POV Edward

Depois que minha mãe morreu, não vou negar que me revoltei contra meu pai, achava que a culpa da morte dela era um pouco minha, mas principalmente dele. Pensava que ele podia ter evitado, ter cancelado aquela maldita viagem, ou ter mandado ela colocar aquela merda de cinto. Mas depois entendi que ele não tinha culpa. Aliás ninguém tinha culpa, embora eu não tenha superado a morte dela. Como ele poderia adivinhar que isso aconteceria? Que naquela bendita noite, ela nos deixaria?

Quando eu percebi isso logo me desculpei com meu pai, afinal eu sabia que o que minha querida mãe queria era nos ver unidos e não brigando, não se distanciando. E naquele dia em que ela se foi, ela me pediu pra cuidar de Carlisle e Emmett. Por que ela achava que eu era o mais forte de todos nós.

Mas ela estava pela primeira vez errada. Caramba eu não sou, embora eu tenha criado uma mascara de forte, eu definitivamente não sou. Eu deveria ser ator, por que eu interpreto muito bem.

O pior de tudo era a escola, antes de ela partir todos os garotos implicavam comigo, eu só tinha um amigo Brian que até hoje é meu amigo. Eu era o "esquisitinho", o "nerd" da classe que sentava na última cadeira encostada na parede. Além disso eu era quieto demais e muito tímido.

No dia das mães todos os alunos faziam cartinhas com corações, lindas mensagens... E como nem eu nem Emmett não tinham ninguém pra entregar, entregávamos pro meu pai. Ele tem uma caixa lotada só de cartinhas nossas nos tempos de escola.

Quando tinha festa na escola, todas as mães compareciam. Eles faziam homenagens, cantavam músicas e no final sempre as abraçavam e beijavam. Pra não ficarmos sozinhos Carlisle ia representando nossa mãe já que depois que ela partiu ele se tornou mãe e pai. Mas não era como se mamãe estivesse lá.

O que mais me irritava era o sentimento de pena dos professores e de qualquer outra pessoa que soube do acontecido. Comentários importunos me rodeavam.

"Coitado desse menino, tão bonitinho, e perdeu sua mãe tão cedo"

"Olha sabia que aquele menino é órfão de mãe?"

Eu falava pra mim mesmo: não se importe, não ligue, mas era difícil ser forte o tempo todo. As vezes eu olhava pra janela e via eu Emmett, mamãe e meu pai. Nós quatro brincando, seu sorriso brilhante, seus cabelos esvoaçando pelo vento, o perfume dela no ar, nossas risadas misturadas, um leve rosado em suas bochechas.

Meus olhos ficavam marejados ao lembrar dos momentos mais felizes de minha vida. Durante todos esses anos sempre em seu aniversário eu levava tulipas vermelhas que eram suas flores preferidas. E toda semana ia cuidar do lugar aonde ela estava enterrada, virou uma espécie de rotina.

Todas as noites no jantar nós orávamos como era de costume quando mamãe estava viva e depois do jantar eu olhava suas fotos e vídeos e sorria apesar de ela não estar perto de mim.

Depois da tragédia, Carlisle não se envolveu com mais ninguém. Ele passou a trabalhar mais, salvando vidas de outras pessoas e tentando esquecer a sua. Mas nós continuamos muitos unidos além de tudo.

Emmett não era como eu, ele não sabia disfarçar seus sentimentos , surtava e as vezes tinha crises de choro. Mas mesmo assim ele tinha um bom humor e as vezes me alegrava ou me irritava com algumas de suas palhaçadas.

As vezes eu tinha vontade de fugir, sumir, viver altas aventuras ... Por que não tirar um racha? Sentir o vento no meu rosto e deixa-lo levar minha memória e apagar meu passado. Sentir adrenalina, ser campeão! Se eu não tinha medo de morrer? Eu não, afinal já estava morto por dentro mesmo.

Mas não podia fazer isso por que primeiro Carlisle não ia aguentar a dor de perder primeiro a mulher que tanto amou e depois eu. E segundo mamãe me pediu pra cuidar dos dois: de Emmett e Carlisle. Então eu tentava ser o mais certo possível, tentava andar na linha e não decepciona-lo mas as vezes isso era impossível. Sendo que várias vezes me metia em brigas na escola por motivos que para os outros eram fúteis, mas pra mim não eram.

Despertei de meus devaneios quando ouvi Carlisle chamando eu e meu irmão.

– Emmett e Edward venham cá!

Me direcionei até a sala de jantar onde encontrei Carlisle sentado em sua cadeira bebendo uma Heineken. Me acomodei em uma cadeira, sendo copiado por Emmett.

– E então? - Perguntei.

– Bem, uma amiga minha virão aqui em casa passar um tempo.

– Quem? - Perguntei.

– Esme e suas filhas : Bella, Alice e Melanie.

Bella ... não sei por que mas esse nome me chamou atenção.

– Amiga? Desde quando você tem amigas?

– Desde sempre Emmett. Por acaso não posso?

– Até parece que você já se esqueceu de mamãe.

Vi Carlisle estreitar os olhos e percebi que ele ficou extremamente furioso, mas mesmo assim não perdeu a calma e respondeu com o tom de voz baixo:

– Eu nunca vou esquecer de Reneé, mas você tem que entender que ela se foi e que ela nunca mais voltará e eu preciso seguir minha vida. Acha que Reneé gostaria de nos ver triste? Acho que não. Aliás Esme é somente uma amiga bem antiga.

Emmett saiu emburrado, correu para o seu quarto e bateu a porta com força. Já esperava essa reação, quando se trata de mamãe ele é sempre assim.

– Está tudo bem pra você Edward?

– Por mim, sem problemas. - Ele assentiu, então saí dali e fui pro meu quarto. Resolvi tomar um banho pra esfriar a cabeça.

Apesar de concordar que todos nós temos que seguir em frente .... Como assim substituir Reneé? Ela nunca será substituída. Aliás precisava falar assim com Emmett?

Aliás por que eles tem que ficar justo em casa? Tem tantos hotéis por aí. Por acaso minha casa virou uma pensão e eu nem percebi? Mas como sempre, eu concordei com a decisão de Carlisle. Se isso o faria feliz, por mim tudo bem.

Fiquei pensando naquele nome... Isabella era um nome tão comum, mas essa Bella parecia ter algo especial ... Pelo nome já senti isso. Mas não sei ao certo o que. Se é algo bom ou ruim.

Mas de uma coisa eu tinha certeza, depois da estadia da amiga de Carlisle e sua filha aqui. Algo ia mudar!