Despedi-me deles e fui em direção a onde eu tinha deixado o meu melhor amigo, mas antes que eu pudesse chegar lá, alguém segurou minha mão e quando fui protestar me surpreendi ao vê-lo ali.

- Luke?

      Ele apenas sorriu. Aquele seu sorriso torto que incrivelmente poderia tirar meus pensamentos dos trilhos. Ainda segurando a minha mão, ele me puxou em direção a escada, as subindo e entrando na primeira porta que viu ali. Era a biblioteca, ele mal fechou a porta e seus lábios já estavam nos meus, sua língua pedindo passagem.

      Separamo-nos ao ouvir alguém bater na porta. Apenas olhei para Luke que colocou um dedo nos lábios. Ficamos quietos esperando que quem quer que fosse, ir embora.

- Lise, eu sei que você está ai. Abra essa porta, droga! – era Tyler.

      Saí dos braços de Luke e abri a porta o suficiente para que eu pudesse passar apenas a cabeça por ela.

- Me deixa entrar ai – ele pediu.

- Não, porque você gostaria de entrar aqui? – perguntei rapidamente e ele com certeza percebeu que tinha algo errado.

- Porque Harry está procurando a “princesinha” dele e ela está se agarrando com um garoto na biblioteca, é um bom motivo? – pergunta irônico.

      Não perguntei como ele sabia disso. Durante toda a minha amizade com Tyler aprendi que ele simplesmente sabia das coisas e que não deveria perguntar o porquê disso. Eu não gostaria de saber, de qualquer jeito. Dei passagem para ele que entrou e fechou a porta atrás de si, logo em seguida estava olhando para Luke. Chegou perto dele e sorriu.

- Então você está pegando a Lise! Cara, sou seu fã – pude notar o tom de brincadeira na voz dele.

- Tyler! – exclamei.

- O que? Você nunca me deu uma chance – disse no mesmo tom de antes, me obrigando a revirar os olhos.

- Se você não fosse tão galinha, Ty – brinquei e pisquei para ele – Esse é Luke, americano esse é Tyler.

- Um americano? Realmente, Lise, assim você realmente acaba com meu ego. Prazer, cara.

- E ai – Luke o cumprimentou.

- Annelise? – pude ouvir Harry me chamando.

- Fiquem aqui – falei e saí esbarrando em Harry logo na porta.

- O que você fazia na biblioteca? – perguntou sorrindo.

- Fugindo de nosso pai – menti.

- Ah, claro. Ele me apresentou a o diretor do novo hospital.

- Também fui apresentada a ele. Enfim, vamos descer? – perguntei pegando sua mão e o levando em direção as escadas.

      O resto da festa tivemos que passar ao lado de nossos pais, pois alguns convidados já estavam indo embora de modo que tínhamos que nos despedir deles. Não vi Luke indo embora e mais uma vez me dei conta de que não havia pegado o número do seu celular e nem sabia o seu sobrenome.

      O final de semana passou rápido. Resumido em assistir filme com Harry e ler os livros que ele havia me emprestado. Alice e Lena tentaram me fazer sair com elas, mas não estava com vontade. No domingo a noite Tyler esteve aqui em casa, conversamos por algum momento, ele jantou, ficou mais um pouco aqui e depois foi para sua casa, pois no próximo dia iniciariam as aulas no St. Paul’s High School.  

      Acordei segunda de manhã com o despertador do celular, fui direto para o banho e depois fazendo minha higiene matinal. Saindo do banheiro fui direto ao closet pegando o uniforme. Depois das roupas intimas, coloquei a meia calça. Vesti a saia e a camiseta branca, coloquei o blazer e a gravata vermelha, colocando o salto desci para tomar café.

      Encontrei meu pai sentado na ponta da mesa com o jornal em mãos. A cadeira de minha mãe estava vazia, me fazendo notar que ela apenas iria para o estúdio mais tarde. Harry estava sentado ao lado de meu pai tentando se ficar acordado. Passei por ele depositando um beijo nos cabelos escuros e me sentando ao seu lado.

- Bom dia – anunciei pegando colocando um pouco de café em minha xicara.

- Bom dia, filha – diz meu pai fechando o jornal e me olhando – Fico feliz que você esteja mais bem disposta que seu irmão.

- É só o primeiro dia, pai – digo – Todos estarão assim. Onde está Dean?

- Pedi a governante que o deixasse dormir um pouco mais. O colégio dele não é tão distante quanto o St. Paul’s de modo que ele possa dormir mais um pouco.

      Assenti e peguei algumas torradas, comendo rapidamente e voltando ao meu quarto para terminar de me arrumar. Penteei mais uma vez os meus cabelos e passei apenas lápis e um rímel e com a minha mochila e caderno em mãos desci mais uma vez as escadas, encontrando Harry me esperando já na porta.

      Posso ser apenas a irmã dele, mas não entendo como Harry ainda pode estar solteiro. Eu o acho lindo. Os cabelos rebeldes castanhos e os olhos verdes com um tom de cinza como os meus. Isso sem contar o seu jeito tímido e fofo.

- Vamos, Annie?

- Vamos – sorri e saímos da casa indo para o carro em que nos esperava na frente da porta.

      Entramos no banco de trás e logo ele estava dormindo, isso era realmente a sua cara. O St. Paul’s era realmente muito longe de casa, de modo que Harry teve um bom cochilo antes de chegar ao colégio.

      O colégio estava cheio como sempre. Muitos alunos estavam perambulando pelos jardins, que eram realmente lindos, outros já estavam no auditório, onde o diretor apresentava os professores e tinham uma reunião com os alunos novos para explicar as regras enquanto os ficavam perambulando pelo colégio até que o segundo sinal batesse. O segundo sinal avisava a todos do inicio das aulas e quem não estivesse em sala até ele, não entraria mais.

      A apresentação e palavras de boas-vindas do diretor foram as mesmas coisas e como os professores continuaram os mesmos, logo fomos dispensados. Procurei Lena e Alice no corredor, mas não as encontrei, então fiquei andando com Harry que estava revendo alguns dos seus amigos, até que encontrei Ty, fui até ele e continuamos a andar pelo colégio até que o segundo sinal bateu. Esse ano ficamos todos na mesma sala, de modo que eu e Tyler dividiríamos uma das mesas e Alice e Lena outra.

      Não demorou muito e a porta foi aberta, revelando os alunos novos. Eles teriam que se apresentar a todos e meus olhos se pousaram naquele ser que me irritava completamente, mas que se fazia presente em todos os meus pensamentos há algum tempo. Ele parecia não ter me visto ali, mas era aceitável já que estávamos em uma das últimas carteiras. Assim que a vez dele chegou, ele pareceu me notar ali e sorrindo torto e olhando para mim, disse:

- Luke Andrews.