Eram 7 da manhã quando o despertador começou a tocar. Tentei abafar meu rosto com o travesseiro, mas aquele som irritante e estridente conseguia estourar meus tímpanos mesmo assim. Quis xingar até a décima quinta geração dos Knowels, não era possível que teria de acordar tão cedo nos meus últimos dias de férias.

– Dá pra desligar essa porcaria? – quase rosnei para a criatura que se espreguiçava calmamente na cama ao lado. Aquele som parecia ser agradável para ele, pois em nenhum momento se importou em acabar com aquilo que parecia ser uma tortura.

– Bom dia pra você também. – ele desligou o despertador e eu suspirei aliviada, mas infelizmente, meu sono já havia se esvaído. Olhei para a criatura da cama ao lado, ele coçava os olhos preguiçosamente e passava a mão esquerda em seu cabelo desarrumado. Não era a toa que Matthew fazia todo aquele sucesso em Seattle. Eu detestava admitir, mas ele tinha suas qualidades, até mais do que eu me forço a aceitar.

– Só se for pra você. – resmunguei e ele riu. Logo, levantou-se da cama, veio em minha direção e mordeu minha bochecha. Olhei-o com a sobrancelha franzida enquanto sentia meu rosto esquentar e ele riu novamente. – Sempre adorável quando acorda.

– Cala a boca. – joguei meu travesseiro em sua direção enquanto o observava ir em direção ao banheiro. – Aaargh! – cobri meu rosto com o edredom novamente, mas não tinha mais nada a ser feito, meu sono, definitivamente, não iria voltar.

Acabara de me sentar na cama quando Matthew saiu do banheiro. Bocejei algumas vezes antes de colocar meu pé na superfície fria do chão e logo me arrependi, pegando minhas pantufas do Puro Osso ao lado da cama.

– Vou fazer nosso café. – apenas assenti enquanto caminhava para o banheiro, nunca tive talento na cozinha então nem discutia quando Matthew decidia cozinhar, na verdade, eu adorava. Mais uma vez, por mais que doesse admitir, ele era um ótimo cozinheiro.

Fui guiada pelo cheiro das panquecas em direção a cozinha. Ainda estava com o rosto amassado, cheia de sono, com um pijama de ursinhos que ganhara da Tia Dolores no natal retrasado e minhas pantufas. Esparramei-me no banco e o cheiro de café invadiu minhas narinas, eu simplesmente adorava aquele cheiro!

Matthew virou-se e deu um sorriso, não era possível que ele conseguisse acordar tão cedo e com tanto bom humor! Ele estava descalço e usava apenas a calça do pijama com um avental ridículo com estampa de um homem musculoso na frente. Eu tinha dado aquilo de natal para ele, mas nunca imaginara que ele realmente usaria.

– Belo avental. – disse enquanto pegava a xícara de café das suas mãos.

– É, mas ainda me acho mais gostoso que isso. – ele apontou para a foto do tronco musculoso do desconhecido estampado no avental antes de tirá-lo. - Só invejei o bronzeado.

– A modéstia te mandou lembranças. – desviei o olhar da sua direção e me foquei nas panquecas recém postas à mesa. Era mais inteligente e saudável me focar na comida, nas incríveis panquecas e no café quentinho que tinha ali e não contar os quadradinhos do abdômen posto a minha frente.

Matthew riu enquanto empanturrava uma de suas panquecas com calda de morango.

– Trabalho apenas com a verdade. – ele deu de ombros e eu fui obrigada a rir. Sua autoconfiança era, ao mesmo tempo, impressionante e hilária.