A rajada de veneno cobriu completamente Pyro, mas não tocou a sua pele. Havia algo que impedia o líquido corrosivo de entrar em contato direto com o corpo do pokémon de fogo. Uma força psíquica poderosa.

— Ótimo trabalho, Wobbuffet.

O homem era o maquinista do trem em que Jason e Pyro viajaram para Woodland dias antes. Wobbuffet fora encontrado na cabine do maquinista durante o roubo de joias (e que Luiza fora acusada de ter roubado).

Wobbuffet utilizou os seus poderes psíquicos para criar uma espécie de campo de força a fim de proteger Charizard. Por algum motivo, o maquinista supôs que aquele Charizard era o mesmo Charmander de antes.

Pyro estava são e salvo. Wobbuffet havia salvo a sua vida por um fio. Era a hora de dar tudo de si para vencer a batalha de uma maneira definitiva. Aumentou o fogo da sua cauda. Uma aura alaranjada cobriu todo o seu corpo. Tudo ao seu redor estava mais quente.

Mesmo com a chuva caindo, Pyro voltou a se fortalecer e logo a aura flamejante ficou maior. Ele cuspia fogo para o alto.

— Quanto poder. Mesmo chovendo, ainda sinto muito calor — disse o maquinista abraçado ao seu Wobbuffet.

Os pingos de chuva sequer encostavam em seu corpo, evaporando ainda no ar.

Charizard aprendera um golpe muito poderoso nesses dois anos de treinamento. O poder era chamado Flare Blitz. Consistia em envolver todo o corpo de fogo e usá-lo tanto como armadura quanto uma arma de ataque. Pyro lembrou de Jason parabenizando o seu novo poder.

O pokémon de fogo voou na direção de Greninja. Este se preparou para soltar um derradeiro Gunk Shot. Mas Charizard atravessou o veneno e deu uma cabeçada. Greninja pegou fogo e foi lançado para fora da cidadela. Pyro caiu sem forças, regredindo para a sua forma Charmander.

O maquinista correu e conseguiu segurar Charmander nos braços. Aparentemente, Pyro estava nocauteado, mas passava bem.

...

Enquanto isso, Bernardo ameaçou machucar uma criança. Jason até repreendeu o vilão, mas não conseguiu convencê-lo.

— Só existe uma maneira de fazer com que isso não resulte em tragédia. Entregar-se para a Equipe Black.

As palavras de Bernardo deixaram Jason sem pensar numa estratégia de retaliação. Não havia como impedir o destino. Pensou em desistir e salvar a vida daquela criança.

Um Rattata apareceu por trás do vilão e mordeu o seu calcanhar. Bernardo levou um susto e sentiu dor. Largou a criança. Jason aproveitou.

Jason correu na direção dele e se jogou contra o vilão. Bernardo caiu no chão. Jason, que estava por cima dele, iniciou uma sessão de socos sem dar nenhuma trégua. Bernardo tentou se desvencilhar, ele tinha força para isso. Logo, ambos se rolaram pela ponte de madeira.

— Se deseja morrer, que assim seja a sua vontade!

— Eu não vou morrer. Ninguém vai morrer.

Jason conseguiu segurar o braço de Bernardo de uma maneira que o vilão não conseguiu se defender. Era uma chave de braço realizada de uma maneira perfeita.

— Fala onde está o meu pai!

— Eu não... sei. É sério. Fui contratado para apenas capturar Robert.

— Contratado por quem?

— Pelo meu... tio. Mas eu não sabia que ele fazia parte da Equipe Black. Eu juro. Agora pode me soltar? Eu juro que não farei mais nada. Vou embora.

Jason se lembrou de um precioso conselho que o Grande Bruce dera.

— O que você faria se o seu inimigo fosse subjugado por você e pedisse para soltá-lo em troca de uma rendição? Refiro-me a um golpe perfeito que possivelmente você desse nele.

Jason estava sentado no chão da arena da fortaleza. Ao seu lado estava o Grande Bruce.

— Eu solto ele?

Bruce deu um cascudo em Jason.

— NÃO!!! Você é burro ou o quê? Quando um inimigo diz para você soltá-lo em troca de se render, ele não vai se render. Ele está te enganando.

— O que eu devo fazer então?

Bruce revirou os olhos.

Bernardo aparentou estar arrependido e pediu que Jason soltasse o seu braço. Entretanto, Jason escutou o conselho do seu mestre e aplicou mais força. O braço de Bernardo foi deslocado. Ele gritou de dor.

— Isso foi por ter feito tanto mal contra a minha família — Jason levantou e olhou o vilão se contorcer. — Eu poderia chamar a policia agora mesmo.

— Mal...dito. Você quebrou o meu... braço.

— Quebrei nada. Apenas desloquei alguns ossos da articulação do seu ombro. Nunca mais quero vê-lo na minha frente.

Bernardo riu. Disse que a Equipe Black ameaçou a sua vida se não capturasse Jason. A mesma Equipe Black ameaçaria Jason.

— Que venha. Essa já é a terceira vez que eu os venço. Adeus.

Jason correu para fora da vila.

A polícia chegou na vila pouco tempo depois, mas Bernardo Greco havia fugido antes de ser preso. Daquele dia em diante, o caçador de recompensas nunca mais foi visto em Woodland.

...

Charmander acordou na encubadora do centro pokémon. Passaram quase cinco horas. Pelo visto, o pokémon de fogo havia usado tanta força que nem mesmo a tecnologia do centro fora capaz de acordá-lo antes.

— Como vai? — perguntou Jason ao seu lado.

Pyro deu um pulo e abraçou o parceiro. Ficou assim por alguns minutos.

Durante essas quase cinco horas muita coisa aconteceu. A polícia retomou o controle de Woodland, prendeu alguns blackers, outros fugiram, Bernardo e Greninja não foram vistos, o incêndio apagado e estava para anoitecer.

Margot surgiu com as outras pessoas na sala principal do centro. Jason saiu com Pyro e viu aquele grupo de pessoas.

— Eu entrei em contato com o meu tio. Ele havia saído com a sua irmã, mas ele prometeu que voltaria — disse Lea.

— Ele sabe onde papai está?

— Infelizmente não sabe — respondeu Udonna.

Sasha entregou a pokédex a ele. Chegou uma mensagem no aparelho há poucas horas.

— Obrigado.

Ele pegou o aparelho e colocou na opção das mensangens. Era uma notícia de Simon. Abriu a mensagem e viu a imagem do ruivo.

— Jason, ocorreu algo grave com a Luiza. Se vir essa mensagem, por favor, entre em contato.