1 hora e 26 minutos de jogo.

Leandro (n°37) é um dos garotos mais brilhantes da turma, sempre com notas boas. Embora fosse tímido e quieto, era muito querido por todos.

Tinha recebido um par de adagas sai, pequenas espadas japonesas pontudas. Ele mal sabia como segurá-las direito. Estava atento ao localizador. Ele não conseguia acreditar que seus colegas estavam realmente matando uns aos outros. Temia que viessem atrás dele.

Foi quando encontrou um conjunto de casas. Decidiu se esconder ali. Mas o localizador acusa uma proximidade. Três pessoas vinham de diferentes direções. Assustado, Leandro se esconde em um beco, mas fica de olho na rua.

Então, Nathiely sai de dentro de uma das casas, segurando uma furadeira. O rosto não exibia nenhuma expressão. Parecia disposta a entrar no jogo. Leandro ficou com medo, pois ela era sua amiga e ele não queria ter que lutar contra ela.

Um pouco mais à frente, Soraya, a garota transferida, aparece. Ela trazia duas bolsas nas costas, o que fez Leandro achar que ela já havia matado alguém. Além disso, sua ameaçadora foice ensanguentada aumentava as suspeitas. Mas ele nota que ela estava ferida, provavelmente por um tiro, embora caminhasse normalmente.

E no outro lado da rua Leandro reconhece Larissa (n°13), armada com uma faca de combate, usada por militares. Parecia assustada, mas caminhava confiante rumo ao encontro com Soraya.

***

- Que maravilha! Será que estamos prestes a presenciar a primeira chacina da edição? – diz o general para os apostadores – Um encontro de seis estudantes bem armados e aparentemente dispostos a lutar, sendo que quatro deles num raio de trinta metros. Em especial minha preferida da edição: Soraya... Espero que ela não me decepcione...

***

Leandro prepara as adagas e fica quieto, esperando que algo acontecesse.

Soraya e Larissa gritam e avançam uma na direção da outra, com suas respectivas armas erguidas. As duas se encontram e trocam alguns golpes. O barulho de ferro contra ferro é assustador, e Soraya derruba Larissa com um golpe em suas pernas. Em seguida ela golpeia a garota na barriga e puxa a foice, rasgando a carne e matando Larissa.

Leandro fica chocado com a cena, e tem que tapar a boca para não gritar.

Nathiely liga a furadeira, emitindo o barulho irritante e assustador.

- A vontade de Deus! – grita a menina, correndo para cima de Soraya com a arma.

Porém, com um único e certeiro golpe, Soraya joga a faca de Larissa na garganta de Nathiely. A menina cai para trás, e sorri, morrendo com os olhos abertos, como se admirasse as estrelas pela última vez. A visão mais bonita de sua vida.

- Não! – Leandro não se controla e grita desesperado com a morte de sua amiga.

Soraya olha para ele com um olhar de assassina e sorri. Leandro se apavora e tenta correr, mas no beco escuro acaba tropeçando em algo e caindo. A loira avança em sua direção com a foice prestes a rasga-lo, mas de repente ouve-se dois tiros. Soraya dá dois passos para trás e olha para a barriga ensanguentada. Ergue a cabeça com uma expressão furiosa e continua. Mais um tiro. Agora, baleada na cabeça, Soraya cai morta. Forma-se uma poça de sangue em torno de sua cabeça.

- Droga... Pensei que ela não fosse morrer nunca... – Leandro reconhece a voz de Adriely. Olha para trás e a vê, ao lado de Taline. Adriely segurava uma Magnum 44 e Taline tinha nas mãos uma picareta.

- Você duas vão me matar? – ele pergunta com medo.

- Não... – responde Taline – Não estamos nesse jogo idiota.

- Mas vocês a mataram... – Leandro aponta para o corpo de Soraya.

- Só achei que você não merecia morrer... – diz Adriely.

***

Yago estava com raiva do programa. Tinha consciência que os organizadores do reality escolheram a escola J. M. Dias porque já sabiam que ele tinha se matriculado nela. Os “malditos do governo” e o “imbecil russo” sempre quiseram ter um bicampeão, mas em geral os vencedores de O Torneio ou ficavam malucos ou se mudavam para outro país e nunca mais se matriculavam em escola nenhuma.

A arma designada para ele tinha sido um mísero estilete. Duvidava que pudesse chegar entre os últimos com uma arma como essas, então teria que escolher alguém com uma boa arma para ser sua primeira vítima.

Chegou a um bosque e decidiu entrar nele.  Então seu localizador indica três pessoas se aproximando. Duas delas estavam juntas, e ele julgou serem amigas. A terceira pessoa vinha pouco atrás destas, mas caminhando rápido como se quisesse surpreendê-las.

***

Thiane e Iara haviam optado por entrar no bosque, julgando que lá se esconderiam melhor, mas se arrependeram. Estavam apavoradas, e caminhavam de braços dados. Tinham as armas nas mãos.

- Será que sou tão má assim... – diz Thiane.

- Como assim? – pergunta Iara – Você não é má...

- É que você está ai superconfiante, acreditando que o pessoal vai se unir e tudo mais... Sinceramente, numa circunstancia como essa eu confiaria em pouquíssimas pessoas da nossa turma. Não acho que seria bom unir muita gente... Alguém vai acabar pirando e... – Thiane baixa a cabeça e chora.

Iara abraça a amiga e chora junto.

- Que cena comovente... – aplaude Maria com sarcasmo. Usava óculos de visão noturna que havia sido designado com sua arma.

- Maria... – Thiane se assusta e aponta o colt para a garota.

Então, Yago aparece subitamente e corta a garganta de Maria com o estilete. O sangue espirra e as meninas gritam apavoradas. Maria cai morta.

31 alunos restantes...