Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 13
Capítulo 78 - Invasão em física


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAEEE QUE EU POSTEI NO DIA CERTO HAHAHAHAHA

#TeamBinho:::::::SE PREPAREM



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Bem que o Beck avisou que o Teta não era do que parecia. Meia hora depois de falar com ele eu já tava virando do avesso de tanto rir. Ele só falava merda, cara.

Os dois tinham praticamente me forçado a ir numa festa sei lá de quem, sei lá onde e eu não podia recusar porque tava com cara de cu e, segundo o Teta, gente com cara de cu não tem direito a fazer escolhas.

Tava tocando aquela música que me lembrou o Binho na casa do Beck. Perguntei qual era e ele disse que era Flaws, do Bastille.

Pouco tempo depois eu já tava perdida. Fiquei falando com um povo lá e parei numa rodinha que tavam passando haxixe. Fumei um pouco, bebi umas coisas meio doidas e trombei com um cara num corredor.

?: Naty?! - Caraca! Era o Bola! - O que você tá fazendo aqui?!

Eu: Eu vim com… meus amigos.

Bola: Fala logo, quem veio com você?

Eu: Beck e Teta. Mas foda-se. Eu preciso falar com você.

Bola: Vem cá - ele me puxou e entramos num quarto.

Eu: Você tem três coisas pra me responder. Um: por que você sumiu?

Bola: Porque a essa altura a polícia sabe que o carro que a gente tava era roubado E você sabe que eu sou o cara mais tretado com a polícia. E eu sei que tão investigando o acidente pra acharem o caminhão e indiciarem o motorista de homicídio, já que a Ju morreu. Por isso eu sumi.

Eu: Próxima pergunta. Por que me mandou esse colar na caixinha - mostrei o pingente de coruja que ele mandou no meu aniversário.

Bola: Na verdade não foi nada do que eu falei. O Fabinho tinha pensado em te dar o colar, mas ele comprou outra coisa. Aí eu comprei e ia te dar no meu nome, mas quando tudo aconteceu e ele não ia poder te dar, eu inventei aquela coisa. Mas ele tinha pedido pra eu guardar o bagulho que ele ia te dar. Eu não quis guardar. E nem me pergunte o que ele ia dar, porque ele não falou.

Eu: Ok. Última pergunta: por que você deixou aquela mensagem maluca no meu celular quando foi embora?

Bola: Pra você não me procurar. E pela cara que você fez quando me viu aqui, deu certo. Você não me procurou - Não mesmo, eu não ia perder meu tempo. - E posso falar? Eu não sumi. Toda semana, de madrugada eu vou no hospital pra ver o Fabinho. Eu fico um pouco lá, vendo ele pela janela do quarto e perguntando pro médico como tão indo as coisas. Eu sei tudo o que tá acontecendo com ele. Cada coisa. - pausa chata - Ah, eu queria te pedir uma coisa. Quando ele acordar você vai dizer que eu morri. Sei lá, diz que eu fui preso, que eu morri, qualquer coisa que seja o suficiente pra ele não me procurar, porque não vai me achar. Eu vou mudar de cidade, e vou mudando até estar bem longe daqui. Não quero passar de uma lembrança. Dessa vez eu tô falando sério. Eu não vou voltar. Não era nem pra gente ter se encontrado hoje. Se não fosse pelo Beck essa conversa não ia tá acontecendo agora. Mas você entendeu o que eu quero que você faça, né?

Eu: Entendi, Bola. Mas não entendi o motivo disso. O Binho não vai te entregar pra polícia.

Bola: mas o Beck vai voltar. E eu vou ser jogado fora e tudo vai voltar a ser como era seis anos atrás. Não tem como evitar, o Beck tá muito presente agora, de novo, como tinha que ser. - dei um passo na direção dele, mas ele se afastou olhando pro relógio no pulso. - É melhor eu ir. Mas antes eu quero um abraço. - abracei ele com força, sentindo todos os meus músculos relaxarem. Eu precisava de um abraço daqueles há dias. Um nó começou a se formar na minha garganta, mas o engoli.

O Bola não era meu melhor amigo, mas tava sempre lá quando dava merda. Ou seja, ele tava sempre lá.

Ele me soltou e foi até a porta, mas parou antes de abrir.

Bola: Esqueci de falar uma coisa. Você é foda.

Eu: Você também é. - sorrindo fraco.

Bola: Eu sou um filho da puta. Não sou foda porra nenhuma. Naty, você é irmã caçula dos sonhos de qualquer marmanjo.

Eu: Sai logo, antes que eu comece a chorar.

Ele sorriu, fez uma continência com dois dedos e saiu do quarto. Eu ia sentir falta do Bola. Aquele filho da puta.

A festa acabou às sete da manhã do sábado e me deixou com uma bela dor de cabeça. Resumo do meu sábado à tarde: passei o dia na cama do Beck, enquanto ele arrumava o guarda-roupa e cantava Bob Marley.

O Teta saiu da festa às três da manhã com uma garota e não deu mais sinal. Eu já tinha tomado cinco comprimidos pra dor de cabeça.

Beck: Você vai ter overdose.

Eu: Foda-se. Essa dor não passa, cara.

Beck: Aê, toma isso. - ele jogou um comprimido vermelho. - Vai passar sua dor rapidinho.

Eu: Que é essa porra, véi?

Beck: Energético. Quando eu tô com dor de cabeça essa é a única merda que resolve.

Tinha um copo d’água do lado da cama e eu bebi pra ajudar a descer o comprimido. Realmente, a dor passou. Mas eu fiquei tão elétrica que fiz o Beck sair comigo pra correr na rua. Sem parar pra descansar. Aquela porra era boa mesmo.

                                                   *

Domingo na casa do Beck é dia de almoço em família. Ou seja, conheci as tias, os tios e os priminhos dele. Infelizmente. As tias - duas velhas, daquelas com cabelo pintado de loiro e vestido florido, uma viúva e uma divorciada - ficaram perguntando se eu e ele éramos namorados e essas merdas. Até que eu aguentei.

À noite, depois que todo mundo tinha ido embora, eu tava mexendo no computador do Beck quando ele entrou no quarto com dois sanduíches e dois copos de Coca.

Beck: Meu pedido de desculpas mais eficaz.

Eu: Por causa das suas tias? Tá de boa. Gostei delas.

Beck: Mas agora você vai comer. - peguei o lanche, rindo - E é bom você gostar de atum - falei que gostava - Ótimo. Eu que fiz esse creme aí. - ergui uma sobrancelha, duvidando - Tá bom, tá bom. Eu coloquei no pão. Mas foi trabalhoso, acredite. - O lanche tava tão bom que eu não conseguia responder. Só fiz um gesto com a cabeça - Ah, eu queria te dar uma coisa, pera aí. - ele abriu o guarda-roupa e pegou alguma coisa numa caixinha. Uma pulseira. - Aqui. Faz um tempo tipo… sete anos, eu peguei essa pulseira “emprestada” do Fabito. E acho que dá pra notar que eu nunca devolvi. Eu quero que você fique com ela. - colocou no meu pulso.

Eu: É… valeu, Beck.

A Naomi entrou no quarto e mandou a gente ir dormir. Fui pro quarto da Thaís e fiquei deitada até conseguir pegar no sono.

                                                         *

A Thaís me acordou pra eu ir pra escola. E lá vem mais um dia chato pra caralho, com as mesmas merdas de sempre e nada de bom ia acontecer, pra variar.

Eu tava no pátio, porque cheguei atrasada, ouvindo uma rádio meio doida que começou a tocar uma música que foi feita pra mim.

Eu não pedi pra nascer
Eu não nasci pra perder
Nem vou sobrar de vítima
Das circunstâncias
Eu tô plugado na vida
Eu tô curando a ferida
Às vezes eu me sinto
Uma mola encolhida

Tudo bem que era do Lulu Santos e eu não curto muito músicas brasileiras, porque o Brasil é uma bosta, pelo menos em 99% dele. Mas o cara que escreveu aquela música tava pensando em mim, na moral.

E a gente vive junto
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor

Era música perfeita pra mim.

                                                           *

Eu tava no meio da aula mais chata do planeta: física. Aquela professora mal comida, criada por um filho da puta sem sexo, infeliz com o emprego, com a família, com a comida que tem no fundo da geladeira.

Professora: Peguem suas apostilas e abram na página 52.

Não.

Fiquei parada, quieta, sem fazer porra nenhuma. Como eu sempre, eu tava completamente desanimada.

Professora: Vocês têm dez minutos pra fazer esses exercícios. Em silêncio.

Todo mundo começou a fazer. Menos eu.

?: ME DEIXA PASSAR! VAI CARALHO! É IMPORTANTE, FILHO DA PUTA!

Dava pra ouvir alguém correndo e gritando no corredor. A sala toda ficou parada, olhando uns pras caras dos outros. Até que a porta abriu com tudo e e um rostinho bonito e conhecido apareceu, com a testa suada e a cara desesperada.

Eu: BECK?! - as amiguinhas putinhas da Mariana ficaram olhando pra ele, provavelmente pra contarem pra ela depois.

Beck: O FABITO, NATY! O FABITO! - hã?

Ele me arrastou pra fora da sala e me puxou pelo corredor, até a saída da escola. Eu tava confusa demais.

Eu: O que tá acontecendo, Beck?!

Beck: ELE ACORDOU, PORRA! ELE ACORDOU! - parei de respirar por um momento.

Ele dirigiu a milhão e parou na porta do hospital.

Nem liguei pras recepcionistas do inferno que tavam me chamando pra fazer a ficha e fui correndo pelo caminho que eu sabia fazer até de olhos fechados até o quarto 327, mas no meio do corredor tinha um filho da puta parado na minha frente, barrando minha passagem.

Eu: SAI DA FRENTE, SEU ESTRUME! - Ele saiu da frente e eu corri até o quarto do Binho e escancarei a porta. - BINHO!

Ele não tava lá.


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