Ela mal pode manter os olhos abertos, mas sente que há algo errado. O estranho que lhe resgatou segue em direção a um aglomerado de vultos escuros e, agora ela pode ver, olhos vermelhos.

Não são pessoas. São monstros como ela. Ainda assim, ela permanece sem reação e espera pelo próximo movimento até que vê o que eles são realmente. Eles ainda não são um exército, mas serão. Seu líder, o desconhecido quase gentil, está sedento por poder. Ela vê um futuro sangrento e egoísta, porém cheio de talentos. Ele quer os melhores, os mais fortes e não permitirá recusas.

Temendo não conseguir o tempo necessário para descobrir o que houve com sua família, ela concorda em estar com eles, temporariamente. E espera que eles entendam. 

O tempo é insignificante enquanto ela segue por ruas escuras e procura por alimento. O grupo concorda em caçar separadamente e ela agradece silenciosamente. Não quer que eles saibam que sua dieta é precária a ponto de não conseguir sequer matar um rato. Mas ela já está mais forte e sabe que a hora está chegando. Não ficará por muito tempo. Soube que um trem a levará para sua cidade natal e lá encontrará as respostas que precisa.

Chegada a hora, procura Aro, aquele que se mostrou tão gentil, anteriormente, precisa compreendê-la. Ela só precisa mostrar-lhe o que pretende fazer. A verdade não pode ser tão ruim.

- Sim, eu vejo. Que magnífica vontade você tem, minha querida. - ele parece calmo. - Acho que não é a melhor ideia que já teve, mas entendo que a humanidade ainda persiste em você. 

- Por favor.

- Querida, devo alertá-la: não acho que encontrará algo, mas acho que nos veremos novamente, portanto espero por este dia. Devo desejar-te sorte, não é?

E assim, ele a deixa ir. E ela segue seu futuro. O futuro no qual busca algo próximo de uma vida. Algo lhe diz que não será a família seu  alicerce, mas ela precisa começar por lá, ou poderá se perder antes de tentar.