Cacnea e Charmander se enfrentavam numa disputa amistosa, enquanto Sylveon e Galvantula assistiam com Jason, Tyrantrum dormia no chão.

O tempo passou. Mais de seis horas desde que Pell entrou na vila. Já estava entardecendo, porém ninguém foi ao garoto dar satisfação. Ele preferiu ficar ao ar livre e brincando com os pokémons do que descansando agoniado com a espera.

— E aí, Simon?

— Eles não me deixaram prosseguir. Aparentemente ainda não confiam na gente — Simon sentou ao lado do amigo.

— Aquele tal de Pell Scorpion é todo esquisito. Viu aquelas tatuagens? Nunca vi algo assim — comentou Jason.

— Falando mal de mim pelas costas? — disse Pell, surgindo do nada atrás dos dois. Estes levaram um susto.

— Desculpa, senhor — falou um Jason envergonhado. — Mas você desprezou o fato de eu estar aqui.

Pell se sentou ao lado do rapaz e disse que realmente estava com vontade de ir ao banheiro. Olhou os pokémons brincarem.

— São seus?

— Sim. O Cacnea capturei ontem. Já os outros são meus há mais tempo. Dois anos para ser exato.

O homem olhou com desdém para Jason e questionou como um treinador que treinava há dois anos só tinha cinco pokémons. Jason riu de nervoso e pediu para mudar de assunto.

— Quer me enfrentar?

— Claro que sim, senhor.

Pell tirou algo do bolso da jaqueta. Era a insígnia!

— Essa é a Insígnia do Tremor. Linda, não? Como sou o líder, posso ter outras dessas. Mas como Omã está sob ataque, provavelmente foram destruídas juntamente com o ginásio. Só me restou essa.

A insígnia lembrava várias camadas da crosta terrestre com a parte de cima deslocada com a de baixo (que lembrava duas placas tectônicas). Também tinha uma pedrinha verde na base.

Jason babou pela insígnia. Pell deu um tapa na cabeça do garoto e exigiu uma batalha, pois não daria de graça.

— Vamos agora!!

— Calma. Só amanhã agora. Hoje estou com muita preguiça. Mas quero que você conheça o meu parceiro.

Pell Scorpion retirou uma bola e libertou um pokémon voador que mais parecia uma mistura de morcego vampiro com escorpião gigante. O seu nome era Gliscor e era a evolução de Gligar.

Nome: Gliscor

Designação: Pokémon escorpião presa

Número: 472

Tipo: Terra/Voador

Sexo: Macho

Grupo de ovos: inseto

Peso: 48,1 kg

Altura: 2 metros

Razão de gênero: 50% masculino e feminino

Estado: Defesa

O bicho era grande. Maior do que Pell. Era incrível como Gligar tinha a capacidade de mudar radicalmente na evolução (mas nada se comparava a Pyro virando um monstro voador enorme).

— Eu normalmente uso outros pokémons para aumentar a dificuldade no ginásio, mas como não tenho tanto tempo assim... — Pell parou o diálogo ao ver Jason olhando profundamente para um lugar qualquer. O menino demonstrava um olhar determinado. Apenas um homem que conhecera teve esse olhar: Guedara.

Simon se levantou e afirmou que apenas Jason estava apto para o desafio. Deu tchau a todos e foi se recolher.

— Quero muito salvar a Luiza e ajudar vocês. Mas agora não posso. Tenho que dar um passo de cada — falou Jason.

— Então o seu primeiro passo é me enfrentar. Amanhã pela manhã batalharemos — disse Pell. Ele se levantou e olhou para Jason. — O futuro de Sahaarian dependerá desse duelo. Se perder, vou te impedir e te expulsar daqui. Você não faz parte desse distrito, portanto é um completo estranho. Se ganhar, entrará para o bando. O que diz?

Jason se levantou e cumprimentou Pell. Os dois fizeram a aposta. Tudo dependia de como seria o tal duelo.

...

Ilha Cocconut

A doutora Milla voltou ao laboratório (que ainda estava em reforma por causa do ataque de Maytsa) e viu Gary andando para lá e para cá no recinto.

— Acabei de chegar, sabia?

— Oh que bom! Achou o meu avô?

— Sim, mas ele estava de ida para um outro país para um congresso da Liga Pokémon sobre ciência. Tentei convencê-lo a vir, mas nada.

— Aquele velhote é irredutível. Ele acha que posso resolver todos os problemas — Gary se escorou na mesa e fez cara de cansado.

— Talvez ele esteja mais preocupado com aquele homem chamado Ash. Dizem que foi para o outro lado do mundo explorar novos lugares.

Gary fez cara de deboche e disse que Ash era um idiota que só sabia lutar com o Pikachu.

— Grande coisa um Pikachu idiota que não evolui...

O seu telefone tocou. Atendeu rapidamente. Era Arthur Poirrot.

— Como vai detetive? — Tapou a parte inferior do fone e sussurrou para Milla. — Esse também tem um Pikachu inútil.

Milla saiu do recinto.

Poirrot perguntou sobre Jason, mas não teve tempo, pois Victoria pegou o celular do detetive abruptamente.

— Jason está em Sahaarian.

Poirrot e Victoria ficaram impressionados ao saberem da coragem do rapaz em se meter com a guerrilha.

— É o seguinte, Victoria. Eu acho que ele não quer ajuda agora. Pelo tom da voz dele, está decidido a lutar contra o governo de Sahaarian junto com os guerrilheiros.

— Então ele vai se deparar com Sirajudin Sandstone. Ele é o primeiro na linha de sucessão ao trono. Papai é padrinho dele. Conheço bem pouco, mas sei o canalha que é — disse Victoria.

— Jason vai atrás dele. Ao mesmo tempo, Jason está preocupado com Robert. Em vez de irem atrás de Jason, peço que procurem por Robert. Victoria, dá para aguardar mais um pouco para se encontrar com o seu irmão?

Victoria assentiu.

Poirrot prometeu que descobriria onde Robert fora levado. E Victoria ajudaria.

Gary agradeceu e desligou.

...

Amanheceu em Sahaarian. A vila estava cheia de pessoas. Os Escorpiões fizeram barracas de dormir na noite anterior.

Um duelo estava para começar. Mas...

— O senhor disse que dessa vez seria apenas o Gliscor. Então por que a sua filha tá me desafiando? — indagou Jason ao ver Sarah e Gligar no campo de batalha.

— Que foi? Tá com medo? Eu que pedi a papai para ser o desafio precedente ao dele. Se quer enfrentá-lo, vença-me.

Não era o que Jason esperava, mas não podia fazer nada. Estava determinado a ganhar a quarta insígnia.

— Pyro, está preparado? — Charmander assentiu. — Então vamos mostrar a eles o poder berserker.