Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones
Notas iniciais do capítulo
Oi fofas! Tem quase um mês desde a última vez que eu postei aqui e peço desculpas por isso. A culpa é da escola e do Enem que vem vindo aí.
Bom, espero que gostem desse capítulo apesar de não ter saído do jeito que eu queria. O jeito que eu imaginei na minha cabeça pareceu muito mais legal kkkk então podem falar se não tiverem gostado. Já estou escrevendo o próximo e espero não demorar tanto para postar.
Estou muito feliz porque OUAT já está quase chegando e estou realmente curiosa pra ver essa nova temporada em Neverland e principalmente ver nosso Capitão gostosão kkkk Fiquei sabendo que um dos episódios vai contar como ele virou pirata. Enfim, espero que gostem do capítulo. Beijos.
Capítulo 6 – Final
Os dois se separaram quando um barulho quebrou o silêncio. Ouviu-se o som de galhos se partindo e em seguida as vozes de Smee e do Cozinheiro.
- ...isso se já não estiverem mortos – ia dizendo o Cozinheiro com sua voz grave – A julgar pelo o que encontramos lá atrás não me surpreenderia se tivessem sido devorados vivos.
- O Capitão é esperto e corajoso – Smee lembrou – Sabe se defender. E a Princesa deve estar com ele...
- Estão vivos! – Killian exclamou aliviado ao mesmo tempo em que Smee e o Cozinheiro surgiam por detrás de uns arbustos.
- Capitão! Ainda bem que o encontramos – Smee sorriu. Ele tinha uma feia mancha sob o olho esquerdo e mancava de uma perna. – Eu disse que estavam vivos – acrescentou para o Cozinheiro.
- Vocês dois estão bem? – indagou o Cozinheiro.
- Sim... estamos muito bem – e o Capitão olhou para Ruby ao dizer isso, um sorriso maroto nos lábios – E vocês? O que aconteceu com o senhor? – perguntou ao notar a aparência de Smee.
- Caí ao escalar uma árvore... mas fora isso estou bem.
- Capitão... os outros morreram – o Cozinheiro estremeceu – Parece que foram comidos vivos...
- É. E quase tivemos o mesmo destino. Felizmente eu fui inteligente o bastante para escapar com vida.
Smee e o Cozinheiro estremeceram de pavor e Ruby revirou os olhos. O Capitão conseguia se exibir até mesmo quando estavam em situação de perigo. Minutos atrás, quando estavam se beijando, ela até se esquecera do quanto ele era arrogante, bruto e egoísta. Mas agora que podia se lembrar de tudo isso, não conseguia aceitar o fato de que ela gostara do beijo.
- Ela está bem? – o Cozinheiro apontou para Ruby. Ela ainda tinha os olhos marejados e apesar de estar pálida, suas bochechas estavam bem rosadas.
- Hum, ela só está meio traumatizada pelo o que vimos mais cedo. Vai ficar bem. E quanto aos outros? Só sobraram vocês dois?
- Não sabemos, Capitão... – Smee começou a dizer.
- ... nós procuramos por eles, mas tudo o que encontramos foram os corpos lá atrás – o Cozinheiro completou – Mas talvez os outros estejam vivos, o senhor sabe, os mais espertos...
- Podemos ir embora agora? – Ruby perguntou num fio de voz.
O Capitão pensou um pouco até decidir.
- Devíamos ir atrás dos outros. Ou atrás do tesouro. Se encontrarmos o tesouro pelo menos podemos honrar o nome dos nossos homens mortos.
- Um de nós poderia levá-la até a praia – Smee sugeriu.
- Não, eu preciso de vocês dois aqui. São os melhores e mais fortes.
Ruby ficou irritada, mas não discutiu. Depois de tudo que acontecera, era conveniente que ficasse calada.
***
- Diz a lenda que um rei muito rico e adorado, um dia pediu um conselho a um sábio mago. Apesar de toda a sua fortuna, o rei não era feliz, e então pediu ao mago que lhe ajudasse a alcançar a felicidade. O mago então, disse ao rei para se livrar de sua fortuna, e só assim ele poderia ser feliz...
- Que bobagem! E sendo pobre ele seria feliz? – o Cozinheiro resmungou.
Killian continuou a história como se não tivesse sido interrompido.
- ... mas o rei achou que era loucura e assegurou que não poderia viver sem sua fortuna. Então ele expulsou o mago de seu palácio e disse que ele era um louco e farsante que queria lhe roubar. Mas o mago era muito poderoso, e ofendido, acabou amaldiçoando o rei e todo o seu reino. Desde então, todos foram condenados a viver nesta ilha, transformados em aranhas. E o tesouro, pelo o que se sabe, é protegido por uma terrível besta...
- Está bem, vamos supor que a lenda é verdadeira. – disse Ruby quando o Capitão acabou a história – Que besta é essa que protege o tesouro?
- Eu não faço ideia, mas só posso imaginar que se trata de uma aranha...
- Uma aranha?
- É, mas não uma aranha qualquer. Uma pior do que todas as outras.
- Não consigo imaginar uma aranha pior, Capitão – Smee falou – A não ser que seja bem maior do que as outras, talvez do tamanho de uma árvore...
- Como é? – Ruby paralisou no meio do caminho - V-vocês acham que tem uma coisa ainda maior do que as outras, mais peluda e mais horripilante?
- Eu não devia ter dito isso, não é? – Smee deu um tapa na testa.
- Seja sincero – ela pediu ao Capitão – O que você acha que nos espera?
O Capitão a encarou por uns segundos. Quem sabe fosse melhor dizer a verdade? Que eles iam para um lugar ainda mais perigoso e que ele a estava colocando em risco? Talvez ele devesse ser verdadeiro com ela, depois do que acontecera entre os dois. Mas ele não podia, podia?
- Eu não sei – acabou por dizer – Pode ser qualquer coisa. Mas você vai estar segura comigo... conosco. Nós vamos ficar bem.
Eles recomeçaram a caminhar. Já amanhecera e todos estavam famintos, mas não havia nada que pudessem comer. Quando Smee reclamara de fome, o Capitão se irritara e lhe dissera para comer aranhas fritas. Foi o suficiente para que Smee se calasse e Ruby engolisse em seco. Quando tudo isso acabasse, a Princesa ficaria feliz em comer os biscoitos duros do navio e tomar cerveja. Ela nem se importaria de dormir no porão; até os ratos e baratas eram companhia mais agradável, se comparados àquelas terríveis criaturas assassinas.
Ninguém falou durante muito tempo e eles também não encontraram mais aranhas. Talvez não fosse bom sinal.
- Devemos estar próximos – o Capitão falou, olhando ao redor. – Da última vez nem chegamos até aqui.
- O que aconteceu da última vez? – Ruby perguntou. Smee e o Cozinheiro prenderam a respiração, o Capitão não gostava de falar daquilo e ficava furioso se alguém tocava no assunto. Mas dessa vez eles se surpreenderam quando Killian a olhou com gentileza e disse:
- Da última vez não estávamos preparados, sabe... Fomos atacados e muitos homens morreram. É claro que tivemos de recuar, antes que elas tivessem tempo de terminar o massacre. Depois disso fomos para a cidade; precisávamos nos recuperar do que vimos aqui e eu precisava recrutar novos marujos. Levou um tempo até que eu decidisse voltar até a ilha... Acho que estamos bem perto. Em todo caso, você foi uma grande ajuda.
- Mas eu não fiz nada...
- É claro que fez. Nós não teríamos chegado aqui se você não tivesse mostrado o caminho.
- É verdade, eu mostrei o caminho – uma expressão de horror se formou em sua bela face – E é por minha culpa que estão todos mortos...
- Não se culpe por isso. Eu viria aqui de qualquer jeito, mesmo que levasse meses.
- Ei, vocês dois – o Cozinheiro chamou. – Venham ver isso.
Ruby e Killian se aproximaram de onde ele e Smee estavam. O que viram foi no mínimo assustador: havia um enorme buraco no chão, com várias árvores em volta e dezenas de teias de aranha que brilhavam contra a luz do sol.
- Não façam barulho – o Capitão sussurrou – Deve ter centenas delas aí.
- Aquele buraco... é uma toca, não é? – Ruby perguntou o que todos queriam saber.
- É o que parece – falou o Cozinheiro.
Todos ficaram calados e pensativos por uns segundos. Killian pensava no quanto estava perto do tesouro, mas precisava decidir se arriscaria a vida de Ruby apenas por ganância. A Princesa, por sua vez, pensava no quanto fora tola ao colocar a vida em risco apenas por querer se aventurar em terras desconhecidas. Smee pensava que de tudo o que já vira naquela vida, nada era pior do que aquelas aranhas. E o Cozinheiro prometia a si mesmo que nunca mais reclamaria do incomodo que sua perna de pau lhe causava, desde que saísse dali vivo.
- Capitão, nós devíamos ir embora – a Princesa aconselhou – Esqueça esse tesouro, vamos atrás dos outros e depois fugimos daqui.
- Sabe, Capitão – Smee hesitou – eu... eu meio que concordo com ela.
- Eu também – disse o Cozinheiro.
- Vocês são todos uns medrosos – Killian reclamou com irritação. Em seguida suspirou e decidiu que estavam certos – Está bem, vamos embora. Não posso arriscar nossas vidas por um tesouro que nem sabemos se existe.
Os outros três respiraram aliviados.
- O senhor vai ter que me preparar um banho quando chegarmos ao navio – disse Ruby – Acho que eu mereço depois de tudo o que...
- Capitããããão! – o chamado veio de algum lugar acima das árvores. À primeira vista eles não conseguiram identificar de onde o grito viera, até que Smee apontou com um dedo trêmulo. Cerca de 15 marujos estavam atados a uma enorme e espessa teia, suspensa há mais de três metros do chão. Alguns estavam desacordados, outros, de tão enrolados que estavam pela teia, não conseguiam nem falar. – Nos ajude! Eu lhe imploro!
O Capitão ficou anestesiado pela cena, sem saber o que fazer para ajudar os pobres marujos. A seu lado, Ruby estava a ponto de desfalecer e os outros dois homens carregavam olhares aterrorizados. Havia aranhas de todos os tamanhos e cores, e elas se agitavam animadas com o banquete daquele dia.
Ruby sentiu que suas pernas não suportavam mais seu peso, sua visão escureceu e ela sentiu que caía, mas Killian a segurou antes que batesse no chão.
- Vamos, querida, agüente firme – ele se sentou no chão, colocou a cabeça da garota sobre seu colo e começou a massagear seus pulsos – Nós vamos sair dessa...
- Oh, Capitão, eu não seria tão otimista... – Smee olhou para cima e Killian acompanhou seu olhar. As aranhas se preparavam para atacá-los, emitindo sons agudos e batendo as quelíceras.
- Não fiquem parados aí! – O Capitão gritou – Vamos, acendam uma fogueira, assim elas não chegam perto.
Enquanto os dois marujos se apressavam a seguir a ordem do Capitão, o mesmo tentava acordar Ruby.
- Acorde! – ele dava tapinhas no rosto da moça – Vamos, não faça tanto drama...
Ela recobrou a consciência aos poucos. Por um segundo se perguntou onde estava e achou que tudo fora um sonho, até avistar as aranhas assassinas.
- Nós vamos morrer! – gemeu.
- Vai dar tudo certo...
- Olha em que você nos meteu! Eu não quero morrer aqui... Você é um egocêntrico, ganancioso, malvado e sem coração...
- Eu não vou deixar nada te acontecer. Você vai ficar bem.
- Como pode ter tanta certeza? Caso não tenha reparado tem um exército de aranhas querendo nos matar e não há nada que...
O Capitão puxou Ruby para um beijo e ela não teve tempo de se esquivar. Quando viu já estava nos braços dele, mas como eles tinham plateia ela precisava se recompor. Smee e o Cozinheiro tinham parado o que estavam fazendo para assistir a cena. Ruby se muniu de forças que ela não tinha, e empurrou o Capitão, depois lhe deu um tabefe na cara.
- O que pensa que está fazendo?
- Você bem que gostou do outro beijo... – Killian resmungou irritado.
- Não gostei, não.
- Gostou sim. Vai me dizer que não gostou quando eu a aconcheguei em meus braços e disse que ia ficar tudo bem?
Ela enrubesceu e viu que os outros dois estavam ouvindo tudo parecendo meio surpresos e meio divertidos.
- Eu... foi... foi um momento de fraqueza...
- Sei...
- Gente, não é momento para romantismo – Smee teve que gritar uma vez que os chiados das aranhas aumentaram – Temos coisas mais importantes para fazer...
- Como é que vamos tirá-los lá de cima? – indagou o Cozinheiro. Ele fizera uma tocha, do mesmo modo como o Capitão fizera no dia anterior. Ruby não pode deixar de pensar que aqueles piratas eram até bastante inteligentes e sabiam as regras básicas da sobrevivência.
- Devíamos nos preocupar com as aranhas primeiro – Smee lembrou a eles, uma vez que as aranhas tentavam se aproximar, mas tinham medo do fogo.
- Preciso bolar um plano... – o Capitão pôs a mão no queixo e começou a analisar a situação.
- Não temos tempo para bolar planos – Ruby advertiu. Ela pensou rápido e encontrou a solução mais fácil – Diga a eles para tentarem arrebentar a teia; eles precisam balançar de um lado para o outro...
- Ah, que bela ideia a sua – o Capitão desdenhou, mas fez o que ela dissera e gritou aos marujos – EI! VOCÊS TEM QUE BALANÇAR DE UM LADO PARA O OUTRO! USEM SUAS FORÇAS PARA ARREBENTAR A TEIA.
- Eu não quero desanimar vocês, mas devo dizer que talvez seja impossível... – Smee falou – Aquela teia parece bem forte.
- Não percamos a esperança – disse o Cozinheiro e gritou – VAMOS! VOCÊS CONSEGUEM!
Eles começaram a se balançar, usando toda a força que tinham. Killian, Smee, Ruby e o Cozinheiro os instigavam a continuar tentando. A essa altura, as aranhas estavam tão distraídas, tentando atacá-los, que nem perceberam que os marujos estavam conseguindo se soltar da teia.
- Temos que atraí-las para cá, assim eles terão tempo de fugir – o Capitão falou e os quatro começaram a recuar. As aranhas se amontoavam umas em cima das outras, perturbadas pelo calor do fogo, mas ao mesmo tempo excitadas pelo cheiro de carne humana.
Finalmente um dos marujos conseguiu se soltar, e caiu no chão com um baque. Apesar da altura ele não se machucara e com um grande galho que encontrara no chão, começou a cutucar a teia, tentando ajudar os outros.
- Sabe, Capitão, eu estive pensando que depois disso nós devíamos passar uma temporada em terra firme.
- Por que diz isso, Smee?
- Ora, porque vai ser um milagre se sairmos daqui vivos...
- Não seja tolo. Eu tenho planos para depois que sairmos daqui.
- E espero que esteja pensando sobre meu retorno para casa – Ruby disse zangada. O Capitão não disse nada, mas ficou pensativo.
Enquanto isso mais marujos conseguiam se soltar da teia, e o Capitão ordenava que acendessem tochas e fogueiras, tomando o cuidado de não atear fogo nas folhas secas. Quando o último pirata se libertou todos comemoraram, mas a essa altura as aranhas já haviam notado a fuga de suas presas. Elas ficaram ainda mais agitadas e seus olhos brancos pareciam raivosos, até assassinos. As criaturas de oito patas batiam suas presas e emitiam chiados estranhos, mas não atacavam por medo do fogo.
- Vamos acabar logo com isso – um dos marujos pegou sua arma e foi imitado pelos outros. Eles começaram a atirar contra as aranhas, mas elas eram muito rápidas e fugiam dos tiros. Algumas, porém, não conseguiram escapar e foram atingidas. Ruby pensou no quanto era prazeroso vê-las se contorcendo no chão, morrendo aos poucos. Logo não sobrou mais nenhuma por ali, a maioria fugira, outras estavam mortas e algumas foram sensatas o bastante para se esconder fora do alcance dos olhos dos humanos.
Então eles fizeram a única coisa que podiam fazer naquela hora: comemoraram sua vitória contra a espécie inimiga. Ruby assistiu tudo com felicidade enquanto eles riam e se abraçavam, felizes como uma família. E pela primeira vez, ela viu que o Capitão estava sendo legal com eles; era como se por um momento, tivessem se esquecido da hierarquia que existia entre eles. Smee a puxou para um abraço e logo estavam dançando e rodando em meio aos piratas.
- Se não fosse por você eles não teriam se libertado – o pirata gordinho riu enquanto ainda rodopiavam, ele não parecia se importar com a dor que sentia na perna machucada.
- Eu não fiz nada, eles só precisavam de uma forcinha...
- Homens – o Capitão falou alto o bastante para todos ouvirem –, ontem perdemos parte de nossa família, e é com grande pesar que lhes dou essa notícia. Foram mortos em combate e não houve nada que pudéssemos fazer para ajudá-los. Mas hoje é um dia de alegria e estamos aqui para honrar o nome deles. Admiro a bravura daqueles que lutaram por sua vida, e é por isso que proponho um brinde – ele tirou uma garrafa de rum da bolsa de couro que carregava e os outros piratas também pegaram suas garrafas – A nós!
- A nós – todos disseram em uníssono e levantaram suas garrafas. Depois começaram a beber como que para absorver o impacto de tudo que lhes acontecera. Agora todos exibiam um olhar triste, perdido. Eram todos amigos, passaram por diversas aventuras e dificuldades juntos; não era fácil perder uma parte da família.
Ruby quis dar uma espiada no buraco grande e fundo que viram antes, enquanto o Capitão decidia o que fazer. Nesse meio tempo Killian decidira que era melhor que deixassem a ilha, antes que as aranhas reaparecessem. E afinal eles nem sabiam onde estava o tal tesouro. Ela se aproximou da borda do buraco e viu que ele era muito largo e fundo e adentrava pela terra, como um túnel subterrâneo. Alguma coisa brilhava lá dentro, mas o fundo era escuro demais para que ela pudesse ver que coisa era aquela. Ela se abaixou, tentando enxergar direito, e acabou por se desequilibrar e caiu lá dentro.
- Princesa! – todos correram para acudi - lá. O Capitão tomou a frente e espiou dentro do buraco, mas a moça não estava à vista.
- Ruby! – ele chamou, e era a primeira vez que a chamava pelo nome – Ruby!
- Eu estou bem. – a voz dela veio abafada.
- Você se machucou?
- Não. Eu aterrissei em cima de alguma coisa... Não consigo ver, está escuro. – Havia apenas uma nesga de luz que vinha do lado de fora, e o buraco era fundo e íngreme demais para que ela conseguisse subir. Ela também não conseguia ver o Capitão e os outros piratas.
- Vamos puxá-la para cima.
- Está bem... – quando seus olhos se acostumaram à escuridão, ela pode ver os contornos de alguma coisa. Não sabia bem o que era, mas parecia montes de comida. Ela se lembrou que ali era a toca das aranhas e entrou em desespero – Capitããão, eu quero sair...
- Não se preocupe – a voz de Killian veio lá de cima – Estamos preparando as cordas...
Ela ficou mais tranqüila, mas imaginou o que aconteceria se alguma das aranhas ainda estivesse por ali, e achou que não merecia morrer daquele jeito.
- Droga! – o Capitão estava irritado.
- O que foi?
- As cordas estão podres demais, não vão agüentar seu peso... mas não se preocupe vamos dar um jeito.
- Eu vi alguns cipós por aqui – um dos marujos falou – Vamos buscar.
- Está bem, mas tenham cuidado. Lembrem-se de que elas ainda estão por aí – Killian lembrou. Depois disse a Ruby – Princesa, nós vamos descer uma lamparina.
- Está bem. – ela não tinha certeza se queria ver o que havia no fundo do buraco, mas também não queria ficar no escuro. Sempre temera a escuridão e os monstros que ela escondia. Mesmo que seus medos fossem imaginários, ela se lembrava de como sua mãe sempre lhe deixava uma vela para que não tivesse medo. Com muito cuidado, o Capitão desceu uma lamparina por uma corda, e quando a luz iluminou o buraco Ruby tomou um susto.
- Capitão! – exclamou extasiada.
- O que foi? O que tem aí?
Ela ficou boquiaberta com o que via. O que ela achava que eram montes de comida, não eram nada mais nada menos do que montes de pedras preciosas. Moedas de ouro, belas joias, diamantes, rubis e esmeraldas... havia montes e mais montes de ouro, e ela própria caíra em cima de uma pilha deles.
- Princesa? – a voz do Capitão veio carregada de preocupação.
- Vocês não vão acreditar... – com dificuldade, ela apanhou um punhado de ouro e joias e fez esforço para subir até a parte mais clara do buraco. Killian, Smee, o Cozinheiro e outros marujos estavam à borda do buraco, curiosos para saber o que ela vira. – Vejam! – ela estendeu a mão cheia de joias.
- Ouro! – os homens exclamaram.
- E tem muito mais de onde esse veio – ela sorriu.
- Eu não acredito! – Smee gargalhava de felicidade e o Capitão se apressava a descer pelo buraco. Ele escorregou pela terra úmida e quando viu a quantidade de ouro escondida ali, não pode refrear uma gargalhada.
- Pelas barbas do pirata! Não é que ela encontrou o tesouro.
Smee também desceu para o buraco, e quando os marujos vieram trazendo o cipó fizeram cara de espanto ao ver todo aquele ouro. Logo começaram a encher sacas e mais sacas com tudo que fossem capazes de carregar. Killian literalmente atirava dinheiro pra cima e Ruby ria com a alegria dos piratas.
- Vem aqui – Killian puxou Ruby e lascou um beijo rápido em sua boca – Já não me arrependo de ter trago você.
Sorte que o buraco era escuro o bastante para que ninguém visse o quanto ela ficara vermelha. Alguns marujos viram a cena e trocaram olhares; todos tinham que concordar que Ruby estava mudando o Capitão, e isso era uma coisa boa.
- Você merece um presente – ele começou a remexer nas joias que ainda não haviam sido ensacadas. – Ahá! Este aqui – Killian segurava um delicado anel de prata com um belíssimo rubi encravado nele. Ele enfiou o anel no dedo da moça – Um rubi, pra combinar com seu nome...
- Ahn... obrigada, eu acho...
Um silêncio estabeleceu-se no buraco. Todos pararam o que estavam fazendo, surpresos com o que o Capitão estava se tornando. Ele nunca fora tão gentil e cavalheiro como estava sendo com Ruby. Killian ficou admirando a beleza da moça, e ela, envergonhada, fingiu estar admirando o anel. Smee pigarreou:
- Hum, Capitão, nós empacotamos tudo o que conseguimos...
O Capitão não deu sinal de que ouvira o que o marujo dissera, ele apenas ficou olhando pra Ruby, como que em transe.
- Capitão? Capitão!
- Sim? O que? O que foi? – ele piscou tentando entender o que estava acontecendo.
- Nós já terminamos aqui...
- Ah! Ok, tudo bem... Podemos ir então.
Todos os que estavam no buraco foram puxados para cima, e o Capitão ofereceu uma mão à Ruby para ajudá-la a subir. Havia cerca de nove sacas cheias até a borda, e ainda sobrara uma parte do tesouro no buraco. Uma pena que eles não podiam carregar tudo.
- É isso que eu chamo de sorte – Smee comentou com uma risada.
Antes, porém, que pudessem fazer o caminho de volta à praia, um pequeno tremor balançou as árvores ali perto. Parecia que algo grande se aproximava.
- O que é isso agora? – o Cozinheiro resmungou.
Ouviu-se o som de galhos se partindo e folhas sendo pisadas. O que quer que fosse, fazia muito barulho quando caminhava.
- Sabem, acho que não pode ser coisa boa – disse um dos marujos.
- Vamos embora logo! – o outro gritou e todos começaram a refazer o caminho que levava a praia, mas os sacos que carregavam eram pesados demais e lhes custava muita força.
- Princesa, fique perto de mim. – O Capitão ordenou e ela obedeceu bem na hora que uma sombra muito grande se projetou no chão. Eles só tiveram tempo de ver as formas do que parecia ser uma aranha enorme e muito peluda, uma aranha que era de um tamanho que eles nunca imaginavam ver. Smee estava certo quando mencionara uma criatura do tamanho de uma árvore...
- Corram! – alguém gritou.
Eles usaram o máximo de forças que tinham para correr e carregar os sacos ao mesmo tempo. Killian agarrou Ruby pelo braço e os outros correram sem rumo, na esperança de fugir daquela terrível besta.
A coisa veio atrás deles. Ruby olhou pra trás enquanto corria e viu que era muito pior do que eles pensavam. A aranha não era só a maior que eles já tinham visto, ela também estava acompanhada das outras.
- Eu juro que se sobrevivermos a isso, vou fazer questão de espancá-lo – Ela gritou para Killian enquanto davam a volta à uma arvore que estava no caminho.
- Você pode fazer o que quiser comigo – ele gritou de volta e sorriu de um jeito safado – Desde que esteja nua quando o fizer...
- Ora, seu...
Alguma coisa veio zunindo pelo ar e acabou acertando o Capitão. A mão dele soltou Ruby e ela tropeçou e caiu quando se virou para ver o que acontecera. Killian estava preso ao chão por uma coisa grudenta, que ela reconheceu como sendo uma teia muito forte.
- Capitão! – ela correu para ajudá-lo. A aranha gigante se aproximava com as outras em sua cola e Ruby fez o que pode para tentar soltar o Capitão antes que as criaturas assassinas os atacassem.
- Vá! Salve-se! – O Capitão implorou quando ela começou a cortar a teia usando o punhal que ele lhe dera – Anda! Eu vou ser a distração delas, então vocês podem fugir.
- Não. – ela continuava obstinada na tentativa de libertá-lo, mas os fios de seda grudavam em sua mão.
- Anda logo! Elas estão próximas...
- Por mais que eu te odeie, não vou deixá-lo aqui.
Uma árvore caiu a centímetros de onde eles estavam e com o impacto a Princesa caiu em cima do pirata.
- Eu teria adorado isso se não estivéssemos a ponto de morrer.
- Quer calar a boca? – ela ainda lutava para ajudá-lo. Os outros notaram o que acontecera e vieram ajudar o Capitão, mas era tarde demais... Quando as aranhas chegaram, eles sabiam que não havia mais nada a fazer.
- Atirem! – ordenou Smee, que era o que mandava depois do Capitão. Os piratas obedeceram e atiraram contra as aranhas. Dessa vez elas não fugiram, sentiam-se protegidas pela Aranha-Mãe, e muitas acabaram sendo mortas, pois perderam a noção do perigo. Mas agora a maior preocupação era com a Mãe, os tiros a acertavam, mas não adentravam pelo seu corpo, ela parecia ser muito forte. Suas pernas eram enormes e finas, mas eram capazes de esmagar o que estivesse em seu caminho. E suas quelíceras pareciam prontas para atacar o primeiro que visse.
- Essa coisa não morre!
- Ela tem que ter um ponto fraco.
Os piratas gritavam todos ao mesmo tempo, enquanto atiravam contra elas. Alguns matavam as aranhas menores usando suas espadas. E o mais estranho é que a Aranha-Mãe não estava atacando ninguém, parecia esperar que as filhas fizessem o serviço.
- Atirem nos olhos dela – alguém falou. E foi o que fizeram. Deixaram a coitada cega, depois que acertaram seus quatro par de olhos. Ela fez um som sinistro, quando seus oito olhos explodiram todos ao mesmo tempo. Começou a bater as presas com ferocidade e recuou. Os piratas comemoraram, mas Smee lembrou:
- Ela não pode ver, mas ainda pode nos sentir.
A essa altura Ruby e dois outros piratas já estavam conseguindo soltar o Capitão e a maioria das aranhas já tinha sido morta. Quando eles conseguiram cortar o último pedaço que prendia o Capitão, este se juntou aos outros na briga contra as aranhas.
- Capitão, a Aranha-Mãe não morre nunca. O que faremos? - Smee perguntou preocupado.
- Ela parece muito forte – o Capitão partiu uma aranha ao meio com sua espada – Mas deve ter uma fraqueza. Livrem-se das menores e então atearemos fogo na outra...
- Vocês ouviram o Capitão – Smee berrou – Matem todas e estejam preparados para atear fogo na Mãe.
- Não seria mais fácil criar um incêndio para matar todas de uma vez? – o Cozinheiro sugeriu – Então poderíamos fugir enquanto a floresta estivesse queimando.
- Está bem – disse o Capitão – Façam como quiserem.
Então eles começaram a atear fogo em tudo o que viram pela frente. As aranhas-filhas fugiram amedrontadas e logo só sobrou a Mãe. Quando o calor do fogo já era suficiente para que todos começassem a suar, o Capitão ordenou que saíssem logo dali. Correram todos para a praia, carregando seu prêmio precioso. Ainda tiveram tempo de ouvir a Aranha-Mãe guinchar furiosa. Se ela morreria ou não com o fogo, eles não queriam saber. Bastava que estivessem bem longe da ilha, seguros no navio e ricos.
Quando chegaram à praia, o fogo já tomara metade da floresta, e uma fumaça escura irritava seus olhos e narizes. Eles viram Jack e Beto observando a ilha, preocupados. Os marujos preparavam os botes, para poder retornar ao navio o mais rápido possível, e o Capitão admirava o tesouro, parecendo orgulhoso de si mesmo. Ele notou que Ruby o observava:
- Eu nunca vou poder lhe agradecer por isso – ele sorriu – Não fosse você, não teríamos achando o tesouro.
- Tudo isso porque eu caí num buraco? – ela riu – Vamos lá, você pode levar o crédito por isso. No futuro você pode contar a história de como encontrou o tesouro e ainda salvou a princesa.
Killian riu.
- É uma boa ideia. Mas quem sabe eu deixe você tomar um banho como recompensa. É claro, desde que eu esteja na banheira com você...
Ela ia protestar dizendo o quanto ele era safado, quando Smee os chamou dizendo que os botes já estavam prontos.
- Espero que pense bem na minha proposta, Princesa – o Capitão se abaixou para apanhar uma das sacas e olhou para Ruby de um jeito maroto. – É uma oferta tentadora... – o Capitão levantou a saca, mas logo depois deixou que ela caísse com um grito. O ouro se espalhou pela areia branca da praia.
- Capitão!
Killian segurava a mão esquerda e Ruby só teve tempo de ver que uma aranha muito peluda e vermelha corria de volta para a floresta.
- Maldita! – O Capitão praguejou – Merda!
A Princesa segurou a mão do pirata e examinou o ferimento: havia dois pequenos buracos onde a aranha enfiara suas quelíceras e a pele em volta estava roxa.
- Merda! Por essa eu não esperava...
- Fique calmo. Vamos dar um jeito nisso.
Mas quando os outros piratas viram o ferimento, não fizeram cara boa. Eles não disseram nada, mas o Capitão e Ruby sabiam que a coisa era grave. Eles voltaram ao navio em silêncio. Quando chegaram lá, Jack e Beto se puseram a fazer perguntas.
- O que aconteceu lá? Estão todos bem? Nós vimos a fumaça... Houve um incêndio? – perguntavam ao mesmo tempo.
- Onde estão Johnny e os outros? – Jack perguntou.
- Estão mortos... – o Capitão disse de um jeito sinistro. Sua mão piorara e saía pus do ferimento. Era incrível como o veneno agia em questão de segundos.
- Deixem ele descansar – Ruby falou – Vamos, Capitão – e ela o levou para a cabine.
- Vá descansar – O Capitão mandou quando ela o ajudou a se sentar.
- Primeiro vamos cuidar disso – ela apontou pra mão dele.
- Não há o que fazer. O veneno é forte, vai acabar comigo aos poucos.
- Não diga bobagens!
Mas o dano já estava feito...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Acho que vocês já imaginam o que vai acontecer com a mão dele, né? rsrs Até o próximo capítulo!