Leandro aperta o gatilho. Como não tinha o costume de atirar, e a escopeta era uma arma potente, ele é empurrado para trás pela força do disparo. Mônica para de atirar. E vem caminhando lentamente na direção de Leandro, com um sorriso triste. Olhava para o coração, que havia sido atingido e transpassado.

- Parabéns... – ela diz – Parece que você conseguiu me matar...

- Desculpa... – Leandro ficou com os olhos cheios de lágrimas.

- Não se desculpe... – Mônica para e respira, mas tosse logo em seguida – Vá em frente e ganhe este jogo.

- Eu tive que atirar... Você ia me matar...

- Lógico que ia! – ela cai de joelhos – Esse é um jogo de vida ou morte... Mas eu... Eu sei reconhecer quando perco uma luta...

Então, os olhos de Mônica se fecham e ela cai para frente, ficando com o rosto para baixo.

Leandro começa a chorar. Suas mãos tremiam... Olhou para a arma que carregava e agradeceu por ter acertado o tiro.

***

Felipe apontava a arma para Walber, já que ele, armado com o machado, representava um perigo bem maior que Alisson, que estava desarmado e machucado. Ele parou de caminhar e esboçou um sorriso nervoso.

- Chegou minha hora de começar a matar! Eu já devia ter feito isso há muito tempo!

- Você não quer fazer isso Felipe! – fala Walber, segurando o machado nervoso.

- Você não sabe nada sobre mim! – ele movimenta a arma de modo a parecer ameaçador.

- Eu sei o suficiente... – Walber tentava distrai-lo enquanto pensava num plano - Lembra que nós íamos formar uma aliança antes da situação ficar realmente preta?

- Claro que lembro, mas eu deveria ter te matado ali mesmo... Você e suas amiguinhas...

- Até mesmo a Thiane? – Walber sabia que Felipe e Thiane eram amigos há um bom tempo – Duvido muito.

Walber percebe pelo canto do olho que Alisson tentava se levantar e olhava para ele o incentivando a continuar falando e distraindo o inimigo.

- Não queira me distrair! – Felipe cai na real. Felipe ri, ameaçadoramente e engatilha a arma. – Diga adeus à vida!

- Só se for à sua... – Walber ataca o garoto com o machado, usando toda a agilidade que conseguia. Era um plano arriscado para distraí-lo ainda mais para que Alisson pudesse atacar.

No impulso Felipe dispara. O tiro atinge a perna direita de Walber, na altura do joelho e o menino dá um grito desesperado de dor.

Embora ainda conseguisse ficar de pé, Walber colocava o peso de seu corpo apenas numa perna, o que lhe atrapalhava no equilíbrio. Mas Walber ataca mais uma vez, desta vez erguendo o machado para cima e travando um movimento violento.

O golpe por pouco não perfura o ombro de Felipe, rasgando seu braço. Furioso, o garoto responde com novos disparos nervosos.

Uma das balas acerta o ombro esquerdo de Walber, e o garoto cai para trás, largando o machado. Felipe olha para Walber e dá uma gargalhada.

- Mais um que está pirando... – diz Walber, segurando o ferimento com a mão numa tentativa frustrada de parar a dor e o sangramento. – O general tinha razão quando anunciou esse jogo de merda... – Walber faz um sinal com a mão para Alisson o mandando fugir.

- Eu não estou pirando, só quero sobreviver! Tenho certeza que você também quer... E não hesitaria em matar o Alisson para isso. – Felipe aponta a arma para a cabeça de Walber – Devia ter passado por cima de mim com aquele carro quando teve a oportunidade!

Felipe aperta o gatilho...

É quando Alisson empurra Felipe para o lado com todo o peso de seu corpo. Felipe havia voltado toda a atenção do ataque para Walber e se distraído em relação à Alisson. Este aproveitou a chance e levantou-se para enfrenta-lo.

Felipe tropeça para o lado, e por instinto suas mãos se preparam para recuperar o equilíbrio e ele solta a arma.

Alisson, mais rápido, apanha o revólver e o aponta para Felipe.

- Sem mais papos... – diz Alisson – Eles só servem para nos distrair!

E dispara, acertando o rosto de Felipe. A cabeça do garoto é empurrada com violência para trás derrubando também o corpo sem movimentos de Felipe.

Alisson olha para Walber e nota que agira tarde demais. O disparo de Felipe fora certeiro e havia perfurado a testa do garoto, bem no meio.

- Walber! – grita Alisson correndo para socorrê-lo, mesmo que soubesse que já era tarde. Abaixou-se ao lado do corpo de Walber e segurou sua cabeça.

Uma lágrima fina caia dos olhos de Walber e sua expressão era de raiva. Do buraco da bala escorria apenas uma linha de sangue e o projétil não havia ultrapassado o outro lado da cabeça.

Alisson levantou e olhou uma última vez para Walber. Virou-se para Felipe e conferiu sua pulsação, verificando se ele estava morto. Não sentiu pulsação então julgou que sim.

- Nem acredito que só eu e mais duas pessoas restam vivas... – Alisson guarda a arma na cintura da calça e apanha o machado – Isso se a Mônica não já tiver matado o Leo... Droga! Preciso saber qual dos dois está vivo... Ou se os dois ainda estão! Se for a Mônica vou precisar disso... – ele olha para o machado com um ar pensativo.

***

A mesa de apostadores vibra. Os dois últimos sobreviventes do jogo foram totalmente inesperados. Como o general havia prometido, o jogo rendera muita emoção e agora alcançaria seu ápice de forma surpreendente.

- Aplausos! – pede o general – Leandro e Alisson, os dois últimos sobreviventes da edição mais surpreendente deste jogo onde apenas os mais fortes sobrevivem... Será? Esta edição de nosso reality show favorito está provando que não. Não basta ser forte ou ter um Q.I. de gênio para se dar bem no jogo. Você precisa se adaptar às circunstancias. E nossos sobreviventes se adaptaram como ninguém... Dados como mortos, ambos viraram o jogo a seu favor! Agora nos resta esperar o momento em que os dois se encontrarão...

Nos telões atrás dele, as câmeras focavam nos rostos cansados e tristes de Alisson e Leandro, que olhavam para cima como que esperando o próximo passo do reality.

Dois alunos restantes...