! A gente só vai guardar esses enfeites aqui, pra usar de novo no ano que vem. Não é como se o Natal fosse para dentro da caixa também. O Natal é maior que isso, filha. Mas, se quiser, pode escolher um enfeite e guardá-lo sobre o baú, perto da cama, para se lembrar de guardar o Natal no coração.

A pequena então sorri por um instante, e escolhe o enfeite em formato de boneco de neve, com um meio sorriso de botões verdes. Em seguida esquece-se do que fazia para encarar a mãe com olhos inquisidores, iniciando a fala, em tom de aceitação:

– Tá legal... Mas, mamãe, se o Natal é maior que essa caixona, como é que vai caber aqui, no meu coração?

Com isso, a mulher não consegue conter a gargalhada que lhe escapa por entre os lábios, fazendo com que o pai, até então mero espectador, pronuncie-se:

– Ei, querida, pode ir brincar. Deixe que eu ajudo sua mãe a terminar aqui. Afinal, creio que terminaremos mais rápido sem as suas inacreditáveis perguntas.

A criança então retira-se, saltitante, para um canto qualquer que lhe ofereça conforto. E os pais iniciam a árdua tarefa de desmontar a árvore. Algo lhes diz que, encarando pela janela, um grupo de pessoas saberá da sua história, e advertirá, através da nostalgia, a certeza de que não há ninguém mais certo do que a jovenzinha que brinca sozinha de não “encaixar” o Natal.


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Notas finais do capítulo

Esse texto demonstra toda a minha indignação em ter que me desfazer dos enfeites de Natal, mas também é sobre responder perguntas para as quais nunca estaremos preparados. Então, se quiserem me contar para qual pergunta vocês estão mais despreparados, terei prazer de ouvir. Se quiserem apenas deixar um review comum, eu terei prazer de ler. E se não deixarem review, eu não terei prazer algum senão o de saber que você leu. É isso. Até mais.