Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 6
Capítulo 5 - Seja curiosa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vcs, leitoras fofas! Não sei vcs, mas não conseguirei sobreviver sem OUAT. Amei o fim da temporada, e o fato de o Hook ter ficado bonzinho (pelo menos espero q ele continue assim). Adorei as cenas dele com a Emma (sim, sou Captain Swan tbm). Enfim, esse capítulo ficou maior que os outros, espero que não se cansem durante a leitura kkkk



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Capítulo 5 – Seja curiosa

Ruby não conseguiu pregar os olhos a noite toda. O Capitão lhe cedera sua cama, para que ela pudesse descansar, mas ainda assim, ela não conseguia dormir sem ter pesadelos horríveis. Por fim, quando o dia amanheceu, ela resolveu se levantar e subir ao convés, quando ouviu a movimentação que vinha do andar de cima.

Os piratas iam de um lado para o outro seguindo ordens do Capitão e o mesmo se encontrava, mais uma vez, examinando seus mapas. Quando Ruby apareceu ao convés, todos a olharam com admiração e desejo, pois ela estava muito bonita e não se parecia mais com uma princesa, mas parte da tripulação. Killian não notou que ela estava ali, distraído que estava, e só percebeu a presença da moça quando esta se aproximou de onde ele estava.

- Caiu da cama, Princesa? – brincou, enquanto desviava os olhos do mapa para olhá-la – Nunca acorda tão cedo assim.

- Não consegui dormir... enfim...

- Espero que esteja bem descansada – ele voltou a olhar o mapa – Temos uma longa viagem pela frente.

- Capitão? – Smee fazia esforço ao arrastar uma enorme caixa de madeira – Trouxe o que o senhor pediu – Ele abriu a tampa da caixa, mostrando várias espadas de diferentes tamanhos e formas.

- Ótimo! Precisamos estar preparados. A propósito, Sr. Smee, onde estão as armas que eu pedi?

- Hum... as armas... bem...

- O senhor não conseguiu as armas. – disse o Capitão visivelmente irritado.

- Hum, peço desculpas, Capitão, mas o ferreiro se recusou a me vender armas de fogo. Disse que não tem permissão de vendê-las a piratas.

Killian bufou, ainda mais irritado.

- Tudo bem, deixe isso comigo – e saiu.

- Pra que ele quer armas de fogo? – Ruby perguntou a Smee.

- Estamos indo a um lugar perigoso, Princesa. Precisamos estar bem protegidos.

- E que lugar seria esse?

- Não sei ao certo...

- Não sabe ou não quer falar?

- Não tenho permissão – ele se desculpou – O Capitão não quer que a senhorita fique assustada... É um lugar bastante perigoso.

- Ora, mas eu não sou tão medrosa quanto pareço. Já passei por muitas dificuldades antes.

- Mas estes mares são muito traiçoeiros, senhorita. E quando digo que são perigosos não me refiro apenas a tempestades e coisas do tipo. Este navio já enfrentou coisas terríveis.

- Que tipo de coisas?

Smee abaixou a voz.

- Já encontramos monstros marinhos e sereias. Sem mencionar as dezenas de ataques piratas. Vê isto? – ele mostrou uma feia cicatriz em seu braço esquerdo – Fomos atacados em alto mar e levei um golpe de espada quando defendia o Capitão. Quase perdi o braço, porém não perdi a bravura.  

Então as pessoas naquele navio viviam se machucando por causa do Capitão? O Cozinheiro perdera a perna, e Smee quase perdera o braço, mas o Capitão continuava tratando-os como se fossem seus empregados. Que ingrato!

- Certa vez – continuou Smee – encontramos um monstro marinho. Ele me agarrou com um de seus tentáculos e me balançou como se eu fosse um brinquedo. Ainda não sei como me safei dessa. Depois de corrermos tantos riscos, natural que o Capitão quisesse estar bem preparado. Além disso, não sabemos o que iremos encontrar por aí.

Ruby ficara assustada, mas não demonstrou. Ao invés disso, quis parecer despreocupada.

- E qual o objetivo dessa viagem afinal de contas?

- Ah, vamos atrás de um tesouro... – Smee de repente arregalou os olhos e tapou a boca com as duas mãos. Estava claro que ele devia manter isso em segredo – Eu não devia ter lhe dito! Por favor, senhorita, não diga ao Capitão que eu lhe contei. Devia permanecer em segredo.

- Não vou contar. – ela sorriu. Ruby ficou pensando como a vida de um pirata era pura tolice. Primeiro se arriscavam por mares tempestuosos e traiçoeiros, apenas para encontrar tesouros. Depois, quando finalmente o encontravam, gastavam tudo com mulheres e bebida. Ela realmente não conseguia entender.

O Capitão voltou exibindo um sorriso vitorioso. Conseguira as tais armas de fogo e Ruby desconfiava que ele tivesse usado métodos sujos para isso. Talvez tivesse ameaçado o ferreiro, mas isso ela não ousou perguntar.

Por fim, quando o navio pareceu pronto para a viagem, Killian ordenou que subissem a âncora e soltassem as velas. Ele tomou seu lugar ao timão e logo o navio estava em mar aberto. Ruby, que já se acostumara com o balanço do navio, não sentia mais enjôos. Ela permaneceu no convés, caminhando de um lado para o outro e fazendo milhares de perguntas. Os piratas pareciam achar graça e respondiam tudo o que ela queria saber.

- Princesa, – o Capitão disse aborrecido – assim vai acabar distraindo meus marujos. Trate de calar a boca e arrumar algo útil para fazer.

- Eu não tenho nada para fazer. Afinal, você disse que eu só causo confusão.

Killian suspirou.

- Então sente-se aqui e converse comigo.

Ela ficou surpresa, mas acabou por obedecer. Sentou-se sobre uma pilha de caixotes que havia ali e logo começou a falar.

- Se quer saber, Capitão, acho muito injusto o que está fazendo. O senhor fica aqui cuidando da direção, enquanto aqueles pobres homens fazem todo o trabalho pesado.

- Obviamente, o Capitão do navio é quem tem que cuidar da direção. E quanto aos marujos, eles devem obedecer a mim. Então, sim, eles trabalham muito, mas no fim, o dinheiro que recebem compensa todo o esforço.

- Ah sim, quanto a isso, acho uma completa bobagem o que vocês fazem. Por que simplesmente não guardam o dinheiro ao invés de gastar tudo de uma vez?

- E por que guardaríamos? Não há nada que esses “pobres homens” queiram além de diversão.

Ruby balançou a cabeça.

- Vocês não têm objetivos na vida? Eu quero dizer, de que vale afinal, ser um pirata, se no fim das contas vocês sequer têm algo de que se orgulhar?

- Você realmente não entende nada não é? Nós piratas gostamos de aventura. Aí esta o prazer em ser pirata. Gostamos de viajar e conhecer lugares novos. E já que você é tão intrometida a ponto de nos criticar, diga-me Princesa, em que sua vida difere da nossa?

- Em tudo, oras. Veja bem, eu sou uma princesa e o senhor é um pirata. Tenho obrigações a cumprir, tenho que zelar pelo bem do meu povo. E, além disso, irei me casar e serei rainha. Me orgulho da vida que tenho.

- É claro. Cheia de obrigações, sempre sendo educada... Você nunca desejou ser livre? Fazer o que quisesse, dizer o que quisesse?

- Bem...

Killian sorriu.

- Aposto que sim.

Ficaram um longo tempo em silêncio. O Capitão mantinha um olho na bússola e o outro no mar. A qualquer momento poderiam encontrar um navio inimigo ou uma criatura marinha. À hora do almoço todos os marujos foram se sentar à mesa de refeições, hoje eles tinham ensopado de peixe e algas, mas o Capitão permaneceu no convés e Ruby ficou com pena porque ele já estava há mais de três horas cuidando do timão.

Os marujos falavam e riam alto, além de tomarem boas doses de rum. Ruby não entendia como alguém podia ser feliz assim. Mas ela mesma nunca fora realmente feliz. Gostava de ser princesa e viver em um castelo, mas estava sempre cheia de obrigações, e nunca, nunca se apaixonara antes. Há alguns dias, a ideia de se casar com um homem que ela não amava a amedrontava. Talvez ela nunca fosse feliz, mesmo como rainha. E pensando bem, aqueles dias que ela passara a bordo do navio haviam feito com que ela se sentisse mais viva.

- Vejam quem está toda pensativa... – o Cozinheiro riu e os marujos olharam para Ruby.

- Aposto que ela está pensando no Capitão – disse um dos piratas e os outros riram.

- O que? Do que estão falando? – ela perguntou

- Ora, Princesa, vai dizer que não reparou... – Smee tomou uma dose de rum

- Reparei o quê?

- O Capitão não tira os olhos de você. – o Cozinheiro voltou a falar – Achamos que ele está apaixonado.

- Vocês ficaram loucos? O Capitão? Apaixonado por mim?

- Mas você também gosta dele – Smee tinha um sorriso sapeca no rosto.

- Eu não gosto dele – Ruby enrubesceu – Vocês são completamente loucos. Ele me seqüestrou! Como eu poderia gostar dele?

- Ele está diferente – disse o Cozinheiro e os outros concordaram – Desde que você chegou aqui ele parece outra pessoa.

- Ele não foi sempre assim?

- Não – Smee balançou a cabeça e em seguida abaixou a voz – O Capitão sempre foi um coração de pedra. Nunca se apaixonou.

- E sempre nos tratou mal – disse o pirata que era responsável pela manutenção dos canhões. Falou isso com bastante amargura.

- É verdade – disse Smee – Desde que você chegou aqui ele tem se comportado de maneira diferente. Hoje por exemplo, quando eu disse que não consegui as armas, ele ficou irritado, mas não me tratou mal. E isso porque você estava lá. Se não estivesse, ele teria gritado comigo e me mandado descascar batatas.

- E você foi a única pessoa a se deitar na cama dele. – disse o Cozinheiro.

- Mas eu estava bêbada...

- Ontem você também dormiu lá, e fiquei sabendo que você tentou fugir. Nosso último prisioneiro tentou fugir e ficou meses trancado no porão.

- É verdade. E ela era bem bonita vocês lembram? – disse um dos piratas

- Ela?

- Você não é a primeira mulher a pisar neste navio, Princesa. O último prisioneiro era uma mulher. E ela era bastante atraente, se quer saber. Mas o Capitão não a tratava como trata você.

- Olha, acho que vocês estão muito enganados. O Capitão me trata bem porque sou uma princesa e ele sabe que meu pai vai pagar muito bem para me ter de volta.

Mas os piratas não se convenceram.

- Pode até ser, Princesa – Smee falou após tomar outra dose de rum – Mas eu ainda acho que ele gosta mesmo de você. 

E depois disso, Ruby só podia ficar ainda mais confusa.

***

 Minutos mais tarde, quando Ruby subiu ao convés, Killian ainda estava na mesma posição de antes: segurando a bússola com uma mão e o timão com a outra. O vento forte atiçava seus cabelos negros e ele parecia ainda mais atraente do que antes. Ela voltou a se sentar sobre os caixotes, mas passou muito tempo pensando. Aquela conversa com os piratas a deixara preocupada. E se o Capitão estivesse mesmo apaixonado? E se ele não deixasse ela voltar para casa?

- Você está tão quieta – Killian falou e olhou para Ruby – O que aconteceu?

- Nada, só estava pensando.

- Pensando em quê?

- Na minha família, no meu castelo, na minha vida...

- Está com saudades?

- Estou. Você não sente falta da sua família?

Killian ficou calado por uns instantes e Ruby achou que ele não fosse responder, até que por fim ele disse:

- Eu não tenho família. Minha mãe morreu quando eu era garoto e meu pai desapareceu há muito tempo.

- Eu... sinto muito. Mas você não tem irmãos?

- Tenho dois irmãos. Um deles trabalha neste navio...

- O quê? Mas qual deles é seu irmão?

- Jack – ele disse com certo tom de indiferença.

- Jack? Aquele que cuida dos canhões?

- É. Você não notou a semelhança?

Jack agora lavava o convés. Ruby o observou e só então reparou como ele e Killian eram parecidos. Os dois tinham os mesmos olhos azuis e os mesmos cabelos negros bagunçados, mas Jack usava um tapa-olho no olho esquerdo e estava sempre no andar de baixo, cuidando dos canhões. Era um cara que não chamava muita atenção, diferente do irmão.

- Você não acha que é injusto? O senhor é o Capitão e ele é apenas o homem dos canhões.

  - Acontece que eu sou o mais velho, e, portanto, eu devo ser o Capitão. Meu pai foi o primeiro capitão do Jolly Roger – Ruby ia perguntar quem era Jolly Roger, até perceber que era o nome do navio – e dizia que um dia eu iria assumir seu posto. Ele desapareceu, e então, eu assumi o papel de Capitão. Ainda acha que é injusto?

- Acho. E eu também nunca vi vocês dois conversando.

- Não somos muito unidos – ele deu de ombros.

- E onde está seu outro irmão?

- Ele nunca suportou o fato de nosso pai ser pirata. Decidiu levar uma vida normal. Às vezes nos esbarramos por aí, como hoje...

- Espera aí... o ferreiro! Ele é seu irmão, não é?

O Capitão sorriu.

- Até que para uma princesa você é bem esperta.

- É, acho que sou. – ela sorriu - Foi por isso que ele não quis vender as armas? Por que sabia que eram pra você?

- Acertou de novo – e ele abriu um maravilhoso sorriso – Meus irmãos e eu nunca tivemos uma relação muito boa. Eles nunca aceitaram o fato de eu ser o filho preferido.

- Isto não está certo, sabe? Irmãos devem ser amigos. Eu e minha irmã Mary Margaret somos muito unidas. Sempre saímos juntas e conversamos muito. – ela suspirou. Pensar em Mary era doloroso, ela nunca ficara tanto tempo longe da irmã. – Não sei o que vai ser de mim quando ela se casar.

- Você tem sorte! Eu e meus irmãos não conseguimos trocar meia dúzia de palavras sem sairmos na briga.

- Mas e a sua mãe?

- O que tem ela?

- Você sente falta dela, não sente?

- Sim... Eu era muito novo quando ela morreu. E depois disso... bem, depois disso acabei me tornando o que sou hoje: um homem egoísta e sem coração.

Ruby não disse nada e nem deveria, pois no fundo sabia que o Capitão estava certo, era mesmo muito egoísta e sem coração. Mas ela até que o admirava por ele reconhecer isso.

Eles continuaram a navegar até o fim do dia. Ruby não sabia como o Capitão conseguia ficar tanto tempo direcionando o navio, sem sequer ter se alimentado direito. Por fim ele se deu por vencido e ordenou que Smee tomasse seu lugar. Smee não deixou de provocar Ruby – que ainda estava acomodada sobre os caixotes e parecia não querer sair dali.

- Sabe, eu vi vocês conversando e pareciam estar se dando bem – ele tinha uma expressão marota no rosto.

Ela enrubesceu.

- Killian só estava me contando sobre sua família.

- Viu só? Já está o tratando pelo nome...

- E-eu... ora, não é esse o nome dele? Só não acho que devemos ficar falando Capitão toda hora...

Smee sorriu maliciosamente, mas não chegou a dizer nada, pois neste momento, um dos piratas veio dizer a Ruby que o Capitão queria vê-la em sua cabine. 

“O que ele quer agora?”, ela pensou enquanto batia na porta.

- Entre!

- O senhor me chamou, Capitão?

- Chamei! – ele apontou para uma grande tina de madeira no meio da cabine, a mesma na qual Ruby tomara banho na noite anterior. – Quero que me prepare um banho...

- Quer que eu dê banho em você?! – exclamou horrorizada com a ideia.

- Quero que me prepare um banho – ele repetiu pausadamente. E depois rindo descaradamente – Tudo bem, Princesa, eu sei que quer me ver nu, mas eu só lhe pedi que me preparasse o banho. No entanto, se você quiser... digamos, tomar um banho comigo, eu vou adorar... – ele sorriu maliciosamente.

Ruby ficou mais vermelha do que pimentão.

- Você... como... como você ousa falar assim comigo?

- Eu sei que no fundo você está adorando a ideia – ele piscou para ela – mas não tem coragem não é? Afinal, o que pensariam de você?

- E-eu vou... buscar a água. Já volto! – e saiu praticamente correndo para a cozinha.

***

- Então ele mandou você preparar um banho? – o cozinheiro sorriu – Agora sim podemos ter certeza...

- Certeza de quê? – perguntou Ruby fazendo esforço para carregar o balde cheio de água quente.

- De que ele gosta mesmo de você, ora. Se eu fosse você tomaria cuidado, há tempos que o Capitão não sai com nenhuma mulher, e talvez ele esteja... necessitado. Ele pode tentar agarrar você.

Ruby abriu a boca, e ficou tão vermelha quanto os pimentões que o cozinheiro picava.

- Pare de dizer essas coisas! Você me assusta, sabia? – e ela logo foi levar a água para o banho do Capitão. Quanto mais cedo ficasse livre da tarefa melhor.

Foram necessárias cinco viagens da cozinha até a cabine para que a tina ficasse cheia o suficiente. No fim, Ruby estava com dor nas costas e o Capitão não movera um músculo para ajudá-la. Ao invés disso, ficara concentrado em suas anotações (Ruby queria mesmo saber o que ele tanto escrevia naquele diário), e só ficou ciente de que seu banho estava pronto quando ela o avisou.

- E onde estão meus sais de banho, Princesa? Naturalmente você pensa que vou tomar banho somente com água...

- Ah! Quer dizer que o senhor usa sais de banho e aqueles pobres homens sequer tomam banho?

- Eles não tomariam, mesmo que pudessem.

- Vocês são todos loucos! – ela exclamou, arrancando o vidro de sais de banho que Killian estendia para ela. O Capitão não disse nada, e, quando a banheira já estava cheia de espuma branca e perfumada, Ruby se virou para sair e deu de cara com uma porta trancada. – O que pensa que está fazendo? Por que trancou a porta?

- Presumi que você quisesse tomar banho comigo... – ele respondeu inocentemente.

- Claro que não vou tomar banho com você! Abra a porta e me deixe sair.

- Não. Você não vai sair até que eu tome banho. Aliás, quero que me faça uma massagem, preciso mesmo relaxar.

Ruby ficou boquiaberta olhando-o como se ele fosse louco. Killian sorria descaradamente. Alguns minutos depois, como Ruby não dava sinal de que ia sair do lugar, Killian começou a tirar a roupa na frente da Princesa e ela, como que saindo de um torpor, virou-se de costas e pôs-se a reclamar.

- Você é mesmo um safado!  Como ousa tratar uma mulher assim? Uma princesa! Meu pai vai saber de tudo isso. E pare de rir!

- Não reclame, minha querida. Muitas mulheres dariam tudo para estar no seu lugar. Agora venha até aqui e me faça uma massagem nos ombros.

- Não!

- Se não vier eu vou te buscar, e eu lhe garanto que vai ser pior.

No final ela não tinha muita escolha. Estava trancada ali e era melhor que obedecesse ao Capitão, antes que ele resolvesse atacá-la.

- Argh! Está bem! – ela tentou ficar calma e virou-se vagarosamente (queria ter certeza de que o Capitão já estava dentro da banheira). Ele sorria inocentemente, e parecia estar desfrutando de seu banho quente e relaxante. Ruby se ajoelhou atrás dele e hesitou um pouco até tocar seus ombros e começar a massageá-los.

- Hum... que mãos macias você tem! Continue, assim está bom.

- Você pensa que sou sua escrava?

- Não penso, tenho certeza!

Ruby queria bater nele.

- Pensa é? Você é mesmo um aproveitador, um parasita. Primeiro se aproveita daqueles pobres homens, que vivem trabalhando dia e noite apenas para satisfazê-lo e depois se aproveita de mim, uma princesa inocente e...

- Você não é nada inocente. E pare de se referir aos meus marujos como pobres homens. Eles escolheram essa vida, eu não obrigo ninguém a permanecer a bordo deste navio. Isso... mais para a esquerda, por favor...

- Eu não concordo com o modo como as coisas funcionam neste navio. Há quanto tempo você é capitão?

- Há muito tempo! Ainda era um adolescente quando assumi o posto.

“Como os braços dele são musculosos”, ela pensou.

- E desde então tem sido sempre assim?

- Sim... sou muito exigente, sabe... mas acho que vale a pena, quero dizer, eles nunca reclamaram. Na verdade, sei que me odeiam, mas pouco me importo.

- Eles não te odeiam, mas acho que você devia ser menos mandão. – ela passou a massagear os ombros dele com mais força. “Ele é tão peludo!”.

- Eu preciso ser mandão, princesa. Acha que é fácil manter um navio em ordem? Esqueço-me de que você não entende nada sobre isso. – de repente ele mudou de assunto e assumiu um tom de voz maldoso – A água está esfriando, tem certeza de que não quer entrar?

Ruby se levantou rapidamente, temendo que ele a puxasse para dentro da banheira.

- Não, não. Creio que já está bom, o senhor já relaxou o bastante. Agora me deixe sair.

- Primeiro pegue a toalha.

Ela suspirou e pegou a toalha que se encontrava sobre a cama. E tratou de se virar enquanto ele saía da banheira.

- Agora me deixe ir, ou será que quer ajuda para se vestir também?

- Na verdade quero, mas você pode ir, se quiser... – ele remexeu nos bolsos de suas vestes que estavam no chão e tirou uma chave de prata. Caminhou até a porta e a destrancou. Ruby, que estava virada de costas, foi pega de surpresa e se viu observando o Capitão – que usava apenas a toalha em volta da cintura – e tendo pensamentos impróprios.

“Que músculos e que braços! Como eu gostaria de abraçá-lo... mas que é que estou pensando?”

- Boa noite, Capitão! – ela saiu correndo e deu de cara com o Cozinheiro, que vinha saindo da cozinha.

- Princesa! Quanta pressa! Foi tão ruim assim dar banho no Capitão?

- Ele é completamente maluco!

- O que aconteceu? Nós ouvimos você falar com ele e parecia bastante zangada.

- Ouviram é? Ele me trancou na cabine e me obrigou a fazer lhe massagem...

- Ah é? – ele sorriu.

- Olha, não vá dizer que ele gosta de mim. O Capitão é um safado, isso sim.

- Eu não ia dizer isso. – ele riu. – Mas ele é um homem muito bom, senhorita.

- Você me disse outra coisa à hora do almoço...

- Ele pode ser arrogante e exigente às vezes, mas ele também tem seus bons momentos.

- Tanto faz, ainda acho que ele é um completo pervertido...

- Posso saber de quem estão falando? – O Capitão surgiu atrás deles e Ruby se assustou.

- De você mesmo, Capitão. Um completo pervertido!

Ele levantou uma das sobrancelhas.

- Certamente você gostou de me ver nu. Da próxima vez não faça cerimônia e tome um banho comigo...

O Cozinheiro soltou uma risadinha e Ruby se irritou.

- Você não se cansa de me provocar? Pensei que tivesse coisa melhor a fazer, como por exemplo, cuidar do seu navio.

- Provocá-la se tornou minha obrigação, desde que você começou a se interessar por minha vida. Suponho que queira saber...

- Eu não estou interessada! Só estava mantendo uma conversa para passar o tempo. Caso não tenha notado, não estou acostumada a ficar à toa o dia todo.

- Sim, você estava interessada. Parecia muito curiosa, curiosa até demais. Diga-me, se não é interesse, o que é?

- Grrr! Como você me irrita! – e ela saiu batendo o pé, e deixando pra trás um Cozinheiro e um Capitão risonhos.


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Notas finais do capítulo

Comentem, please