Thalia P.O.V.

– Dá para todo mundo calar a boca? –gritei revoltada e todos pararam para me olhar e logo retornaram ao que estavam discutindo.

Aquela reunião estava uma completa bagunça. Mal havia começado e parecia que tinha ocorrido uma guerra lá dentro. Me perguntava cada vez mais o porquê de eu ter entrado para esse maldito clube.

– Agora a senhora está irritadinha? –Clarisse disse em um tom desafiador.

O silêncio (finalmente) prevaleceu completamente na sala. Não era do jeito que eu imaginava que seria, mas até que foi tranquilizante. Juniper foi a única que fez um barulhinho do gênero “Uhhh”.

– Olha aqui, Claris... –comecei a falar, mas fui tragicamente interrompida.

– Prestem atenção, odeio interromper essa interessante, ou não, discussão. –Katie disse nos separando, que estávamos muito próximas- Mas temos que treinar para o campeonato, a primeira classificação está aí perto, e vocês ficam brigando.

A tensão foi diminuindo na sala, menos na de Annabeth, Rachel e Katie. Talvez as mais conscientes de que iriamos necessitar de muito trabalho em grupo para fazer a gente trabalhar em grupo.

Foda-se. Não ligava para nada disso. A competição era ridícula. O coral era ridículo. Tudo isso era pateticamente ridículo, principalmente elas.

Não me julguem, eu não tenho preconceito contra quem não é como eu. Tecnicamente eu odeio todo mundo. Mas é tudo igualmente. Estou completamente nas leis.

Além disso, não atirei em ninguém, apesar de merecerem, e muito. Mas se for para atirar, teria que ser na cara mesmo, para sofrer. No coração é muito rápido.

– Sem pânico. –Juniper gritou- Vou conseguir dinheiro, eu vendo um dos meus fígados.

Me levantei e fui em direção a saída. Aquilo era estupidez. A cada segundo que eu passava naquela sala, sentia meu cérebro diminuindo.

– Aonde você vai? –Rachel me perguntou- Volta aqui.

Sai andando bruscamente pelos corredores. Eu havia conseguido uma saída fenomenal, em minha opinião. Ou na de todas.

– Espera!- Rachel disse me puxando- Por que você está simplesmente indo em bora?

Eu gritei. Sim, gritei. Nunca fui o tipo de garota histérica, mas isso era questão de vida ou morte. Eu iria falecer, literalmente (ok, talvez não literalmente), se não berrasse.

– Está tudo uma M-E-R-D-A! –falei tentando manter o controle da minha voz- Esse coral não vai adiante.

– Claro que não vai, mas se tentássemos... – virei os olhos, e Rachel mudou o tom de voz de “docinho” para “cala a boca e me ouve”- Olha, não sei como você é. Mas, pelo menos, acredito que cada pessoa daquela sala, com exceção da Clarisse, vai dar o melhor de si. Apesar de todas as nossas diferenças, agora, a gente é uma família.

Parei para pensar. Ela poderia ser alguma política. O jeito que ela falou, sei lá.

Enfim, voltando o foco. Percebi que era realidade, a diferença deles. Juniper era uma anta mongoloide (fato), imagino como deve ser chato a Katie, Annie ou Zöe ouvir ela. Como deve ser irritante para Zöe ouvir sobre cada garoto que a Silena pegou no dia anterior (a vaca e a recalcada). E por assim vai...

– Ok, vamos voltar para aquela sala, cabelo de fogo. – falei a puxando para dentro.

Zöe Doce-Amarga P.O.V.

Observava aquela cena dramática e idiota com superioridade. Pareciam babuínos competindo para ver quem iria ficar com a próxima milagrosa banana.

Thalia e Rachel retornaram a sala, e todos as encararam.

– Vamos começar com alguns exercícios de aquecimento? –Annabeth disse sorrindo gloriosamente- Alguma pergunta antes?

Juniper esticou o braço o máximo que pude, além de fazer vários sinais com a mão sinalizando que ela estava lá. Dizia com o movimentos dos lábios “Eu” diversas vezes seguidas. Poderia ser até compreensível, se tivesse alguém que ela competisse.

– Juniper, pode mandar a pergunta. – disse Annabeth como se arrependesse do que falou.

– Estava fazendo dever de matemática. O professor pediu para eu multiplicar os números primos. Eu deixei de fazer a questão, já que isso era incesto. Devo denunciar para a polícia?

Foi apenas Juniper dizer isso que a sala toda a voltou a encarar. Eu demoraria um bom tempo para conseguir me acostumar com o cérebro de grão de feijão deformado que ela possui.

– Não. – eu disse o mais séria que pude permanecer.

– Tonta. – Complementou Clarisse.

– Já pararam para pensar que se a Terra não girasse, iria ter menos tontos no mundo? – Juniper novamente demonstrou o quanto ela não continha conteúdo, mas dessa vez, todos ignoraram.

Os exercícios eram eficientes, eu suponho. Mas nada de que eu goste de realizar. Como gargarejos, e principalmente treinar para atingir a nota certa.

– Você está fazendo isso errado! –gritava Annabeth para mim.

– Cale a boca seu pedaço de verme morto! –gritei de volta e Rachel, como de costume, veio tentar nos acalmar.

Rachel, sem dizer uma palavra, acariciou nosso ombros. O seu sorriso era levemente encaixado na sua face. O que me fez lembra de uma senhora de idade.

Imagino que inferno seria o nosso clube sem a Rachel. Ela era uma espécie de “mãe”. Já que era ela que sempre separava as brigas, e trouxe Thalia de volta.

Silena P.O.V.

A onde estão os homens?

Sério, estou pasma até agora que não tem nenhum (repito NENHUM) bofe quente na sala. Foi tão boa a visita momentânea dos garotos. Queria só outra chance de quando eles entrarem novamente sair com eles.

Aquele aquecimento tosco estava já me dando nos nervos. Como algo poderia ser tão estúpido e banal (meu palavreado está melhorando graças a convivência de nerds) como aquilo?

– Agora, querem saber qual é o deve de casa? – Annabeth disse com animação.

Fala sério, dever de casa para o coral patético escolar? Mereço.

– Não. – Clarisse disse e eu estiquei a mão para ela bater. Acho que vou me dar bem com ela.

–Boa, amiga- falei com empolgação.

– Mas eu vou falar mesmo assim, deve ter gente interessada. –Annabeth disse se recompondo das cortadas - A lição é vocês terem que escolher uma música que considerem uma vergonha gostarem.

– Como assim? –Rachel perguntou para si mesma (alguém é altista aqui) - Bom, é bem simples. Vocês deveram escolher alguma cantor, cantora ou até música, que vocês sempre sentiram vergonha de comunicar aos outros que gostam.

Ninguém se manifestou durante alguns segundos, o que foi um alívio. Estava contando os segundos para sair daquela sala. A paciência tinha um limite.

– Gente, se fantasiem, façam o melhor que puderem. Sem brincadeira, vai ser divertido. Lembre-se que os vencedores das apresentações não ganham apenas mérito, sempre tem alguma vantagem no solo dela nas competições ou peças. – Katie disse abrindo a porta para sairmos- Tchau, até a próxima.