Imperfeitos escrita por Felipe Perdigão


Capítulo 15
XIII — Vínculos.




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O tempo mudara de uma hora pra outro. Aquela amanhã que havia nascido há pouco tempo tinha o céu completamente nublado. Oliver tremia de frio enquanto criava coragem para ir pro hospital ver o amigo, e é claro, a Jane.

Estava tudo calmo naquela manhã.

O garoto que caminhava em direção ao metrô com uma imensa vontade de fumar percebera que ao pensar na garota da cafeteria essa vontade passava. Essa menina estava nos pensamentos de Oliver há muito tempo. Ao lembrar-se do sorriso falso que ela possui o rapaz se arrepiava. Ele sentia algo que seu medo de sentir não o deixava assumir, mas o seu coração já estava captando o que isso significava.

O garoto estava se apaixonando.

Isso não é nada bom.

Assim que o garoto que agora possuía borboletas no estomago passou pela catraca do metrô e o aguardava na plataforma quase vazia ele se lembrou da ultima vez que ele teve notícias de Unknown. Oliver estava realmente preocupado com Alice.

A menina teve inúmeros problemas de saúde por causa dos quilos a mais que ela possuía no passado. Ela sofria tanto por ser motivo de chacota na escola que decidiu deixar de ser a “garota dos seis cup cakes diários”.

Se Unknown levasse a sério esta historia de usar o passado da garota contra si própria ela não resistiria. Mesmo que ela estivesse demonstrando-se cada vez mais forte nos últimos meses, ela ainda não deixara de ser completamente a “Alice quão ingênua a uma princesa da Disney”.

O vagão estava vazio. Em uma ponta havia um casal de idosos falando sobre as noticias do noticiário da manhã e um garoto que mexia no celular. Oliver, já na outra ponta do vagão estava sozinho com seus fones de ouvido evitando seus pensamentos que o crucificavam.

Havia se passado duas estações desde que o garoto tomara o trem. Ele não sabia se ele que estava ansioso de mais ou se o trem que andara muito devagar, só tinha certeza que a estação ele desembarcaria parecia nunca mais chegar.

Mais uma estação. O casal e o garoto que os acompanhava desceram e a única pessoa que subiu foi um garoto com uma jaqueta de moletom vinho que tinha alguma coisa escrita relacionado a vencer, uma calça de moletom cinza e seu cabelo loiro estava penteado pra trás realçava seus óculos escuro de marca.

Com inúmeros assentos vazios, o garoto decidiu sentar no assento preferencial que ficava paralelo ao de Oliver.

Isso o deixou surpreso.

A beleza do garoto a sua frente era diferente.

O garoto tentava disfarçar o quão ele estava a encarar o desconhecido. Suas mãos que deslizavam em suas cochas suavam frio de tamanho nervosismo. Oliver mordia os lábios sem perceber.

Oliver decidiu não olhar mais pro garoto, mas fora inútil. Ele foi dar mais uma olhada rápida e percebeu que o garoto havia tirado os óculos e mudara o modo de sentar. Antes com os joelhos e braços cruzados e agora com a mão sobre as pernas abertas que demonstravam sua ereção.

Com um nó na garganta o menino começara sentir suas bochechas queimarem de vergonha e algo a pulsar entre as pernas.

Os dois se encaravam.

O que eu faço?, Oliver tentava conter a ereção.

O garoto que estava ansioso pra chegar ao hospital fui surpreendido ao ver o menino saindo do assento do qual estava sentado e ir pro espaço vazio ao seu lado. Oliver estava gelado.

O maquinista acabara de anunciar a estação, era a que o garoto desceria. Tentando não olhar pro rapaz que estava um tanto quanto animado, Oliver pegou sua mochila e saiu às pressas do vagão.

Havia mais de cinco minutos que o garoto estava andando. A portaria que ele planejava andar estava fechada pra reforma e a mais próxima ficava a 2 quarteirões de distancia. Ele ainda pensara no que acontecera no metrô, mas sua mente estava começando a lhe infernizar. Por mais que ele tentasse evitar, sempre estava a lembrar do sorriso da Jane.

Assim que passou pela recepção começou a rezar para que a namorada do amigo não estivesse ali. Para sua sorte ela não teve coragem de faltar à aula.

— Antony! Bom dia.

— Oi Azeitona, pensei que não ia vim hoje depois de ontem.

— Ah, eu sabia que a... — Oliver suspirou se segurando pra não soltar um “que a cobra” com todo sarcasmo que lhe fora permitido — que ela não iria deixar de ir à aula.

— Ah, deixa pra lá. Não vamos falar disso. Até mesmo porque... — Antes que o garoto terminasse, fora interrompido pelo amigo.

— Vocês terminaram? — Dava pra perceber o brilho nos dentes de Oliver.

— Hã? Não, claro que não. É que recebo alta hoje!

— Ah, sim, digo, isso é bom. — Não quanto parecia, a ida do amigo pra casa seria um motivo pra ele nunca mais ver a incrível garota da cafeteria. Oliver sabia que esse dia chegaria, mas por estar iludido com a garota achara que esse dia demoraria a chegar. — Bem, sai de casa sem tomar café. Importa-se se eu for à cafeteria?

— Tudo bem, será que têm como trazer um pão de queijo pra mim?

— Bem, não sei se deixarão isso entrar aqui.

— Ah, tudo bem, já estou liberado. Olhe minhas cicatrizes. — O garoto se virou de costas e todas aquelas feridas estavam secas. Estavam soltando como uma cobra troca de pele.

— Ah, o feitiço deu certo!

— Obrigado. Só que os médicos não entendem porque eu me curei tão rápido. Acham que é um milagre. — Antony riu.

— Talvez seja. — Oliver o desdenhou — Nos deve uma. — Oliver sorriu e tomou seu caminho no corredor extenso que ligava a enfermaria a praça de alimentação.

O menino que não sabia se estava contente com a noticia avisou aos amigos de que Antony voltaria pra casa. Antes de chegar à cafeteria recebeu uma mensagem de Alice avisando que organizaria uma festa surpresa de boas vindas. Ele ficara feliz pela empolgação da amiga, mas pra ele o garoto não merecia festa nenhuma e sim um crucificamento de cabeça pra baixo por estar namorando uma cabra.

Faltavam poucos passos pro garoto chegar à cafeteria e de longe ele avistara Jane.

Um enorme sorriso apareceu e o cenho franzido se desfez.

O garoto se sentia incrível.

Assim que o garoto chegou ao balcão da cafeteria suas bochechas tornaram a demonstrar a vergonha.

Havia algo de diferente na garota.

Seu cabelo estava penteado de um jeito que a deixava mais velha, sua maquiagem estava mais pesada e seu sorriso já não existia mais.

Oliver estava preocupado.

— Bom dia Jane. — Ele se esforçou pra dar um sorriso.

— Ah, você. — Ela começara a dar um sorriso, mas assim que olhara nos olhos do garoto sua expressão mudou. — Meus pais te pagaram quanto pra você me vigiar?

— Que? — A boca do garoto estava cada vez mais seca de nervosismo.

— Eu sei que eles fizeram isso.

— Cara, que paranóia! Eu estou vindo aqui porque meu amigo se queimou e para a mãe dele não faltar no serviço eu vim ficar de companhia.

— Sei...

— Sim, ele receberá alta hoje.

— Ai, me desculpa te acusar desse jeito... É que meus pais... — Ela coçou o pulso suavemente sem deixar a manga de seu moletom preto subir. — Deixa pra lá. Ah, fico feliz pelo seu amigo ter se recuperado.

— Ah, isso não é muito bom.

— Por quê? Não está feliz pelo seu amigo?

— Estou sim, mas o lado ruim é que nunca mais irei te ver.

A menina quase deixou o pires que limpava cair.

Sua pele pálida estava cada vez mais vermelha e em sua face havia o sorriso mais encantador que Oliver já viu.

Sem saber o que fazer a menina fez seu papel de funcionaria e o garoto sem reação disse o que queria beber.

O garoto tomou o café em silêncio, pedira o lanche do amigo e assim que foi pagou pelo que consumiu, voltou até o balcão e quase aos berros convidou Jane para a festa que Alice estava a preparar para Tony.

— Não quero parar de te ver. Sei que mal conversamos e isso é o que me encanta. Tu não precisa ficar forçando a barra e me dizer milhões de frases confortadoras pra me fazer sentir que posso confiar em você.

— As pessoas sempre quebram cara comigo.

— As pessoas sempre esperam de mais de mim! Eu, super vazio e insensato tenho amigos que precisam de mim.

— Não te faria bem. Tenho o habito de deixar as pessoas deprimidas.

— Ah, tudo bem. A gente mal se conhece, entendo esse seu receio... Então... Adeus.

O garoto virou e deu três passos.

Foi o tempo da menina escreverem um guardanapo o número de seu telefone e gritar pelo menino.

— Espere, tome aqui. — Ela sorriu, fazendo as pernas do pobre garoto bambear — Espero que você me surpreenda, diferente de todos.

Ainda constrangido, o jovem pegou o papel e foi para o quarto do amigo.

Ele não se sentiu a vontade pra falar da garota com o amigo, não ainda.

Aquele sorriso na face de Oliver não aparecia há muito tempo. Ele estava completamente encantado com tamanha perfeição da garota da cafeteria.

Depois de alguns minutos ele percebera o quão estava fodido por estar sentindo algo por alguém que ele sabia apenas o nome. Sem muito o que fazer ele se livrou da felicidade que havia o possuído por alguns instantes e foi tentar conversar com o amigo.

Oliver já não sabia se sentia algo por Antony.

Depois dos últimos acontecimentos ele tinha tomado nojo da cara do amigo, só não conseguia de deixar aquele amigo dedicado.

A relação entre os dois, mesmo estando pacifica, estava cada vez mais complicada.


O dia havia passado rápido. A noite havia mantido a baixa temperatura que obrigara a todos da cidade a tirarem os casacos da cidade. Antony foi liberado antes do almoço e Oliver o levou pra comer em restaurante que eles tinham costume de comer quando combinavam de sair depois da aula.


O resto da tarde Oliver trocou mensagens de texto com Jane. Ele estava cada vez mais apaixonado.

Quando a madrugada chegou os dois já tinham chegado ao limite de mensagens armazenadas na memória interna do celular. O garoto falara o quão ele a achara linda e como o sorriso dela o fizera sentir. Ela confessara que desde que se viram pela primeira fez ela tentara puxar assunto com ele, mas temia ser um dos idiotas da sua escola tentando garantir uma rapidinha ou alguém que seus pais havia contratado pra conferir se ela andara fumando e bebendo novamente.

Talvez os dois estivessem cometendo um erro mortal, confiar rápido de mais.

A garota já estava se despedindo quando Oliver lembrou que a convidaria pra sair e fora interrompido.

Depois de alguns minutos refletindo ele decidira mandar a mensagem.

Ele andava se arrependendo de muita coisa naqueles últimos dias, não podia essa oportunidade escapar.

Pra testar sua ansiedade à garota não respondeu, ela havia pegado no sono. Não demorou muito e aconteceu o mesmo com o garoto.


A manhã que acabara de nascer traíra a sua antecessora. Era uma bela manhã pra quem estava a aproveitar o ultimo dia do atestado médico e queria ficar na cama. O céu estava incrivelmente azul e nenhuma nuvem dava o ar da graça.


O clima daquela manhã era convidativo pra ir a praia mergulhar um pouco.

Oliver já estava a sair de casa quando escutou o interfone tocar.

— Puta merda! Não é nem nove horas da manhã e estes fanáticos religiosos já vieram me infernizar e me impedir de ir a praia?

O garoto abriu o portão escondendo a bolsa de pano que ele carregava no ombro com uma toalha e um livro.

Para a surpresa do garoto não era nenhum fanático religioso, mas era alguém que o impediria de ir à praia.

— Ah, Oi?! — Oliver estava surpreso.

— E aí primo. — Julian estendeu a mão e sorriu brevemente pro garoto. — Vou passar hoje e amanhã aqui na cidade e então pensei em vim visitar seus pais. Tem muito tempo que não vejo ninguém da família.

— Se deu mal Julian. Eles estão trabalhando e por sexta não sei que horas chegaram.

— Ah, tudo bem, vou arrumar algo pra fazer o dia inteiro então.

— Entra. — Oliver ordenou enquanto o desdenhava — Aposto que não tem pra onde ir.

— “Passa fome”, é isso que ta escrito na minha testa?

— Talvez.

Os meninos entraram na casa e assim que a gata de Oliver percebera a presença de visita desceu as escadas miando com a cauda balançando e assim que sentira o cheiro amargo do perfume do garoto começou a andar relando na perna do garoto. Oliver com vergonha a pegou no colo e a chamou de “assanhada”.

Quando chegaram ao quarto, Oliver colocou a bolsa de pano e a gata sobre a cama e Julian percebera o volume dentro da bolsa.

— Cara, cê tava de saída?

— Tava indo a praia, mais deixa pra lá, outro dia eu vou.

— Se for por minha causa pode ir. Se tiver tudo bem pra você eu ficar sozinho aqui.

— Sério? Não importa de ficar sozinho?

— Claro que não.

— Ah, não demoro, é que eu estava realmente a fim de dar um mergulho hoje.

— Divirta-se.

Sem pensar duas vezes o garoto tomou caminho da praia. Ele estava com receio de deixar o primo sozinho em casa, não por achar que ele roubaria ou algo do tipo, mas deixar o primo sozinho era meio que covardia. Ao menos que ele gostasse de ficar sozinho.

Oliver se divertia ao mergulhar cada vez mais fundo. Seus pés agora não alcançavam mais o fundo. O oceano estava cada vez mais fundo e mais tranqüilo. A água estava clara e de vez em quando Oliver se assustava com alguns peixes que passava ao seu lado.

Estar sobre a água estava o deixando cada vez mais confiante.

Depois de quase duas horas se banhando Oliver saíra da água e tomou uma ducha gelada bem rápida. Em seguida foi até o guarda volumes que havia deixado sua bolsa e se secou.

Quando começara a caminhar o menino lembrou que não havia olhado o celular. Assim que o fez, notou duas novas mensagens de texto.

“Bom dia Azeitona. Ta tudo confirmado. Será aqui em casa. Meus pais viajaram para o sítio e o Etan ta me ajudando a organizar. Te vejo de noite. XOXO Alice.”

O garoto respondeu com meias palavras e em seguida ficou contente ao saber que teria o que de beber naquela noite.

A segunda mensagem lhe surpreendeu, era de Jane e ela o fizera tão feliz.

“Bom dia Oli, bem, posso te chamar assim de Oli? Enfim, depois de pensar muito eu resolvi que quero ir à festa contigo, digo, se o convite ainda estiver de pé. Isso me fará bem e dará pra nos convencermos melhor. — Jane”

Oliver sem reação parou de andar sobre a facha de pedestre pra responder a mensagem.

Depois de ouvir uma buzina ele apertou o enviar e continuou seu caminho até sua casa. Dois passos foram o suficiente pra sentir seu celular vibrar no bolso da bermuda e alertar uma nova mensagem.

Era o mesmo número restrito de sempre.

Oliver mais uma vez parara de andar.

Ele não acreditava que depois de tudo Tommy teria a capacidade de atormentá-lo.

“Será que quando ela estiver no caixão tu conseguirá lembrar-se do sorriso dela? — Unknown”

O garoto em compreender guardou o celular no bolso e olhou pro lado pra ver se tinha alguém com o celular na mão. Talvez Tommy tivesse passado seu cargo pra outra pessoa. Fora inútil, havia muitas pessoas na orla da praia.

Ele ainda não tinha decifrado o que aquela mensagem queria dizer. O jovem suava frio e não pensava em outra coisa a não ser chegar em casa e tomar uma enorme xícara de café.

Não demorou muito e Oliver já estava entrando pela porta dos fundos que ligava a cozinha. Ele estava tão distraído que estava conversando sozinho. Se não fosse seu primo que estava na cozinha sem camisa, com a testa molhada coma água que escorria do seu cabelo e virando na boca um pacote de batata palha ele falaria sobre Unknown e não perceberia.

— Oliver! — O garoto parecia assustado — Não vi você chegar.

— Ah, eu entrei pelo portão aqui de trás.

— Ah sim, estava tomando uma ducha lá fora.

— Bacana.

— Aceita batata? — O primo mais velho franziu o cenho tirando o pacote da boca e estendendo a mão pro outro garoto.

Oliver olhou pro pacote babujado e negou. Não há ninguém mais nojento do que o Azeitona. Ele percebeu a cara de nojo que estava prestes a fazer e pensou em uma desculpa.

— Eu... — Ele gaguejou — Eu vou fazer almoço agora. Acho que minha mãe deixou algo adiantado.

— Quer ajuda? — Oliver assustou. Ele nunca pensara que seu primo que tinha “desanimo” escrito no olhar lhe ofereceria ajuda.

— Ah, arrumo em alguns minutos. — Oliver lavava a mão pra começar a cozinhar.

Os dois almoçaram juntos assistindo um canal de música, logo depois jogaram algumas partidas de um jogo de luta e depois Oliver foi pro quarto ler e deixou Julian sozinho no andar inferior da casa.

O silencio havia tomado conta do ambiente. Oliver às vezes era interrompido com seus amigos mandando mensagem de texto, mas logo se concentrava nas páginas do livro. Já Julian estava quieto, o dono da casa ficou um bom tempo sem ouvir um só ruído.

Sem ter o que fazer, Oliver foi ver as noticias em um web-site e viu o festival de café que estava tendo na lanchonete de uma livraria que ficava a algumas quadras de sua casa.

Assim que tomou banho Oliver foi avisar a Julian que estava saindo.

— Julian! Estou indo em uma livraria, se precisar... — Oliver chegou à sala e percebera que o primo estava cochilando com os chinelos em cima do sofá e com a camisa no rosto pra tampar a claridade.

Puta merda, se minha mãe chega e vê esse guri com o pé no sofá vai resmungar até quando ele for embora., pensara Oliver enquanto dava passos largos em direção ao garoto que parecia estar em um sono profundo.

Assim que Oliver tirou o primeiro chinelo o garoto despertou e levantou ofegante.

— O que você estava fazendo? — Perguntou o garoto assustado olhando para ver se havia mais alguém na sala.

— É que você tava com o chinelo em cima do sofá e minha mãe gosta mais desse sofá do que de mim.

— Ah, foi mal. Sujou?

— Não. Foi mal ter te acordado. Enfim. To indo à livraria aqui perto ver se há alguma promoção de livro e ta tendo um festival de cafés lá. — Oliver foi se afastando da sala. — Se precisar de qualquer coisa me liga.

— Cara! — Julian bocejou enquanto vestia a camisa. — Está indo encontrar alguém ou ta a fim de ficar sozinho?

— Ah, tudo bem você ir.

— Só vou lá em cima calçar meu tênis e pegar meus óculos.

Oliver brincara com sua gata enquanto esperava o primo. Ele lembrara que havia algumas horas desde que colocou comida pra ela e subiu com a gata para seu quarto, onde ficava a vasilha de ração.

Assim que chegou a seu quarto deparou com a porta encostada. Sem nenhuma malicia ele a abrira a porta segurando a gata com uma mão que tentava pular de seu colo.

A mala de Julian estava aberta ao lado de uma das paredes. Em cima da cama havia uma blusa dos Strokes e em seu corpo havia apenas uma cueca box preta.

Oliver não esperava ver aquilo. Seu cenho franziu e antes que ele reparasse em algo ele bateu a porta do quarto e desceu correndo com a gata.

Espero que não tenha comido toda ração que coloquei de manhã. Não voltarei lá em cima. Oliver sussurrou evitando lembrar do que acabara de fazer.

Não demorou nem dois minutos e o garoto foi ao encontro do primo. Antes dele falar qualquer coisa Oliver envergonhado tentou se desculpar.

— Ah, foi mal por aquilo lá em cima.

— Sem problemas. — Julian coçou o queixo franzindo o cenho — Então vamos?


A tarde havia passado rápido. Os primos experimentaram todas as bebidas do cardápio, discutiram sobre alguns livros e trocaram informações sobre cinema.


Oliver havia perdido completamente a noção do tempo.

Ele esquecera que em menos de uma hora teria que ir encontrar Jane pra irem pra festa surpresa de Antony.

— Puta merda! Precisamos, digo, preciso ir agora.

— Aconteceu algo?

— Sabe aquele meu amigo que eu estava triste da ultima vez que você veio à cidade? Então, tenho uma festa surpresa pra ele hoje.

— Pensei que não voltariam a se falar.

— Eu também não.

Oliver procurou desesperado em sua carteira o cartão de crédito de seu pai. Ele foi correndo até o balcão pagar e quando voltou olhou no banco que estava sentado se algo havia caído de seu bolso.

Os dois não demoraram muito pra chegar em casa.

Antes de subir Oliver olhou pro primo que estava mais uma vês esticado no sofá e quase sussurrando o questionou.

— O que vai fazer agora à noite? — Oliver acendia as luzes da casa, a noite já estava chegando.

— Ah, vou ficar aqui e esperar seus pais, se não importarem de me encontrar aqui sozinho.

— O que acha de ir à festa? Não devo demorar.

— Sei lá, não conheço ninguém lá.

— Essas são as melhores festas. — Oliver acenou com a cabeça.

— Ok, eu vou. Da tempo deu tomar um banho?

— Ah, claro.

Os dois subiram. Oliver arrumou as coisas que vestiria e foi para a suíte de seus pais e indicou o banheiro social pro primo.

Em meia hora os dois estavam prontos.

Oliver sugerira ir de taxi, até mesmo porque eles iriam ter que passar na casa de Jane pra buscá-la, mas Julian afirmara que não beberia e então concordaram dele ir dirigindo em seu carro.

Jane que mandara uma mensagem contando que estava envergonhada por não conhecer ninguém, também mandou seu endereço por mensagem. Ela morava duas ruas antes da de Alice e Antony. Ele se espantou por que de nunca tela visto antes. Ele sempre passa em frente a casa que ela mora.

Não demorou muito e os garotos chegaram à rua. De longe Oliver avistou a menina.

Assim que Julian estacionou o carro Oliver descera e explicara que seu primo iria com eles. Quando ele falara o nome do garoto que fumava um cigarro e tinha a outra mão no volante, a garota curvou-se pra olhar se era o mesmo Julian que ela conhecia.

— Ai! — A menina abriu um enorme sorriso.

— O que foi? — Oliver estava confuso.

— Eu conheço seu primo. — Ela falava de um jeito diferente. Suas bochechas estavam coradas e seus olhos azuis que se destacavam na maquiagem preta brilhavam.

— Sério? De onde? — O garoto estava mais confuso.

— Longa historia. Costumávamos ser grandes amigos, mas ele mudou por causa da faculdade e nos afastamos.

— Viu? Já conhece alguém da festa. — ele sorriu e abriu a porta do carro pra garota sentar.

Oliver tentara evitar não olhar pras pernas da menina que estavam a mostra no vestido azul retro, mas não conseguira. A garota estava mais bonita ainda do que na cafeteria. Para Oliver, ela estava incrivelmente perfeita.

Assim que ele entrara ele percebera que os dois estavam se afastando de um abraço. Ambos compartilhavam um sorriso.

— Oli, sua família é perfeita! Ter duas pessoas como vocês em uma família só...

— Ah, super perfeita.

— Imperfeita. — Julian resmungou.

— Estou besta. Sério! Não acredito que vocês se conhecem. Que vocês são primos.

— A gente mal se fala. — Oliver resmungou e abriu um sorriso falso logo em seguida disse o endereço da casa da Alice.

— Pois deviam. — A menina ajustou a bandana que fazia parte de seu penteado e em seguida retocou o gloss.

Jane e Julian conversavam sobre coisas que Oliver não entendia. Ele tirara o celular do bolso pra avisar a Alice que já estavam chegando. Antes de acabar de digitar a mensagem Julian reconheceu um carro que estava estacionado perto do endereço que Oliver lhe passara e o questionou.

— O que Artur está fazendo aqui?

— Sei lá, deve que veio com a Kyoto.

— Os dois estão namorando?

— Cara, ele fez uma tatuagem em homenagem a ela. — Oliver suspirou fundo pra demonstrar o quão idiota aquele suara.

— Retardado. — Julian e Jane disseram juntos.

Oliver havia brigado com Kyoto a pouco tempo. Alice sabia disso. Ele não conseguia acreditar que a amiga fora capaz de convidá-la.

Até o momento que ele desceu do carro ele estava irritado com Alice e desejava sua cabeça em uma travessa de prata. Enquanto esperava um carro passar pra atravessar a rua, Jane o puxou pelo braço. Ele olhara desconfiado para a garota e vira que seu outro braço estava dado com o de Julia.

Ele botara um sorriso na cara e assim os três foram conversando enquanto caminhavam lentamente até o portão da Alice.

O que Oliver desejara deu certo. Kyoto e Artur entraram rápido e assim ele não precisaria encará-los.

— Alice! — Oliver soltou o braço de Jane e deu um abraço na amiga a levantando pela cintura. — Este é meu primo, Julian. E essa é a Jane.

— Oi Julian. — Ela estendeu a mão pra cumprimentá-lo e ele a puxou e deu um beijo em sua bochecha.

— Oi... — ele tentou lembrar o nome dela, mas fora em vão.

— Jane?! — Alice olhou dos sapatos até o penteado da garota da cafeteria. — DE ONDE O AZEITONA TE CONHECE?

— Azeitona? — A menina olhou pro Oliver tentando não rir.

— Vocês também já se conhecem? — Oliver as desdenhou.

— Ela é da minha sala. — Jane riu.

— É.

— Acho que sou a única pessoa que não conhecia a Jane. — Oliver franziu o cenho.

— Ah, ela senta na ponta do fundo na fileira da porta e eu sento na primeira cadeira ao lado da mesa dos professores. Nunca nos falamos. Ela sempre olha com um olhar ameaçador pras meninas da sala.

O clima havia ficado estranho.

— Aquelas otárias. — As meninas disseram juntas e depois riram.

Os três eram os últimos convidados. Até Michele já estava na casa de Alice.

A menina havia armado tudo. Ela acabara de ligar pra casa do garoto o pedindo ajuda. Ela inventara que estava desconfiada de que o gás estivesse escapando.

Todos já estavam escondidos na cozinha. Kyoto estava ao lado de seu namorado perto da geladeira. Michelle, que agora havia se tornado a melhor amiga de Kyoto estava junto deles. Matt estava sozinho perto da pia, Etan aguardava Alice chegar com Antony perto do interruptor pra poder acender a luz e os três estavam novamente de braços dados em outra parede que os deixava paralelos a ao casal e a cabra.

Não demorou muito e Alice abriu o portão. Antony entrou na frente e assim que chegou a cozinha levara o maior susto que tivera na vida.

Ele estava tão assustado que não conseguira correr, apenas colocou a mão no coração e aguardava a morte.

“SURPRESA” Michelle com a voz nojenta de sempre gritou. Logo saiu correndo em direção ao namorado e o beijou e o puxou pela mão até o centro da mesa que tinha um “A” escrito com garrafas de variados tipos de bebidas.

Antes que Alice falasse que estava tão feliz por ele ter voltado pra casa e ele sair agradecendo com um abraço cada uma das pessoas que estava naquela cozinha, Oliver se soltou de Jane e puxou Matt. Pegou uma garrafa de rum e puxou Jane e Matt até umas almofadas que ficavam sobre um tapete branco peludo em um canto da enorme sala da casa de Alice.

Os três não falavam nada.

Apenas bebiam.

Jane ficara o tempo todo com os braços cruzados, Oliver evitava olhar pro outro lado da sala aonde todos riam e conversavam “felizes”. Matt apenas bebia calado dividindo um cigarro com Jane.

Quando Matt achava uma companhia pra ele fumar e beber ele não precisava mais nada pra se sentir bem.


Quatro horas já havia se passado. Oliver estava completamente bêbado e Jane disse que iria ao banheiro e não voltaria.


Alice e Etan estavam se agarrando na frente de todos. Alice estava sóbria. Ela tinha que se manter sóbria pra cuidar de sua casa, mas seu namorado, que não tinha costume de beber fico bêbado em pouco tempo.

Em questões de segundos os dois haviam sumido.

Antony que estava em uma roda comendo nachos e bebendo, percebeu o quão ruim Oliver estava. Sem saber o que fazer largou dos braços de Michelle e tentou se levantar e ir cuidar do amigo.

Julian que estava sentado ao lado de Artur, olhara pra trás e percebera que seu primo já estava mais do que bêbado.

Assim que apagou seu cigarro no cinzeiro improvisado de Alice fora correndo em direção ao primo.

— Acho melhor a gente ir embora Oliver! Olha como você está bêbado! — Julian tentava levantar o primo. — Espero que quando chegar em casa tu assuma a responsabilidade pra teus pais não acharem que eu que te deixei bêbado.

Oliver riu e disse que estava tudo bem.

— Vem. Vou jogar pouco de água na sua cara e depois achar água gelada pra você beber.

O garoto levantou sem muito esforço, mas não conseguia ficar em pé sem tombar para os lados. Seu primo o apoiou em seu braço e o arrastou em seu braço até o banheiro.

No caminho passaram por uma porta que estava fechada, mas dava pra se ouvir risadas disfarçadas em gemidos e um barulho de madeira ringindo.

Alice mais uma vez estava a transar com Etan.

Oliver riu ao perceber o que a amiga estava fazendo e tentou abrir a porta, mas Julian o puxou forçando ele caminhar até a porta do banheiro.

A porta estava apenas encostada. Julian não percebeu a luz acessa e logo a empurrou com o corpo arrastando para dentro do banheiro.

Jane estava em pé em frente o espelho. Um de seus braços pálidos estava esticado sobre a pia e a outra mão carregava uma navalha. Jane estava ferindo a si mesmo. Algumas cicatrizes eram fundas, mas já estavam se cicatrizando. As outras, recém aberta faziam com que aquele sangue de coloração bem viva pintasse toda pia branca.

— Caía fora! — Disse a menina escondendo a navalha e o braço.

Antes de tomar qualquer atitude em relação a menina, Julian deixou Oliver de cueca e o tacou na banheira e abriu a primeira torneira que achou torcendo pra ser a de água fria e trancou a porta . Agora isso não faria muita diferença.

Ele pegara a navalha da mão da menina e a jogara na privada.

— Por que você voltou a fazer isso? — Julian estava realmente preocupado com a garota. — Você prometeu que não faria isso mais.

— Às coisas ainda tão difíceis. — A menina começou a chorar e em desespero sentou no chão do banheiro.

— Vem cá. — O rapaz que estava com os lábios secos de nervosismo fez a menina se levantar e sentar ao seu lado na borda da banheira.

Oliver que não estava entendendo o que estava acontecendo cochichou dentro da banheira. Jane passara os últimos 20 minutos contando a Julian o quão difícil estava ser aturar seus pais, as pessoas da escola e do trabalho.

Quando o garoto que já estava com a pele enrugada acordou, já estava um pouco melhor. Ele se movimentara na banheira pra catar seu celular no bolso do celular. Não havia nada de mais. Ele a colocou na saboneteira e assim que se ajeitou novamente na banheira fizera pingar água na camisa do primo.

— Canalha!

— Foi mal. — Oliver disse tentando não rir.

— Agora vou ter que ficar com a camisa molhada.

— Tire-a. Não me importo. Oliver já ta só de cueca.

E assim Julian fez. Ele lavou o sangue que estava ressecado na pia e colocou a música pendurada no espelho.

Assim que ele voltou pra se sentar ao lado da garota ela puxara suas calças até o joelho e o fez cair na banheira ao lado do primo.

Ela tentou correr pra não ser molhada pelo respingo, mas fora inútil. Metade do seu vestido estava encharcado.

— Cara, eu vou te matar. — O garoto franziu o cenho, dilatou as narinas e olhava de um jeito ameaçador pra menina enquanto acabava de tirar sua calça.

Assim que ele levantou, ela deu um grito de desespero e o empurrou de volta dentro da banheira. Oliver já estava se recuperando e agora entendia o que estava acontecendo. Ele sentiu seu primo sentado sobre seus pés e os puxou, fazendo o garoto se molhar mais ainda.

— Agora é a sua vez. — Oliver olhou pra Jane.

— Não! Eu realmente não posso tirar o vestido. — A menina disse arregalando os olhos.

— Por quê? — Julian ainda queria molhar a menina.

— Estou sem sutiã.

— Não nos importamos. — Os primos disseram juntos e levantaram ao mesmo tempo pra puxar a menina pra banheira, mas ela estava assustada e disse que entraria sozinha.

Os garotos concordaram. Oliver procurou na parede algo que fizesse espuma na banheira. Assim a menina se sentiria mais confortável.

A menina que acabara de tirar o vestido estava apenas com uma calcinha branca com alguns detalhes em renda rosa ao lado, tinha uma dos braços sobre os peitos e o outro segurava o cabelo pra não molhar, mas fora inútil. Assim que ela se sentou na banheira os meninos fizeram questão de molhar-la.

Jane estava sentada no meio dos dois. Suas pernas que estavam dobradas encostavam-se às pernas dos dois primos. Um sentado em cada ponta.

Eles ficaram bastante tempo em silencio, eles tinham bastante coisa na mente, só não sabiam o que dizer.

Julian havia acendido um cigarro. O cheiro da fumaça confortava Oliver. Ele estava recolhido na banheira e não conseguia tirar os olhos da água. Jane que já havia tirado seus braços dos peitos, afundara seu corpo na banheira fazendo a espuma grudar em seu cabelo ao tamparem seus ombros.

Ela nunca se sentiu tão confortável. Ela tinha certeza que nunca teve sensação melhor em toda sua vida.

Incomodada com aquele silêncio ela resolveu tomar alguma atitude.

— Vamos jogar? — Ela balançou as duas mãos para agitar a água em direção dos garotos.

Eles concordaram acenando com a cabeça.

— Cada hora um pergunta e os outros dois tem que responder a primeira coisa que vier na cabeça, quem demorar responder paga uma prenda. Eu começo. — Ela deitou a cabeça na borda da piscina e fez um barulho pra demonstrar que estava pensando. — Um cantor nacional?

— Camelo! — Julian disse bem rápido.

— Cícero. — Oliver tentou não ficar pra trás.

— Belas repostas. Sua vez Julian.

— Vamos lá. — Ele deu uma tragada no cigarro. — Um livro.

— As vantagens de ser invisível. — Os dois disseram junto.

— Você já leu As vantagens? — Jane disse animada.

— SIM! Melhor leitura depois de Harry Potter.

— Esse livro é perfeito.

— Sua vez Oliver. — Julian os interrompeu.

Ele demorou um pouco pra pensar. Ainda estava sobre o efeito da bebida.

— Algo que venda no sexy shop.

— Oli! — Jane ficou vermelha de vergonha. — Eu nunca fui a um sexy shop.

— Duvido que não saiba algo que venda lá. — Julian riu.

— Qual é garotos? Outra pergunta Oliver.

Oliver riu e concordou em fazer outra pergunta.

— Uma bebida sem álcool.

— Café. — Os dois não demoraram 3 segundos pra responder.

— Pergunta fácil de mais Oliver.

— Não quis responder a outra, não reclame.

A menina se ajeitou na banheira e sem demora lançou o próxima pergunta.

— Um medo.

Os dois demoraram pra responder.

— De ser humilhado, eu acho. — Oliver disse tentando se lembrar de algo que não parecesse tão idiota.

Julian não soube o que responder.

Jane que estava tentando entender o medo do novo amigo lembrou que Julian não havia respondido.

— Há! Vai ter que pagar uma prenda. — Ela disse mordendo os lábios com bastante malicia.

— Ah, não vale.

— Duas opções: ou paga a prenda ou paga.

— Ta. Que seja. — O rapaz havia acabado de acender outro cigarro.

— Eu quero que você faça uma peruana com o Oliver.

— Hã? Comigo?! — Oliver que estava quieto se assustou. Sua expressão havia mudado completamente.

— É, com você. — Ela se riu.

— Você que sugeriu isso, você que pegue a fumaça. — Ele a desdenhou.

— Ai não vai ter graça.

Julian que estava calado pegou o cigarro e deu uma tragada demorada. Ele agachou na banheira e com uma das mãos puxou Oliver que estava quase tremendo de nervosismo.

Assim que Jane viu a boca de dois homens se encostarem em sua frente sentiu um formigamento nos peitos, suas pernas a coçarem e as bochechas esquentarem.

Quando os dois se afastaram e Oliver soltou à fumaça que recebera da boca do primo em sua direção, a menina deu um suspiro tão grande que os meninos assustaram.

— Alguém morreu? — A menina disse rindo, mas ficara no vácuo. Os primos se encaravam de um jeito estranho.

A menina já estava prestes a falar pra prosseguirem com a brincadeira quando o celular de Oliver vibrou. Ainda apavorado ele pegou suas blusa no chão, secou sua mão e abriu a mensagem.

“Bruxos e seus laços e feitiços. Tantas pessoas para sacrificar. Cuidado pra alguém não se machucar. — Unknown”


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