Misterious Person

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O dia por aqui já está no fim e enquanto eu pegava minhas coisas podia escutar o som ruidoso dos passos de Sam vindo em minha direção. Ele apenas passou seu olhar de ferro por mim e seguiu então para a sala de James, apenas para confirmar meus serviços como de costume. Suspirei e caminhei cansada até o elevador.

Minha postura externa mostrava uma jovem bonita, alegre, satisfeita com seu trabalho mesmo que seja temporário e de semblante calmo, porém firme. Mas apenas quem vive em meio a nossa vida sabe o quanto sacrificamos e o quanto é difícil manter-se assim por um dia inteiro sem mostrar como realmente estamos por dentro: acabadas, derrotadas... Mortas.

– Vamos – Sam disse ao apertar o botão do elevador, vendo-o parar segundos depois em nossa frente.

Entrei no elevador e percebi que Caroline não estava ali. O fato passou em minha mente novamente quando passamos diretamente pelo terceiro andar, onde Irina foi deixada pela manhã.

– Sam...

– O seu cliente de hoje à noite é importante e eu preciso que você esteja o mais perfeita possível Isabella.

Assenti e voltei meu olhar para as portas do elevador que logo se abriram e impus ao meu corpo que começasse a andar, mesmo que agora eu esteja menos motivada ainda para continuar. Eu havia me esquecido do cliente importante de Sam nesta semana e que eu seria a pessoa felizarda que o atenderia.

Sam abriu a porta do carro quando paramos em frente ao mesmo e depois de fechá-la, ele se dirigiu para o seu lugar e deu a partida no carro seguindo para a loja de Emily.

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A tarde fora atordoante enquanto eu experimentava milhares de peças, perfumes e cosméticos que pareciam não ter fim, mas finalmente quando já eram seis e meia nós fomos embora com as sacolas em mãos. E chegando a casa, Sam me deu obrigações de extrema importância e que deveriam ser estritamente concluídas antes das oito horas da noite.

Minha primeira obrigação – mesmo que eu tenha achado não muito comum – foi ir ver como Angela e Jessica estavam e ajudar apenas uma das duas. Ajudar é claro apenas externamente. Sam acha que a dor psicológica que qualquer uma de nós sinta não é de sua conta e nem mesmo é de seu interesse, afinal ele mesmo já deixou bem claro muitas vezes que apenas o nosso corpo o importa e se temos uma saúde mental estável, então somos perfeitas.

Jessica foi a primeira a quem fui ver. No momento em que cheguei ao seu quarto, eu não ouvia nada além do silencio e abrindo a porta vagarosamente, eu a encontrei dormindo apenas de calcinha, com as costas machucadas e alguns arranhões nas pernas. Seu rosto estava vermelho e os olhos levemente inchados. Como ela parecia mais calma do que deveria ter estado na sua sessão de tortura bônus, eu resolvi ajudar Angela.

Virei meu corpo para a porta atrás de mim.

– Posso entrar? – bati na porta de Angela, esperando que ela me respondesse.

– Entre! – ela disse e eu abri a porta vendo Angela deitada na cama com uma aparência bem melhor.

– Precisa de alguma coisa? – perguntei fechando a porta, mantendo-me parada ainda distante de Angela.

– Não, e você pode se aproximar Isabella, eu não estou mais irritada – Angela falou com um mínimo sorriso nos lábios.

Me aproximei dela, passando então alguns minutos conversando, mas logo eu tive de pular para fora desta realidade alternativa onde somos apenas duas mulheres conversando para então voltar a minha desgraça. E acenando, eu saí do quarto de Angela, seguindo diretamente para o meu.

Desde o momento em que entrei em meu quarto até o momento em que saí, eu estava calma; eu me sentia diferente, mas isso não durou sendo que quando meus ouvidos escutaram a música alta e o barulho de conversas, pareci ter voltado para essa realidade novamente. E suspirando, eu andei pelo corredor até chegar à sala.

Como sempre, há mais homens do que algumas de nós e tendo duas a menos conosco, sem contar comigo que terei de passar meu tempo inteiro com o cliente importante de Sam, Irina e Caroline terão de dar conta da maior parte, mas isso logo pulou para fora da minha cabeça quando vi quatro garotas desconhecidas entrando pela porta com Emily logo atrás.

Emily então veio para a minha direção e me levou junto às garotas para o corredor onde nenhum dos homens poderia entrar sem estarem acompanhados.

– Isabella, permaneça aqui. Irei buscar Caroline e Irina.

Eu apenas assenti e Emily foi à busca das duas.

As garotas também permaneceram no corredor, esperando-a. E em meio ao silencio nós ficamos ali a espera de Emily que logo chegou com Caroline e Irina em seu encalço.

– Estas são Isabella, Caroline e Irina – Emily falou rapidamente e então se dirigiu paras as garotas desconhecidas. – Estas são Heidi, Jane, Tia e Alice. Agora circulando que a noite será cheia – Emily disse por fim e fomos nos separar, mas fui mantida ali pela mesma que esperava com que todas se distanciassem para conversar comigo. – Sam me avisou que hoje você terá um cliente especial. Por favor, não aja levianamente. Eu sei que você não é como as outras Isabella, eu sei que você é diferente, mas hoje é uma noite importante para Sam. O seu serviço será o resultado para Sam fechar seu grande contrato – ela disse então apertando meu braço. – E eu espero que esse resultado seja bom.

– Eu já entendi Emily agora se me dá licença eu tenho que circular – falei segurando minha fúria e saindo dali, sendo logo atacada pelos homens a minha volta.

Algum tempo se passou enquanto eu continuava a andar e beber, esperando o cliente importante de Sam que eu espero que realmente exista ou pelo menos compareça.

– Vem! – fui puxada de repente por uma das garotas de Emily. Heidi, eu acho.

Andando rápido em direção a um dos sofás onde eu conseguia ver a cabeça de Sam e um outro corpo perto, eu respirei fundo e me voltei para feliz, deixando um grande sorriso convidativo em meu rosto.

– Ah... A estrela da noite chegou – ouvi Sam dizer e então puxar-me pela mão até a frente de seu cliente. – Anthony, está Marie. A sua estrela – Sam dizia contente como se tivesse acabado de ganhar na loteria, mas eu estava devastada mesmo depois de todos os meus esforços durante todo esse tempo.

Eu não queria acreditar no que os meus olhos me mostravam – ou talvez quisesse, eu estava confusa. Eu estava devastada, me sentia perdida e em algum local alucinógeno onde minha mente começou a girar uma vez após a outra.

– Marie... – Sam murmurou esperando alguma reação minha que não fossem ficar estática encarando aquele homem como se fosse algo de outro planeta.