POV Bella

Eu estava em um quarto.

Um quarto mal iluminado mas ainda assim um quarto, com uma enorme janela, a cama em que eu estava e alguns poucos móveis, todos da cor branca e dourada, e um sol escaldante tentava entrar pelas brechas da cortina, dourada, da janela.

Escutei risadas infantis e varri o lugar com meu olhar a procura de Renesmee mas não era a minha garota.

Duas meninas e um menino, ambos pálidos e com cabelos brancos e alguns fios de louro escuro, estavam escondidos atrás de uma porta branca.

– Ei ! - Uma voz aguda os chamou e rapidamente eles correram para longe de meu quarto.

Uma senhora bastante volumosa e com vestimentas brancas, cabelo igualmente parecido com das crianças e os olhos celestes cansados, entrou em meu quarto.

– Bom dia, Isabella.

Ela caminhou até a janela e precisei me encolher para não ficar cega, devido ao tempo na escuridão, e o sol maravilhoso que irradiava.

– Onde... Onde eu estou ?

Seu sorriso era angelical.

– Você está em Campos Elísios.

– O mesmo da Mitologia Grega ?

Minha cara de espanto e admiração deve ter sido engraçada, pois a mulher riu, e riu bastante.

– Sim, querida, o mesmo.

– Espere... O que eu estou fazendo aqui ?

– Olha, Isabella, eu não tenho permissão para contar isso.

– Então...

– Uma pessoa pode explicar isso melhor.

– Como eu posso sair daqui ?

Sua risada foi mais profunda.

– Não pode, Isabella, não pode.

Antes de qualquer resposta minha, ela já estava longe de meu quarto, e cantarolava alguma coisa.

Bati com meu punho no colchão.

Edward.

– Oh meu Deus !

Meu Edward.

Será que ele já estava sabendo que eu estava longe de casa ?

Ele saberia me encontrar ?

Tantas perguntas em minha cabeça.

Será que a Tanya falou com eles ?

Um ódio sem igual brotou em meu coração e senti vontade de matá-la.

Tanya não fez nada para me impedir.

E nenhum humano.

Algum dos louros, com seu poder, fez a ação ficar invisível aos olhos de outras pessoas.

Se Edward estivesse comigo... Nada disso teria acontecido.

/

Horas mais tarde, banhada e com um vestido branco até o meio de minhas coxas e de uma manga que me fazia sentir como uma borboleta, que a moça do quarto me deu de sua filha, eu seguia um belo rapaz louro por um jardim incrível.

O único caminho sem flores ou plantas, era o caminho de pedras coloridas que eu fazia no momento, e várias borboletas passavam por mim.

Rosas. Azuis. Violetas.

Algumas até multicoloridas.

– Por aqui, Senhorita Swan. - O louro de cabelo preso, chamado de James, abriu a porta de um imenso salão.

Uma enorme mesa de ouro, duas janelas enormes e com pinturas abstratas, flores por todo o local e cinco pessoas me aguardavam no local.

– É Bella ? - Uma mulher linda e a única de cabelo escuro sussurrou no ouvido do homem ao seu lado.

– Sim, sou eu. - Para o espanto de todos na sala, fui a primeira a pronunciar algo concreto, e sem tremor na voz.

– Olá, Isabella.

Um homem com cabelos louros indo até o final de sua coluna, olhos celestes e esbugalhados, afastou sua cadeira, branca, e caminhava até onde eu estava.

Parando a minha frente, pude reparar na sua beleza, mas diferente das outras pessoas... Ele não demonstrava segurança, e sim, ódio.

– Oi. - Escolhi a menor palavra para não correr o risco de gaguejar.

– Como foi sua estadia ?

– Como posso saber ? Passei mais tempo desacordada do que outra coisa.

Todos riram.

Como se fosse algum tipo de brincadeira.

Reparei no imenso anel que ocupava seu anelar, um anel com um rubi vermelho, vermelho sangue.

– Então, Isabella, aprecia meu jardim, minha casa e as pessoas nela ?

– O jardim é maravilhoso, a casa é linda e algumas pessoas também são ótimas. - O "algumas" foi mais intenso, para ele saber que não fazia parte deste pequeno grupo, que ocupavam apenas : Moça do quarto, James e a senhora que me ajudou a preparar o banho.

– Oh sim, graças por isso, Isabella.

A morena, com um vestido branco até os pés, e que a dava uma pose de rainha, parou ao lado do homem.

– Darius, o conselho precisa conversar com ela, por favor.

Darius.

Quando a voz de sino da mulher bateu em meu ouvido, senti vontade de correr, e me jogar em algum penhasco.

Todos repararam na minha feição.

– Oh, não se preocupe, Isabella. - Darius tinha um sorriso em seu rosto. - Nada de mal irá acontecer com você.

Meu corpo ficou rígido e não consegui emitir uma palavra sequer.

O casal voltou para os respectivos lugares e eu continuei no mesmo.

– Aproxime-se, Isabella, por favor. - A morena, a única que continha no rosto um sorriso maroto, sussurrou com graça.

Seus sussurros traziam paz e com isso, acabei me aproximando da enorme mesa, e por encanto, olhei no fundo dos olhos celestes dela.

– Meu nome é Esme, antes de qualquer coisa, e fico muito feliz por sua presença.

Pisquei rapidamente e respondi seca :

– Não estou aqui por vontade própria.

– Eu sei, querida, e saber disso por meu filho foi extremamente constrangedor e triste para meu coração.

– Esme, por favor, me deixe ir.

– Não posso, Isabella, desculpe-me.

– Esme, querida, deixe o assunto comigo.

Uma loira com os cabelos lisos e enormes sussurrou.

– Meu nome é Kate.

– Isabella. - Murmurei.

– Eu sei, querida, eu sei.

Todos deram risada e me senti completamente constrangida.

Mordi meu lábio.

– Isabella, não a trouxemos aqui por nada, e você sabe disso.

– Sei ?

Do que, afinal, eles falavam ?

– Não... Eu não sei.

– Oh, por favor, não se faça de boba.

– Kate ! - Esme a repreendeu.

– Oh, Esme, ela não pode ser tão idiota ao ponto de não perceber.

– Verdade, Kate, afinal, ela até vê a criança. E Rosalie e Edward perceberam que tem uma boa vibração no corpo dela.

– Perceber o que ? - Minha voz saiu grossa.

Elas estavam falando sobre Renesmee e tudo que a envolve, envolve a mim também.

– Viu só ? - Darius riu antes de continuar. Uma risada escandalosa e horrorosa. - Ela até está agindo como uma felina a proteger o filhote.

– Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo ?

Precisei gritar para olharem para mim.

Esme começou.

– Acredito que Rosalie tenha comentado com você sobre os poderes que ela tem, certo ?

Balancei a cabeça em positivo.

– E por ironia do destino... Meu filho, Emmett, e seus amigos, encontraram com ela no aeroporto minutos antes de vocês embarcarem.

Um calafrio percorreu minha espinha e desejei Edward ao meu lado para me proteger.

– Sabe, Isabella, Emmett tem o poder de encontrar respostas sem precisar de palavras.

– Como... Como assim ? - Merda. Minha voz denunciou todo o medo que eu sentia no momento.

– Ele invadiu a alma de sua amiga, Bella, e com tudo descobriu o que precisávamos saber. Os medos dela, os sentimentos, as sensações dela e de pessoas ao redor da mesma.- Darius continuou no lugar da mulher.

– É Isabella para você. - Desejei ser mais forte ou talvez mais veloz.

Não para fugir e sim para lutar com esse crápula a minha frente.

Ele riu.

– Bella, você tem o que precisamos.

– Mas eu... Sou apenas uma humana !

– Não você e sim o que você tem. - Ele foi duro ao dizer a última palavra.

– Eu não... Vocês estão loucos !

Dei as costas para os cincos monstros atrás de mim e caminhei em direção a porta.

Antes de sair do salão e voltar para a tranquilidade do jardim, escutei a voz de Esme, e isso fez meu corpo fraquejar :

– Se você não ficar e nos permitir ter a criança... Vamos matar Edward e sua cria.