O Irmão Da Minha Melhor Amiga escrita por Allask


Capítulo 23
Um grande salto para as meio-ruivas


Notas iniciais do capítulo

RECOMENDAÇÃÃÃÃOO!! o////// < reparem na quantidade de braços do meu bonequinho u-u
Yay, Cipriano! Você é diva, garota! Obrigada pela recomendação! *U* Eu nem preciso comentar que eu estou feliz, né?! Né.
Ai vocês não sabem o quanto eu fico extasiada ao ver um review, quando alguém favorita a fic ou quando fazem uma recomendação - muito mais nesse último, devo ressaltar.
Ah, acho que vocês vão querer me matar no final =33
Enfim, vamos ao que interessa:
Boa leitura! ^^



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Acho que nunca chamei tanta atenção na minha vida. Não sei se as pessoas olhavam para mim por causa das minhas, ou melhor, das roupas de Daron ou por causa do meu cabelo vermelho e todo arrepiado. Talvez estivessem olhando para nós dois e não só para mim, já que Daron estava com a roupa do Flynn. Mas ele estava chamativo de um modo bom, ao contrário de mim que estava toda largada. Algumas pessoas ficavam cochichando e alguns davam risadinhas “disfarçadas”. Olhei de lado para Daron. Ele não parecia notar a atenção que eu estava recebendo. Parecia estar tendo algum pensamento bem profundo. Ou só estava pensando alguma em coisa idiota. Estávamos quase chegando no inverno ou estação das guerras de bola de neve, chocolate quente e lareira quentinha. Isso se eu tivesse uma lareira em casa.

Quando finalmente chegamos, eu lembrei que estava sem a chave de casa. Fui revirar os bolsos à procura da chave, mas lembrei de que estava usando as roupas de Daron.

— Droga! — Praguejei. — Erm… Daron, eu esqueci as chaves.

Ele virou-se para mim e arregalou os olhos.

— Como é que você esquece as chaves?

— Esquecendo! Você acha que eu tenho memória de elefante? Eu tenho coisas mais importantes pra me preocupar, como o fato de estar suja de tinta e usando as suas roupas.

— Calma… você está muito esquentadinha. — Ele olhou em volta. — Não tem outra entrada? Uma chave escondida embaixo do tapete?

— Não.

Ficamos em silêncio por um minuto.

— E agora? — Perguntei.

Ele pensou um pouco.

— Vamos pra minha casa.

— Tudo bem. — Dei de ombros.

Nós fomos quietos durante todo o caminho. Daron ora chutava algumas pedras ora remexia nos bolsos. Ele parecia incomodado com alguma coisa. Ou era só impressão minha. Ao chegarmos, mandei Daron ficar na sala e fui para o quarto de Jessica. Dei graças por Jessica ter quase os mesmos sais de banho que eu. Fiquei quase uma hora no banheiro e ainda sentia que havia tinta no meu corpo. Enrolei-me na toalha e sai.

— AAH! Você é surdo ou o quê? Eu não mandei você ficar na sala? — Gritei. — Qual é? Vocês gostam de me ver só de toalha?

— Relaxa… Você estava demorando tanto que eu achei que tinha se afogado na banheira. — Ele murmurou. — Espera… “Vocês”? Como assim vocês?

— O quê?

— Você disse que…

— Foi modo de falar, Daron. — Revirei os olhos.

Ele ficou em silêncio por um instante.

— O Darwin está incluso no “vocês” não está?

— O Henry? O quê? Esquece isso, já faz tempo! — Mas uma coisa dessas a gente não esquece tão fácil.

— Então o Darwin também te viu só de toalha? — Ele ergueu a sobrancelha.

Na verdade, ele quase me viu sem a toalha, mas eu não ia dizer isso ao Daron.

— Se ele viu ou se não viu, o problema é meu e dele, okay? E seria muito oportuno se o senhor se retirasse.

— Tudo bem, mas a senhora não deveria ficar mostrando o seu corpo pra qualquer um que aparece.

— EU NÃO! Vocês que não respeitam a minha privacidade e invadem o meu quarto! — Gritei.

— Mas esse não é seu quarto. — Ele deu um riso zombeteiro.

— Tá. Tudo bem. Eu me rendo. — Levantei uma mão. — Não vou mais discutir com você. Agora faça o favor de sair.

Ele deu um último sorriso e saiu do quarto.

Finalmente!

Fui para o closet de Jessica e escolhi uma de suas roupas. Demorou um pouco já que as roupas de Jess não fazem meu estilo – e eu estou falando de saias e blusas regatas. Demorei a achar uma calça, uma camiseta branca lisa e uma jaqueta azul-marinho. Jess não calçava o mesmo número que eu, então eu tive que usar meu tênis branco que tinha algumas marcas de tinta. Quando desci, o Sr. e a Sra. Spittle estavam chegando junto com Jessica. Ela me olhou confusa e depois olhou para a minha roupa. Quer dizer, a roupa dela.

— Peguei uma roupa emprestada. — Disse a Jessica.

— Percebi. — Ela deu um sorrisinho. — Vai sair com ele, é? — Inclinou a cabeça na direção de Daron

Não respondi. Apenas revirei os olhos e fui na direção de Daron.

— Você está linda, querida.— A senhora Spittle veio até mim e apertou minhas bochechas. O que é isso? Eu só estava com uma calça jeans normal e uma blusa branca normal. Tudo normal. — Aliás, como sempre, não é, querido? — O Sr. Spittle gritou um “Claro, amor.” E foi para a cozinha. — E aposto que você não precisa se arrumar toda pro meu filho, pois ele com certeza acha o mesmo. — Ela sorriu carinhosamente para mim.

Embaraçoso…

— Ahn… Vamos? — Daron disse levantando-se. Suas bochechas estavam levemente coradas.

Assenti e nós saímos.

Ele tirou as chaves da moto do bolso, pegou um capacete e jogou-o para mim. Fiquei em pé por um tempo, observando-o. Eu nem tinha notado sua roupa até aquele momento. Estava com uma blusa de manga comprida cinza, uma calça preta e um tênis.

— Pra onde nós vamos? — Perguntei.

— Um lugar. — Ele respondeu subindo na moto. — Você vai gostar. — Virou-se para mim e ergueu o canto da boca.

— Não podemos ir a pé? Eu vou congelar se formos de moto.

— Não, nós não podemos.

— Então, nós não vamos pra nenhuma lanchonete ou algo do tipo? — Ergui a sobrancelha.

— Garotos fracos levam as garotas pra lanchonetes. Garotos como eu inovam. — Ele disse por fim e fez um sinal para que eu subisse na moto.

Pus o capacete e Daron acelerou quase que instantaneamente, fazendo-me agarrar seu corpo desesperadamente. Gritei com ele, que apenas riu e continuou acelerando.

Aquele ali consegue dirigir pior do que o loirinho. Não sei qual o problema desses garotos que só sabem dirigir feito desesperado. Parece até fugitivo. Ignorei o fato de estarmos saindo da cidade e…

Espera, o quê?

— Você está saindo da cidade. — Falei alto o suficiente para ele ouvir.

— Dã! — Não vi seu rosto, mas tive a certeza de que ele revirou os olhos.

Tentei não pensar no fato de ele estar me levando pra fora da cidade. Decidi observar a linda paisagem que nos cercava. Árvores… Árvores… Algumas pessoas sentadas à beira da estrada… Daron estava reduzindo. Tinham mais pessoas perto da estrada, umas cinco mulheres caminhando com a parte de cima do biquíni e shorts, o que era algo completamente incompreensível, já que estávamos em um frio desgraçado e as criaturas estavam seminuas. Daron encostou perto daquelas mulheres – que sorriam como se tivesse um bolo de chocolate gigante na frente delas. Esse bolo seria Daron.

— Com licença, onde fica a entrada pro N.E. Park? — Ele disse a nenhuma delas em especial.

— Logo ali. — A morena que estava com um biquíni roxo gesticulou para um caminho entre as árvores. — Quer ajuda? Nós podemos levar você lá. — Ela sorriu de uma forma… Um tanto vulgar. Eu achei.

— Não precisa. Nós podemos encontrar o caminho. — Ele deu um meio sorriso e deu partida na moto.

Tudo bem, por essa eu não esperava. Não esperava mesmo.

Entramos em um local totalmente cercado por árvores e, mais à frente havia um arco enorme onde estava escrito “NEW EVOLUTION” em letras grandes e coloridas. O local era enorme. Tinha um lago gigante onde crianças jogavam água umas nas outras. Esse povo não sente frio?

Nós fomos para a nossa direita onde havia um estacionamento – que estava consideravelmente cheio. Daron desceu da moto e esticou a mão para mim. Olhei para ele meio confusa e perguntei:

— O que é tudo isso?

— Eu queria te dar o melhor encontro que você já teve em toda a sua vida. — Ele sorriu encantadoramente e continuou com a mão estendida.

— Okay, mas que lugar é esse?

— Um parque? — Pergunta retórica, Megan. Você não precisa responder.

— Então sua ideia de melhor encontro é em um parque de diversões? — Ergui a sobrancelha.

Ele continuava igual a um pateta com a mão estendida para mim. Decidi finalmente segurá-la. Ele me ajudou a descer da moto – algo realmente desnecessário – e caminhamos até uma área distante. Ao longe eu pude ver uma plataforma alta. À medida que nos aproximávamos, eu confirmava o que eu mais temia. Pessoas na plataforma amarradas com um tipo de corda ou sei lá o quê. Elas se preparavam e depois saltavam em queda livre. O que leva uma pessoa a saltar assim? E se aquela coisa arrebentar? Eu é que não tenho coragem de ir num negócio desses.

— Bungee jumping. — Daron sorriu. — Vamos lá.

Droga. Esse garoto ficou maluco? Acho que foi o hálito da Maia afetou o cérebro dele – é, eles estavam falando muito perto um do outro na peça e isso realmente pode ter ocorrido.

— Como é? — Foi tudo que saiu da minha boca.

— O que foi, Ryan? Está com medo? Se você quiser nós podemos ir em outro lugar… — Sugeriu. Eu quase aceitei a oferta, mas antes de eu dizer algo ele acrescentou: — Mas acho que nem a Vanessa, nem a Charlotte, muito menos a Maia recusariam a oferta de pular de bungee jumping. Não se preocupe que a Caroline também não iria. Sabe, ela é muito medrosa.

Ele estava rindo da minha cara por dentro. Ele estava me subestimando. Daron Spittle realmente queria me ver sofrer. Tinha certeza que eu não recusaria isso, pois afetaria o meu orgulho. E ele estava me desafiando. Daron estava usando seus velhos truques comigo. Aqueles velhos truques.

— Claro que não! Vamos logo, eu não quero ficar muito tempo na fila.

Fui batendo os pés na frente.

No que eu me meti? Considerando o quanto eu sou azarada, há 90% de chances de aquela corda arrebentar. Ou de alguém arrebentá-las de propósito. Droga, eu estou ficando paranoica. Pior do que o Henry.

Olhei para cima e tentei calcular a altura daquilo. Uns 30 metros no mínimo. Ou sei lá, eu não sou boa calculando alturas de estruturas como essa. Daron parou bem atrás de mim e soltou uma risada curta.

— Se quiser desistir, tudo bem. — Ele sussurrou no meu ouvido.

Respirei fundo. Eu não estava preparada psicologicamente pra cair uns sei lá quantos metros. Acho que essas coisas, como a gravidade, não devem ficar sendo testadas por esses seres humanos que não dão valor à vida. Eu dou valor à minha vida e, se eu não sobreviver a isso, vou puxar o pé do Daron à noite.

— Eu não vou desistir. — Disse convicta.

— Então vamos subir. — Ele encostou sua mão em minha costa e me conduziu até uma escada.

Meu coração estava à mil. Eu não estava conseguindo raciocinar. Minhas pernas tremiam só de pensar em ter que pular. Mas eu continuei, não só porque ele me desafiou, mas porque eu tinha que enfrentar meus medos.

Não. Era porque ele havia me desafiado mesmo.

Não tinha muita gente para pular. Na verdade, quando cheguei, os carinhas começaram logo a me equipar com aquela parafernália toda. Eles prenderam o cabo nos meus tornozelos e eu me certifiquei de que eles puseram aquilo direito. Um dos carinhas disse que estava tudo certo e que eu não tinha com o que me preocupar. Depois eles prenderam aquele cabo na minha cintura e eu perguntei se tinham chances daquilo arrebentar.

— Claro que sim, mas só se você for muito azarada. — Ele riu e os outros carinhas riram junto.

Você nem imagina, carinha. Nem imagina.

— E se ela arrebentar?

— Considerando a altura da queda, você morre. — Ele fez aquilo parecer bem óbvio. Realmente, era óbvio, mas eu estava tão nervosa que não percebi.

Daron, que parecia estar se divertindo muito, colocou suas mãos em meus ombros e falou:

— Ainda dá tempo de desistir.

— Mas que droga! Eu não vou desistir. — Gritei.

— Só relaxa, esse equipamento é bem seguro. Se não fosse, não deixaríamos uma moça tão bela quanto você pular. — O outro carinha fez uma cara de galanteador e sorriu para mim.

Daron contorceu o rosto e tirou suas mãos de cima de mim. Antes de se afastar, ele sussurrou:

— Se você morrer, eu quero me certificar de que terei dado um último beijo em você antes de ir.

— Claro que não! Você me pôs nessa. Se eu morrer, a culpa vai ser sua.

Ele abaixou a cabeça e riu, depois a levantou, segurou meu rosto e encostou seus lábios nos meus.

Aquilo me surpreendeu, já que “roubar beijos” não era algo que Daron fazia de costume. Não, podia ser que ele fizesse com outras, mas comigo não.

Minhas pernas tremeram levemente, não só pelo fato de eu estar prestes a pular. Daron Spittle definitivamente mexia comigo. E eu não estava nem um pouco a fim de contar isso a ele.

Os carinhas disseram que eu já podia pular e, bem, eu não pensei duas vezes, se eu fizesse logo e não pensasse em coisas ruins, talvez eu nem ficasse com medo.

A sensação de pular era quase mágica e eu me sentia tão leve e ao mesmo tempo tão pesada. Era a coisa mais maravilhosa do mundo e eu não sei o porquê de eu ter ficado com medo. Aquilo era incrível!

Tá, só se fosse no mundo dos patinhos voadores. Era incrível pular? Era. Aquilo me deixou enjoada? Com certeza. Eu quase vomitei daquela altura? Pode apostar que sim.

Não estava sentindo meus pés. Minha barriga estava completamente revirada. Meu coração estava acelerado. Eu podia ter um piripaque naquele momento. Na verdade, eu estava quase tendo um.

Senti um impacto quando o cabo voltou e ficou me balançando no ar. Todo o sangue do meu corpo ia para a minha cabeça, me fazendo ter um ataque de gritos sucessivos.

— ME TIRA DAQUI! EU NÃO QUERO MORRER! POR FAVOR! POR FAVOR!

Quando finalmente me tiraram dali, minha cabeça doía como se um elefante tivesse passado por cima dela. Minhas pernas estavam tremendo tanto que, se não fosse por Daron me segurando, eu iria ficar sentada ali mesmo. Eu pedi a ele que esperasse a minha tontura passar para podermos descer.

Essa foi uma experiência que eu espero não ter que repetir.

Daron olhava para mim com uma expressão preocupada, mas ao mesmo tempo divertida. No momento em que me recuperei, lembrei que Daron não tinha pulado. E que provavelmente não iria pular.

— Ei. — Chamei-o — Você não vai?

— Pra onde? — Fez-se de desentendido.

— Pular, oras.

Ele soltou uma risadinha.

— Não.

— Como não? Está com medo? — Desafiei-o.

— Megan, eu não sou como você. Não vou cair no truque do “estou te desfiando e se você não for, é um fraco”. Eu simplesmente não quero ir. — Ele deu de ombros.

— Você é um chato. — Cruzei os braços.

— Podemos descer?

Balancei a cabeça.

Minhas pernas ainda tremiam um pouco, mas não tanto. Dava pra andar bem lentamente, mas tão rápida quanto uma idosa usando andador. Daron estava tentando não rir da minha cara de sonsa, mas continuava me conduzindo normalmente. Ele parou em um local tipo uma cabana e um homem o entregou uma cesta de piquenique. Depois me levou para um local um pouco afastado do parque. Tinha um lago e, ao redor, alguns banquinhos com mesinhas. Tudo no diminutivo mesmo.

— Piquenique? Isso não é inovar, Daron. — Sentei-me em um dos banquinhos.

— Mas tem um lago aqui. Isso é inovar. — Ele tirou um pano cor-de-rosa de dentro da cesta e eu franzi a testa.

— Que cor é essa?

— Rosa. Virou daltônica?

— Há há. — Ri irônica. — Me referi a essa cor ser meio estranha pra você.

— Um homem não pode ter uma toalha rosa?

Ergui minhas mãos em rendição.

— É da Jessica. — Ele disse.

— Tá explicado.

Daron olhou dentro da cesta e tirou uma caixinha de suco de laranja. Meus olhos brilharam. Tanto quanto os olhos de uma pessoa podem brilhar. Ele meio que o entregou/jogou para mim e eu o bebi completamente satisfeita.

— Você parece uma criança. — Ele riu.

Fechei a cara.

— Você adora dizer isso, né?!

Daron continuou tirando a comida de dentro da cesta. Tinham potinhos com mini sanduíches, morangos, uvas, pãezinhos e várias outras comidas de piquenique.

— Você quem preparou tudo?

— Hum… Não.

Não sei se ele disse não porque não havia feito mesmo ou porque ele achava que, o fato de ele ter preparado uma cesta de piquenique, afetaria sua masculinidade.

Dei de ombros e ataquei os mini sanduíches. Depois parti para os morangos e depois para os pãezinhos. Aquilo estava tão delicioso que eu não conseguia parar de comer.

— Megan… — Daron me olhou assustado enquanto eu estava com uns três pãezinhos na boca.

— Hã? Des… — Me forcei a engolir os pãezinhos e completei: — culpa.

Depois dessa eu me enterrava. Se minha mãe estivesse viva, ela diria: “Mas que falta de classe, Maggie! Não foi assim que eu te ensinei.”. Eu até posso escutar sua voz dizendo isso para mim.

— Tudo bem. — Ele sorriu.

Eu senti uma coisa estranha. Uma coisa muito estranha. O meu coração começou a bater mais rápido e eu comecei a ficar nervosa. Minhas mãos estavam tremendo e tinha alguma coisa fazendo cócegas na minha barriga. Isso não é nada bom.

— Ahn… Daron?

Ele se virou para mim.

Senti minhas bochechas corarem e virei imediatamente.

— Aqui tem brinquedos? — Não era isso que eu queria falar.

— Tem. Você quer ir?

Balancei a cabeça em concordância.

Ele juntou tudo e guardou dentro da cesta, depois entregou ao cara da cabana e nós fomos na direção do bungee jumping. Mais atrás tinha um parque de diversões. Tipo, parque mesmo, com barraquinhas, brinquedos e coisas que tem em um parque. Tinha uma montanha-russa também. E uma roda gigante. Bom, são só esses os brinquedos que eu consigo identificar em um parque. Os outros eu chamo apenas de “brinquedo”.

— Em qual você quer ir?

Olhei ao redor. Roda gigante? Já tive bastante aventuras com altura por hoje. Montanha-russa? Já gastei toda a adrenalina do meu ser, então, não. Tentei encontrar algum brinquedo que não fosse tão desgastante para mim e encontrei um bem ao lado do…

— Túnel do amor. — Daron disse. — Não quer ir nesse?

Balancei a cabeça.

— Aquele é melhor. — Apontei para o outro túnel. O túnel do terror.

— Tem certeza? — Ele ergueu a sobrancelha.

— Aham.

Daron tirou a carteira do bolso e foi para a bilheteria. Pagou pelos ingressos e nós fomos rumo ao túnel do terror. Eu estava mais feliz. Aquele brinquedo era de longe o melhor para mim.

Entramos na fila atrás de um garotinho que deveria ter a idade da Molly. Nós éramos os quintos da fila e ficamos esperando por um longo tempo lá. Quando finalmente chegou a nossa vez, o cara nos entregou uma lanterna e nós entramos.

Mesmo com a lanterna iluminando, estava muito escuro. Daron era quem estava andando na frente com a lanterna e eu estava um pouco atrás dele. Andamos um pouco e nada de assustador aconteceu.

— Isso aqui está fraco… — Murmurei.

Como se eles ouvissem o que eu disse, uma coisa com cabelos longos e bagunçados apareceu do meu lado e um grito agudo preencheu o lugar.

— AAH! DESGRAÇA! — Gritei. — Mas que droga!

Daron gargalhou.

— Você com medo fica engraçada.

— Engraçada… Engraçada vai ficar a sua cara quando… — Me interrompi subitamente. Alguma coisa tinha se encostado à minha perna. Arrepiei-me e segurei o braço de Daron.

De repente, alguém puxou o meu tornozelo e me fez tropeçar.

— DARON! — Eu meio que gritei, meio que choraminguei. — Alguém puxou minha perna.

Ele reprimiu um riso e eu agarrei seu braço ainda mais. Daron ficava movimentando a lanterna de um lado para o outro como se procurasse alguma coisa. Aquilo já estava me dando nos nervos, então eu tirei a lanterna da mão dele com um tapa. Foi sem querer, mas ele a deixou cair e ela parou de funcionar. Simples assim. Estávamos no completo escuro por causa da minha brutalidade.

— Parabéns, Ryan! — Ele disse irônico.

Não sei bem o motivo, mas eu fiz um comentário um tanto esquisito para a situação:

— Sabia que quando você me chama de “Ryan” parece que eu sou um menino?

— Sabia que eu não sei pra onde nós temos que ir? E sabia que está escuro? E sabia que…

— Tá, Daron, eu entendi. — Interrompi-o.

Ficamos em silêncio por um instante até eu resolver quebra-lo.

— E agora?

— Não sei.

Fiquei parada um tempo até minha visão conseguir se adaptar à escuridão. Olhei para os lados e só conseguia ver paredes. Olhei para o chão e consegui enxergar a lanterna. Abaixei-me e a peguei. Bati nela várias vezes tentando fazer com que ela funcionasse. Atirei-a na parede, totalmente frustrada e cruzei os braços.

— Não é assim que você vai fazê-la funcionar. — Daron murmurou.

— E o que você diz? Já sabe pra onde ir?

— Bom, tem dois caminhos. Qual você acha que nós temos que ir? O da esquerda ou o da direita?

Estreitei os olhos e consegui ver duas passagens. Pensei um pouco, geralmente, nos filmes, eles vão pela passagem da esquerda, então apostei nessa.

— Então, vamos pela direita. — Daron disse.

— O quê? Mas eu disse para irmos pela esquerda. — Reclamei.

— Por isso mesmo.

— Tudo bem, mas eu vou pela esquerda. — Insisti.

Ele apenas deu de ombros e partiu pela entrada da direita. Okay, se ele não vai me seguir, problema dele. Parti para a outra passagem e cantarolei uma música qualquer para não ficar tão assustada. Após uns três passos, alguém puxou o meu braço e eu soltei um grito, mas logo depois continuei andando e cantarolei mais alto. Depois eu senti gotas caírem no meu ombro. Encostei ali e senti uma coisa meio viscosa nos dedos. Olhei para cima e vi vários “corpos mortos” com “sangue” caindo. Mesmo que fosse de mentira, me assustou. E muito. Eu saí correndo dali, gritando desesperada e esbarrei em alguém. Nós dois caímos.

— Pegou o pior caminho? — Daron riu.

Irritei-me e soquei o seu braço.

— Aquela desgraça… Tinha sangue… E gente morta. — Choraminguei.

Daron estava sentado no chão e eu estava meio encostada nele.

— Megan, isso aqui é só de mentira. — Ele passou a mão no meu cabelo.

— Eu sei, é por isso que eu gosto desse brinquedo… Mas dá medo.

Ele se levantou e esticou a mão para me ajudar a levantar. Continuamos andando e ficávamos naquilo de alguma coisa me assustar, eu gritava feito uma louca, Daron ria da minha cara e eu ficava irritada. Finalmente saímos dali e o carinha que estava no fim do túnel pediu nossas lanternas. Olhei para Daron e ele disse ao homem que ela parou de funcionar e nós a deixamos no meio do caminho. Ele ficou nos encarando por um momento e finalmente nos deixou passar. Só percebi o fato de ainda estar agarrada ao braço de Daron quando ele virou o rosto para me encarar.

— Ah, desculpa. — Ruborizei.

Daron sorriu e passou o braço pelo meu ombro. Perguntei o que nós faríamos a seguir e ele disse que poderíamos ir para casa. Concordei e nós fomos. Tentei decorar o caminho para levar Molly ali qualquer dia. Teria que furtar o carro de Henry para isso. Mas não tinha problema.

Ao chegar em casa, Daron estacionou a moto perto da entrada e nós descemos. Estávamos perto da porta quando ele pôs suas mãos no meu rosto e me beijou. De novo. Mas dessa vez fomos interrompidos por um pigarreio. Gregory estava parado no batente da porta nos observando.

Quando foi que ele apareceu ali?

— Você chegou. — Gregory disse. — Posso saber pra onde foram? — Ele estava sério.

— Nós fomos… — Daron começou.

— A uma lanchonete. — Completei.

Gregory nos encarou com a cara amarrada. Nunca pensei que fosse ver meu pai com essa expressão. Uma espécie de raiva controlada. Olhei para Daron e depois para meu pai, que estava o encarando.

— Ahn… Vamos, pai. — Puxei o seu braço para tentar fazer com que ele saísse dali sem machucar ninguém. Mas ele continuou ali, então repeti: — Vamos, pai.

Gregory finalmente pareceu sair do transe e balançou a cabeça.

— Ah, claro. Mas o garoto vem também. Não quer ficar para o jantar? — Ele convidou com uma falsa animação.

Balancei a cabeça.

— Não, pai, ele não quer.

— Ah, Megan. Não seja tão estraga prazeres. É claro que ele quer! Não é mesmo? — Direcionou-se a Daron.

— Ahn… Claro. — Daron respondeu meio confuso.

Droga. Não podia ser melhor.

Meu pai puxou Daron para dentro de uma forma meio brutal e disse a todos que estavam na sala que “O namorado da Megan” iria ficar para jantar. Tia Judy abriu um sorriso do tamanho do mundo para ele e o chamou para sentar no sofá ao lado dela. Ninguém estava notando a minha presença, então eu subi sorrateiramente às escadas e fui na direção do meu quarto. Mas antes esbarrei em alguém.

— Sua tia Judy quase te entregou as chaves do meu carro pra ir passear com aquele lá. — Henry disparou.

— Oi pra você também. — Revirei os olhos. — Afinal, qual o seu problema com o Daron? O que ele fez pra você?

Henry olhou para o chão meio pensativo. Triste, talvez. E depois voltou a olhar para mim.

— Ei, não precisa me contar se não quiser… — Coloquei minha mão em seu ombro.

— Tinha uma garota… e ele a roubou de mim.

Oh. Então por isso que o Henry não gosta do Daron. Agora por que o Daron não gosta do Henry?

Mas por outro lado, o Henry sempre parece tirar onda com a cara de Daron.

Essa relação de amor e ódio desses dois me deixa confusa.

— Mas ele vai ver só.

— Henry, vingança não é algo em que se pode apostar…

— Eu não falei nada sobre vingança.

E depois disso ele me beijou.

Mas que droga! Qual o problema desses garotos?

Mas não foi igual ao que Daron tinha me dado. O de Daron fazia com que eu me arrepiasse. Eu sentia aquelas coisas estranhas na barriga e parecia que uma corrente elétrica dançava pelo meu corpo. Eu não tinha controle de mim mesma quando estava com ele.

E com Henry era diferente. Eu não sentia nada. Apenas vontade enorme de dar um chute em suas partes baixas.

E novamente eu fui interrompida por um pigarreio, antes mesmo de interromper aquele beijo que nunca deveria ter acontecido.


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Notas finais do capítulo

E ai? Vocês querem me matar? É né? Considerando que eu demorei pra caramba e que vocês devem estar com um ódio mortal... Okay. u-u
Mas eu tive alguns probleminhas com a minha família e somado a isso a minha falta de criatividade, que sempre resolve me atacar nos momentos mais inoportunos, eu acabei ficando sem escrever.
Então, quem vocês acham que interrompeu a Megan e o Henry? Huehuehue ai caramba, vocês vão me matar u-u ou não '-' Já estou até vendo a formação de clãs anti-Henry u-u Não o odeiem, ele é uma boa pessoa -qn ou não né xP mas saibam que as minhas intenções para o Henry nunca foram boas e.e então não matem a autora. Porque não.
Ah, a ideia do bungee jumping foi da minha queridíssima amiga Renata (e se não fosse por ela, eu não teria escrito nada '-') Então, ai estão os seus créditos, quenga-mor.
E eu ainda tenho dúvidas se é bungee jumping, bungee jump, bungee-jumping ou bungee-jump, mas eu deixei o primeiro, porque estava no wikipédia '-' apesar do wikipédia não ser tão confiável, segundo os professores e-e
Ah! Ia esquecendo... "Feliz natal e um próspero ano novo" (natal muito feliz, me dei dois livros de presente u-u)
Okay. É isso. xP



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