Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 26
XXIV — Quebrando os Silêncios do Inferno.




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No caminho até o cais nenhuma só palavra foi dita. Ninguém era capaz de tirar aquela angústia da garganta.

Enquanto corriam as pressas, Oliver tentava se lembrar dos feitiços que havia visto em seu livro das sombras. Caso Unknown estivesse armando alguma, ele queria estar pronto para não deixar nada acontecer com seus amigos. Antony por sua vez, sentia que algo ruim estava prestes acontecer. Ele observava cada centímetro quadrado da cidade, como se fosse à última vez que ele fosse ter o privilégio daquela vista. Os demais amigos não conseguiam parar de pensar na pessoa que acabara de se revelar fazer parte do coven de Unknown.

Naquela noite o céu estava completamente limpo. A lua cheia tinha um brilho prateado intenso e as incontáveis estrelas ao seu redor só realçavam aquela beleza natural. As árvores da cidade com os galhos cheios de folhas e flores perfumadas por conta da estação do ano se agitavam a cada instante com a refrescante brisa que vinha do oceano.

Há alguns metros do cais Oliver recebeu uma mensagem de Benjamim avisando que as meninas e ele não poderiam ir por Cais agora. Havia outras cosias pra serem investigadas no momento.

Quando puseram os pés na plataforma de madeira foram surpreendidos por Jane. A garota volitava há alguns centímetros do chão, seus olhos estavam completamente brancos e três esferas fantasmagóricas cercavam a garota. Assim que as esferas sumiram, a garota teve seus pés de volta ao chão e começara a correr na direção contrária do litoral.

— O que está acontecendo? — Perguntou Julian sem entender.

— Eu tive uma visão! Preciso verificar isso. Desculpa!

— Eu vou com você. — Gritou o rapaz enquanto corria.

Os quatro jovens amigos se entreolharam. Eles sabiam o que devia ser feito. Alice involuntariamente começou a chorar, Oliver por impulso enxugara as lágrimas da amiga.

— Eu sempre serei nós. — Disse o rapaz com a voz firme.

Ao fim daquele imenso cais de madeira três pessoas completamente trajadas de negro esperavam a aproximação de Oliver e seu coven.

— Ora, ora se não são as fadinhas metidas a bruxas. — Tommy revirou os olhos.

— Cala a boca, seu viciado em fisting. — Disse Matt.

— Eu vou acabar com você! — As mãos de Antony estavam com chamas azuis.

Alice encarava trêmula um dos bruxos.

— Não desperdice meu tempo, nós sabemos que os únicos que não saíram vivos são vocês. — Oliver ao reconhecer aquela voz dera um passo para trás. Ele se recusava a acreditar.

— Tire essa máscara e nos enfrente cara-a-cara. — Ordenou Matt.

Assim que tirara o disfarce, a bruxa balançara os cabelos.

Os bruxos estavam incrédulos.

Oliver e os ademais amigos não conseguiam entender o que Natália, a ex-namorada de Oliver, estava fazendo junto do coven de Unknown.

— Você só pode estar brincando com a minha cara. — Disse Oliver sentindo o rosto queimar.

— Faça-me o favor! Nós dois sabemos porque me juntei ao Unknown. Larguei o meu antigo conven cheio de meninas mimadas para me vingar de você. — Explicou a moça.

— É sério isso? Ninguém mais lembrava que você existia menina. Pra que quer tanto nos atingir? — Perguntou Alice.

— Por esse cabelo maltratado você deve ser a tal amiguinha, Alice, eu suponho. — Natália desdenhou.

Alice dera dois passos em direção a Natália, mas Antony fora ágil o suficiente para segurar à amiga.

— Não Alice! Não vale a pena. — Alertou Tony.

— Só eu sei o tanto que Oliver me fez de trouxa. — Natália tentou não se mostrar abalada.

— Você é pisciana queridinha, não precisa de ninguém pra te fazer de trouxa. Você já faz isso sozinha. — Oliver não aceitou a ofensa feita a sua melhor amiga.

Aqua!

Natália gritou e uma rajada de água subiu do mar até o Cais em direção a Oliver, mas ele usou um contra feitiço rapidamente, fazendo com que toda aquela água se evaporasse.

— Ainda não Natália, guarde seus poderes para mais tarde. — Ordenou Tommy.

Oliver ignorou o rapaz.

— Até onde eu sei quem quis terminar foi você. Então não me venha com essa desculpa esfarrapada que você se juntou a esse punheteiro espinhento para se vingar de mim... — O rapaz fora interrompido.

— Eu terminei porque já não aguentava mais ser passada para trás! Você acha que eu não percebi que você já estava amando outra pessoa? No começo eu pensei que era essazinha aí, mas percebi que você estava em outra. — A moça riu — Você me trocou por um pau que você nem sabia se realmente valeria a pena.

— É, lembrei que você tem vênus em escorpião. — Oliver riu tentando não demonstrar o nervosismo.

— Tudo bem essa filha de chocadeira ter se juntado ao punheteiro de plantão pra se vingar de Oliver, mas por que diabos vocês tiveram que meter Alice e eu no meio disso? — Perguntou Matt indignado.

— A priori você não tinha nada a ver com isso, só colocamos você no meio porque sabíamos que se fossemos enfrentar Oliver, teríamos que enfrentar todo seu coven. — Explicou Tommy com a voz frouxa. — Enquanto eu te stalkeava, fiquei sabendo da sua ligação com Marcos. Isso foi à confirmação que você seria o canal perfeito para dizer a Oliver que Unknown existia e estava pronto pra fazer qualquer coisa pra conquistar seus objetivos.

O ar estava começando a se agitar. O céu que outrora estava completamente limpo agora possuía algumas nuvens cinzentas. Antony percebera que aquilo estava sendo causado por Matt e o aconselhou a se acalmar.

— Já que estamos colocando as cartas sobre a mesa, me explique Tommy, o que fizemos de tão grave a você para que se fundasse um círculo mágico com objetivo de nos derrubar. — Interrogou Antony.

— Tudo começou há alguns anos quando fomos da mesma sala pela primeira vez. No primeiro dia de aula eu sabia que não bastaria dois ou três dias para eu estar completamente apaixonado por você.

— Não me faça vomitar. — Antony interrompeu.

— Você sempre me viu como um zero a esquerda.

— É o que você é. — Debochou Matt.

— Eu passava meus dias idealizando universos paralelos onde nós seríamos felizes para sempre. Ficava me focando em sonhos, até que um dia Oliver entrou no colégio e levei uma rasteira da realidade. — Tommy respirou fundo. — Quando vi que vocês se tornam amigos tão rapidamente percebi que já era tempo de dar um ponto final nesse sentimento.

— Menino, na sua casa não tem nenhuma louça pra ariar não? Não acredito que vocês estão tentando atingir a mim e meus amigos há todos esses meses por conta de um coração partido?

— Não exatamente. Isso foi só o empurrão que eu precisava. — Tommy franziu o cenho encarando Alice que chorava cada vez mais. — Os Loas pra quem eu venho trabalhando há algum tempo me alertaram sobre o grande poder que vocês possuem. Isso me fez ir atrás de respostas de como transferir todos os seus poderes para mim. Vocês não merecem isso.

— Junto com os poderes, vamos sugar toda a felicidade que vocês roubaram de nós. — Disse Natália confiante. — Nos vossos peitos não habitará nada além de caos, mágoas e desespero.

— Acho que já obtiveram todas as respostas que almejavam. Já está na hora de drenar toda essa magia que correm nesses seus sangues imundos. — Disse Tommy em bom tom.

— Não! — Soluçou Alice. — Por quê? Só me diga por quê. — A garota voltou a chorar.

— Tommy e eu namoramos há mais tempo que vocês possa imaginar. — O rapaz fez uma pausa tentando buscar palavras. — Na festa à fantasia meus poderes ainda não haviam despertados. Eu era só mais um gay heteronormativo que se escondia atrás de um estereótipo para ser aceito. Quando contei ao Tom como que você se entregou tão fácil a mim ele teve a brilhante ideia de fingir estar namorando você e levar o plano mais a diante. Além de a minha família parar de me encher a paciência sobre já ter passado da hora de ter arrumado alguém pra foder, eu poderia estar sempre perto de vocês. E isso nos fora muito útil. Sempre conseguia informações preciosas e, com os poderes que os Loas nos fornecem, ficava cada vez mais conseguir coisas para usar contra vocês. Você é linguaruda de mais, não havia um dia se quer que você não me punha a par de tudo que acontecia sobre a vida de seus amigos. — O jovem riu encarado as lágrimas da moça.

Antes que pudesse terminar de se explicar, o bruxo fora interrompido por um galo preto que emergira da madeira. As penas negras da ave eram tão cintilantes que a luz da lua as deixavam em um belo tom de azul.

Oliver que tinha fobia a Galinha dera vários passos para trás enquanto sentia um suor frio descer por sua testa.

Antony tentara incendiar a ave, mas antes que a acertasse a ave foi degolada misteriosamente fazendo com que uma mulher de beleza extrema se projetasse naquele local.

Trajada com um vestido de babados brancos e rasgados na parte da frente deixando seu belo par de pernas a mostra, aquela divindade deixou todos deslumbrados. Seus ombros estavam livres graças ao corte tomara-que-caia que revelava toda saliência da moça. Em um das pernas, uma liga de perna realçava o negro em sua pele. Em seus cabelos cacheados e negros como aquela linda noite, uma coroa de flores brancas segurava aqueles cachos que quase encostavam ao chão. Em uma das mãos, a Loa possuía algumas pimentas e na outra uma garrafa com rum.

Maman Brigitte dera uma mordida em uma das pimentas e levara até seu sexo a outra metade da especiaria. Ao sentir aquela ardência que a fazia sentir prazer, a Loa da morte começara a dançar de uma forma extremamente erótica ao mesmo tempo em que artisticamente.

Depois de dar mais um gole em seu rum, ela se voltara para Unknown.

— O tempo de você está acabando. Paguem o preço ou perderão todo o poder. — A Loa continuara a dançar ignorando a expressão dos bruxos.

Antes que ela pudesse continuar falando, um relâmpago em forma de serpente cortara o céu. Ela identificara o chamado de Damballa, o Loa no topo da hierarquia do voodoo.

— Vocês estão avisados. — Com uma expressão marcante por baixa de sua maquiagem branca de caveira, ela desapareceu aos poucos deixando ali apenas seu forte cheiro de rum e um galo degolado na antiga madeira do cais.

Todos sabiam agora o que estava prestes a acontecer.

Por alguns instantes os jovens versados de magia se encaravam. Nenhum dos sete tinham coragem pra dar o primeiro ataque.

Alice tentava buscar uma conexão com a terra para fazer cipós nascerem, podendo assim imobilizar os três inimigos, não obstante a garota estava muito longe da terra.

Matt com as orelhas vermelhas de raiva começara a voar involuntariamente. O ar conseguia sentir a fúria do menino.

Venit ventorum mortem delerent prorsus et perdet. — Matt conjurou o feitiço.

O tempo estava cada vez mais fechado. As rajadas de ventos estavam a criar ondas enormes no oceano que cercava aquele cais. O ar agitado fazia com que Matt planasse cada vez mais alto.

Quando o feitiço fora completamente evocado um enorme tornado surgiu bem na frente do bruxo indo em direção dos inimigos.

Tommy e seus comparsas tentaram correr em direção contrária, mas fora em vão. Aquele tornado ia cada vez mais rápido em direção dos três. Natália enquanto corria desequilibrara do salto e caíra com os cotovelos na madeira. Fora inevitável, antes que pudesse levantar a garota se via sendo chacoalhada para várias direções enquanto ficava cada vez mais desnorteada e sem ar.

Ethan não tinha poderes a tempo suficiente pra te facilidade com feitiços. Dos sete bruxos presentes naquela batalha, ele era o mais inexperiente. Ao ver a amiga indefesa, Ethan parou de correr e tentara conjurar um feitiço de contra ataque, mesmo com a insegurança.

— Eu apelo ao ar e ao vento: destrua aqueles que estão em nosso caminho causando tormento. — O rapaz conjurara o feitiço que deixara o vento confuso, não sabia a quem obedecer.

O tornado estava cada vez mais feroz. De um lado Matt tinhas as mãos trémulas em direção ao feitiço. O rapaz tentava manter o pleno controle, já do outro, Ethan se esforçava para manter focado no seu contrafeitiço, seu poder mental ainda era pouco.

Antony com as duas mãos fazendo movimentos paralelos, evocara uma esfera incandescente de chamas azuis. Sem hesitar o rapaz a lançara em direção de Ethan. O rapaz que estava distraído fora atingido pela chama. Seu feitiço sumira e Matth retomara total controle do vento.

O jovem tentou fazer com que Natália fosse arremessada ao mar, mas há poucos metrôs do oceano a bruxa usara sua afinidade com a água e um enorme jato de água a pusera de volta no cais.

Aproveitando a oportunidade, dançando com as mãos Nath fez com que uma enorme onda emergisse ao cais em direção a Oliver. Matt voara o mais rápido que pode para esquivar o melhor amigo daquele ataque.

Natália apertara os palmos das mãos com tamanha força que suas unhas penetraram a pele fazendo com que seu sangue começasse a pingar no cais. Ela dera o grito mais alto de sua vida. O grito tivera tamanha força que fizera a água se transmutar em flechas de gelo.

Quando o grande arsenal de flechas estava prestes a penetrar no peito de Oliver, Matt conseguira por um triz empurrar o amigo para o chão, contudo não conseguira se esquivar do ataque. A primeira flecha atravessara o olho do jovem bruxo fazendo com que o sangue do rapaz respingasse em todas as direções. No mesmo instante Matt perdera a consciência e caíra sobre a madeira.

O bruxo que estava sem forças nas pernas pra levantar, usou seus poderes para descongelar todas aquelas flechas de gelo na face e tronco do amigo.

Aquilo não adiantou. Já não importava mais.

Matt estava morto.

Oliver tomara o amigo no colo e começara a soluçar no meio de tantas lágrimas. Alice tentava desesperadamente conjurar o feitiço “sana”, mas até o momento não se mostrava eficaz. Antony por sua vez não tinha reação, estava em choque de mais para conseguir sair do lugar.

Enquanto lamentavam a perda, Tommy preparava um feitiço de necromancia. O rapaz tirara do bolso uma athame de bronze e rasgara o pulso. Deixou gotejar um pouco daquele líquido viscoso sobre o chão e começara sussurrar em uma língua antiga, o bruxo estava a chamar pelos velhos espíritos. No mesmo instante, fora atendido.

Tommy havia trazido de volta ao corpo o espirito de Matt, mas agora o falecido amigo não passava de nada mais a que um fantoche. Sua pele estava fria e cada vez mais pálida, seu corpo já começara a soltar excreções pelo nariz, ouvidos e boca. Seus olhos vermelhos mostravam que humanidade não habitava mais ali.

— Não! Você não tem o direito de fazer isso! — Oliver soluçou em meio ao choro.

— O jogo acabou! Aceitem e nos conceda vossos poderes de bom grado antes que mais gente tenha que morrer. — Ethan gritou.

— Nunca! — Alice respondeu. — Eu ainda posso conjurar um feitiço que trará Matt de volta em troca da vida de alguém que eu ame. Por mais que seja nojento, eu te amei, e muito! — A garota pausou pra engolir o choro. — Não me importo de abrir mão de você.

— Patética! Você não pode escolher quem sacrificar nesse tipo de feitiço. — Natália debochou.

— Quer tentar a sorte? — Alice respondeu firme.

— Isso não vai funcionar.

— CHEGA DE PAPO! — Antony conjurou uma enorme esfera de chamas e rebateu em direção a Natália.

Ela se esquivou. Persistente o rapaz continuou atacando da mesma forma, mas a menina era ágil de mais. Parecia dançar com a água.

Tommy começara a comandar o corpo de Matt e fizera uma rajada de vento lançar Alice em direção ao continente. Oliver temeu a morte da amiga naquele momento.

Pensando na melhor forma de se livrar de Unknown, o rapaz correu em direção da lateral do cais e pulou no mar. Alguns segundos depois ele voltou totalmente restaurado pela água.

Antony conseguira incendiar um dos pés e dera um chute na coxa de Ethan. Assim que o rapaz desequilibrara Oliver o dera uma chicota com um jato de água e o prendera em uma capsula de gelo.

O corpo de Matt continuava sendo utilizado como marionete. Os amigos não conseguiam pensar na hipótese de atacar o corpo do amigo, então, tentavam se esquivar de todos os ataques que Tommy ordenava o corpo fazer.

Todos foram surpreendidos por Alice. Ela estava montada em um Ent. A criatura era deslumbrosa. Seus galhos estavam cheios de folhas vivas, seu rosto além de misterioso dava um tom de seriedade.

Apesar de locomover lentamente, o guardião da floresta enviava em direção de Natália e Tommy espinhos envenenados.

Natália tentou contra atacar com água, mas não adiantara de nada. O Ent estava absorvendo toda a água fazendo com que seus galhos ficassem cada vez mais fortes.

Quando chegaram a uma distância perto o bastante para um ataque, Alice usara seus poderes para nascerem cipós pelo corpo do guardião e o mesmo o usara como chicote em Natália. Ela esquivara usando um jato de água para se impulsionar para trás, mas o Ent era esperto o bastante. Assim que ela pusera os pés no chão os cipós a capturaram deixando-a impossibilitada de conjurar qualquer feitiço.

Percebendo a situação, Tommy desfizera o feitiço de necromancia fazendo com que o corpo de Matt se espatifasse no chão. O barulho que aquele monte de carnes e ossos fizera ao cair fora extremamente assustador.

Antony achara uma falta de respeito tamanha o que Tommy havia feito e então, no mesmo instante respirara fundo e usara toda força que ainda o restara para sair correndo em direção de Tommy que lançava inúmeras chamas em sua direção. O rapaz usava suas habilidades atléticas para se esquivar. Há menos de dois metros de distância de Tommy, Tony cerrara o pulso e conjurara um feitiço.

Ignis Draco! — Disse o bruxo quase sem voz.

E então da mão de Antony um enorme dragão de fogo surgiu indo em direção de Tommy.

O dragão começou a circular em torno do rapaz elevando a temperatura do ambiente. Inúmeras faíscas saíam do corpo da criatura. Depois de dar algumas voltas em torno de Tommy, o dragão subira aos céus e no mesmo instante descera em uma velocidade extrema atingindo a cabeça do rapaz. Aquele feitiço não conseguira queimar a pele do garoto, mas tivera força o suficiente pra desmaia-lo.

As chamas do feitiço foram capaz de incendiar as roupas do jovem.

— Apaga! — Ordenou Oliver.

— Não! Esse desgraçado vai queimar até a morte. — Antony dera os ombros.

— Morrer seria muito pouco.— Percebendo que Antony não faria as chamas cederem, Oliver utilizou as águas do mar que ainda estava agitadas para apagar todo aquele fogo na roupa do inimigo.

— Se o deixarmos morrer só estaríamos provando que somos farinha do mesmo saco. — Alice disse.

— Rápido! Liga pra polícia! Fala que três psicopatas que estavam nos ameaçando mataram nosso melhor amigo. — Ordenou Oliver com voz trêmula.

— Eu não consigo fazer isso. — Antony disse.

— Eu faço. — Alice desceu do Ent.

Antony e Oliver encaram a amiga espantados.

Assim que desligara o telefone, Alice mandou uma mensagem pra Julian perguntando se estava tudo bem com Jane. Não demorara muito e ele avisara que foram apenas os poderes psíquicos da garota se manifestando cada vez mais onipresentes. Ela fora capaz de evitar que uma criança morresse queimada pela negligencia dos pais. Para não deixa-los preocupados, os três jovens bruxos decidiram não contar sobre a morte de Matt.

Os amigos estavam sentados abraçados esperando a polícia chegar quando de um clarão surgiu um ser humanoide. Cada um dos três enxergava aquela divindade de uma forma, pois sua essência era a mesma, a única coisa que mudava era com qual questão cultural ela era cultuada.

Na frente dos três, a Deusa da Magia se apresentava de uma forma sutil, apesar do olhar triste.

A Deusa levantou a mão direita, onde repousava um corvo e começara a falar.

— De uma forma muito trágica essa batalha ridícula terminou. Como patrona da magia me sinto traída por aqueles que a usaram a magia de mau grado e nunca pestanejou. — A Deusa levantara a outra mão onde uma enorme tocha fazia seu vestido escarlate brilhar. — Magia não é nada mais e nada menos que harmonizar sua energia com a energia da natureza e do universo, mas venho observando que meus filhos veem se esquecendo de que tudo neste mundo tem seu preço. A lei do retorno realmente existe e não há sombra de dúvidas que hoje é um dia extremamente triste. — A Deusa encarou o corpo de Matt.

Alice começara a falar algo, mas fora cortada pela Deusa.

— Eu sei o que está pensando, menina dos bosques. Eu não deixarei isso impune. — A Deusa deu um sorriso para a garota. Alice preferia nunca te visto aquele sorriso, pois não esboçava nada além de severidade.

A Deusa estendera a mão direita mais uma vez e o corvo voou para longe. Uma luz roxa emergiu do centro da testa de Natália, Ethan e Tommy e um fio de luz de mesmo tom vinha em direção à mão da Deusa.

— Está feito. — A Deusa tinha um tom de voz severo. — A magia não habita mais em nenhum dos três.

— Muito obrigado! — Agradeceu Antony.

— Não te preocupem que me certificarei que nenhum Deus ou Deusa, não importe seu panteão, será capaz de dar poderes a esses três novamente. — A Deusa parecia determinada. — E nunca se esqueçam de que: a magia é neutra e enquanto vocês fizerem bom aproveito da chama púrpura que arde em vossos corações, o universo estará a vosso favor.

Ao dizer a última palavra ambos ouviram barulhos das sirenes. Os bruxos olharam em direção ao continente e quando se deram conta à Deusa já havia desaparecido.

Apesar da perda, os amigos se sentiam aliviados. Tinham a esperança que os culpados pelos meses de tormenta seriam devidamente punidos e que o medo da própria sombra já podia ser exaurido.

Os amigos aprenderam que sacrifícios devem ser feitos às vezes, por mais doloridos que sejam.

A partir daquela noite, os Imperfeitos não precisariam ir dormir embriagados de ilusão para acordarem com ressaca da realidade, pois o sol que brilharia na manhã seguinte seria um sol de imensas alegrias.


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