Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 12
Capítulo 77 - Conexão telepática


Notas iniciais do capítulo

Eu disse pra não confiarem quando eu disse que a Marcela seria a última personagem a entrar nessa porra. Tudo bem, o personagem que aparece aqui já foi citado uma ou duas vezes, mas nunca apareceu devidamente.
Boa leitura!



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Meu celular não parava de tocar e eu já não aguentava mais ouvir Supermassive. Então coloquei no silencioso. Então eu não aguentava mais ver as palavras “Mãe ligando” piscando na tela, descontroladamente. Eu tava enlouquecendo. Ou perdendo o resto de sanidade que eu tinha. Se é que eu tinha algum resto de sanidade…

Depois de exatas cinquenta e oito chamadas não atendidas da minha mãe, na quinquagésima nona ligação eu resolvi atender.

Eu: Que é?

Mãe: Pelo amor de Deus! Onde você se meteu? Faz duas horas que estamos procurando você! A Camila não sabe onde você foi, a Olívia nem te viu hoje e elas disseram que ligariam pras suas outras amigas - que só era a Kimi, eu acho - mas nenhuma sabe de você. Fomos na sua casa, na casa do seu avô, até no hospital e nada! Eu vou perguntar uma última vez e é bom que você responda: Onde. Você. Tá?

Eu: Na casa de uma amiga. Não vou falar onde ou quem é. E só vou voltar quando você me pedir desculpas e retirar tudo o que disse. - eu tava disposta a entrar naquela guerra.

Mãe: Ok. Eu desisto. Quando você quiser você pode voltar pra casa. Retiro o que eu disse. Tudo.

Eu: E…? - ok, eu tava brincando com a sorte. Mas era minha chance e eu tinha que aproveitar.

Mãe: TÁ BOM! Tá bom, me desculpa.

Eu: Segunda-feira eu volto.

Mãe: Como é? Eu já pedi desculpas e…

Eu: Você disse “Quando você quiser você pode voltar pra casa”. Eu só quero voltar na segunda. E é o que eu vou fazer. Tchau, mãe.

Desliguei o telefone antes mesmo de ela responder. Ela não ligou mais, pelo menos. Mas em compensação foi só desligar a ligação com a minha mãe que a Camila ligou.

Camila: Sabe o que é sua mãe ligar pra mim às duas da manhã chorando querendo saber em que buraco você se enfiou? Eu liguei pra Kimi, pra Liv, Leo, Melissa até pro Victor e ninguém sabe de você!

Eu: Camila, para de chilique, tá? Eu falei com minha mãe e vou voltar pra casa na segunda. Eu tô na casa do Beck.

Camila: Ah, claro. Por que toda vez que eu procuro alguma coisa isso tá justo onde eu acho impossível?

Eu: Quê?

Camila: Eu achei impossível você estar na casa do Beck, por isso nem liguei pra ele. Mas tudo bem. Vou falar que já te acharam.

*

Acordei sentindo que tinha alguém me olhando. E que tinha alguém na cama comigo.

Quase tive um ataque cardíaco quando abri os olhos e o vi sentado, tão perto, que podia sentir sua respiração.

Binho: Oi Ná.

Sentei na cama, sentindo minha pulsação na garganta.

Eu: Binho! Eu não acredito! Você acordou! Como… Quando… Como soube que eu tava aqui?

Binho: Eu soube. Só isso. - ele tava ali, mas além de eu não acreditar, vi que ele tava distante, distraído.

Eu: Binho, quando foi que voc… - ele me beijou. Desesperadamente. Um beijo quente, faminto. Nostálgico. Eu já tinha até esquecido de como era o beijo dele.

Ele se afastou e segurou meu rosto.

Binho: Escuta, eu tenho que voltar.

Eu: Hã? Voltar? Voltar pra onde, Binho?

Binho: Eu tenho que voltar, mas você tem que jurar que vai me ver assim que acordar. - acordar? - Jura pra mim.

Eu: Tá, eu juro. Mas do que você tá falan…

Ele me deu um último beijo, levantou e saiu do quarto. Eu fui atrás dele, mas senti uma dor muito fodida na testa e do nada eu tava no chão.

Thaís: Naty! Ei, acorda!

Eu: O Binho acordou, ele tava aqui.

Thais: Não, ele não acordou. Foi um sonho, Naty.

Eu: Acordou sim, eu vi. Ele tava aqui e falou comigo. Ele me beijou, Thais. Eu senti. Eu ouvi.

Thais: Naty, o Fabinho tá no hospital. Em coma. Ele não veio aqui. Entendeu? Você tava sonhando.

Eu não queria acreditar. Eu senti o toque dele. Eu senti.

Eu: Eu preciso ir no hospital. Agora.

Thais: São cinco da manhã.

Eu: O hospital funciona vinte e quatro horas.

Thais: Mas o cérebro de quem trabalha lá não.

Eu: Foda-se, eu tenho que ir.

*

E lá estava eu, no quarto do Binho, olhando pra ele, às seis da manhã. Acho que ele queria que eu fosse vê-lo.

Eu: Binho, eu fiz o que jurei que ia fazer. Vim ver você. Eu sonhei com você e nesse sonho você disse que eu tinha que te ver quando acordasse. Você foi no meu sonho? Você fez algum tipo de telepatia pra fazer isso? Aperta minha mão se for sim. - Ele apertou e eu fiquei meio chocada - Tá bom… Agora você me assustou. Você fez mesmo uma… Sei lá, conexão telepática? - ele apertou minha mão. - Porra, Binho. Você entra em coma e vira mago, caralho. Sei lá como você fez isso e espero que não faça de novo, porque eu fui atrás de você e meti a cara na porta do quarto da Thais. Eu tô na casa do Beck. Calma, não é nada do que você tá pensando. Eu só tô lá porque eu meio que fugi de casa e não tinha pra onde ir.

Fiquei mais um pouco lá até que o Beto entrou e me pediu pra sair, porque ele ia fazer uns exames sei lá do quê no Binho. Não tive opção senão ir embora mesmo. Tava chovendo e o caminho até o carro e depois da calçada até a porta da casa do Beck foram suficientes pra que eu ficasse totalmente ensopada.

Naomi: Natallie! Calma, que eu vou trazer uma toalha pra você. - ela foi até o banheiro e voltou com duas toalhas. - Coloca essa no seu cabelo e usa essa aqui pra se enxugar.

Me sequei e agradeci a ela. Fui lá pra cima e tomei um banho quente. Voltei pro quarto já vestida e vi o Beck parado na porta.

Beck: Não era pra você tá na escola?

Eu: Era.

Beck: Hahahaha tá bom né. Minha vó fez café da manhã pra gente.

Eram quase oito da manhã. Sentei do lado do Beck na mesa e enchi uma caneca de café com leite.

Naomi: Naty, você tá pálida.

Eu: E com frio. - eu tava tremendo.

Naomi: Deixa eu ver - ela chegou perto de mim e colocou a mão na minha testa, depois nas minhas bochechas. - Você tá com febre. Vai lá pra cima agora e fica deitada. Vou levar um remédio pra você. - eu ia falar que tava tudo bem, que não precisava, mas ela me obrigou a subir.

Deitei na cama e fiquei mexendo no celular até o Beck entrar lá e sentar na minha frente.

Beck: A Thais me falou do seu… hm… Sonho.

Eu: E eu já entendi que foi um sonho. Não precisa falar nada. – sentei de frente pra ele - Mas eu fui no hospital hoje e perguntei pro Binho se ele teve alguma ligação telepática comigo e ele… disse que sim, daquele jeito dele.

Beck: Naty… é…

Eu: Eu tô enlouquecendo, Beck. - me joguei na cama. - Eu tô tendo alucinações, é isso? Droga, eu tô pirando!

Beck: Não. Naty, você não tá pirando. - ele segurou meu rosto entre as mãos - Me escuta. Tá tudo bem ok? Você não tá louca. Ouviu? Tenta dormir. Agora relaxa, esquece esse celular - guardou meu celular no bolso - e dorme. O Fabinho não ia gostar de ver você assim. Isso é falta de choro. Se quer desabafar, eu tô aqui, a Thais chega à noite e até minha vó tá aqui e você pode falar com quem e o que quiser. Mas tenta dormir agora tá bom? - ele beijou minha testa.

Eu: Tá bom, Beck. Valeu.

Ele saiu do quarto e fechou a porta.

Eu precisava dormir por dias. Fato.

Mas isso não aconteceu. Acordei às quatro e quarenta da tarde me sentindo um pouco melhor. Um pouco.

Fui até o quarto do Beck pra pegar meu celular de volta e vi um cara sentado no chão, vendo um álbum de fotos, enquanto o Beck escrevia alguma coisa num caderno. Eu já vi aquele cara antes. Na festa do Bola, no dia que eu e o Beck nos conhecemos. Eu só não sabia se o cara era o Coca ou o Teta. Cada apelido que esse povo tem…

Nenhum dos dois me viram, até que o cara olhou pra porta e deu um sorrisinho.

Ele era alto, dava pra ver pelas pernas compridas, mesmo ele estando sentado. Tinha a cabeça raspada, olhos escuros, acho até que eram pretos e ele tinha a pele negra, brilhante. Parecia que tinha saído de uma sessão de fotos de um perfume da Dior. Ou Hugo Boss, sei lá. Mas ele tinha um ar superior. E os olhos dele estavam avermelhados. O que significava que ele tava drogado.

Eles tavam ouvindo uma música muito foda. Que tava me lembrando o Binho.

Beck: Ei, Naty! Senta aê. - Sentei na cama dele e peguei um caderno. Tinha um monte de letras de músicas. - Cara, pega esse álbum e tenta adivinhar quem é o pivete vestido de palhaço. - ele jogou um álbum daqueles bem antigos e a primeira foto que eu vi tinha dois pirralhinhos. Um vestido de palhaço e outro de policial. Foi só olhar pro palhacinho que eu vi quem era.

Eu: Sério que é o Binho?

Ele riu.

Beck: Sério. E esse policial aí do lado dele sou eu.

Eu: Jura? Ah, vocês eram tão fofinhos. Quantos anos vocês tinham?

Beck: Uns seis anos. A gente se conhece desde a pré-escola, acho que com três ou quatro anos.

Eu: Ah, cara. Que bonitinho! - comecei a ver as fotos. Eram de uma festa à fantasia provavelmente da escola deles. Os dois apareciam em todas elas, sempre jogando alguma coisa um no outro.

Beck: Ei, tu conhece o Teta?

Teta: Não fomos oficialmente apresentados, mas eu já ouvi falar muito da senhorita Naty. - cara, ele tinha uma voz muito gostosa de escutar, puta merda. Ele levantou e veio até mim na cama - Apesar de você já imaginar, meu nome não é Teta. Jhonathas.

Eu: Natallie.

Beck: Essa apresentação tá culta demais. Vocês podem me fazer o favor de se apresentarem do jeito certo?

Teta: E aê. Meu nome é Jonathas, mas pode me chamar de Teta ou Jhow, você quem sabe. Suave?

Eu: Suave. Me chama de Naty.

Ele bateu na minha mão.

Beck: Agora sim. Ah, e Naty essa pose de homem que esse infeliz tá fazendo é só porque ele acabou de te conhecer. E porque tem maconha no cérebro. Daqui poucos minutos ele vai mostrar quem é de verdade e você vai ter se arrependido de ter conhecido ele.

Dito e feito. O Teta era extremamente retardado. Falou um monte de merdas, contou histórias que nem Lúcifer acredita, mas que me deram umas boas risadas, daquelas que até doem a barriga.

E ultimamente a coisa que eu mais precisava era rir de verdade, como se nada me afetasse. Como se não tivessem milhões de problemas me cercando.

Acho que encontrei o palhaço da minha vida. A começar pelo “nome”: Teta. Um cara muito foda. Teta… Afe, que merda de apelido.


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