De Volta Ao País Das Maravilhas escrita por Kremer


Capítulo 7
Capítulo Sete: As Cartas do Baralho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/332429/chapter/7

Mary Ann notara agora que havia uma linha branca que atravessava o meio do tabuleiro, na horizontal. Perguntou-se qual seria a utilidade dessa linha, mas algo lhe dizia que em breve iria descobrir.

- A Rainha de Copas fará o primeiro movimento, e então você irá acompanhar as peças que se mexerem até onde elas forem. - Disse a Rainha Branca. Mary Ann ficou confusa, pois não era assim que se jogava xadrez. Mas apenas assentiu, obedientemente, sabendo que não adiantava argumentar naquele lugar.

A Rainha de Copas de fato fez o primeiro movimento:

- Cartas! - Disse ela, e as cartas, que estavam no lugar dos peões, todas elas, marcharam para o centro do tabuleiro. As cartas do lado da Rainha Branca também marcharam ao seu encontro, de uma forma tão sincronizada que Mary Ann acho que parecia...

Um espelho, pensou consigo mesma. Correu para acompanhar as cartas: neste momento, os peões estavam frente a frente, e pararam, até todos ficarem a um passo de distância. Mary Ann se aproximou, e então, todos deram um passo, como se entrando uns nos outros e desapareceram. Ela atravessou a linha que riscava o chão.

O outro lado da linha a levou novamente para o jardim das roseiras, e ela ouviu vozes murmurando:

- Rápido, temos que pintar todas as rosas! - diziam. Ela seguiu o som, e encontrou as cartas pintando de carmesim as lindas rosas brancas das roseiras.

- Perdão... mas... por que estão pintando estas rosas? -  Perguntou a menina,  que as achava muito mais bonitas no seu estado natural.

- Porque a nossa rainha ordenou que plantássemos rosas vermelhas, e por acidente... - Disse uma das cartas, fazendo uma pausa para pintar uma rosa. - ... Plantamos rosas brancas no lugar. Rosas brancas são as rosas da Rainha Branca, e sabemos que a nossa Rainha... - Novamente, fez uma pausa para pintar outra rosa. - ... Não gosta da Rainha Branca. Se ela descobrir, irá cortar nossa cabeça! - Explicou.

Mary Ann se apiedou, e prontamente pegou uma lata de tinta e um pincel, sempre disposta a ajudar.

- Nesse caso, irei ajudar.

Pintaram muitas roseiras naquele dia. Levaram muito tempo para conseguir, e quando faltava apenas uma, eles ouviram o som de uma trombeta e em seguida um grito:

- A Rainha!

Todos eles se assustaram: arremessaram as latas de tinta nos arbustos, correram para todos os lados, mas no final, formaram fila para ver a rainha passar. Todos estavam ajoelhados, quando a rainha chegou com uma grande escolta. Mary Ann apenas viu cartas de baralho, nem sinal dos espectadores do jogo de xadrez.

A Rainha passou avaliando cada canto, desconfiada. Por fim, acabou encontrando aquela roseira que faltava. Mary Ann engoliu em seco.

- ALGUÉM... IRÁ... PERDER... A CABEÇA... POR ISTO! - Gritou ela, depois de ter arrancado a roseira pela raiz. Seu rosto estava da cor das roseiras pintadas: um carmesim tão forte que parecia que ela ia explodir.

- Oh, piedade, piedade, majestade! - Disse uma das cartas, atirando-se aos pés da rainha. - Estávamos apenas tentando agradá-la, por favor, poupe-nos! - As outras cartas juntaram-se a ele, num coro de “Tenha piedade!”. Mary Ann, apesar de comovida, não conseguiu deixar de achar aquilo patético.

- Cortem-lhes a cabeça! - Gritou a rainha. Neste momento, porém, a Rainha Branca apareceu no jardim, serena, como sempre.

- Ora, minha irmã, deixe disto. - Disse ela, aproximando-se. - Eles apenas estavam tentando agradar um capricho seu. - A Rainha ficou mais vermelha ainda, quase explodindo de raiva.

- Sua insolente, não se meta onde não é chamada. Eu sou a rainha, e ordeno que lhes cortem a cabeça! - Gritava a Rainha de Copas.

- Por que não os usa em uma partida de xadrez? - Sugeriu a Rainha Branca. A Rainha de Copas pareceu analisar a ideia por uns instantes, e então cedeu.

- Está bem, então vamos logo com isso. - Disse por fim a Rainha de Copas. Todos marcharam para o tabuleiro. Mary Ann aproximou-se da Rainha Branca:

- Majestade, ela não irá decapitá-los depois do jogo? - Perguntou, preocupada.

- Minha irmã nunca decapita alguém, de fato. Apenas ordena. - Disse a Rainha Branca, rindo.

E então, Mary Ann voltou ao tabuleiro, e as cartas haviam sumido. Voltou para o lado da Rainha Branca, e esta, sorridente, lhe explicou:

- Neste jogo, a única coisa que você deverá fazer será conhecer as peças, e então elas somem. - Mary Ann perguntou-se qual era a necessidade disso.

A Rainha Branca era a próxima a jogar. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "De Volta Ao País Das Maravilhas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.