“Eu gosto de você, Megan.”

Aquelas palavras ecoaram na minha mente. Inúmeras respostas passaram pela minha cabeça, como: “Você está brincando, certo?!”

Mas apenas uma saiu de minha boca:

— O quê?

— Realmente, você é muito lerda. — Ele soltou o meu rosto e saiu andando em direção à cozinha.

Depois que ele saiu, eu subi às escadas correndo e entrei no quarto da Jessica.

— Ahn... Olá?

— Megan... — Anna disse de cabeça baixa.

— Anna... — Respirei fundo.

— Desculpe. — Dissemos em uníssono.

— Eu não devia ter dito aquele apelido. — Aproximei-me dela.

— Tudo bem. Eu devia deixar isso pra lá. Afinal, ele era um idiota! Eu não tenho que sofrer toda a vez que eu lembro disso, não é?!

Sorri em resposta e a abracei.

— Eu tenho uma coisa pra falar com vocês. — Disse me desvencilhando do abraço. Olhei para Jessica, que estava na cama.

— Conte. — Jess colocou as mãos embaixo do queixo. — Aposto que tem a ver com o meu irmão.

— Sim... Ele... — Comecei. — Ele disse que gosta de mim e depois simplesmente foi embora.

As duas continuaram me olhando com cara de idiota.

— Foi isso. — Eu disse, finalmente.

Elas se olharam e depois começaram a rir e, logo em seguida, gargalhar, enquanto resmungavam coisas sem sentido e faziam gestos com as mãos.

— As crianças podem parar de rir? — Ergui as sobrancelhas. — O caso é sério.

— Des... culpe. — Jess disse limpando lágrimas no canto dos olhos. — É que... eu não me contive.

— Percebi. — Revirei os olhos.

— Imaginei a Megan com cara de débil mental quando o Daron disse gosta dela. — Ann fez uma cara – a cara que ela supôs que eu fiz – e logo voltou a rir juntamente com Jess.

Quando elas finalmente pararam de rir, eu continuei:

— Será que alguém pode me ajudar?

— Olha Maggie... — Ann conteve o riso. — Desculpe, mas você é meio pateta. E idiota.

— Obrigada. — Disse com sarcasmo.

— Quando ele disse isso... você fez o quê? — Indagou Jess.

— Eu disse: o quê?

Elas se olharam e voltaram a rir novamente.

— Caramba! Quando uma pessoa diz que gosta de ti, você não diz “o quê”, Ryan. — Ann disse.

— Eu não sabia o que dizer. Eu estava nervosa! — Exclamei.

— Megan... Uma pessoa só declara seus sentimentos se ela tiver quase certeza de que o sentimento é recíproco. — Jess afirmou.

— Você quer me dizer que ele tem quase certeza de que eu gosto dele.

— Isso! E você tem que deixar de ser boba e dizer que gosta dele também. — Ann bateu em minha cabeça.

— O que eu digo?

Elas se olharam e reviraram os olhos. Quando Jess abriu a boca pra responder, bateram na porta.

— O almoço está pronto. — Daron disse apenas com a cabeça dentro do quarto.

— Diga o que você acha que deve ser dito. — Jess sugeriu assim que Daron fechou a porta.

~●~

Eu passei o resto do dia sem falar direito com Daron. Quer dizer, eu tentei dizer algo como “a comida está boa”, mas ele parecia meio distante e só sorria torto. De tarde, nós fomos tomar banho de piscina e as meninas sugeriram que eu fosse chamá-lo para se juntar a nós. Eu fui – de biquíni, diga-se de passagem –, mas ele disse que ia sair com uns amigos.

Quando a noite caiu, os pais de Jess finalmente chegaram.

— Filhinha! Como você está? — A Sra. Spittle disse com um sorriso enorme.

— Estou bem, mãe. — Ela a abraçou.

— Meninas! Tudo bem? Almoçaram direitinho? Você fez a comida pras suas amigas, filha?

— Eu não. Daron fez. — Ela sorriu maliciosa para mim.

Por um momento eu quase pensei que a Sra. Spittle fosse ter um ataque, mas logo em seguida ela disse incrédula:

— Daron? Cozinha? Ninguém se feriu? Jessica, você conseguiu fazer o seu irmão cozinhar?

— Eu não. — Jess pôs as mãos no meu ombro. — Megan que fez esta proeza.

Eu tentei disfarçar a vermelhidão em meu rosto enquanto sorria torto.

— Megan, querida! — Ela me abraçou. — Ethan, meu bem! Megan fez o nosso menino cozinhar! — Ela bateu palmas como uma adolescente.

— O quê?! — O Sr. Spittle se virou para mim e sorriu. — Ela conseguiu domar aquele garoto?!

— É pai! Eles estão namorando. — Jess disse alegremente.

— N-Não é isso... — Fui interrompida pela minha “sogra”.

— Ah, querida! Eu não acredito! — Ela me abraçou forte.

— Senhora Spittle... — Tentei dizer.

— Não, não! Me chame de Mary. — Ela continuou sorrindo. — Onde está Daron? — Ela perguntou pra ninguém em especial.

Nesse momento, Daron entrou encharcado na sala.

— Daron! O que aconteceu com você? — Mary apontou para suas roupas. Devo acrescentar que sua camisa grudava no corpo bem definido dele. Tentei não observar muito.

— Eu me joguei na piscina antes de entrar. — Disse simplesmente.

Mary revirou os olhos.

— Ah querido, por que você não disse que estava namorando? — Ele pareceu confuso e olhou para mim. — E com uma garota linda como ela. — Gesticulou para mim.

— Sra. Spi... — Ela ergueu as sobrancelhas. — Mary, eu não... — Fui interrompida novamente. Dessa vez por Daron.

— Desculpe, mãe. Eu estava esperando o momento certo para dizer. — Ele fez uma cara de culpa.

— Ah! Está perdoado, meu bem!

Daron me abraçou e beijou a minha bochecha. Mary soltou um “own” e juntou as mãos perto da cabeça. Logo em seguida beijou o marido e Jess fez cara de nojo.

— Vá se trocar! Assim você acaba pegando um resfriado. — Eu disse por extinto.

— Sim, senhora. — Ele sorriu de forma sexy e foi se trocar.

— Assim que tem que ser. Depois ele fica doente e não sabe o porquê.

Ethan foi empurrando Mary até o segundo andar enquanto ela tagarelava. Anna e Jessica estavam sentadas com a mão na boca para conter o riso.

— O que foi isso? — Perguntei ainda calma.

— Achei que seria divertido. — Jess deu de ombros.

— Estou com uma vontade enorme de te matar, Jessica Spittle. — Sibilei.

— Animação, Maggie! Os teus sogros te amam! — Assegurou Anna.

Revirei os olhos.

— Por que o seu pai disse que eu consegui domar o Daron?

— Ah... Quando ele era pequeno vivia dizendo que nunca ia cozinhar para ninguém. Muito menos para uma garota. Ai os meus pais levaram a sério isso.

— Realmente, não se deve levar em conta o que os garotos dizem. — Anna se pronunciou.

— Eles falavam que nós somos nojentas. — Jess se levantou e foi em direção à escada.

— Nós falávamos que eles eram nojentos. — Acrescentei.

Fomos para o segundo andar tagarelando e rindo, quando Daron saiu do banheiro apenas com uma bermuda e com a toalha azul-marinho na nuca. Ele parou na minha frente e selou nossos lábios.

— Boa noite, Anjo.

Ele entrou em seu quarto e um sorriso bobo se formou em minha boca.

Anna e Jessica ficaram caladas até entrarmos no quarto. Quando entramos, elas começaram a soltar gritinhos.

— Eu não acredito! A minha melhor amiga é minha cunhada! — Jess gritou.

E foi assim o resto da noite: Ann e Jess gritando feitas duas retardadas e eu com um sorriso idiota na cara.