Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 27
XXV — Despedidas.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos que deram uma chance para Imperfeitos, para todos que acompanharam a história até o fim e a todos que acima de tudo, acreditaram no meu potencial para dar término a historia. Fico muito grato de ter terminado esta história depois de 3 anos. Espero que gostem deste final. Muito obrigado por tudo!



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Chegou a hora de dizer adeus.

Dias haviam se passado desde que Alice, Antony e Oliver presenciaram a morte de Matt.

O funeral do amigo fora um dos dias mais tristes na vida dos três. Matt não passava de mais um adolescente ambicioso, fluente no deboche e usuário de drogas. Não obstante quem o acusasse de infidelidade estaria faltando com a palavra. Matt fora o melhor amigo que alguém pudera ter e deixaria saudades.

No mesmo dia, Natália e Ethan por já serem maiores de idade foram transferidos do Centro de Detenções Provisórios para uma penitenciaria de segurança máxima. Foram condenados por inúmeros crimes, além de serem submetidos a tratamentos psiquiátricos.

Tommy por sua vez aguardava em um Centro de Detenções para Jovens Infratores. O advogado de Oliver lhe disse que o rapaz teve que ficar em uma cela separada, pois os outros detentos tentaram o assediar. Oliver se lamentou em silêncio e rogou aos deuses que apesar de tudo, tivessem compaixão do rapaz.

O garoto achava que por mais escrupulosas que fossem, as condutas ambiciosas - diagnosticadas através de um laudo que comprova a psicopatia - de Tommy, julgava um absurdo em pleno século XXI ainda existir pessoas perturbadas o suficiente pra cometerem crimes sexuais e achar que violência justifica violência.

Depois do funeral, os amigos se reuniram pela primeira vez no bosque.

Oliver havia comprado inúmeras velas amarelas, as quais representavam o elemento com qual o saudoso amigo tinha afinidade.

Enquanto Oliver espalhava as velas por vários cantos do bosque, Antony segurava nas mãos um chaveiro em formato de bola de vôlei que Matt o dera quando vencera o primeiro campeonato depois de que começaram a falar.

Alice estendera a mão e fizera um relicário de galhos surgir em meio a raízes de um carvalho. Ela caminhou até o santuário, se ajoelhou e deixara lá uma pulseira de gemas azuis com um pingente da Estátua da Liberdade em prata. Antony caminhara até a amiga e se abaixou para colocar o presente no altar, e, assim que o fez, voltou à atenção para Oliver.

O rapaz chorava em silêncio.

Ele colocara uma caixa de papelão em formato de coração contendo várias recordações do amigo e, ao ver a foto do coven reunido na casa de Alice pela primeira vez, dera vários passos para trás.

Antony na tentativa de confortar o amigo, o dera um abraço pela cintura. Sem saber o que fazer Alice fizera o mesmo e os três deram o abraço mais confortante que alguém pudera dar.

Involuntariamente todas as velas se acenderam e começaram a flutuar, iluminando todo o bosque durante aquele crepúsculo.

— Adeus. — Os amigos disseram em uníssono e o relicário se incendiou levando com ele as melhores lembranças de Matt.

A alma de Matt agora estava pronta para se recuperar e, quem sabe, daqui uns anos reencarnar para subir mais um degrau na divina evolução.

O tempo se arrastara até o fim do ano letivo.

Se não fossem as intempéries da vida, todos podiam acreditar que tinham uma vida perfeita e protegida pelos orixás.

Oliver e Antony haviam retomado a amizade. Além disso, Antony havia se afastado de Michelle ao perceber que ela não passava de uma menina interesseira e carente de atenção e enquanto a Norton: o rapaz teve que se mudar para outro estado por conta da separação de seus pais.

Alice continuava tendo problemas com seus pais.

Os mesmos sempre cobravam muito da menina, como se ela não passasse de um objeto, e, o mesmo, tivesse que sempre estar ilustrado e sem pó para que todos pudessem ver o quão valioso era. A menina só queria se ver livre e fazer suas próprias vantagens sem ter algo jogado na cara.

Apesar de tudo, ela havia superado a decepção com Ethan. Quando se lembrava de tudo que viveram juntos, não sentia mais repulsa e nem nojo. Por algum tempo a garota sentia necessidade de tomar banho para tirar toda a impureza do ex-namorado de seu corpo, mas isso já não era necessário. Não sobrara nada dele nela, além de um amadurecimento pessoal.

Há sempre uma luz no mais escuro dos poços e sempre haverá sombras nos campos mais iluminados.

Jane e Alice se tornaram amigas próximas depois que Julian retomara a faculdade e virara guitarrista e vocalista de uma banda de Indie Rock.

E assim eles mantinham a vida.

Finalmente o tão esperado 11 de dezembro chegou.

Todos estavam a contar os dias por esta data. Depois que o resultado do vestibular saiu, os amigo não conseguiam pensar em outra coisa além da festa de formatura.

Assim que amanhecera Oliver, que havia passado a noite lendo, descera para tomar café da manhã com seus pais e sua irmã. Mesmo de mau humor o rapaz tentava socializar com os pais.

Depois de alguns minutos de conversa ele fora interrompido pela notificação de uma nova mensagem em seu celular.

— Você não larga esse celular um só segundo, misericórdia. — A mãe do menino disse com a boca cheia. — As namoradinhas te enchendo o saco essa hora da manhã?

O rapaz deu de ombro e se deu o trabalho de ler a mensagem.

“Achei um feitiço novo no meu livro das sombras, mas não entendi nada. Vem aqui pra casa de tarde antes de se arrumar para o estudarmos juntos! Beijos. — Tony”.

Acidentalmente o rapaz riu e colocou o celular sobre a mesa enquanto dava outro gole no café.

— Por que você está rindo? Era a namorada dando bom dia né Oli? — A mãe do rapaz havia tirado a manhã para irrita-lo.

— Só se for mãe, só se for. — O rapaz franziu o cenho.

O rapaz passara o resto da manhã ansioso.

A cada cinco minutos uma mensagem nova de Alice chegava a seu celular. A garota não sabia o que vestir e nem como se maquiar para a formatura dos amigos então pesquisava de última hora na internet e compartilhava com o amigo para ter uma opinião diferente da mãe.

O calor era tanto naquele dia que o rapaz ficara sonolento.

Assim que o rapaz entrara em estado de vigília levara um susto ao sentir o celular vibrar três vezes seguidas.

“Não se esquece de vim. — Tony”.

“Você já está a caminho? — Tony”.

“Está chegando? — Tony”.

Oliver havia se esquecido completamente.

Em menos de três minutos ele já caminhava em passos apertados até a casa do amigo.

Ao chegar, ele tocou o interfone. Demoraram tanto a responder que o garoto chegou à conclusão que Antony supôs que ele não vinha e resolveu sair.

Quando ele estava digitando o número do rapaz para ver onde ele estava, responderam ao interfone.

— Quem é?

— Sou eu, Oliver.

— Sobe, estou no quarto.

Ao passar pela sala o rapaz estranhara o cheiro de Jasmim pela casa. A mãe do amigo era de uma religião da qual ela não admitia que o filho ascendesse incenso em casa. Nas escadas ele teve outra surpresa, inúmeras velas vermelhas em forma de rosas iluminavam o caminho até o quarto de Antony.

Desconfiado, Oliver subiu com medo do que o reservava.

No segundo andar da casa, dera de cara com todas as portas fechadas e então ele chamou pelo amigo.

— Tony?

— Estou no quarto, pode entrar.

O rapaz estava cada vez mais desconfiado.

Caminhou devagar até a porta, colocou a mão na maçaneta e contou até três tomando coragem de abri-la. Assim que o fez, fora surpreendido.

Antony puxou o amigo pela cintura e colou os lábios no do mesmo, sem mais nem menos. Oliver tentou lutar contra a própria vontade e resistir, mas acabou se entregando em pouquíssimos instantes.

Oliver explorava a boca de Antony, assim como Antony explorava a dele, calmamente, sem nenhuma pressa.

Aos poucos Tony puxava o corpo do amigo em direção de sua cama.

Os lábios quentes de Antony contrastavam com os gelados do amante. O sangue queimava por debaixo da pele de Oliver que não conseguia raciocinar direito no momento.

Soltaram-se do beijo quando Antony conseguiu fazer o rapaz deitar em sua cama.

Ele segurava os braços do amigo com uma das mãos em direção a cabeceira enquanto tocava o sexo do amigo que pulsava enquanto tinha o pescoço chupado.

Oliver respirou tentando recuperar o folego.

— Vim aqui para estudarmos. — Ele riu.

— Esquece isso, só inventei aquilo pra te trazer até aqui.

O rapaz franziu o cenho tentando entender.

Antony saiu de cima do amigo, o fez sentar na cama e ajoelhou-se perante a Oliver.

— Você quer namorar comigo? — Ele disse com a voz ampla e direta.

— Tem alguma câmera filmando isso, não tem? É pegadinha da internet, tenho certeza. — Oliver caiu na gargalhada.

— PORRA OLIVER — Antony gritou. — Claro que não. Eu mudei. Acredita em mim! E eu percebi que te amo e que é contigo que eu tenho que estar.

— Eu não sei nem o que dizer...

— Só diga que sim e me dê uma chance pra te fazer feliz.

Oliver ficou pensativo por alguns instantes.

Ele empurrou o amigo para trás o fazendo deitar sobre o carpete e no mesmo instante Oliver se enfiou entre as pernas de Antony. Então, aproximou o rosto do amigo, deixando seus narizes roçassem um no outro. Rapidamente, sua língua alcançou a de Tony e ambas começaram uma brincadeira quente e selvagem.

— Eu aceito. — e eles se beijaram mais uma vez.

Eles ficaram ali no chão curtindo a libido por alguns minutos.

Oliver agarrou o pescoço de Antony e Antony puxara alguns tufos do cabelo de Oliver.

— Oli, eu preciso que você vá agora. Tenho que arrumar as coisas lá embaixo antes que minha mãe chegue.

— Sem problemas, está quase na hora de irmos nos arrumar também.

— É a nossa noite, temos que estar lindas de bonitas. — Eles riram.

Os dois se beijaram mais uma vez e Oliver tomara o rumo de casa.

Aquela noite reservava muitas coisas.

A mãe de Oliver deixara o filho e a melhor amiga no salão do outro lado da cidade e voltara pra casa.

Os dois haviam chegado cedo para pegar uma mesa em uma posição estratégica.

Eles sentaram em um banco no jardim do salão e ficaram comentando sobre o quão bonito todos ali pareciam. E como pareciam amar uns aos outros, como se na verdade não tivessem passado maior parte dos últimos anos discutindo e falando mal uns dos outros. Era tudo tão falso.

Quando o assunto terminou, Alice notara algo de diferente no semblante do amigo. Ele parecia mais feliz. O mesmo nunca estava daquele jeito perante aos colegas de classe dos quais o sugavam toda positividade.

— O que você tem Azeitona? — Ela perguntou colocando uma bala na boca.

— Nada. Nada além de calor, essa roupa é bem desconfortável.

— Olha, até eu que sou meio lerda percebi que tem algo de diferente com você.

— É coisa da sua cabeça. — O rapaz franziu o cenho e desviou o olhar.

— Fala! — ela colocou a mão no joelho do amigo. — Até parece que não confia em mim.

— Confio, é que não tem nada pra falar. — O rapaz riu.

— Eu te conto tudo e você não pode me contar porque você está com esse sorriso besta? — A menina estava começando a se irritar.

— Não tem motivo!

— Tem sim — Antony intrometeu. — O motivo desse seu sorriso besta sou eu.

— Que? Pera aí que me perdi. — Alice coçou a perna de nervosismo.

— Estamos namorando. — O rapaz sussurrou.

— E como vocês não me contam nada? — A menina levantou indignada.

— Contamos agora. — Oliver respondeu.

— Desde quando isso?

— Há algumas horas. — Disse Antony.

— Vocês são dois filhos da puta, sabiam? Ficam aí sozinhos se curtindo. — A menina caminhara até a entrada do salão e pegara uma mesa.

Infelizmente, não havia muito que os dois pudessem fazer naquele momento, sozinhos.

— Oliver, eu queria poder contar para meus pais sobre nós, mas sinto que eles nunca aceitariam.

— Ninguém tem que aceitar a sexualidade de ninguém. Não há nada para se aceitar. Amor é amor e a única coisa que podem fazer é respeitar e apoiarem.

Antony engoliu a seco.

— Tony, é uma pena que alguns ainda não consigam admirar o amor em todas as suas formas, mas isso ainda vai melhorar. — Oliver puxou o namorado para um abraço. — Vamos, temos que ter um pouco de diversão pra compensar, afinal, nós aguentamos todos esses três anos medíocres vividos no ensino médio.

Dentro do salão, os meninos não acreditaram no que viam. Julian e sua banda estavam em cima do palco tocando O Último Romance dos Los Hermanos.

Oliver logo correu para a pista de dança e começou a vibrar.

Não demorou muito e Antony, junto de Alice e Jane se juntaram ao rapaz trazendo alguma bebida com leite condensado e maracujá. Quando foram capazes de perceber já estavam bêbados de mais. Haviam perdido a conta de quantas músicas haviam sido tocadas, de quantas pessoas eles haviam cumprimentado e quantos copos haviam ingerido.

Mais tarde a banda resolvera fazer uma pausa dando lugar ao DJ, e então Julian fora cumprimentar o primo e os amigos.

— Não sei se te dou parabéns ou meus pêsames. — Julian riu. — Ensino Médio foi a melhor parte da minha vida, sinto muita falta.

— Pelo visto você sempre teve e continua com muita merda na cabeça. — Alice respondeu pelo amigo.

Julian respondeu com alguma piada e logo eles foram para a mesa conversar – e continuar bebendo –.

Quando o salão começou a esvaziar por conta do horário, Antony avisara que ia ao banheiro. Sem disfarce e aviso prévio, Oliver levantou e seguiu o namorado.

Julian sem entender franzira o cenho para Alice subjetivamente.

— É meu filho, pois é! Tive a mesma reação. — A menina disse rindo.

— Bem, pelo menos agora posso ficar com a Jane sem ele se intrometer.

— Ah, então quer dizer que você não gostava de nós três juntos? — Jane franziu o cenho.

— Não é isso que eu quis dizer.

— Ah, não é?

Julian a respondeu com um beijo.

“Ótimo, agora fico aqui segurando este lindo candelabro” pensou a jovem.

Mas antes que pudesse tomar qualquer decisão, um rapaz da sala de Antony e Oliver sentara ao lado dela e bastara algumas palavras para os dois estarem se beijando.

Já no banheiro, o clima estava quente.

O casal estava trancado dentro da cabine para deficientes. Oliver estava pressionado sobre a parede enquanto apalpava o sexo do namorado que arranhava suas costas enquanto trocavam beijos quentes e demorados.

A respiração dos dois estava em sincronia.

O jeito que Antony tocava Oliver o fazia delirar.

— Eu te amo. — Disse Antony.

“Não mano. Porra, não! Não me faz broxar” Oliver pensou.

Oliver retribuiu as palavras do namorado com um chupão no pescoço com direito a mordida na orelha. No mesmo instante ele começara a desbotar a camisa social azul com estampas de flores. Um peitoral definido fora revelado. Já sem camisa, Antony recebia lambidas em seu mamilo enquanto sentia seu sexo cada vez mais enrijecido.

— Devemos continuar? — O rapaz perguntou.

— Por mim ficamos assim até o fim de nossas vidas. — Oliver respondeu.

— Eu nunca fiz isso com nenhum outro homem antes.

— Você não sabe o que está perdendo. — Oliver colocou as mãos nos ombros do namorado e o empurrou para baixo e automaticamente, Antony abrira a calça de Oliver possuindo nas duas mãos o sexo do namorado.

Antony ficou por algum tempo fazendo um movimento continuo com as mãos olhando nos olhos de Oliver até que decidira tomar o sexo do rapaz em sua boca.

Com lambidas lentas na glande seguidas de sucções repentinas, Antony fazia Oliver delirar.

Quando sentiu que estava prestes a chegar ao orgasmo, o rapaz ordenou que o namorado ordenasse.

— Minha vez. — Ele disse.

Oliver ajoelhou e segurou com uma das mãos a glande do namorado para a direita. Lambendo todo o sexo do namorado, ele desceu até os testículos de Antony e brincou com os mesmos na boca enquanto masturbava o namorado.

Sem aviso prévio, Antony contorcera os músculos e ejaculara perto dos olhos de Oliver.

— Porra!

—É, isso mesmo. — Antony riu tentando recuperar o folego.

— Idiota! Deveria ter avisado. Como vou sair do banheiro com a cara toda melada?

— Já ouviu falar do papel higiênico?

Antony retirou o rolo do suporte e ofereceu ao namorado.

— Me desculpa. — Ele tentou não rir.

— Relaxa. — Oliver se limpava torcendo para que não ficasse marcado.

Quando estavam prestes a se beijar novamente, foram surpreendidos pela voz de Julian.

— Antony?

— Aqui! — O rapaz respondeu.

— Seus pais estão te procurando. É melhor ir antes que venham até você e vejam essa coisa agradável que vocês estão fazendo. — Julian debochou.

Oliver perguntou em sussurro se seu rosto estava completamente limpo e seu namorado respondeu com um beijo. Eles saíram do banheiro sem nenhuma vergonha e seguiram seu caminho.

Antony fora ver o que os pais queriam e Oliver seguiu o primo até a mesa.

O rapaz mal sentara e Alice se pronunciara.

— Onde o Tony foi?

— Ele já deve estar voltando, eu espero. — Respondeu. — Por quê?

— Ah, é porque ao contrário de vocês eu conto as novidades pros amigos.

— Se contasse, já teria feito isso antes.

— É que eu queria esperar um momento especial, quando estivéssemos reunidos.

— Nós também.

— Ih, quanta neurose. — Interrompeu Jane.

Não demorou muito e Antony estava de volta.

— Meus pais já estão indo. Mandaram um beijo para todos.

— O beijo do Oliver você havia entregado, não é mesmo? — Julian riu.

— Qual é, está com ciúmes? — Perguntou Antony.

— De quem? Do Oliver? Faça-me o favor.

Oliver não sabia se deveria se sentir ofendido.

— Enfim! — Alice os interrompeu. — Bem, o que eu quero contar pra vocês é que eu consegui!

— Conseguiu o que? — Perguntou Oliver apressado.

— Consegui a bolsa pra ir terminar o Ensino Médio na Cidade de Nova York. — Alice vibrou.

Oliver levantou e atravessou a mesa correndo para abraçar a amiga. Ele sabia o quão ela desejava isso.

Os outros três amigos fizeram o mesmo.

Eles ficaram ali abraçados por um tempo até que o calor resolvera incomodá-los.

— Acho isso uma injustiça. — Confessou Jane.

— Eu ir viajar? — Perguntou Alice.

— Não, longe disso. Estou feliz por você Lice, mas é que agora que Antony vai fazer Veterinária, Oliver Eng. De Minas e o Julian voltou pra universidade, vou ficar sozinha nessa cidade, novamente.

— Solidão não é físico! Sempre estaremos ao seu lado. — Disse Julian.

— Mesmo de longe todos nós estaremos unidos. — Afirmou Oliver.

— Olha, é melhor a gente voltar a beber antes que eu comece a chorar. — Jane sugeriu – e não precisa dizer que todos concordaram. –.

O fim da festa chegou.

Já estava amanhecendo quando a pista de dança começara a esvaziar.

Antony voltaria de carona com o pai de Alice e se não apressasse perderia a carona. O senhor já estava impaciente no carro por ter que acordar tão cedo para buscar a filha.

— Eu te amo. — Antony disse enquanto puxava o amante para um abraço.

Oliver demorou um pouco para processar aquelas palavras.

O rapaz ficou na ponta dos pés para alcançar o rosto do namorado e dera um beijo no canto do rosto. A falta de vergonha na cara de Antony era tamanha que ele virou o rosto no mesmo instante e os dois deram um selinho no meio do salão de festa.

Antony dera um sorriso.

— Eu sempre te amei. — Oliver derramou uma lágrima.

Os dois ficaram ali chorando abraçados por alguns instantes.

— Eu sei que não deveria ter feito tudo que fiz. Sei que foi errado, não deveria ter te abandonado. Hoje consigo me colocar no seu lugar e ver o quão sombrio deve ter sido pra você caminhar sozinho depois que fiz essa bifurcação em nosso caminho. — Antony dizia chorando cada vez mais. Oliver tentara interrompê-lo, mas fora em vão. — Você é e sempre será muito especial para mim. Esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis da minha vida. Você é a minha âncora. — Ele completou a fala apertando o namorado no abraço.

— Antony, você só me fez mudar, mas depois mudou de mim. — Oliver respirou fundo em busca de palavras. — Você escreve em preto, mas eu sempre preferi azul. Eles dizem que eu me autoincendiei quando comecei a envolver com você, mas não posso negar. Eles estavam certos. Você praticamente colocou uma arma em minha cabeça ao me fazer sentir bonito, desejado, amado. Você me pôs uma maldição para todo sempre. Quando nos afastamos pela primeira vez, eu tinha a certeza que eu não teria nenhum desejo para viver caso você fosse embora. — A voz de Oli tremia cada vez mais. — Graças aos céus pude amadurecer e perceber que tenho que plantar meu jardim ao esperar que me tragam flores. Apesar de tudo, sou grato por ter me feito crescer, mesmo que da pior forma possível. Para Oliver ouvir a voz daquele rapaz que ele tanto amava falhar por conta do soluço, cortava lhe a alma.

— Eu espero que você possa um dia esquecer isso. — Ele voltou a chorar. — Você me perdoa?

A mente de Oliver naquele instante congelou e voltou para três anos atrás quando entrou na sala e deu de cara com a pessoa mais linda do mundo sentada do outro lado da turma. Naquele instante ele teve a confirmação que não bastaria dois ou três dias até que estivesse completamente apaixonado. E ele estava certo! Não demorou muito e eram os melhores amigos e olha só, onde é que eles foram parar.

— Por que não perdoaria? — Oliver disse com um sorriso no canto da boca.

O rapaz tinha mil e um motivos para não perdoa-lo, mas algo lhe dizia que já estava na hora de tirar todo aquele rancor do peito.

Oliver deu um suspiro aliviado.

Antony disse a Oliver que o amava mais uma vez e seus lábios se tocaram.

Dias haviam se passado desde a formatura.

Os amigos haviam combinado de passar o dia na praia para se despedirem de Alice. Na manhã seguinte ela estaria embarcando para seu intercâmbio.

Depois de muito custo, Antony convenceu a sua mãe a autorizar sua viajem com o namorado para Cidade do Cabo, na África do Sul. Na manhã seguinte, no mesmo aeroporto em que Alice, o casal embarcaria para a viagem dos sonhos.

Naquela manhã o sol estava quente, o mar estava calmo e não havia muitos banhistas na praia, afinal, as pessoas costumam ter obrigações para se fazer em uma manhã de quarta feira.

Embaixo do guarda-sol, Alice que trajava um biquíni marinheiro, tinha a companhia de Jane que usava um maiô negro e óculos cat eyes. As meninas estavam fugindo do sol, pois por serem extremamente brancas, se abusassem um pouco da sorte, em minutos estariam vermelhas como camarões.

Antony e Oliver estavam há alguns metros de distancia rebatendo bola com as mãos. Oliver tinha um short 70’s verde tampando suas vergonhas enquanto Antony usava uma sunga vermelha. Enquanto isso, os dois comentavam sobre as coisas essências que não poderiam esquecer.

No final da tarde, os quatro resolveram entrar no mar e ficaram conversando. Os amigos se distraíram tanto que ao se deram conta, o sol já estava se pondo.

Eles foram surpreendidos por algo incrível. Uma família de golfinhos dava saltos os presenteando com aquele espetáculo.

— Vocês já nadaram com golfinhos? — Perguntou Oliver.

— Não. — Ouve um uníssono.

— Mergulhem! — O rapaz ordenou.

Sem pestanejar os amigos obedeceram, e então, Oliver os envolveu em uma bolha de ar e ordenou que as águas os transportassem mais rápido que pudessem até os golfinhos.

Ao chegarem perto o suficiente, foram recebidos pelos animais com várias manobras na água.

Os amigos tomaram carona com os golfinhos e ficaram ali se divertindo até perceberem a aproximação de um barco. Os amigos mergulharam e foram levados de volta a praia.

Estava tarde o suficiente para os pais de Alice mandarem inúmeras mensagens de texto perguntando onde a garota estava.

Ela avisou que precisaria ir antes que seus pais a proibissem de viajar pelo seu “comportamento rebelde”.

— Preciso ir gente.

— Ah, mas já? — Perguntou Oliver.

— Acho melhor, você conhece os pais que tenho.

Oliver deu de ombros e se aproximou da amiga para abraça-la.

— Te desejo uma ótima viagem minha fadinha. — Oliver sorriu. — Espero que você possa aproveitar esses próximos meses e que a senhora não se esqueça da gente quando achar um All-American Boy que vai te convidar para sua prom night e te pedir em casamento e, em seguida, te levar pra viver seu sonho americano para o resto da vida.

— Ai Azeitona, não me iluda. Não me iluda! — A menina riu evitando o choro.

Depois de se despedirem, Oliver e Antony acompanharam Jane até sua casa e tomaram um caminho bifurcado para suas casas.

Nos últimos meses os amigos estavam tendo que lidar continuamente com despedidas.

Era cada vez mais difícil dizer adeus.

As coisas estavam tranquilas demais naquela amanhã. Não havia transito, o clima estava agradável e Oliver havia recebido a notícia que fora aprovado na república na qual se inscreveu.

Depois de fazer o check-in os namorados esperavam a liberação do embarque. Oliver terminava de ler um livro enquanto Antony lia notícias sobre esporte na internet.

— Amor, eu estou indo ao banheiro. — Avisou. — Tome conta da nossa bolsa.

Oliver consentiu com a cabeça.

Minutos depois, Oliver fora surpreendido por um vibrar estranho.

“Devem estar fazendo alguma manutenção no aeroporto” pensou o rapaz.

O jovem tentou voltar à atenção para seu livro, mas fora interrompido. O vibrar voltara a incomodá-lo.

O rapaz tocara sua coxa pra ver se era alguma ligação em seu celular, mas errou o chute. Até que então Oliver percebeu que o que estava a vibrar era o celular do namorado. Sem malícia alguma, Oliver resolveu verificar se era a sogra, mas fora surpreendido.

A vibração continua era causada por várias mensagens enviadas por um aplicativo de pegação.

Oliver não conseguia acreditar no que lia.

Antony havia marcado encontro com uma moça e pelo visto eles já haviam se encontrando há mais tempo.

Não havia nem dois meses de namoro e já estava sendo traído por Antony.

Oliver não ligava pra poligamia, mas desde que fosse conversado. Para o garoto, toda relação deveria ser construída a base do dialogo.

Antes de o namorado voltar, Oliver guardou o celular na bolsa e se esforçou para parar de tremer.

Antony estava de volta. Oli o recebeu com um beijo.

— Aqui não. — Antony não retribuiu.

Avisaram no radio alertando que o embarque para o voo dos garotos havia começado.

Dentro do avião, os dois se acomodaram.

Faltavam poucos minutos para o avião decolar.

Oliver não havia esquecido a gafe do namorado.

— Nos esquecemos de comprar algo pra comer. Vou ao free shop comprar algo e já volto.

— Não! Não precisa! Já estamos quase indo.

— Em dois minutos estou de volta.

Como ficaram apenas três dias, uma única mala era o suficiente para os dois rapazes. Oliver colocou nas costas a única bolsa contendo inclusive os documentos, livros, produtos higiênicos, roupas e etc. e descera do avião.

O rapaz fora correndo para o banheiro mais próximo e em meio a lágrimas jogara os documentos de Antony no lixo.

— Idiota. — Oliver cuspiu aquelas palavras.

O rapaz tomara seu caminho de volta para casa, arrasado.

Antony continuara no avião. Não conseguira desembarcar há tempo e estava indo para um país do outro lado do oceano com nenhum documento, roupa e dinheiro.

Aconteceu algo estranho naquele dia.

Oliver finalmente compreendeu.

Compreendeu que o bem nem sempre vence o mal. Compreendeu que pessoas nem sempre merecem uma segunda chance. Compreendeu também que não é porque as pessoas disseram que mudaram que isso realmente venha a ter acontecido.

Canalha nem sempre deixariam de ser canalhas.

E esse é o fim.

Aquele ano fora o mais corrompido na vida de todos os presentes na vida de Oliver e de seus amigos.

Apesar de tudo, ninguém se arrependia dos erros que cometeram.

Principalmente Oliver.

Por mais que o rapaz tivesse a autoestima baixa, ele amava ser quem ele era e, ele só tinha aquela personalidade inescrutável por ter tirado aproveito de todas as experiências ruins que teve na vida.

Com pesar de todas as intempéries, a vida de todos envolvido nesta história seguiu imperfeitamente perfeita.

Não estou afirmado, muito menos negando, que, a vida dos bruxos Imperfeitos que restaram seguira em harmonia, mas com o tempo as coisas vão se ajeitado.

Nenhuma folha cai de uma árvore sem um propósito.

Tenho certeza que você já errou com muita gente, e que, muita gente já errou com você, e essa história não tem nada a mais para te dizer a que: “perdoe para ser perdoado, e, assim, você deixará de ser Imperfeito e talvez, amado.”.

Amanhecera.

Oliver passara toda a madrugada sentado na janela observando em silencio o céu e pensando nos acontecimentos do dia anterior.

O rapaz estava prestes a ir pra cama quando seu celular começou a tocar de um número restrito.

— Merda! — Disse Oliver atendendo o celular.

— Eu não acredito que você fez isso! — Antony gritou. — Que explicação você me da sobre o que você fez.

— Eu não tenho nada a dizer. — Oliver riu, de nervosismo, talvez.

Houve um silêncio entre os dois.

— Oliver, você quebrou meu coração.

— Antony, isso até poderia ser verdade... caso você tivesse um.


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