Ajuda-me a Viver escrita por Vitoria Bastos


Capítulo 18
Um bom lugar para recomeçar


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, mil desculpas pela demora. Eu odeio essa coisa de demorar de postar, porque além de escrever, eu também sou leitora. Eu, e a minha beta pedimos milhões de desculpas ... Enfim, vamos ler?



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- Eu preciso de um apartamento! - exclamei, quando percebi que as caixas ocupavam mais espaço do que nós.

- Ai, Belinha, eu sei que está ruim. - disse Alice. - Eu nem sei se eu vou conseguir ficar mais dois meses aqui.

O apartamento de Alice estava abarrotado de caixas - coisas que ela via todo dia e comprava para a casa nova. Algumas coisas bastante úteis, mas outras super desnecessárias - como o pregador que apita quando a roupa está seca (detalhe: as roupas aqui são lavadas na lavanderia, sendo assim, ela não tem necessidade de comprar pregador). Alice e a sua compulsão por compras.

- Alie, eu não estou reclamando. - desculpei-me. - É porque eu preciso realmente do meu espaço.

- Eu sei, meu amorzinho. Deve ser desconfortável ter que fica aqui vendo eu e o Jasper.

- Um pouco... - concordei, tentando não lembrar muito.

- Então, cadê o fisioterapeuta gostosão? - perguntou. Sorri ao lembrar dele. Meu querido fisioterapeuta. - Isabella Swan, que sorriso é esse?

- Que sorriso, Alice? - perguntei, tentando fingir desentendimento.

- Esse ai, Belinha... Senta aqui. - me ofereceu o espaço vazio ao seu lado na cama. - Fala a verdade para mim...

- Ai, Alice... Eu acho que eu estou...  - tentei falar, vendo a Alice se preparando para dar pulos de alegria. - Você sabe...

- Fala, Belinha... - disse ela, me encorajando.

- Eu não sei dizer o que realmente isso significa. - Falei sinceramente.

Por mais que eu goste do Edward, e ache ele realmente um homem maravilhoso, eu poderia chamar esse sentimento de amor? Eu poderia ter este direito de amá-lo depois de tudo que aconteceu?

- Belinha, me responda uma coisa: você gosta dele? - perguntou ela

- Sim. - respondi.

- Você sente a necessidade de querer ficar sempre com ele?

- Ah, Alice, sim. - assumi.

- Então está explicado.

- Está explicado o que, Alice? - perguntei, confusa.

- Você está apaixonada, querida, a -p -a -i -x -o -n -a -d -i -n -h -a. - soletrou cada letra bem devagar, revirando os olhos e fazendo um coração com as mãos.

- Mas eu não posso, Alie, eu não tenho este direito. Eu sou uma pessoa egoísta, eu não posso querer uma coisa que não é minha.

- Querida, você não egoísta. Qualquer pessoa que te conheça tão bem quanto eu conheço, sabe que por baixo desta armadura, existe um coração maravilhoso, bondoso...

- Não, Alie, eu não sou assim.

- Belinha, você é linda! - disse ela passando a mão nos meus cabelos. - Você é forte, corajosa, guerreira... Não subestime a tua capacidade.

Depois de alguns dias de plena paz, a depressão acabou me encontrando novamente. Eu quero continuar, eu quero seguir... Mas sempre que eu dou dois passos para frente, acabo dando quatro para trás.

- Eu o amo, Alice, mas eu não posso... Eu não posso pensar só em mim, envolve tantas coisas no meio.

Infelizmente, com o meu total egoísmo de me focar só na dança e em nada  a mais, eu desenvolvi o poder de sempre só conseguir colocar um peso na balança. Se eu colocasse um peso do outro lado, provavelmente um lado não iria aguentar a pressão. E sempre foi assim. Eu queria focar plenamente nas minhas aulas, cuidar das minhas alunas, e então vem o Edward e junto com ele a bagagem; o acidente, o Mike, minha mãe...

- Ouça o seu coração, querida, dê um tempo a ele. Talvez é isso que ele precisa, de um tempo para absolver as coisa.  Eu vou conversar com o jasper, talvez ele possa te compreender melhor.

Talvez eu precise realmente de um profissional, um psicólogo, um terapeuta, ou talvez até mesmo um psiquiatra. Eu nunca fui uma pessoa emocionalmente forte, e ninguém realmente sabe os danos que essas experiências recentes me afetaram psicologicamente.

- Esta bem, Alice, eu só não quero ser tratada como louca.

- Claro. Olha, - mudou de assunto - hoje é a minha folga, você quer que eu fique com você? Podemos fazer brigadeiro, assistir um filme...

- Alie, eu estou bem. E também eu preciso dar aula... Eu queria ir realmente procurar um apartamento.

- Então, sobre o apartamento, eu tenho uma coisa para te contar...

- O que foi, Alice?

- Como esse apartamento já está com data de entrega marcada, e você também não iria querer morar aqui porque ele é muito pequeno...

- Fala logo, Alie, você não é de fazer rodeios. - exclamei um pouco nervosa.

- Você sabe que eu conheço muitas pessoas, muitos corretores, e eu achei um apartamento ideal para você!

- Sério, Alie? Não acredito! - pulei de alegria e dei um abraço nela. - Você não existe mesmo.

- Tem mais uma coisinha... Eu já decorei! - Disse em tom de desculpa.

- Nossa! Você é rápida. - falei não me surpreendendo muito. Essas coisas são típicas da Alice. - Mas como ele é? Como você decorou? - perguntei curiosa.

- Bom, a minha vontade mesmo era escolher um bem grande, com uma visão panorâmica, com vários quartos... E depois decorar com bastantes coisas alegres, cores vivas... Porém, eu sabia que você ia querer um menor, mais compacto, decorado com coisas mais discretas, mais com um toque de Bella.

- Nossa! Como você me conhece bem - a elogiei. - Eu fiquei curiosa para conhecer o apartamento.

- Podemos ir ver hoje! Eu tenho certeza que você vai amar. - disse ela toda alegre.

- Em qual bairro é? Por favor, me conta alguma coisa. - E a curiosidade me atingiu em cheio.

Eu nunca fui curiosa, mas quando a Alice coloca as mãozinhas dela em algo, eu fico logo curiosa. Não sei se é a ansiedade para ver como ficou, ou é o medo dela ter exagerado.

- Calma, você também vai gostar do bairro.

- Então está bem. - falei, finalizando a conversa. - Alie, já resolvemos tudo, agora eu vou me arrumar.

Segui para tomar banho, já imaginando como deveria estar o meu futuro apartamento. Será que ela exagerou muito? Colocou muito rosa e talvez moveis bem grande, com muitas coisas brilhantes... Não, ela não faria isso. Eu espero

[...]

- Olá, Gianne! - a avistei, após ter terminado de dar aula.

- Oi, querida, como estão indo as aulas? - perguntou docemente, me cumprimentando com um beijo na bochecha.

- Está tudo indo bem. As meninas são super dedicadas, calmas... Eu me dei muito bem com elas. - falei com entusiasmo.

-  Eu estou vendo como você está feliz. Eu fico feliz  com isso também, Bella.

- Eu me encontrei aqui. Entrar novamente na Companhia não estava nos meus planos. Eu amo muito este lugar, Gianne...

Lembrei-me dos momentos bons que eu passei aqui; apesar de tudo, eu amo este lugar. Lembrei-me da última vez que a Alice me trouxe aqui, pouco tempo depois após o acidente. Lembro-me do meu desespero, do grande buraco se abrindo em meu peito quando eu avistei este lugar. Uma enxurrada de sentimentos misturados a sensações desconhecidas.

Nunca poderia imaginar que hoje eu estaria aqui, não como aluna, nem como a primeira bailarina, e sim como professora. Como é engraçado este destino!

Por mais que eu não volte a dançar, eu não quero nunca parar de dar aula. Nunca quero deixar de ser uma bailarina, porque essa é a minha vida, e é isso que eu amo.

- Que lindo você falando assim. Eu tenho muito orgulho de você, querida. - disse ela me abraçando.

 Percebi uma lágrima descendo dos meus olhos, não de tristeza, e sim de emoção. Essas palavras me tocaram muito, e, por incrível que pareça, lembrei-me da minha mãe. Ela nunca me disse que se orgulhava de mim.

- Bella, você está bem? - perguntou Gianne.

- Sim, eu só fiquei emocionada. - Falei, passando a mão no rosto para limpar os olhos.

- Eu espero sempre ver essa alegria nos seus olhos.

- Obrigada, Gianne.

Ouvi o meu celular tocar. Peguei-o e olhei para o visor: era Alice.

- Com licença, Gianne, eu tenho que ir.

- Claro, querida.

Nos cumprimentamos e sai para atender a ligação de Alice.

- Oi, Alie.

- Belinha; meu amor, eu estou na frente da Companhia. Vamos? - perguntou ela, e pela voz deu para perceber que ela estava toda animada.

[...]

- Alice, por favor, me diga que você tem algo em mente. Eu não quero ficar andando para cima e para baixo procurando apartamento. - pedi, quando percebi que a Alice só estava dando voltas e nunca chegava ao nosso destino.

- Calma, Belinha, deixe tudo comigo. Você não quer algo compacto, prático? Estou te levando a um lugar a sua altura.

Quando a Alice fala assim, é porque ela está aprontando algo.

- Como assim um lugar a minha altura? Fala, Alie, estou ficando nervosa.

- Calma, querida, você não confia em mim? - perguntou ela, fingindo ofendimento. Oh, Alice! Confiar até que eu confio nela, mas quando ela está sob efeitos empolgantes, mas parecendo uma adolescente quando ganha um cartão de crédito da mãe, eu realmente não sei se confio. - Bom, chegamos a West End*. Eu achei ótimo você mora por aqui, é um bairro tão musical, cheios de teatros, Clubes, boates... O que acha daqui?

- Bom... - Olhei ao redor, estávamos paradas na frente de uma praça, ainda dentro do carro, que dava para ver perfeitamente a paisagem ao redor. A praça estava lotada, com pessoas dançando, tocando algum instrumento... De um lado, alguns artistas, do outro alguns teatros. Ou seja, um lugar puramente artístico. - É lindo, Alie, é perfeito!

- Você precisa ver isso aqui de noite, parece mágico.

Entramos em um condomínio novo, aparentemente recém reformado. Cercado de um lindo jardim

e pássaros de mentira.

- Você terá um próprio jardim, em Londres. Imagine que inacreditável! - disse Alice animada.

Não respondi. Ainda estava maravilhada com o local. Eu sempre gostei de jardins, sempre achei perfeito estar em contato com a natureza. Continuei observando o jardim, algo simple, mas ao mesmo tempo sofisticado. Sou eu.

- Vem! Ainda temos que ver o apartamento. - lembrou ela.

- Claro. - consegui encontrar as minhas palavras.

- Espero que goste. -  disse ela, assim que entramos no apartamento. - Eu imaginei que você não ia querer um apartamento nem muito grande, nem muito pequeno. E também, eu sei que você não gosta de nada muito luxuoso, e então preferi algo mais simples e detalhado.

Alice continuou falando. Mas eu não conseguia prestar atenção no que ela dizia.

A sala era grande, toda branca, mas decorada nos mínimos detalhes.  Logo de cara senti um cheiro inebriante, com várias fragrâncias diferentes. Lilases, flores de laranjeira, frésias  e... é claro, rosas. A combinação das fragrâncias tornava um cheiro sútil e impecável. Percebi que as flores estavam encima de uma prateleira de  madeira, do outro lado da sala. Na frente desta mesa, tinha dois sofás cinza cheios de almofadas com algo do tipo "I Love dance", e outra com a bandeira da Inglaterra. O chão era de madeira totalmente envernizada, sendo coberto no centro por um tapete branco, com uma mesa de centro com alguns objetos de decoração encima. No lado esquerdo, tinha uma mesa com um tampo preto, já com alguns pratos e talheres arrumados. O lado esquerdo da sala tinha uma grande porta de vidro que dava para a sacada do apartamento, no qual tinha uma varanda bastante aconchegante com duas poltronas.  Da varanda, dava para ver a bela vista do bairro de West End. O apartamento era cheio de quadros lindos, no qual pude perceber que era eu em uma das fotos, de quando eu dancei Dom Quixote, interpretando Dulcineia. Tomei folego, e olhei em volta. Meu Deus, esse apartamento é meu? Não acredito! Santa Alice!

- Belinha, você não gostou? Eu posso reformar novamente do jeito que você quiser... - Olhei para a Alice, e percebi que ela estava nervosa e angustiada.

- Alice, como não gostar desse apartamento? Ele é lindo! - falei, olhando em volta novamente.

- Serio mesmo que você gostou? Gostou mesmo, de verdade?

- Sim, sim. Eu não gostei, eu amei! Como você conseguiu deixar ele tão a minha cara? E como conseguiu reformá-lo sem me dizer nada?

- Na verdade, foi tudo bem fácil. Você é tão distraída que eu não desconfiou de nada.  É um presente meu e do Jasper.

- Ah, Alie, eu te amo tanto minha amiga! - falei a abraçando - Eu nunca vou poder agradecer tudo que você fez por mim.

- Oh, minha pequena, essas coisas a gente faz sem esperar nada em troca.

- Obrigada, mil vezes obrigada. - agradeci, dando milhares de beijos nela.

- Agora, precisamos fazer alguma festa para inaugurar seu apartamento... Sei lá, algo bem grande, cheio de comes e bebes...

- Alice, calma! - a repreendi. - É um apartamento, só um apartamento.

- Desculpa, Belinha, eu me empolguei. - olhei para ela, e rimos juntas. Se eu não colocar um freio nessa coisinha irritante, ela acaba transformando a compra do meu apartamento em um momento histórico.

- Bom, podemos fazer o seu chá de casa nova aqui... Não, que tal um chá de lingerie? - perguntei a ela, já vendo os seus olhinhos brilhando.

- Meu Deus, como eu não pensei nisso antes. Chá de lingerie é tudo! - falou ela dando pulinhos e batendo palmas de alegria.

- Deixa que eu organizo tudo, você está atolada de coisas .

- Você  quer organizar? Tem certeza, Belinha? - perguntou ela arqueando a sobrancelha.

- Claro, Alie, eu sei que não se compara aos serviços da Alice Brandon Festas & Eventos, mas eu acho que eu consigo dar um jeitinho. - Olhei para ela e ri da sua cara de preocupação. - Calma Alice, é só um Chá de Lingerie.

- Ok, Belinha. Eu confio em você. – Disse ela, e eu percebi o medo em sua voz. Uau, essa é nova.

Olhei novamente para o meu mais novo lar. Bom, aqui me parece um bom lugar para recomeçar.

*West End é conhecido como o bairro dos musicais em Londres.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, eu sei que vocês queriam momentos Beward, mas eu achei melhor terminar assim para eu não acabar colocando besteira. Beijos

P.S O próximo vocês vão amar ♥


Apartamento da Bella:https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQrQLCJd0OwIHWFKhgBcRXJzzJSjkQ-w8-W6wtPHoOECtVhLOTA

Bairro, que a Bella vai morar:https://www.airbnb.com.br/locations/london/the-west-end



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