Quem é que resiste a um bad-boy? Acho que ninguém. Nem a mãe dele resiste, eu acho. Não que eu esteja afim de um bad-boy. Quer dizer, ele é lindo e tudo mais, só tem um problema: a minha amiga, Jessica. Se ela gosta dele? Sim, mas de um jeito fraternal. Isso mesmo! Ela é irmã dele. A questão é: ela é imprevisível. Ou seja, se eu dissesse que gosto dele, ela poderia reagir bem ou nem ligar pra isso... Ou – na pior das hipóteses – reagir mal, o que seria como a terceira guerra mundial. Mas isso seria apenas um dos meus problemas...

Outro problema é o Sr. Backham. Ele é o psicólogo da escola. Eu tenho encontros com ele desde que a minha mãe morreu. Agora eu vivo com a Sarah, a Molly e o Gregory. Quer dizer, eu quase não passo um tempo com Gregory desde que mamãe morreu. Ele vive trabalhando pra manter a casa. Sarah é quem cuida de algumas coisas da casa – quando não está viajando a trabalho. Ela é a nova namorada do meu pai. Sarah é muito legal, mas é muito distraída e esquecida. E Molly é a minha irmã mais nova. Já viu uma pessoa apaixonada por queijo? É a minha irmã. Nunca vi uma pessoa tão louca por queijo quanto ela. Só a nossa mãe... Molly é como uma miniatura da Annabel, exceto pelo cabelo liso. A única coisa que eu puxei de mamãe: cabelos ondulados. Os olhos castanhos penetrantes e a aparência doce e angelical ficaram com Molly. Enquanto eu fiquei com os olhos verdes de Gregory e os cabelos castanho-avermelhados. Não tenho do que reclamar. Eu não sou feia, mas também não sou o tipo miss universo. Bom, o que eu estava falando, mesmo? Ah sim, o Sr. Backham. Não é confortável falar da minha vida pro meu próprio pai, imagina pra um velho que eu nem conheço direito. Não que eu odeie ele, afinal ele está fazendo o seu trabalho, mas é chato. Bom, eu não estou aqui pra falar a respeito do psicólogo da escola, estou aqui pra falar do Daron. Vou contar tudo desde o inicio.

Em um belo dia de verão, eu estava na casa da Jess, como sempre, assistindo The Vampire Diaries na televisão de plasma da sala.

— Oh, meu Deus! Como o Damon é lindo! — Suspirei e tomei mais um gole do meu refrigerante. — Como eu consigo um desses?

— Ele é lindo, mas bad-boy não faz meu tipo.

— Como não? — Disse, indignada. — Imagina um garoto lindo com cara de mau e uma jaqueta de couro preta e dirigindo uma moto. — Olhei para o teto com um olhar sonhador. 

— Você sonha muito. Eu prefiro... — Jess foi interrompida pelo som de um celular tocando.  — É o meu. Espera aí. — Ela atendeu ao telefone e foi andando até a cozinha.

Continuei sentada no sofá assistindo televisão. Depois de um minuto ela voltou. Ficamos falando da beleza e sensualidade de Damon, enquanto comíamos pipoca, salgadinhos e tomávamos refrigerante. Depois de umas horas o celular dela tocou novamente. Depois de atender ela correu porta afora.

— O que foi Jess? — Ela falou algo sobre alguém que chegou, ainda sem parar de correr.

Fui em direção à porta e encontrei Jess parada no meio do quintal.

— Jess, o que foi? — Ela apontou pro outro lado da rua e eu o vi.

Ele estava descendo do táxi com uma mala preta. Os óculos escuros escondiam seus lindos olhos azuis. O cabelo preto estava bagunçado, dando um ar despreocupado. Ele veio em nossa direção e, por um momento pensei que ele estava andando em câmera lenta.

— Maninha! Quanto tempo, hein?! — Ele sorriu. — Ah, Ryan. Você por aqui?

— É, estou passando um tempo aqui.

— Daron, você está... Diferente. — Jess disse, olhando-o da cabeça aos pés.

— Claro que estou. Agora todas as garotas caem aos meus pés. — Realmente, ele está diferente. Mais convencido, mais safado, mais gostoso...

Desde quando virei tão pervertida?

— Eu não sei vocês, mas eu não quero ficar nesse sol. — Eu disse com as mãos na cintura e entrei.

Logo em seguida Jess e Daron entraram. Ele tirou os óculos e subiu até seu quarto. Jess revirou os olhos e disse:

—Garotos. Só espero que ele não venha me encher a paciência.

— Ainda está passando The Vampire Diaries? — Perguntei. Não sei se já disse, mas eu sou viciada nessa série. E não é só por causa do Damon, okay?

— Sei lá. Deve estar. — Nos olhamos e fomos em direção ao sofá.

— Ai meu Deus! Jess!

— O que foi?

— O seu irmão! — Bati minha cabeça em uma das almofadas.

— O que tem ele? — Ela se sentou na poltrona ao meu lado. — Ah, já sei. Você se sentiu seduzida por ele, não é? Qual é Meg! — Ela deu um riso malicioso.

— Não foi isso! Quer dizer... Foi mais ou menos isso. — Corei ao ver que ela me olhava maliciosamente. Provavelmente estaria me imaginando agarrada com Daron debaixo de um cobertor e dentro de uma barraquinha de acampamento.

Isso é a mente da minha querida amiga, Jessica.

— Não fique imaginando nada, Spittle!

— Não disse nada.

Nós desligamos a TV e fomos pra cozinha.

— Você vai dormir aqui, não é?

— Claro! A Sarah e o Gregory viajaram de novo. — Respondi.

— E a Molly? Quer dizer, ela tá sozinha naquela casa?

— Claro que não, Jess. A Sra. Field tá cuidando dela, parece até que ela está dando uma festa do pijama. — Disse sentando em uma cadeira perto da bancada. Jessica abriu um armário, tirou de lá dois pacotes de Doritos e me entregou um. Ficamos caladas por um tempo e depois Jess se pronunciou.

— Hey Meg, o que você ia falar do meu irmão?

— Quê? — Fiz-me de desentendida.

— Você disse: “o seu irmão!” — Ela fez uma imitação malfeita da minha voz.

— Hey! Eu não falo assim! — Protestei.

— Fala sim. — Uma terceira voz disse. Logo reconheci o tom arrogante e sedutor.

— Cala a boca, Spittle! — Me virei para ele.

— Vem calar. — Ele se aproximou de mim e fixou seus olhos nos meus.

Foi nesse momento em que eu percebi que ele seria o homem com quem eu passaria o resto da minha vida. Com essa simples troca de olhares notei que havia me apaixonado perdidamente pelo irmão da minha melhor amiga.

Não.

Não foi isso que aconteceu.

No momento em que ele fixou seus olhos nos meus eu percebi que ele seria meu pior pesadelo. O pior dos piores. Ele estava me desafiando, não só com as palavras, mas sim com o olhar. E eu adorava um desafio.