Thalia POV

Se a minha vida estava uma droga do caralho?

Não preciso nem responder. Os clubes eram ridículos. Sem exceção de nenhum. O único que perguntou se eu queria participar, foi um tal de “As Belas”. O que tornava tudo ainda mais patético para o meu lado.

Entrei no banheiro feminino do segundo andar. Ninguém abitava aquele lugar à essa hora de domingo. Todos estavam ocupados demais escolhendo o clube que iriam estar, ou tentando se enturmar.

“A hora perfeita para tomar banho”. Pensei.

Tomar banho lá devia ser constrangedor. Eram divididos por cortinas. Qualquer um podia abrir aquilo a qualquer hora.

-I saw him dancing there by the record machine. –Comecei o meu show com a incrível Joan Jett- I knew he must have been about 17.

Enquanto eu cantava glamourosamente, simulava uma guitarra em minha mãos.

-Você tem uma voz e tanto! –uma garota que não me era estranha disse, abrindo as cortinas de divisão- Cante mais um pouco!

Eu dei um breve grito. Não que eu seja histérica nem nada. Mas analisem bem a situação: Duas garotas. Peladas. No banheiro. Uma delas pede para a outra não parar de cantar.

Cobri as minha partes íntimas em um piscar de olhos e me encolho na parede. CADE A PORRA DA TOALHA?

-OLHA AQUI RUIVA, EU ESTOU TOMANDO BANHO... PELADA!- enfatizei o “pelada”.

-Não ligo. Eu sou bem confiante quanto a Kit, e a Kat aqui. –ela disse olhando para os próprios seios – Mas você também devia ser.

Que. Papo. De. Lésbicas.

-Tá. Foda-se. O que você quer aqui? –eu dizia ainda encolhida no canto- Fala logo.

-Faz o teste para as Belas. –ela me disse entregando um cartão –Você tem uma voz bonita.

Fiquei a encarando. Elas tem um cartão? O pior era que ele parecia mesmo profissional.

-Você tem uma voz bonita mesmo. –um garoto disse surgindo por trás da ruiva.- A Rachel também tem.

Soltei outro grito e Rachel ficou mais vermelha que seu próprio cabelo. Ela apertou os olhos o mais forte que pode e cochichou para mim.

-Não fale disso para ninguém, ok? –acenti com a cabeça- Esse é o Percy.

Dizendo isso ela deu empurrou o garoto para a cabine seguinte e entrou junto.

Escola de pervertidos que eu entrei.

Katie POV

Os testes já vão começar. A tensão sobe na sala. Quase não tem gente inscrita. Estávamos ferradas. Aqueles meninos idiotas com certeza venceriam a gente no concurso.

-Silena Beauregard- Annabeth gritou nervosa- Entre.

Uma garota muito bonita entrou na sala. Porém estava estampado na testa dela “Me coma”. Já que usava uma short que eu fiquei surpresa que conseguia tapar o útero.

Ela ficou no centro do palco e nos encarou. Sua cara era de tédio mortal. Era muito claro que ela não queria estar ali.

-Pode começar? –perguntou Rachel simpaticamente.

Ela se virou, estalou os dedos, e a música começou. Muito interessante as costas delas, dava pra ver a polpa da bunda.

-Baby can't you see? I´m calling ...

É claro que ela tinha que cantar uma música como se tivesse tendo orgasmo. Sendo que a música já era safada (não venha me dizer que “Toxic” da Britney Spears não é). Mas em geral, ela cantava bem.

É claro que para ferrar tudo de vez. Os meninos da “A Voz da Razão” entraram na sala. Não posso culpa-los. O salão de apresentações do nosso colégio (que parecia mais uma espécie de Brodway, já que era enorme) era pública para qualquer um a esse horário.

Silena olhou para eles. E resolveu interagir com o público.

Ela foi ainda cantando até a direção deles, rebolando.

-CHEGA!- Annabeth berrou e todos a olharam- Obrigada, Silena.

Ela abriu um sorriso de lado, e os meninos bateram palma loucamente. Se acomodando nas poltronas da frente.

***

-Já faz cinco pessoas. E todas não servem para ser das Belas. –Annabeth sussurrou para mim.

-Júniper ... –Ia falar o nome completo mas ela entrou correndo no palco.

-EU! Vou cantar agora. –ela disse animada.

A batida começa. Os meninos caem na risada. Que música era aquela?

-Lua de cristal, que me faz sonhar... –Júniper cantava animadamente.

-Ela está cantando mesmo Xuxa? –perguntei baixo para Rachel.

Annabeth´s POV

Sim, estávamos arruinadas. Já fora todas as apresentações. Nada parecia ser oficialmente como uma de nós. Bonitas, inteligentes, populares e certinhas.

As pessoas da lista haviam acabado. Só dez garotas se apresentado. Eu sei que os garotos riam internamente pela nossa derrota. Eles deviam ter mais de trinta garotos para fazer o teste.

-ESPERA- Rachel berrou –Ainda tem mais uma. Vem cá Thalia.

Reconhecia aquela garota. Ela ignorou a Rach quando ela a convidou para ser uma das Belas.

Quando ela começou a cantar, eu senti o meu desespero. Rock? Sério? Qual era o problema da Rachel?

                                                      ***

-Então nós ficamos com a Thalia, certo? –Rachel insistiu.

-É claro –Kate disse deitando em sua cama.

Elas estavam pirando. Convidar um rockeira sem sentido?

-NÃO. –gritei- A gente já vai ter uma garota de bordel, agora uma rockeira...

-Mais respeito com a Silena, Anne –Katie falou- Ela está aqui no quarto ao lado. Só Zeus sabe se ela está ouvindo.

Bufei.

Nem mais privacidade no próprio quarto tínhamos. Pelo menos, eu fiquei com as minhas duas melhores amigas como colegas de quarto. Imagina se tivesse ficado com a antepassada dos gorilas (conhecida como “Clarisse”)?

-Thalia entra e ponto. – Rachel insistiu – Ela é a MINHA escolha. Cada uma tem o direito de escolher uma, sem discuções.

Nunca tinha odiado regras na minha vida inteira. Mas nesse momento eu odiei.

-Eu escolho a tal de Bianca. –Katie disse –Ela tem uma boa voz.

Não conseguia lembrar de nenhuma Bianca. Mas dei de ombros.

-Zöe Doce-Amarga é a minha escolha. –eu me pronunciei- Ela é comportada e tem uma bela voz.

-Ela parece uma freira!- Rachel praticamente gritou, mas voltou ao seu tom – Das boas, só sobra a Júniper.

Eu ia contrariar, dizer que ela era louca. Mas era verdade. Por mais que ela tenha cantado uma música da Xuxa, e parecido uma criança de dois anos, continha uma voz divina.

-Então está escolhido. –eu disse finalizando a reunião- Amanhã informaremos elas, e faremos o ritual.