Ajuda-me a Viver escrita por Vitoria Bastos


Capítulo 13
Fantasmas do Passado


Notas iniciais do capítulo

Capitulo betado por Our Kristen IIOi amores ! Como vão vocês? Vocês estão lendo o que? a pervertida aqui está lendo 50 tons mais escuros MUHAHAHHAHAHA . Enfim, capitulo muito bom mesmo, um dos melhores que escrevi ... Boa leitura .



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As mãos dele estão cheias de sangue. Aquele olhar meigo e apaixonado não existe mais, está perdido junto a todas as promessas e valores deixados para trás. Posso ouvir a sua voz murmurar no meu ouvido “Eu te amo mais do que tudo nessa vida. Você aceita se casar comigo?”. Olho para ele, e vejo os seus olhos injetados de sangue. Antes que eu responda ele fala: “Todo mundo cansa, Bella. E, um dia, todos vão cansar de você... Como eu cansei”.

Seu rosto está cheio de cicatrizes, e ele que está vestindo aquela roupa que eu amava. A roupa que ele estava no dia que se foi.

Afasto–me e vejo o cenário onde estamos. Tem vidros estilhaçados espalhados pelo chão. Vejo que Mike não está mais falando comigo, está com os olhos fechados. Como um anjo. Tento correr, fugir daquilo que tentei esquecer todos esses meses. Tentativa em vão. Ergo a cabeça.

Não estamos sozinhos.

“Não me leve a mal, Isabella, mas antes ele do que você” era minha mãe.

Reneé estava ao meu lado, me ninando em seu colo. “Vai dar tudo certo, eu vou dar um jeito nisso”. Afasto–me dela. “Não fuja, querida, não adianta nada. Eles irão atrás de você”.

“Nós somos iguais, sempre fomos”.

Fujo, corro o mais rápido que consigo. Vejo os rastros de sangue deixados por mim. Ouço vozes de diferentes timbres, cada vez mais perto.

“... Infelizmente ele não teve a mesma sorte, o rapaz não sobreviveu...”.

“Você é egoísta e estava dirigindo o carro em que seunoivo morreu. Isso te faz mais egoísta ainda...”.

“Você o matou, Isabella, o seu egoísmo o matou”.

Corro, mas as vozes permanecem. Fico cansada de fugir do meu passado, e enfim me rendo a ele.

Acordo com um grito entalado na garganta.

Levantei e me direcionei a janela para respirar um pouco. Estava sentindo falta de ar, e um enjoo insuportável. Fiquei parada sob a luz pálida do sol nascente. Respirei fundo tentando esquecer os fantasmas do meu passado.

Mas como esquecer algo que faz parte de nós? Como esquecer algo que Fez quem sou hoje? Respirei fundo novamente.Tentei fazer um daqueles exercícios de respiração e expiração, feitos na aula de Yoga, que a Alice me obrigou a acompanhá–la há um tempo.

Pássaros cantavam indicando que o dia estava amanhecendo. O chão estava frio sob meus pés descalços. Ainda olhando pela janela, começo a reparar nas pessoas que passam pela rua: vejo uma mulher saindo apressada, provavelmente, está atrasada. Um menino está indo para a escola. A mãe dele o chama e entrega a ele um embrulho e lhe da um beijo na testa. O marido se despede da esposa em frente a sua casa com um beijo caloroso e apaixonado. Ela sorri tímida e fala algo bem baixinho no ouvido dele. Ele ri e se despende com um beijo na testa.

Olhando de longe, a vida de todos parece perfeita. E existe uma vida perfeita? Sim, existe. Como dizia meu pai: A vida se torna perfeita ao seu modo, você a torna perfeita.

Meu pai era um grande sábio.Apesar deser muito nova quando ele me deixou, ainda lembro alguns conselhos deixados por ele. Éramos tão amigos. Lembro-me perfeitamente de todas as vezes que a minha mãe dizia que eu tinha que ser a melhor da companhia. Meu pai rebatia: Mas não esqueça, querida, que você nunca será melhor que ninguém, mas ninguém nunca será melhor que você. No momento que ele me dizia isso, eu não entendia muito bem o que ele queria dizer. Mais tarde comecei a entender o verdadeiro significado daquelas palavras. Mas, infelizmente, não as pratiquei como o meu pai gostaria.

Voltei a olhar as pessoas na rua. Fiquei curiosa para saber sobre a vida delas. Vi uma mulher simples saindo de casa. Estava segurando um copo de café com uma mão, e com a outra segurava a mão de um menino, que devia ter uns cinco anos. Reparei que ela tinha um ar de cansada, mas, mesmo assim, mantinha um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos. Qual seria o segredo dela? O que a fazia feliz? O que tornava a sua vida perfeita? Acho que a minha vida seria perfeita se eu tivesse me casado com o Mike... perfeita ao meu modo...

Não me surpreende sonhar com ele hoje. Fiquei todos esses meses tentando esquecer o que aconteceu, mas seria inevitável fazer as lembranças sumirem totalmente nesta data. Hoje faz três anos que o Mike me pediu em casamento. Três anos que ele me disse as coisas mais lindas que eu já ouvi em toda minha vida...

Flashback On

– Para onde estamos indo? – indaguei

Estava com os olhos cobertos por uma venda escura. Mike estava dirigindo.

– Se eu te contar, não vai ser mais surpresa, amor. Deixa de ser curiosa.

Permaneci a viagem toda de carro fazendo perguntas ao Mike. Tentando o fazer falar algo. Ele estava tão feliz, tão animado.

Quando o carro parou, ele me ajudou a descer do carro e me conduziu, pelas minhas mãos, a um lugar que, até o momento, era desconhecido para mim. No decorrer da caminhada, eu ia descobrindo que o lugar não era asfaltado e o chão era cheio de imperfeições e pedregulhos.

– Você está me levando a uma floresta? – Falei entre risos.

– Eu não chamaria isso de floresta, e, sim, de Nosso Jardim.

Neste momento, ele tirou a venda dos meus olhos, liberando a minha visão. Assim pude tomar consciência de onde estava.

Estava parada em um caminho cheios de pedras que levavam em direção à um belo jardim. O Nosso Jardim...

– E então, não é lindo? – Mike me perguntou.

– Nossa, eu nem sei o que dizer... Parece mágico.

As mãos de Mike, que ainda seguravam minhas mãos, suavam e ele estava um pouco nervoso. Eu nem desconfiei no que ele estava tentando fazer.

– Achei o lugar ideal para isso...

Ele se ajoelhou a minha frente, ainda segurando minha mão direita.

– Eu acho que já passou do tempo de eu fazer isso do jeito que você realmente merece... Isabella Swan, prometo amá-la para sempre, a cada dia da minha vida. Eu te amo mais do que tudo nessa vida. Você aceita se casar comigo?

Foi a cena mais linda e patética que eu já presenciei na minha vida. Linda porque o momento era especial e eu estava sendo pedida em casamento; patética porque eu achava isso piegas e romântico demais, porém, eu me senti mais feliz do que nunca.

– Sim – respondi alto e em bom tom.

– Obrigado – respondeu ele de uma forma apaixonada e cheia de amor, como eu nunca tinha visto antes.

Ele me agarrou e me tomou nos braços, de forma que eternizamos aquele lugar como nosso jardim, por bastante tempo.

Flashback Off

Enxuguei as lágrimas do rosto e fui em direção ao banheiro. Hoje poderia ser um dia difícil, mas eu tinha algo muito importante a fazer.

...

Sai do quarto, e vi a Alice colocando o café da manhã.

– Bom dia, margarida. – falou ela.

– Bom dia, Alie – murmurei

– Vai aonde assim tão cedo? – perguntou

Respirei fundo e respondi.

– Ao cemitério. Hoje faz três anos que o Mike... Pediu-me em casamento.

– Oh, querida, eu sinto muito.

– Tudo bem, Alice, eu estou bem. – menti

– Você quer que eu vá com você? Eu posso me arrumar em três segun...

– Não, Alice – a interrompi – Isso é algo que eu preciso fazer sozinha. – admiti. – Mas obrigada, minha amiga.

– Eu sei, Belinha, qualquer coisa eu estou aqui... sempre.

– Não duvido disso. – Dei um riso meio histérico de nervosismo.

– Quer que eu te leve pelo menos? – insistiu

– Alie, eu estou bem. Vou pegar um taxi.

– Não vai pelo menos tomar café? – falou ela apontando para a mesa posta.

– Não precisa. Fome, realmente, é algo que não estou sentindo.

– Bellinha...

– É sério, Alice, eu juro que como algo na rua.

– Ok. Qualquer coisa, liga para mim ou para o Jasper – assenti

Dei-lhe um beijo na testa e fui em direção ao meu destino.

Antes de ir ao cemitério, eu precisava passar em outro lugar. No nosso Jardim. Depois que o Mike me pediu em casamento, fomos lá algumas vezes nas datas especiais. E eu não sei como ele deve está hoje.

Não demorou e encontrei um taxi. Apesar de a Alice sempre falar que eu preciso de um carro, eu não vou comprar um. Nunca mais eu quero dirigir.

– Por favor, Rua Langdon Norte. Bairro Royal montes...

O taxista assentiu.

O caminho pareceu durar uma eternidade. Mas, enfim, o motorista me deixou no meu destino.

Caminhei pelas ruas cheias de pedregulhos, mas não encontrei o jardim. Olhei de novo... Andei mais um pouco... Nada. Avistei um senhor sentado em uma cadeira de balanço. Andei em sua direção na esperança de conseguir uma informação.

– Bom dia – falei educadamente – O senhor poderia me dizer se por aqui tem um jardim?

– Oi, bela moça. – falou o senhor com um sorriso banguelo – A senhorita deve estar falando daquele ali. – Falou ele apontou para o leste.

A fachada do jardim não era nada daquilo que estava na minha memória. Estava abandonado, acabado.

– Tem certeza? Ele não me parece o belo jardim que eu me recordo. Faz tanto tempo que eu não venho aqui. – admiti

– Sim, moça, esse é o único jardim que tem por aqui. Ou pelo menos tínhamos...

Olhei incrédula para o suposto jardim, não parecia ser o mesmo.

– Mas então o que aconteceu? Ele era tão lindo...

– O dono, que mantinha este jardim limpo e bem tratado, morreu. O moço cuidava dele muito bem, mas há bastante tempo ele está assim, abandonado. – falou ele com uma expressão triste. – Ele era muito lindo mesmo, e ninguém pode fazer nada com relação a isso.

Enxuguei uma lágrima que estava querendo descer.

– Tem como entrar? – falei com a voz rouca.

– Entrar não... Mas tem uns vidros quebrados que dá para ver como ele está dentro.

– Obrigada, eu vou tentar ver. – Falei com a voz embargada.

– Por nada, moça. Mas, cuidado, esse lugar está cheio de mato, não é adequado para uma moça.

Dei um sorriso para o senhor da cadeira de balanço e me direcionei ao jardim.

O lugar realmente não parecia aquele belo jardim. Ele estava assustador. Empurrei as samambaias na altura do peito e avistei um vidro quebrado, como o senhor tinha dito.

Era o mesmo lugar, isso não tinha como negar. Apesar de estar um verdadeiro matagal, você via indícios que aquilo ali um dia foi belo. Infelizmente, não pude associar o lugar às minhas lembranças. Era como se o jardim tivesse morrido junto ao Mike. Fiquei curiosa para saber a quanto tempo ele está abandonado. Seria uma simples coincidência? Seja coincidência ou não, este lugar não guardava mais o que eu estava esperando.

Saí correndo o mais rápido que pude. Senti um dor muito forte na perna. Droga. A dor era insuportável, mais iria passar. Voltei a caminhar. Mais alguns passos, e a dor passou. Quando saí do jardim, reparei que o senhor permanecia no mesmo lugar: na cadeira de balanço.

– Desculpa, mas o senhor poderia me responder uma pergunta?

– Respondo até duas, moça.

– O senhor sabe há quanto tempo o dono do jardim morreu? – perguntei

– Olha, não tem muito tempo não. Deve ter uns três, quatro meses... Ele era um rapaz novo, muito bonito.

O acidente foi há três meses. Será que era o Mike o dono do jardim?

– O senhor o conhecia? Sabe me dizer como ele se chamava? – perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

– Eu acho que era Dike, Nike... Não, era Mike. Isso, o nome dele era Mike. Mas, sabe, moça, esse jardim já está abandonado há quase dois anos. O povo daqui dizia que ele fez o jardim para a noiva dele, e depois essa noiva começou a não gostar mais dele. Sendo assim, ele resolveu parar de cuidar do jardim. A pouquíssimo tempo recebi a noticia que ele tinha morrido, acho que foi acidente de carro. Muito triste. Esses jovens se apaixonam e depois acabam morrendo cedo.

“... essa noiva começou a não gostar mais dele...”.

Eu ainda o amava. Será que era isso que ele pensava? Que eu não gostava mais dele?

“... Sendo assim, ele resolveu parar de cuidar do jardim...”.

”... Esses jovens se apaixonam e depois acabam morrendo cedo”.

As palavras ecoavam na minha cabeça. Corri o mais rápido que pude. Ouvi a voz do senhor atrás de mim.

– Moça, a senhorita o conhecia?

Continuei correndo e senti novamente a pontada na perna. Desta vez não parei; corri o mais rápido possível. Senti uma vertigem, mas continuei correndo. Precisava fugir de lá.

Só parei quando vi um táxi. Disse o meu destino: o cemitério. Afinal, eu devia isso a ele, ainda mais agora... Desabei no choro e esperei chegar a minha próxima parada.

...

– Chegamos, senhorita. – disse o motorista.

– Obrigada. – Agradeci, entregando o dinheiro da corrida sem contar – Acho que isso basta. – Não queria perder tempo.

– É claro que basta. Muito obrigado.

Sai do carro o mais rápido possível. A minha perna estava doendo muito e o enjoo estava começando a voltar. Eu deveria ter comido alguma coisa. Mas eu preciso continuar.

Ir a um cemitério não é uma coisa tão fácil. Acho que não é fácil para ninguém. Mas para mim nem é tanto.

Desde a morte do meu pai, minha mãe sempre me trouxe aqui para vê-lo. E, depois, eu comecei a vir sozinha. De certa forma, as pessoas daqui já me conhecem. Ver o meu pai é algo que me alegrava, mesmo que esse “ver” seja de uma forma figurada.

Parei na frente do cemitério e respirei fundo. Parece que aquelas aulas de respiração que a Alice me levou serviram para alguma coisa.

Avistei uma floricultura. Acho que o Mike merece umas flores para alegrar, como diz a Alice. Ah, Alice, que bom que ela não veio comigo! Eu não queria que ela me visse assim.

Comprei as flores, e segui para o cemitério.

Demorei um pouco para achar onde o Mike estava. Quando já estava me sentindo cansada, encontrei o seu túmulo.

Mike Newton

1988 – 2013

Sentei no chão e comecei a arrumar as flores. Percebi que estavam meio desarrumadas, algumas flores mortas. Sem nenhum indício que alguém veio aqui.

Todos os familiares do Mike moram no interior. Provavelmente eles só vieram aqui no dia do enterro. E os amigos são pouquíssimos. Decidi por conta própria que iria tornar mais frequente as minhas visitas aqui.

Fiquei ao lado do Mike, como se ele estivesse realmente ali comigo, falando com ele mentalmente. As horas foram se passando e continuei conversando com o Mike. Chorei silenciosamente. Sim, chorei. Apesar de ter prometido nunca mais chorar por causa do Mike, e me culpar pelo acidente, chorei muito. Já tinha quebrado tantas promessas, destruído o coração dele... Porque não chorar?

Permaneci ali no chão por bastante tempo. Talvez por horas. Não contei o tempo. Percebi a minha visão ficar turva e tudo começar a girar. Ouvi um som bem longe. É o meu celular tocando? Sim, com certeza é. Eu queria atender, mas não consegui.

– Bella? Bella? Você está bem? – gritou uma bela voz apavorada.

Alguém estava me chamando. É aquela voz linda e aveludada. Queria dizer que estava tudo bem, mas não consegui encontrar os meus lábios.

A vertigem me atingiu em cheio. Caí na inconsciência.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? Fiquem com Deus, bjs ♥P.S : Próximo cap. com uma revelação Muahahahhahaha Qual será? Dou um doce quem descobrir!Roupa da Bella: http://www.polyvore.com/cap_12_cemit%C3%A9rio_jardim/set?id=80536878Jardim na cabeça da Bella, antes : https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSJrUXYE2tL6UceL3JcoSOZsxTcaJXHzyboSQzaGZlpXigcqZUfEA



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